terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O inventor da "bicicleta"

A “bicicleta” no futebol é uma jogada acrobática em que o jogador salta e chuta com os dois pés no ar, para trás, por cima da própria cabeça, como se estivesse pedalando uma bicicleta. Nos demais países da América Latina a jogada é denominada de “puxeta” ou “chilena”. O termo “bicicleta” usado no Brasil, foi criado pelo locutor esportivo Gagliano Neto, depois de observar Leônidas da Silva, o mais perfeito executor da acrobacia.

Mas Leônidas não foi o inventor da jogada, ele apenas a aprimorou e tornou popular a partir da Copa do Mundo de 1938, na França. O verdadeiro inventor do lance, o espanhol Ramón Unzaga Asla já tinha deixado os gramados e caído no esquecimento. Não foi reconhecido como o “pai” da jogada, talvez por sua própria culpa, pois não quis sair do modesto Club Atlético no Chile, onde vivia desde os 12 anos. Ninguém lembrou de pelo menos erguer um monumento em homenagem a quem primeiro desafiou a gravidade, para realizar uma verdadeira obra de arte com os pés.

Unzaga nasceu em Bilbao em 1894, e quando tinha 12 anos de idade teve que acompanhar a família que emigrou para o Chile. Foi no time da pequena cidade de Talcahuano, que Unzaga começou a dar os primeiros chutes, e não demorou para que se tornasse o principal jogador da equipe.

Em seguida trocou a cidadania espanhola pela chilena e foi por diversas vezes chamado a defender a seleção nacional. Verdade, ou lenda foi em Talcahuano, cidade onde morava que pela primeira vez alguém conseguiu a proeza de dar um pontapé acrobático no ar. Foi num jogo realizado em 1914 no Estádio El Morro que Unzaga ensaiou o golpe e deixou estupefata a torcida presente.

Depois disso, costumava repetir a cada jogo o movimento que foi batizado como “la chorera” em nome da “Escuela Chorera”, como era chamada a base da seleção chilena da época.

Em 1920, durante a Copa América disputada no Chile, o mundo ficou conhecendo a genial jogada, num confronto contra a seleção da Argentina. Os jornalistas “porteños” ficaram maravilhados e rebatizaram o lance como “la chilena”, expressão que ainda hoje, se utiliza na Espanha e na América do Sul, incluindo o sul do Brasil.

O jogador recusou convites de vários clubes argentinos e uruguaios, mas não quis sair do Chile passando assim despercebido o seu invento. Na Copa do Mundo de 1938, o brasileiro Leônidas da Silva realizou a jogada e o mundo inteiro acreditou que fosse uma invenção sua. Mas não era. O próprio Leônidas admitia ter visto bem antes o jogador Petronilho de Brito efetuar o mesmo lance.

A invenção da “bicicleta” também é atribuída ao jogador David Arellano, que jogava pelo Colo Colo do Chile, em 1927, que, anos mais tarde levaria o gesto malabarista para a Europa, quando de uma excursão da equipe pela Espanha. A acrobacia causou tanta admiração entre os espanhóis que Arellano foi contratado pelo Valladolid. Após marcar vários gols suspenso no ar, de costas para a baliza, acabou por morrer, no estádio do Valladolid, após um violento e fatal choque com um adversário.

No Peru, chamam a essa jogada “Chalaca”, porque defendem ela ter sido inventada por um jogador peruano do Chalaca F.C.. Na Argentina e no Equador chama-se “Tijera”. No Brasil, onde ganhou o nome de “bicicleta”, antes de Leônidas, já Petronilho de Brito, irmão de Valdemar de Brito, o descobridor de Pelé, executava esse gesto mirabolante.

Criador ou não da “bicicleta”, a verdade é que Leônidas dominava e executava com perfeição a jogada. A primeira vez que o craque marcou um gol dessa forma foi no dia 24 de Abril de 1932, num jogo de seu time, o Bonsucesso contra o Carioca. Por causa das acrobacias que fazia com a bola, entre elas a "bicicleta", ganhou o apelido de “homem borracha”.

