Quem diria “Túlio Maravilha”, 39 anos de idade, continua a dar show pelos gramados brasileiros. É, atualmente, o maior artilheiro do mundo em atividade no futebol. Nasceu para balançar as redes adversárias e dar alegria aos torcedores dos times onde joga. Agora, quem ri a toa é a torcida do Vila Nova, de Goiânia. Semana passada, ele marcou os quatro gols da goleada sobre o Marília, no Serra Dourada, por 4 x 0. Túlio é o artilheiro principal da Série B do Campeonato Brasileiro, com 15 gols marcados. E seu principal concorrente na artilharia, Luiz Carlos, do Ceará, com 12 gols não vai dar mais trabalho, pois foi contratado pelo Internacional.
E não é só isso. Ele é o principal artilheiro da temporada em todo o Brasil, com 29 gols. E quer chegar aos 1.000, a exemplo de Pelé e Romário. Nas suas contas já marcou até agora 851, faltando 149 para atingir a sonhada marca. Futebolista famoso por suas brincadeiras, frases célebre, capacidade de fazer um excelente marketing pessoal e provocador no bom sentido, Túlio manda um recado à torcida do Botafogo: quer fazer os flamenguistas chorarem. E de que maneira? Marcar o seu milésimo gol com a camisa alvinegra e sobre o Flamengo. Já tem até data para isso, daqui a três anos.
Túlio Humberto Pereira da Costa nasceu no dia 2 de junho de 1969, em Goiânia. Por coincidência, seu filho de nome Túlio Humberto Pereira da Costa Filho, nasceu no mesmo dia que ele. O craque do Vila Nova tem um irmão gêmeo, chamado Télvio, que também jogou pelo Botafogo.
O artilheiro começou a carreira no Goiás, onde mostrou seu faro de gol desde as categorias de base. Foi artilheiro do Estadual Juvenil em 1987 com 22 gols. Como profissional, foi artilheiro do Campeonato Goiano de 1991 e do Brasileiro de 1989. Em 1994, antes de se transferir para o Botafogo jogou pelo Sion, da Suíça. Foi no alvinegro carioca que ganhou o apelido de "Túlio Maravilha". Já no jogo de estréia conquistou a torcida ao marcar 3 gols contra o América. Foi artilheiro dos Campeonatos Cariocas e Brasileiros de 1994 e 1995.
Um de seus lances mais famosos e polêmicos foi um gol de calcanhar a favor do Botafogo, contra o Universidad Católica, do Chile, em jogo pela Copa Libertadores da América. Túlio, aproveitando o gol aberto e indefeso do adversário. O gol foi considerado ofensivo e desrespeitoso por muitos elementos da imprensa esportiva da época. Mas o jogador não deu a mínima importância para isso, e batizou o gol, quase de “letra”, como “Tuleta”.
No auge da carreira, Túlio teve chance na Seleção Brasileira, onde jogou em 14 oportunidades, marcando 11 gols. O mais famoso foi pelas quartas-de-final da Copa América de 1995, em que a Argentina vencia o Brasil por 2 x 1 até os 43 minutos do segundo tempo. Ele dominou a bola claramente com o braço e tocou no canto do goleiro Cristante. Os argentinos reclamaram muito, mas o juiz confirmou o gol. Túlio não perdeu a oportunidade e repetiu a célebre frase de Maradona: “Foi a mão de Deus”.
Ao sair do Botafogo, teve uma passagem discreta pelo Corinthians. Foi a grande contratação do banco Excel Econômico, quando iniciou a co-gestão com o clube paulista, em 1997. O atacante não se deu bem no Parque São Jorge e viu sua carreira entrar em decadência. Teve problemas pessoais e fez um ensaio nu para a revista homossexual “G Magazine”, em 2003. Depois defendeu o Vitória, da Bahia. Em 1998, retornou ao Botafogo, onde formou dupla de ataque com Bebeto, garantindo ao clube a conquista do Torneio Rio-São Paulo.
Ao sair do Botafogo pela segunda vez, transformou-se num verdadeiro cigano do futebol. Vestiu as camisas do Fluminense (RJ) e Cruzeiro (MG) em 1999 e São Caetano (SP) em 2000, Santa Cruz (PE) e Vila Nova (GO), até se transferir para o Újpest, da Hungria. Voltou ao Brasil pouco tempo depois para jogar no Brasiliense, Tupy e Atlético Goianiense, até voltar para o futebol estrangeiro, onde jogou pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia.
Ao fazer seu terceiro retorno ao Brasil, defendeu a Anapolina, de Goiás e Juventude, do Rio Grande do Sul. Depois, o Al-Shabab, da Arábia Saudita, numa passagem relâmpago. Voltou para o Volta Redonda e Fast (AM), até ser contratado pela Federação Goiana de Futebol e designado para jogar no Canedense, onde marcou 16 gols em 17 jogos, disparando na artilharia do Campeonato Goiano de 2007. Ainda jogou pela Itauçuense, de Itauçu (GO), antes de chegar ao Vila Nova.
Ao ser contratado pelo Vila Nova, lhe perguntaram sobre seu passado no rival Goiás. Com bom humor respondeu: “eu era como uma melancia, verde por fora, mas vermelho por dentro”. A título de curiosidade, mais algumas frases do jogador, que ficaram famosas: "Vou fazer e dedicar para ele o gol anticoncepcional", sobre o atacante Dill, antes de enfrentar o Goiás, quando jogava pelo Botafogo; "Eu sou o Rei do Rio", durante o Campeonato Carioca de 1995; "Ele vem jogando muito bem, e só vestir a camisa 7 do “Fogão”, que foi minha e de Garrincha, já é meio caminho andado", falando sobre o bom momento do atacante Dodô do Botafogo em 2007, igualando sua importância à do anjo de pernas tortas; "Se for menina será será Christelly Maravilha. Se for menino, Christhiann Maravilha. Mas como são gêmeos, ainda não consegui pensar em outras opções", brincando sobre os nomes que daria para seus próximos filhos.
A coleção de títulos conquistados por Túlio, é bastante expressiva: campeão estadual pelo Goiás (1990 e 1991); pelo Botafogo foi campeão brasileiro (1995), campeão do Torneio Rio-São Paulo (1998), Troféu Teresa Herrera (1996) e Taça Cidade Maravilhosa (1996); pelo Corinthians foi campeão paulista (1997); no Cruzeiro ganhou a Recopa Sul-Americana (1998); No Vila Nova, foi campeão goiano (2001); defendendo o São Caetano venceu o Campeonato Paulista da Série A2 (2000); no Újpest , conquistou a Copa da Hungria (2002); pelo Brasiliense foi campeão brasileiro da Série C (2002); com a camisa do Jorge Wilstermann, ganhou a Copa Aerosul (2004); no Volta Redonda, ajudou a levantar a Taça Guanabara (2005) e a Copa Finta Internacional (2005). Foi “Bola de Prata”, da revista “Placar”, em 1989 e eleito em pesquisa do “Esporte Total”, o melhor jogador goiano de todos os tempos.
Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1989 (11 gols), 1994 (19 gols) e 1995 (23 gols); Campeonato Brasileiro Série C de 2002 (11 gols) e 2007 (27 gols); Campeonato Carioca de 1994 (14 gols), 1995 (27 gols) e 2005 (12 gols) Campeonato Goiano de 1991 (18 gols), 2001 (16 gols) e 2008 (15 gols); Taça Cidade Maravilhosa de 1996 (10 gols). (Texto e pesquisa: Nilo Dias)