O torcedor-símbolo da FIFA, Clóvis Fernandes, também conhecido como “Gaúcho da Copa” começou a seguir a Seleção, em 1990, na Itália. Depois, foi aos Estados Unidos (1994), à França (1998), ao Japão e Coréia (2002) e em 2006, à Alemanha. Além disso, assistiu mais de uma centena de jogos do Brasil, visitou 40 países, e acompanhou outros torneios como cinco Copas América, duas Olimpíadas e uma Copa das Confederações, sempre carregando uma réplica da Taça da Copa do Mundo.
O “Gaúcho da Copa” é dono de uma pizzaria no Rio Grande do Sul, o que não lhe dá um ganho tão grande, suficiente para custear aventuras futebolisticas tão caras, mundo afora. Sua fama faz com que empresas e amigos banquem as viagens. Os ingressos para os jogos são dados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Para provar seu amor a Seleção, o Gaúcho costuma dizer, em tom de brincadeira, que a esposa Débora é sua terceira paixão, atrás da “Canarinho” e da neta Eduarda.
Ele já planeja a sua sexta Copa do Mundo. E tem um plano ambicioso para por em prática, criar um Centro de Tradições Gaúchas itinerante, na África do Sul. Para isso mantém contatos com uma empresa do Rio Grande do Sul. Ele disse que quer mostrar a cultura do seu Estado “e comer muito churrasco”.
Na década de 1980 a Rede Globo encarregou os diretores Alexandre Machado e Mimito Gomes, de criarem um personagem animado, descontraído e divertido para agradar os telespectadores das classes C e D. Foi quando surgiu uma série de vinhetas de um personagem chamado “Araken, o showman”.
O personagem ficou seis anos no ar e obteve sucesso absoluto na Copa do Mundo, atingindo audiência de até 60 milhões de telespectadores. A campanha recebeu vários prêmios e entrou para o imaginário popular. Contam que muitas pessoas assistiam aos jogos da Seleção pela TV Bandeirantes, e depois mudavam para a Globo só para ver a vinheta.
A camisa de “Araken”, uma bandeira do Brasil estilizada, virou moda entre os torcedores. Em suas aparições na TV, o personagem criticava a seleção, como qualquer torcedor comum. A Globo também usou a figura de “Araken” em campanhas de doação de sangue, recadastramento eleitoral e alfabetização.
Quem não lembra do boneco Pacheco, o camisa 12, torcedor símbolo da Seleção Brasileira? Ele apareceu em 1980, dois anos antes da Copa da Espanha, numa bem bolada campanha publicitária da Gillette do Brasil. O sucesso foi tão grande que o Pacheco acabou se tornando celebridade. A Gillette resolveu então que Pacheco deixaria de ser apenas um boneco e ganharia forma humana.
Um funcionário da própria Gillette, Natan Pacanowski, foi escolhido para personificar Pacheco. A fantasia foi criada por um estilista da Rede Globo. Pacheco saiu dos comerciais na TV para ganhar forma humana e aparecer em público. Chegou até a animar bailes de carnaval. O sucesso do personagem não tinha limites. No jogo de despedida da seleção, em Uberlândia (MG), contra a Irlanda, até o presidente João Figueiredo esteve presente só para vê-lo em ação, fazendo piruetas no meio do campo, antes da bola rolar.
No dia da viagem para a Espanha, no aeroporto lá estava novamente o Presidente para desejar boa sorte. Pacheco gozava de mordomias mil, viajava com a delegação e tinha até um lugar separado no avião para trocar de roupa. Veio a Copa e o fracasso que todos lembram, com a eliminação precoce para a Itália. Na volta ao Brasil, o tablóide “O Pasquim”, de grande circulação na época, não perdoou. Em matéria de capa uma foto de Pacheco com a camisa 24 e a manchete “Este veado secou o Brasil”. Depois disso Pacheco nunca mais reapareceu.
São tantos os torcedores que mereceriam uma citação, que certamente eu estenderia meus artigos sobre esse importante personagem do futebol por muitas semanas. Fico devendo maiores comentários a respeito do “Vai na Bola”, um torcedor do Flamengo que costumava correr pelo gramado com dois pratos de metal nas mãos, batendo sem parar. Ribeiro, o ”Garfo de Pau”, que agitava as tardes esportivas na Vila Belmiro, torcendo pelo Santos. Depois veio Grilom, outro fanático torcedor santista que passava os jogos correndo pelos corredores gritando: “Camarão”.
No Internacional gaúcho tem José Antônio, o “Xuxu”, figura conhecidíssima no Brasil inteiro. No Botafogo do Rio, aplausos para “Russão”, uma verdadeira lenda que comandou a torcida nos anos 80. O folclórico “Binha de São Caetano”, torcedor doente do Bahia que a cada programa evangélico que passa na TV, coloca o nome dos jogadores da equipe em cima do aparelho de sua casa e fica orando por eles. O que dizer de “Dudé”, aguerrido torcedor do ABC, de Natal que foi proibido de usar seu megafone nos jogos de seu time, pois incomodava torcida e jogadores.
Eu poderia falar mais do comerciante Guto Moura, de 40 anos, um apaixonado pelo Atlético Mineiro, dono de 350 camisetas do time e uma incrível coleção de galos ornamentais de todos os tamanhos e cores. O espaço também não deixa que eu conte boas histórias sobre “Marrom”, o torcedor símbolo do Sobradinho, time da cidade satélite onde moro, em Brasília. Sua presença no Estádio, era alegria pura, tocando sem parar seu inseparável pandeiro. Hoje, Marrom mora no Rio de Janeiro e certamente não perde jogo de seu outro time, o Vasco da Gama. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)