Leônidas nasceu no dia 6 de setembro de 1913 no bairro de São Cristóvaão, no Rio de Janeiro. Sua carreira teve inicio nas peladas dos subúrbios do Rio de Janeiro, no modesto time do Sírio, de onde foi para o São Cristóvão, em 1926 e depois para o Bonsucesso, onde assinou um contrato ilegal em que receberia dinheiro para jogar. Em 1933 Leônidas saiu do Brasil para jogar no Peñarol de Montevidéu. Era uma época em que o futebol no Brasil era amador e hipócrita, mas duro com quem assumia jogar por dinheiro.

Em 1934, o Vasco da Gama que resolveu montar um super time o trouxe de volta ao Brasil, onde foi campeão carioca naquele mesmo ano. Em 1935 jogou no Botafogo, sagrando-se outra vez campeão estadual. Depois foi para o Flamengo, sendo um dos primeiros negros a vestir a camisa do então elitista clube carioca.

Já veterano foi para o São Paulo em 1942, vendido por uma fortuna para a época, 200 contos de réis, a maior quantia paga na América do Sul por um jogador de futebol. Por causa de sua idade avançada foi criticado pelos torcedores rivais que diziam que o tricolor paulista havia adquirido "um bonde velho de 200 contos".

E também por ele ter passado por alguns problemas no joelho e um tempo na prisão devido ter falsificado o certificado de reservista na juventude. Mas a Torcida são-paulina não ligou para as provocações e milhares de pessoas lotaram a Estação do Norte (depois Estação Roosevelt, no bairro do Brás) para recepcionar o jogador que vinha do Rio de Janeiro em um trem da Central do Brasil, contratado pela ousadia do doutor Paulo Machado de Carvalho, então dono da Rádio Record de São Paulo.

A chegada de Leônidas foi um acontecimento marcante, dizem as testemunhas da época. Calculou-se em dez mil o número de torcedores que foram à Estação do Norte, região central de São Paulo, para verem a chegada do artilheiro. Dali, o carregaram nos ombros até a sede do clube, na rua Dom José Gaspar.

A Leônidas se deve o recorde de público do Pacaembu. Em sua estréia, 74.078 pessoas lotaram o estádio, em jogo contra o Corinthians, um empate de 3 X 3. Leônidas não fez gol, mas iniciou ali a sua trajetória de glórias no tricolor paulista, vencendo 5 vezes o campeonato estadual. Mas os rivais tiveram que engolir tudo o que disseram, quando num jogo em pleno Pacaembu contra o Palestra Itália (atual Palmeiras), o craque deu sua resposta marcando um gol de “bicicleta”.

O centroavante sofreu muito com uma derrota frente ao Palmeiras, em 1950 que resultou na perda do tri-campeonato paulista, num jogo que o São Paulo teve um gol anulado pelo juiz Omar Bradley, que mais tarde ficou se sabendo que ele, depois do acontecimento, tinha ido até pular Carnaval no Palmeiras,segundo o jogador tricolor Bauer.

Leônidas marcou 406 gols em sua carreira, sendo 211 pelo São Paulo. Alguns desses gols foram decisivos ou históricos, como na Copa Rio Branco de 1932 quando fez os dois gols na vitória de 2 x 1 sobre o Uruguai, campeão do mundo de 1930 em pleno Estádio Centenário de Montevidéu. Ou na dramática vitória por 6 x 5 contra a Polônia em 1938, quando marcou quatro gols e foi escolhido o melhor jogador da Copa da França e artilheiro com 7 gols.

Diz a lenda que no jogo contra a Polônia, atuou parte da partida sem uma das chuteiras marcando um gol com o pé descalço, o sexto da partida pois em função das chuvas e do gramado encharcado ele arriscou um chute e perdeu o calçado. No mesmo lance a bola voltou para ele que sem pensar enfiou o pé, marcando um bonito gol.

Leônidas marcou 19 gols em 21 jogos oficiais, se tornando o 18º maior artilheiro da história da seleção brasileira e o jogador com a melhor média de gols entre os artilheiros, com aproximadamente 0.90 gols por jogo disputado. Disputou duas Copas do Mundo. Não teve muito sucesso na de 1934 e foi prejudicado pela falta de Copas durante os anos 40, em razão da segunda guerra mundial.

