Muitos
clubes de futebol tem hoje camisas bem diferentes de quando foram fundados.
Alguns mantiveram às cores , mas as mudaram em outros aspectos. Outros,
simplesmente trocaram tudo. E aconteceram em certas ocasiões dos clubes serem
obrigados a usar outras camisas, que não as suas.
O
Fluminense F.C., do Rio de Janeiro, por exemplo, nem sempre foi tricolor, como
conhecemos hoje.Em 1902, quando da fundação do clube, o uniforme escolhido
possuía as cores branca e cinza claro, metade da camisa de cada cor, gola e
escudo sobre o coração, também metade branco e metade cinza, com as letrar FFC
em vermelho.
O
calção era branco e as meias pretas. Em reunião ocorrida no dia 15 de julho de
1904, o clube mudou as cores, tornando-se tricolor, o que perdura até hoje. A
nova camisa foi usada pela primeira vez em 7 de maio de 1905, quando o
Fluminense goleou o Rio Cricket por 7 x 1, em jogo amistoso.
O
Flamengo foi fundado em 1905, mas como clube de remo. O primeiro uniforme usado
nessa modalidade tinha as cores azul e ouro. Durou pouco tempo, pois havia
dificuldade em conseguir tecidos com essas tonalidades. Então passou a usar o
vermelho e preto.
No
futebol, esporte que surgiu no clube somente em 1911, a camisa foi diferente:
era composta por grandes quadrados, sendo dois vermelhos e dois pretos. Não deu
outra, ganhou o apelido de “papagaio de vintém”. A camisa também lembrava
aquelas pipas com que as crianças brincavam na época.
Em
1913, veio um novo uniforme, rubro negro, com listras em preto e vermelho
separadas por pequenos frisos brancos. Ela ganhou o apelido de “cobra coral” e
foi usada até 1916. Com a 1ª Guerra Mundial, o clube mudou novamente de roupa,
pois o uniforme usado lembrava as cores da Alemanha.
Sorte
do Flamengo, pois o novo uniforme dessa feita trazia as cores preto e vermelho,
dispostas em listras horizontais. No peito esquerdo, as letras CRF. Essa camisa
foi utilizada até 1984 com poucas alterações. E a partir daí o uniforme que é
usado até hoje, com pequenas modificações.
O
América F.C., um dos clubes mais antigos do Rio de Janeiro nem sempre foi
vermelho e branco. Quando de sua fundação em 1904 sua camisa era preta, com um
escudo branco bordado a mão, com as letrar AFC.
Somente
em 1908 o clube passou a usar o vermelho, por inspiração da cor das camisas do
Mackenzie College, de São Paulo e com as inicias AFC. O círculo que contorna as
letras foi adotado em 1913. A proposta foi de Belfort Duarte.
O
Botafogo desde a fundação foi sempre preto e branco, com listras verticais. Mas
no inicio, em 1904, a camisa era branca, bem como os calções e as meias
abóboras. Em 1906 passou a adotar a camisa listrada, lembrando a Juventus, de
Turin, por sugestão de Itamar Tavares, um dos fundadores do clube que estudara
na Itália e tinha predileção por aquele clube.
As
camisas eram confeccionadas na Inglaterra, na fábrica Benetfink & Co. A
estréia da camisa listrada foi em um jogo festivo contra o Fluminense. Em junho
de 1909 passou a usar uniformes confeccionados em malha. Mas os escudos só
estiveram presentes nas camisas a partir de 1913. O Botafogo adotou os calções
pretos como titular pela primeira vez em 1935.
Já
a primeira camisa do Vasco da Gama foi criada no ano de fundação e usada
inicialmente pelo remo, era preta com uma faixa branca na diagonal partindo do
ombro direito, o inverso do modelo atual e a cruz vermelha no centro da camisa.
No
futebol a primeira camisa era toda negra, com gola e punhos brancos e a cruz
colocada já sobre o coração. O uniforme foi inspirado no Lusitânia Futebol
Clube, que realizou uma fusão com o Vasco em 1915, que por sua vez era
inspirado no uniforme do combinado português que jogou uma série de amistosos
no Brasil em 1913.
A
partir dos anos 1930, foi adotado o novo desenho com a volta da faixa diagonal,
mas com uma diferença, dessa vez ela saia do ombro esquerdo e com a cruz dentro
da faixa na altura do coração. No dia 16 de janeiro de 1938 o Vasco adotou o
padrão de uniforme que usa até hoje.
No
Corinthians existe uma lenda de que o uniforme tenha sido bege nos primeiros
tempos, camisa creme com faixas pretas nos punhos e na gola e calção
branco. E por sugestão de uma lavadeira,
acabou sendo trocado pelo branco para não desbotar.
Mas
essa versão parece mesmo não ser verdadeira, pois o clube nasceu pobre e
certamente não teria dinheiro para comprar uniformes que não fossem brancos. De
qualquer maneira, em 1912 o clube já vestia camisa branca, conforme provam
fotografias da época. No início, esses uniformes brancos eram feitos com tecido
reaproveitado de sacos de farinha.
O
Santos F.C. em 1912, seu primeiro ano de fundação tinha camisas nas cores azul
e branco, em listras verticais e, entre elas, frisos dourados, Só um ano
depois, em 1913 o clube se tornou alvinegro e passou a usar o uniforme que é
conhecido até hoje.
O
Grêmio, de Porto Alegre, nem sempre foi tricolor. Em 1903, quando da fundação,
o seu uniforme tinha listrar horizontais em havana, uma cor semelhante ao
marrom telha e azul. Em 1904, ainda bicolor, trocou o havana pelo preto,
mantendo o azul. No Grenal de 1917 o time entrou em campo usando uma camisa com
listras verticais brancas e azuis, no estilo da Seleção Argentina. Somente em
1925 passou a usar o uniforme tricolor, em azul, preto e branco, que sofreu
várias alterações até os dias de hoje.
