Levy Baldassari, o “Muca” foi o goleiro da Portuguesa de Desportos, de São Paulo, nos seus dias de maior glória, ao começo dos anos 50. Um time que tinha entre outros, Nena, Djalma Santos, Noronha e ele próprio. Natural da cidade paranaense de Jacarezinho, “Muca” nasceu no dia 6 de fevereiro de 1927. Desde pequeno gostava de futebol e jogava como poucos na posição de goleiro.
Começou a carreira na Esportiva, de Jacarezinho, clube que não mais existe, e que defendeu desde quando era amador, até se tornar profissional. Com ela participou da Divisão Especial do Campeonato Paranaense, conquistando por duas vezes o vice-campeonato estadual (1951 e 1954). Não foi mais que uma questão de tempo, para que chamasse a atenção dos fortes clubes do interior do Paraná, por seus reflexos, sua coragem e elasticidade.
Foi num tempo em que a população de Jacarezinho vivia empolgada com o futebol. A cada partida da Esportiva, em Curitiba, caravanas imensas se deslocavam para a capital, de trem ou de ônibus. As partidas da Esportiva eram transmitidas pelo locutor Miguel Jorge Chueiri (Tufica), por telefone e reproduzidas pelo Serviço de Alto-Falante do Cine Éden.
No início dos anos 50, a Esportiva costumava trazer até Jacarezinho grandes equipes do Rio de Janeiro e São Paulo, para jogos amistosos que levavam grandes públicos ao estádio. Foi quando a Portuguesa de Desportos, então um dos grandes quadros de futebol de São Paulo, foi até lá para um amistoso.
Seus dirigentes ficaram empolgados com “Muca”, que realizou uma grande partida, sendo o melhor em campo. Acabaram adquirindo seu passe, dando em troca para a Esportiva, o goleiro Bolivar, que pesava nada mais, nada menos, do que míseros 110 quilos.
“Muca” foi para a “Lusa” paulista, mas permaneceu sempre na lembrança dos torcedores da sua cidade natal. Em pouco tempo conquistou a simpatia da torcida paulista, não só da Portuguesa, mas dos outros clubes, também, que o admiravam pela elegância, cavalheirismo e habilidade no gol. Nos arquivos de jornais e revistas especializadas de São Paulo, ainda é possível encontrar artigos que falam do goleiro, que se consagrou como um dos melhores que o futebol brasileiro já conheceu.
Defendendo a meta da Portuguesa de Desportos, “Muca” foi campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1952, e ainda conquistou a ”Fita Azul” em 1951 e 1953 e o “Troféu San Isidro”, de 1951 e o Campeonato Brasileiro, pela Seleção Paulista, em 1952. Ele foi o goleiro titular da Portuguesa, no lendário jogo em que a “Lusa” enfiou 7 no Corinthians.
Naquele tempo disputava-se um campeonato brasileiro por seleções, não havia uma competição de clubes, como existe hoje. Graças as suas estupendas atuações defendendo a meta da “Lusa”, “Muca” foi convocado diversas vezes para integrar a Seleção Paulista. Era cotado para ser o titular da Seleção Brasileira. Mas ele preferiu voltar para Jacarezinho, para casar com sua namorada de infância, Ilca, filha do então prefeito Benedito Moreira.
“Muca” defendeu a Portuguesa até 1953. Sua última partida foi a vitória de 4 X 3 sobre o Linense, válida pelo Campeonato Paulista, em 20 de dezembro. A Portuguesa jogou com: Muca - Nena e Válter - Djalma Santos - Brandãozinho e Ceci - Julinho Botelho – Renato – Amorim - Átis e Ortega.
No dia 23 de setembro de 1958, durante uma festa de casamento, ao apartar uma briga entre dois empregados da Fazenda Ingá, de propriedade de seu sogro, que ele administrava, “Muca” foi ferido próximo a virilha por um golpe de canivete e veio a falecer, vítima da violência que ele procurou conter. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu e veio a morrer. Deixou um casal de filhos, sendo que seu filho morreu tempos depois em um acidente de trânsito.
Mas seu nome ficou eternizado em Jacarezinho e no futebol brasileiro. A cidade prestou-lhe uma homenagem, dando o nome de “Levy Baldassari” a uma de suas ruas.
No estádio Municipal Pedro Vilela, de Jacarezinho, existe uma placa de bronze na entrada, em homenagem a “Muca”. Ela foi descerrada pelo ex-atleta da Seleção Brasileira e bi-campeão do mundo, Djalma Santos, em uma partida entre Veteranos da Associação Esportiva Jacarezinho (AEJ) X Veteranos de Curitiba. O resultado foi 2 X 2.
Na placa está escrita uma frase do professor Rodrigo Otávio, que diz: "Muca” aquele que viveu a vida que eu gostaria de ter vivido”. A placa existe até hoje, embora danificada, por falta de manutenção. (Pesquisa: Nilo Dias)
A foto é do início dos anos 50 e foi revelada invertida, daí porque o distintivo da Esportiva aparece ao contrário.