Por onde andou Leônidas colecionou títulos: campeão carioca no Vasco, 1934; campeão carioca no Botafogo, 1935; campeão carioca no Flamengo, 1939; 5 campeonatos paulistas com o São Paulo, 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949; pela Seleção, conquistou dois títulos, Copa Rocca e Copa Rio Branco.

Leônidas teve o azar de jogar numa época em que não havia televisão. Era um centroavante técnico, veloz de grande explosão e elasticidade. Quem o viu jogar garante que era tão bom quanto Pelé ou Didi. Graças a sua habilidade e técnica ganhou o apelido de "Diamante Negro", dado pelos jornalistas franceses durante a Copa de 1938.

Foi o primeiro jogador brasileiro a ser objeto de "marketing", já que dava nome a relógios, cigarros e ao famoso chocolate “Diamante Negro”, da Lacta criado em 1938 e que faz sucesso até hoje. Na década de 40, quando jogava no São Paulo, uma companhia de tabaco lançou o cigarro “Leônidas”, pagando ao jogador dez mil réis pelo uso comercial do seu nome.

Leônidas quebrou vários tabus na sua carreira. Durante os anos 30 e especialmente após a Copa do Mundo de 1938, ele se tornou o primeiro grande ídolo nacional negro no esporte. Além de lutar pelo direito de receber salários e valores pelo seu passe, o que lhe rendeu a fama injusta de mercenário.

Em uma enquete realizada para determinar a maior seleção brasileira de todos os tempos Leônidas deixou para traz nomes como Romário, Bebeto, Tostão e Jair e importantes como Ademir e Vavá. Em 1998 na segunda Copa do Mundo da França no jogo Brasil e Chile torcedores abriram uma faixa no estádio em que se lia: "Leônidas vive".

O saudoso e genial cronista Nelson Rodrigues definiu perfeitamente o estilo do craque brasileiro: "Rigorosamente brasileiro, brasileiro da cabeça aos sapatos. Tinha a fantasia, a improvisação, a molecagem, a sensualidade do nosso craque típico”. E Mário Filho,ngrande escritor e jornalista escreveu: "Leônidas não explicava nada. Quando a gente estava arregalando os olhos para ver se via, a mágica estava feita."

Leônidas depois que deixou os gramados foi comentarista esportivo de sucesso. Abandonou a profissão quando começou a apresentar sinais de perda de memória. O ex-jogador, além de ter diabetes, sofria de pneumonia, câncer de próstata e do mal de Alzheimer (doença degenerativa das funções cerebrais). Em seus últimos anos de vida, mais precisamente desde 1993, vivia em uma casa de repouso em Cotia, região metropolitana de São Paulo, tendo todas as despesas da internação (R$ 6.000 mensais) pagas pelo São Paulo e pelo empresário José Lazaro, que se tornou seu amigo nos anos 60.

Leônidas faleceu no dia 24 de Janeiro de 2004, vítima de uma infecção pulmonar. Em 2001, chegou a estar na UTI, resultado de sua cada vez mais debilitada saúde. O corpo do "Diamante Negro" foi velado no Salão Nobre do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. O enterro foi realizado no domingo, dia 25, no Cemitério da Paz, também no Bairro do Morumbi, na capital paulista.

Leônidas já não estava mais entre nós quando aconteceu uma jogada que certamente o deixaria perplexo. Um lance mais que inusitado aconteceu na 8ª rodada do Torneio Apertura da Argentina, em 2008. Foi no estádio Monumental de Nuñez, durante o jogo River Plate e Racing. Ainda no primeiro tempo, as duas equipes empatavam por zero a zero quando uma bola foi alçada na área do River.

