Morreu na madrugada de sábado (24), aos 62 anos de idade, completados em 5 de setembro, o ex-zagueiro Vicente Gonçalves de Paulo, que jogou no Santos de Pelé, nos anos 70. Ele lutava contra um câncer já há algum tempo. O sepultamente aconteceu sábado, às 18 horas, no cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. Deixou a esposa Deise e três filhos: Rodrigo, Tatiana e Laura.
Vicente nasceu em Bagé (RS), e começou sua carreira de futebolista jogando de centromédio nos juvenis do Guarany. Depois mudou de posição, tornando-se zagueiro e capitão da equipe que em 1970 tinha como técnico o ex-jogador Saulzinho, que brilhou no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. O time conquistou o hexacampeão citadino.
Em 1971, por indicação do saudoso Raul Donazar Calvete, bicampeão mundial, em 1962/1963, pelo Santos, Vicente foi vendido ao clube da Vila Belmiro. Calvete sempre se manteve muito ligado ao clube praiano, sendo amigo pessoal de muitos ex-jogadores, entre os quais José Eli Miranda, o "Zito", um centromédio de técnica apurada. O fabuloso time do Santos daquela época formava com Gilmar - Lima – Mauro - Calvete e Dalmo - Zito e Mengávio – Dorval – Coutinho - Pelé e Pepe.
Aos 21 anos de idade Vicente foi para o Santos. Na chegada a Vila Belmiro, a saudação do “Rei” foi marcada por um tapinha no rosto e o desejo de “boa sorte, gaúcho”. Não demorou para se firmar no time titular. Em 1973 foi campeão paulista, no célebre título repartido com a Portuguesa de Desportos, por erro do árbitro Armando Marques, na contagem dos pênaltis que decidiram a partida, depois de empate no tempo normal.
Antes da cobrança das penalidades, contava Vicente, Pelé chamou os demais jogadores e disse que, para descontrair, iriam dançar em roda, o que realmente aconteceu. Esse foi o último título ganho por Pelé. Em 1974, Vicente também era titular da zaga santista no jogo que marcou a despedida de Pelé com a camisa do alvinegro paulista, na vitória de 2 x 0 contra a Ponte Preta.
Depois que saiu do Santos em 1974, Vicente foi campeão paranaense com o Coritiba, em 1976. Em 1977 foi para o Grêmio Portoalegrense, onde se sagrou campeão gaúcho em 1977, 1979 e 1980. No tricolor do Olímpico foi ainda campeão brasileiro em 1981. Vicente também participou de vários Gre-Nais de 78 a 81 e lembra com orgulho desta história. Segundo ele, jogar Gre-Nal significa participar da história mais bonita e do clássico mais disputado do futebol.
Depois de 1982, ao deixar o Grêmio, defendeu o Caxias, São José, Operário, de Campo Grande (MS) e encerrou a carreira no Próspera, de Criciúma (SC). Lá mesmo, começou como técnico, em uma carreira meteórica. Trabalhou ainda no Avaí, de Florianópolis (SC), Marcílio Dias, de Itajai (SC) e Bagé. No clube jalde-negro bageense trabalhou por três oportunidades, 1983, 1987 e 1993. Foram 58 partidas, com 22 vitórias, 17 empates e 19 derrotas.
Treinou ainda os juniores do Grêmio Portoalegrense, revelando jogadores como Arílson, para Felipão aproveitar. Se afastou da profissão pela decepção que teve com dirigentes e alguns atletas. Depois, radicou-se em Porto Alegre, onde dirigia o Departamento de Futebol de 7 do Grêmio Portoalegrense, e desde 1997 presidia a Federação Gaúcha de Beach Soccer.
Em 2005, o Instituto das Crianças e Adolescentes São Francisco de Assis, antigo Instituto de Menores de Bagé, homenageou vários ex-jogadores nascidos na cidade e que jogaram em outros centros futebolísticos do país. Vicente foi um dos homenageados e na ocasião foi representado por sua irmã Maria Antonieta.
No livro “Enciclopédia do futebol gaúcho”, de autoria de Marco Antônio Damian e César Freitas, Vicente é descrito como “zagueiro estilo xerife, líder, limpa área, forte, firme, vigoroso, boa técnica e virtudes na bola aérea”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Vicente com a camisa do Santos F.C