O
rival Internacional sempre foi vermelho e branco. Logo após a fundação as
camisas tinha listras verticais simétricas em vermelho e branco, gravatas nas
duas cores, calções brancos e meias pretas Esse primeiro uniforme foi feito por
Humbertina Fachel, irmã de dois fundadores do clube.
Depois
do insucesso o primeiro Grenal, e com a demissão do primeiro presidente, o
Internacional adotou aquele que viria a ser seu uniforme atual: camisas
vermelhas, escudo na altura do coração, frisos brancos nas mangas e golas,
calções e meias pretas (hoje brancas).
Depois,
vários modelos apareceram: a camiseta branca com uma faixa diagonal vermelha; a
camiseta totalmente branca, calções e meias vermelhas; e, mais recentemente,
meias cinzas. Além disso, os uniformes de treinamento também sofreram
alterações, ultimamente aderindo às cores dourada, além do cinza.
O
Cruzeiro, de Belo Horizonte foi fundado com o nome de Palestra e as cores da
bandeira italiana, verde, branco e vermelho. Com a Guerra Mundial, o Governo
Vargas proibiu as entidades usarem nomes ou qualquer coisa que lembrassem os
países do Eixo. Por isso o clube teve que mudar o nome para Ypiranga, com
camisa vermelha e um “Y” no peito. Esse nome durou um só jogo, foi contra o
Atlético, pela última rodda do returno do Campeonato Mineiro.
Três
dias depois os conselheiros desaprovaram o nome e decidiram por unanimidade
adotar o nome Cruzeiro Esporte Clube. A camisa escolhida não foi a tricolor do
Palestra e nem a vermelha do Ypiranga, sim uma o azul celeste com branco e
escudo em formato circular, também azul, tendo ao centro a configuração da
constelação do Cruzeiro do Sul, que perdura até hoje.
O
Atlético Mineiro nunca mudou as cores, foi preto e branco desde a fundação. As
diferenças com o passar do tempo foram nos modelos adotados. Nos primeiros anos
a camisa era listrada, mas com predomínio da cor preta, com pequenos frisos
brancos e o escudo no lado esquerdo do peito. As primeiras composições do
uniforme do Atlético Mineiro traziam calções brancos e meias pretas. Grandes
alterações na camisa atleticana foram vistas em seu símbolo que, pouco a pouco,
se transformou até chegar ao atual.
Já
o América Mineiro tinha na fundação as cores verde e branca. Tempos depois o
preto foi incorporado, mantendo o modelo até hoje, com o segundo fardamento em
branco.
A
Seleção Brasileira já teve vários uniformes. Em 1914, no primeiro jogo da
história usou uma camisa toda branca, com detalhes em azul nas mangas. Em 1916,
no Sulamericano da Argentina a camisa tinha listras verticais em verde e
amarelo. Em 1917 vestiu uma camisa toda branca, tendo pela primeira vez o
escudo da antiga CBD. Em 1918, usou uma camisa branca com duas listras
horizontais no peito, em verde e amarelo.
Ainda
em 1918, durante um amistoso em Dublin, a Seleção se apresentou com uma camisa
branca, com detalhes azuis e vermelhos nas mangas. De 1919 a 1934 o uniforme
foi praticamente igual, camisas brancas e calções azuis. Aconteceram pequenas
modificações no escudo.
No
primeiro jogo da Copa do Mundo de 1938 a Seleção entrou em campo com um
uniforme todo azul. A partir do segundo jogo utilizou camisas brancas e calções
azuis.
Na
Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil, o uniforme principal era branco,
com detalhes azuis na gola e mangas e calções azuis. O reserva tinha camisas
azuis, com detalhes em branco na gola e mangas e calções brancos.
A
partir da Copa do Mundo de 1954 a Seleção passou a usar o uniforme atual, que
foi escolhido em um concurso vencido pelo jornalista gaúcho Aldyr Garcia
Schlee. De lá para cá o uniforme teve pequenas alterações, mas sempre mantendo
o formato original.
O
mais curioso, e que pouca gente sabe, é que a Seleção Brasileira já vestiu
camisa vermelha. Foi em 1917 no Campeonato Sul-Americano realizado no
Montevidéu, no Uruguai. Antes do jogo entre Brasil X Argentina, em 3 de outubro
de 1917, foi feito um sorteio para definir quem jogaria com sua camisa
principal, pois dois times tinham como
padrão,
camisas brancas.
O
Brasil perdeu o sorteio e foi obrigado a trocar de camisa. E os dirigentes
tiveram que correr atrás, e a cor escolhida foi o vermelho. Considerando que
esse era um torneio oficial, foi a primeira vez na história que a Seleção
Brasileira veio a usar o vermelho como sua camisa de jogo. A segunda e ultima
vez foi no dia 12, ainda pelo Sul americano contra o Chile, pelo mesmo motivo.
No
Mundial de 1950, disputado no Brasil, uma outra Seleção teve que trocar de
uniforme, a do México, num jogo contra a Suíça, realizado no antigo Estádio dos
Eucaliptos, do Internacional. As duas seleções tinham camisas vermelhas e o
México perdeu o sorteio. Então usou as camisas azuis e brancas do Cruzeiro, de
Porto Alegre. (Pesquisa: Nilo Dias)
Em 1917 a Seleção Brasileira usou essa camisa vermelha, no Sulamericano de Montevidéu. (Foto:Divulgação)