Na ânsia de afastar o perigo, o zagueiro Facundo Quiroga saltou e, com estilo, bateu de bicicleta. Mas a bola não seguiu o destino desejado pelo zagueirão e acabou morrendo nas próprias redes. Um golaço contra! De bicicleta. No segundo tempo, Quiroga marcou outro, desta vez a favor do River. O jogo terminou empatado em 3 X 3.
Antes disso já havia acontecido em gramados brasileiros um gol de “bicicleta” contra. Foi na Taça belo Horizonte de Juniores, no empate em 1 X 1 entre Cruzeiro X Flamengo. E ainda mais bonito que o de Quiroga. (Pesquisa: Nilo Dias)

Ramon Unzaga, o verdadeiro inventor da "bicicleta"

A famosa "bicicleta" de Leônidas.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Flamengo é penta

Alguns setores da imprensa brasileira insistem em dizer que o Flamengo, com o título conquistado ontem, é exacampeão do Brasil. Isso não é a realidade, trata-se de uma inaceitável injustiça com o Sport, que foi em 1987 o campeão brasileiro de fato e de direito. E com isso deixam de lado aquilo que deveria ser o mais importante e sagrado nos meios de comunicação, a verdade.

Em 1987 a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estava passando por uma séria crise financeira e anunciou que não realizaria o Campeonato Brasileiro daquele ano. Essa decisão motivou os 13 principais clubes de futebol do país, na época - Vasco da Gama, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Santos, Fluminense, Botafogo, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Internacional, Grêmio e Bahia - a fundarem uma associação chamada de Clube dos 13, que planejava organizar seu próprio campeonato.

A CBF, com apoio da Fifa não gostou da idéia e os 13 clubes associados foram ameaçados de desfiliação. Depois, houve o acerto entre clubes e CBF, sendo organizada a Copa União, que teve o patrocínio da Coca-Cola, Varig e Rede Globo de Televisão e que apontou o clube campeão do Brasil naquele ano.

O novo campeonato foi dividido em quatro módulos, sendo o Verde - composto pelos integrantes do Clube dos 13, mais Goiás, Santa Cruz e Coritiba, ficando de fora o Guarani, vice-campeão do ano anterior e o América (RJ), 4º colocado, e o módulo Amarelo, formando assim a 1ª Divisão. A CBF organizou ainda outros dois módulos: Azul e Branco, que classificariam 12 times para a segunda divisão do ano seguinte.

Como forma de conciliar os interesses do Clube dos 13 com os da CBF, a entidade maior do futebol brasileiro colocou no regulamento do campeonato, que os campeões e vices dos módulos verde e amarelo se enfrentariam em um quadrangular final, de onde sairiam os representantes brasileiros na Taça Libertadores da América. Porém, os representantes do Clube dos 13 não concordaram.

Em dezembro de 1987, após a confirmação dos quatro finalistas - Flamengo, Internacional, Sport e Guarani -, a CBF anunciou a tabela do quadrangular, que seria disputado em turno e returno. Alegando que o regulamento foi alterado à revelia do Clube dos 13, Flamengo e Internacional se recusaram a disputar. Com isso Sport e Guarani disputaram o quadrangular, vencendo os jogos contra Flamengo e Internacional por WO. A CBF acabou declarando o Sport como Campeão Brasileiro de 1987, enquanto o Clube dos 13 fez o mesmo com o Flamengo, mesmo sem ter qualquer poder para isso.

Quem representou o Brasil na Taça Libertadores da América do ano seguinte foram Sport e Guarani. O Clube dos 13 e o Flamengo, inconformados com a decisão levaram o caso a Justiça comum. E o que aconteceu? O processo, cuja decisão já se tornou definitiva e sem possibilidade de recurso, deu ganho de causa ao Sport Club do Recife.

A própria Fifa, em seu site, reconhecia até ontem quatro títulos de campeão brasileiro para o Flamengo, que agora passa a ter cinco. Em relação a 1987 a entidade maior do futebol mundial coloca o rubro-negro como campeão apenas do Módulo Verde, da Copa União e não do Brasil, título que é do Sport Recife.

Em janeiro de 1988, quando o resultado do campeonato ainda estava em litígio, o “Jornal do Commercio”, de Recife publicou uma grande reportagem, onde sugeria que Internacional e Flamengo fossem rebaixados para a Série B, por desobediência a entidade maior do futebol brasileiro, o que nunca aconteceu.

A diretoria do Sport convida a quem duvidar que o campeão legitimo do Brasil em 1987, não seja o clube pernambucano, que dê uma passadinha lá na avenida Sport Club do Recife, no bairro da Ilha do Retiro e confira o troféu.

