Perder no Maracanã e frustrar a torcida, não foi privilégio do Fluminense. Muitos outros clubes cariocas já passaram por isso, inclusive a Seleção Brasileira, que nos proporcionou a maior das tristezas da história do nosso futebol. Foi no dia 16 de julho de 1950, quando o Brasil foi sede da primeira Copa do Mundo de após guerra. Nosso “scratch” era fortíssimo e apontado como virtual campeão. Mas no futebol ninguém ganha de véspera e os uruguaios comandados pelo legendário Obdúlio Varela, calaram 200 mil pessoas que lotaram o estádio, na época o maior do mundo.
Eu lembro que o Bangu, no tempo em que dava seus últimos suspiros como clube de projeção, proporcionou aos cariocas a primeira frustração numa disputa nacional. Foi no dia 1º de agosto de 1985, na mais inusitada final de um campeonato brasileiro, frente o Coritiba. Depois de empate em 1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. Na primeira série, 5 x 5. Na seqüência, o ponteiro esquerdo banguense Ado desperdiçou a penalidade, colocando a bola para fora. O zagueiro Gomes não errou e o time paranaense fez a festa.
O Botafogo foi o primeiro dos chamados grandes clubes do futebol carioca a sentir o amargor de uma inesperada derrota no Maracanã. Foi no dia 27 de junho de 1999. Os 127 mil torcedores alvinegros que foram ao estádio comemoravam antecipadamente o título da Copa do Brasil contra o Juventude de Caxias do Sul (RS), que vencera o primeiro jogo por 2 x 1, na Serra Gaúcha. Uma vitória simples do Botafogo por 1 x 0 seria o suficiente para carimbar as faixas de campeões.
Mas não foi isso que aconteceu. O time gaúcho não se intimidou e conseguiu segurar um empate sem gols, garantindo a maior conquista de sua história e o direito de participar pela primeira vez de uma Copa Libertadores da América.
Depois foi a vez do Vasco da Gama, na primeira edição do Campeonato Mundial de Clubes organizado pela FIFA. O clube da Cruz de Malta tinha a segunda oportunidade em sua história para ganhar o planeta. Antes, em plena comemoração do centenário, em 1998, no Japão já havia jogado fora a primeira chance, ao perder para o Real Madrid, da Espanha por 2 x 1. Dessa vez, frente sua torcida e enfrentando o brasileiro Corinthians, não podia desiludir seus torcedores.
Mas o título mundial escapou entre os dedos dos pés de Edmundo. Foi no dia 14 de janeiro de 2000. Um final trágico, parecido com o ocorrido recentemente com o co-irmão Fluminense. Decisão por pênaltis, depois de empates sem gols no tempo normal e na prorrogação. Vitória corinthiana por 4 x 3, com Edmundo jogando para fora a última cobrança.
Nem o Flamengo escapou. Diante de 70 mil torcedores, na fatídica noite de 30 de junho de 2004, perdeu a Copa do Brasil para o interiorano Santo André, do ABC paulista. Bastava uma vitória simples de 1 x 0 para ganhar o título e o direito de jogar a próxima Copa Libertadores da América. Em São Paulo havia empatado o primeiro jogo em 0 x 0. Mas o inesperado aconteceu: vitória do Santo André por 2 x 0.
Na noite de 22 de junho de 2005 o técnico Abel Braga conseguiu a façanha de ser bi-vice da Copa do Brasil, dessa vez comandando o Fluminense. O tricolor carioca, que havia perdido o primeiro jogo para o Paulista, em Jundiaí, por 2 x 0, não conseguiu furar o bloqueio adversário e ficou no 0 x 0. O clube do interior paulista foi campeão e se classificou para a Copa Libertadores da América. Foi uma grande frustração para os torcedores do Fluminense, que já haviam conhecido o “inferno” da segunda e terceira divisão.
E neste ano de 2008, antes do Fluminense perder o título da Copa Libertadores para a LDU, do Equador o Flamengo sofreu a humilhação de ser goleado no Maracanã por 3 x 0, pelo América do México, a quem havia vencido por 4 x 2, na altitude do Estádio Azteca, na capital mexicana. Os rubro-negros tiveram que agüentar a gozação dos torcedores dos outros clubes cariocas, que lembravam a todo o momento o nome do atacante paraguaio Cabañas, grande herói do jogo. Certamente outras tragédias menores ocorreram, mas creio que apenas essas já são suficientes para que o torcedor carioca chegue às lágrimas. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)