Está no site da FIFA: http://es.fifa.com/classicfootball/clubs/club=44132/index.html

Perfil del club Falamengo del Brasil

Títulos: 1 Copa Toyota Intercontinental (1981)
1 Copa Libertadores (1981)
1 Copa MERCOSUR (1999)
1 Copa CONMEBOL (1996)
5 campeonatos de Brasil (1980, 1982, 1983, 1992, 2009)
1 Copa Uniao (Módulo Verde - 1987)
2 Copas de Brasil (1990, 2006)
1 Copa de Campeones de Brasil (2001)
1 Campeonato Rio-Sao Paulo (1961)
7 Copas de Rio
31 ligas del Estado de Rio de Janeiro (1914, 1915, 1920, 1921, 1925, 1927, 1939, 1942, 1943, 1944, 1953, 1954, 1955, 1963, 1965, 1972, 1974, 1978, 1979, 1979 (edición especial), 1981, 1986, 1991, 1996, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008, 2009)
Nombres ilustres:Dida, Gerson, Mário Zagallo, Zico, Jorginho, Renato Gaúcho, Bebeto, Leonardo, Romário
Récords: Júnior - 865 partidos
Zico - 508 goles
Página web oficial:http://www.flamengo.com.br/
Partidos
Copa Toyota 1981
Flamengo 3-0 Liverpool (Pesquisa: Nilo Dias)

Time do Flamengo que conquistou ontem, o pentacampeonato do Brasil. (Foto: Divulgação)

Sport ameaça processar veículos que tratarem o Flamengo como hexacampeão

Rafael Menezes, de São Paulo

O Sport Clube do Recife vai processar os veículos de comunicação que tratarem o Flamengo como hexacampeão brasileiro. “Estamos examinando todas as matérias. Estamos dispostos a entrar com uma ação contra os veículos que causarem algum tipo de dano moral para o Sport ou dano material para os patrocinadores”, afirma Eduardo Carvalho, vice-presidente jurídico do clube.

O motivo é o polêmico campeonato de 1987. O time pernambucano é reconhecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como o campeão, mas o Clube dos 13, que organizou a Copa União, considera o clube carioca o vencedor do título naquele ano. Com isso, o Sport argumenta que o Flamengo é apenas pentacampeão.

"O órgão máximo do futebol considera o Sport como campeão em 1987, mas grande parte da mídia considera o Flamengo como hexacampeão. Então, o Sport não é campeão de nada?", ironiza.

De acordo com a CBF, o Flamengo terminou o campeonato daquele ano na terceira posição. Para Carvalho, a imprensa não retrata esse fato.

“Todo mundo está achando que o Sport é contra a imprensa, mas não é isso. Uma pessoa pode considerar que em 1987 o Flamengo tinha o melhor time e até considerá-lo campeão. Isso é uma opinião dela e o clube não vai processá-la. Agora, o veículo de comunicação que homologar o título que o Flamengo não tem, vamos processar”, explica.

A diretoria do Sport divulgou em seu site um comunicado à imprensa, ressaltando sua indignação sobre o fato. “Não pode o Sport calar-se diante de uma informação dessas – pois isso seria negar à sua imensa torcida e a seus sócios o direito legítimo de manter intocável seu título de Campeão Brasileiro em 1987, proclamado pela CBF e garantido por todos os tribunais competentes.

Às Emissoras da Rádio e Televisão

Aos Jornais e Revistas

CIRCULAR 04.DEZ.2009

ASSUNTO: HEXACAMPEONATO ATRIBUÍDO AO FLAMENGO

REFERÊNCIA: NOTÍCIAS VEÍCULADAS RECENTEMENTE

Senhores Diretores e Jornalistas.

Sabe-se que nos últimos dias alguns jornalistas de veículos locais e, notadamente, da região Sudeste, têm se referido ao C. R. FLAMENGO como virtual HEXACAMPEÃO BRASILEIRO.

Acreditamos que tais referências têm sido feitas inadvertidamente, pois é público e notório que esse título não pode ser conquistado pelo FLAMENGO em 2.009, sem ignorar que o Campeão Brasileiro em 1987 é o SPORT CLUB DO RECIFE.

Não pode o SPORT calar-se diante de uma informação dessas – pois isso seria negar à sua imensa torcida e a seus sócios o direito legítimo de manter intocável seu título de Campeão Brasileiro em 1987, proclamado pela CBF e garantido por todos os tribunais competentes.

Ademais, negar esse título ao SPORT é causar enormes danos contra o patrimônio moral e material deste Clube. Assim, com o único propósito de alertar todos os diretores de órgãos de divulgação e jornalistas que os integram, esperamos que nenhuma referência seja feita a virtual ou efetivo título de HEXACAMPEÃO BRASILEIRO ao FLAMENGO.

Esperamos, portanto, não sermos forçados a defender nossos direitos nos tribunais – o que não hesitaremos a fazer, se for negado ao SPORT e à sua imensa torcida, o título de Campeão Brasileiro de 1987.

Na certeza de que contaremos com vosso profissionalismo – sobretudo quanto ao dever da correta informação ao grande público -- de logo agrade-cemos a atenção que for dedicada a essa matéria.

Cordialmente,

SPORT CLUB DO RECIFE

SILVIO ALEXANDRE GUIMARÃES

PRESIDENTE EXECUTIVO

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O "Bugre" campineiro de volta a Série A

Mais um clube integrante da seleta lista de campeões nacionais está de volta a elite do futebol brasileiro. O Guarani F.C., da cidade paulista de Campinas estava penando nas divisões inferiores do Brasileirão, desde 2005. Em 2004 foi rebaixado para a Série B e em 2006 foi parar na Série C, de onde saiu em 2008 para agora retornar a Série A.

Pouca gente acreditava que o Guarani poderia fazer uma boa campanha na Série B deste ano. O objetivo não era subir para a Série A, e sim não voltar para a Série C. No dia 5 de abril deste ano o time havia sido rebaixado para a série A-2, do Campeonato Paulista. As dividas eram imensas, por isso chegou a se pensar em vender o estádio Brinco de Ouro.

Veio o campeonato e com ele uma agradável surpresa. O técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, conseguiu tirar o máximo de um elenco formado na maioria por jogadores oriundos das categorias de base do próprio clube. O Guarani liderou o campeonato por várias rodadas, e apenas em um curto período caiu de produção. Depois, recuperou-se e chegou com méritos a uma das quatro vagas para a Série A de 2010.

O Guarani F.C. foi fundado no dia 1 de Abril de 1911, mas os seus fundadores decidiram que a data oficial seria o dia 2, para evitar gozações com o “Dia da Mentira”. A fundação do clube seu deu por iniciativa dos desportistas Pompeo De Vito, Ernani Filippo Matallo e Vicente Matallo, que foi o primeiro presidente. O nome Guarani foi escolhido para homenagear o compositor campineiro Carlos Gomes, autor da ópera “O Guarani”.

O primeiro campo do Guarani foi o “Ground da Villa Industrial”, utilizado até 1912. Em 1913 o clube alugou um campo no bairro Guanabara, junto ao S.C. Commercial, que ficou popularmente conhecido como “Ground do Guanabara”. Quando o Commercial encerrou as atividades, o Guarani obteve permissão para uso gratuito da área, dada pela proprietária, dona Isolethe Augusta de Souza Aranha, filha de Joaquim Policarpo Aranaha, o “Barão de Itapura”, e de dona Libânia de Souza Aranha, a “Baronesa de Itapura”, e tia de um dos pioneiros do clube, Egídio de Sousa Aranha.

O presidente do Guarani na época, Carmine Alberti tentou em vão conseguir que a prefeitura de Campinas cedesse uma área para construção de um estádio. Foi ai que Egidio de Sousa Aranha teve papel importante, pois convenceu sua tia a vender o terreno de cerca de 20 mil metros quadrados, ao preço irrisório de 900 réis o metro. Em seguida foi constituída uma "Comissão Pró-Estádio", presidida por João Pereira Ribeiro, que através de promoções arrecadou os recursos para que fosse erguida a praça de esportes.

Em 15 de julho de 1923, foi inaugurado o primeiro estádio do clube, garbosamente chamado de "Estádio do Guarany", e que colocava o alviverde campineiro entre as agremiações esportivas de melhor estrutura em todo o Estado de São Paulo. Para o jogo inaugural foi convidado o Club Athletico Paulistano, o principal clube do futebol paulista na fase amadora, e que tinha na sua equipe o famoso Friedenreich, o primeiro grande craque do futebol brasileiro.

O Guarani, com um gol marcado por Zéquinha a quatro minutos do final da partida, foi o vencedor. O extraordinário feito do time local foi condignamente festejado pelos torcedores, que saíram as ruas em grande estardalhaço. O Guarani formou com Pacheco - Joca e Tavares – Deputado - Juca e Joaquim – Miguel – Zéquinha – Barbanera - Nerino e Pilla.

O “Estádio do Guarani”, localizado na rua Barão Geraldo de Rezende passou depois por várias reformas e ampliações, servindo ao clube até 1953. Foi lá que o “Bugre” mandou seus jogos pelos campeonatos paulista de 1927, 1928, 1929, 1930, 1931, 1950, 1951 e 1952.

Como o antigo “Pastinho” não oferecia mais condições de sediar jogos na era profissional, o clube conseguiu trocar o terreno do bairro Guanabara, por uma área de 50.400 m2 na avenida Imperatriz Tereza Cristina, 11, na antiga “Baixada do Proença” e ainda receber de volta 2 milhões de cruzeiros. Mais tarde o Guarani conseguiu a doação de uma área de 19.405 metros quadrados, ao lado do terreno que havia adquirido.

Nos primeiros tempos, antes ainda da construção do "tobogã", o “Brinco de Ouro” chegou a receber 34.513 torcedores no jogo contra o Fluminense, válido pelo Campeonato Brasileiro de 1975. O recorde de público no estádio foi no jogo Guarani X Flamengo, em 1982, quando compareceram 52.002 torcedores. A capacidade divulgada naquela época era de 53 mil pessoas, diminuída depois, para efeito de garantir maior conforto e segurança para os espectadores. Hoje o estádio tem capacidade para 30.800 pessoas, atendendo exigências do estatuto do torcedor e normas da FIFA.

O nome “Brinco de Ouro da Princesa” se deve a uma matéria feita pelo jornalista João Caetano Monteiro Filho, do jornal “Correio Popular”, quando o projeto ainda estava na maquete. Ao ver o formato circular do futuro estádio, o jornalista o comparou a um brinco. Como a cidade de Campinas é chamada de "Princesa D'Oeste", João Caetano escreveu uma reportagem com o título “Brinco de Ouro para a Princesa”. Os dirigentes gostaram e “Brinco de Ouro” passou a ser o nome oficial do estádio do Guarani.

O “Brinco de Ouro” foi inaugurado no dia 31 de maio de 1953 com o jogo Guarani 3 X 1 Palmeiras. O jogador Nilo, do Guarani foi o autor do primeiro gol no novo estádio. A iluminação foi inaugurada no dia 11 de janeiro de 1964, com um jogo amistoso no qual o Guarani derrotou o Flamengo, do Rio de Janeiro, por 2 X 1.

O principal adversário do Guarani é a Ponte Preta, com quem faz o clássico chamado de “Derby Campineiro”. Até hoje foram 185 partidas disputadas, com 65 vitórias do Guarani, 61 empates e 58 vitórias da Ponte Preta, além de um resultado desconhecido. O “Bugre” foi o segundo clube do interior do Estado a disputar o campeonato principal de São Paulo, ao vencer o campeonato da segunda divisão de 1949. O pioneiro foi o XV de Piracicaba, que em 1948 ganhou o primeiro campeonato da divisão de acesso, tornando-se também o primeiro clube do interior a participar do grupo de elite do futebol paulista.

O principal feito na história do Guarani foi a conquista do título de Campeão Nacional de 1978. O time era muito forte, com destaque para os jogadores Careca, Zenon, Renato "Pé Murcho" e o técnico Carlos Alberto Silva. Nessa edição do campeonato brasileiro a disputa foi pela primeira vez num sistema de ida e volta nas fases decisivas do torneio. Era um tempo de regime militar. O ano de 1978 era de Copa do Mundo, mas nem por isso houve diminuição acentuada no número de participantes do principal campeonato do país, foram 74 clubes na disputa e um recorde de 792 jogos em quase seis meses de disputa.

Principais títulos conquistados pelo Guarani. Nacionais: Campeonato Brasileiro da Série A (1978); Campeonato Brasileiro da Série B (1981 e 1987); Estaduais: Campeonato Paulista do Interior (1944, 1949, 1972, 1973, 1974); Campeonato Paulista de Futebol da Série A2 (1949); Campeão Amador do Interior (1944); Campeão Amador do Estado (1944) Campeão Paulista da 2ª Divisão de Profissionais (1949); Campeão do Torneio-Início do Campeonato Paulista (1953); Bicampeão do Torneio-Início do Campeonato Paulista (1954); Campeão do Torneio-Início do Campeonato Paulista (1956); Detentor em definitivo da "Taça dos Invictos" de A Gazeta Esportiva (1970); Campeão - Torneio de Classificação para 1970 (1970); Bicampeão - Torneio de Classificação para 1971 (1970); Detentor em definitivo do II Troféu Folha de São Paulo (1974); Campeão do 1º Turno do Campeonato Paulista -Taça Almirante Heleno Nunes (1976); Municipal: Campeão Campineiro (1916, 1919, 1920, 1938, 1939, 1941, 942, 1943, 1945, 1946, 1953 e 1957).

Alguns jogadores famosos que vestiram a camisa do Guarani: Ailton, Alfredo, Alex , que jogou pelo Internacional, Amaral, que defendeu o Palmeiras, Amoroso (Bola de Ouro em 1994), Careca, que brilhou no São Paulo, Nápoli e seleção Brasileira, Djalminha, Edílson, Edu Dracena, Elano, Evair, Gustavo Nery , Carlos, Renato, Júlio César, Edson Boaro, Jorge Mendonça , Luizão, Mauro Silva, Miranda, Mineiro, Neto, Paulo Isidoro, Viola, Ricardo Rocha, Tite, Telê Santana, Valdir Peres, Wilson Gottardo, Zé Mario, Zenon e Zetti.

O primeiro jogador do Guarani a ser convocado para uma seleção brasileiro foi Fifi, que jogou o Campeonato Sul-Americano Juvenil de 1954. Em 1963 quatro jogadores foram chamados para a seleção principal,Tião Macalé, Oswaldo, Amauri e Hilton. Mas a história não se resumiu apenas em jogadores cedidos à seleção, mas também em títulos.

O Guarani estabeleceu alguns recordes importantes nessa sua vitoriosa trajetória. Em 1982 o ataque formado por Lúcio, Jorge Mendonça, Ernani Banana e Careca marcou nada mais, nada menos do que 63 gols em 20 jogos, com média de 3,5 gols por partida. A maior em toda a história dos campeonatos brasileiros, até hoje. Também é do Guarani o maior número de vitórias consecutivas em Brasileiros, doze, estabelecido em 1978. O time divide com Corinthians e Ceará o recorde de jogos invictos na série B do brasileiro, onze no total.

O clube participou de três edições da Taça Libertadores da América, 1979, 1987 e 1988, e da extinta Taça Conmebol, em 1995. Além do futebol, o Guarani mantém equipes de taekwondo, ginástica olímpica, natação, tênis, basquete, vôlei e futebol feminino.

Pena que fora do campo aconteçam coisas desagradáveis. A atual diretoria do Guarani, presidida por Leonel Martins de Oliveira, seguidas vezes não permitiu a entrada em jogos do “Bugre”, no Brinco de Ouro, de jogadores campeões brasileiros de 1978. Eles almejam uma credencial vitalícia, que lhes dê o direito de ingressar no estádio e não serem mais desrespeitados por funcionários do clube, que desconhecem a parte mais bonita da história de 98 anos do Guarani F.C.. (Pesquisa: Nilo Dias)

Time do Guarani, campeão brasileiro de 1978. Em pé: Neneca - Edson - Mauro - Gomes - Miranda e Zé Carlos. Agachados: Capitão - Renato - Careca - Manguinha e Bozó. (Foto: Acervo histórico do Guarani F.C.)