Alcebíades
Brizolara, o “Tibirica”, foi um jogador símbolo de garra e perseverança na
história centenária do G.E. Brasil, um dos mais tradicionais clubes de futebol
do Rio Grande do Sul. Jogava de lateral-direito e tinha na marcação forte a sua
maior virtude. Nasceu em Pelotas no dia 22 de setembro de 1924 e faleceu em sua
cidade natal no dia 28 de setembro de 1985, seis dias antes de completar 61
anos.
Começou
a carreira de futebolista no time amador do Marechal Floriano F.C. Depois foi para as categorias de base do G.E. Brasil, em 1942,
quando tinha 18 anos de idade. De cara sagrou-se campeão pelotense da categoria
de aspirantes. No ano seguinte, “Tibirica” já era titular absoluto.
Seu
primeiro jogo no time de cima foi um amistoso disputado no antigo “Estádio das
Oliveiras”, na cidade de Rio Grande, contra o S.C. Rio Grande, dia 4 de abril
de 1943, que terminou empatado em 3 x 3.
Seu
último jogo com a camisa rubro-negra foi no dia 11 de fevereiro de 1962, no
“Estádio Bento Freitas”, em Pelotas, válido pelo “Torneio da Morte” do Campeonato Estadual
da Divisão Especial, num empate em 1 X 1 com o E.C. São José, de Porto Alegre.
A
camisa rubro-negra foi a única que vestiu ao longo de 20 anos de carreira. Ao
todo foram 445 jogos pelo time “Xavante” e sete gols marcados. “Tibirica” encerrou
a carreira em 1962, aos 38 anos de idade, um ano antes do G.E. Brasil comemorar
o seu cinquentenário.
Em
sua passagem como jogador do “Xavante”, participou
de momentos gloriosos da vida do clube, como a excursão ao Uruguai, em 1950,
quando o G.E. Brasil enfrentou a “Celeste Olímpica”, que se preparava para o Campeonato Mundial daquele ano, onde se sagrou campeão, no famoso “Maracanazzo”.
Naquele
jogo inesquecível o clube pelotense conseguiu uma estrondosa vitória por 2 X 1,
surpreendendo os “orientales” em pleno Estádio Centenário. Os gols foram de Darci
e Mortosa, este. pai de Flávio “Mortosa” Teixeira, auxiliar técnico de Luiz Felipe
Scolari, na Seleção Brasileira.
“Tibirica”
também esteve na excursão que o clube pelotense realizou em 1965, por 10 países
das América Central e do Sul. Foi uma maratona de 104 dias pelo exterior e 28
jogos disputados em países diferentes. O saldo foi esplendido, 16 vitórias, 6
empates e 6 derrotas.
Ele
fez parte de célebres linhas-médias do G.E. Brasil, tais como: Tibirica,
Juvenal (zagueiro da Seleção em 50) e Tavares, em 1946; Tibirica, Garcia e Tavares, em 1948 e Tibirica,
Seara e Jari, em 1954 e 1955.
Títulos
conquistados: Campeão da Cidade (1946, 1948, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954 e
1961); Campeão da Taça Eficiência (1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951,
1952, 1953, 1954, 1955 e 1957; Campeão do Torneio Início (1947, 1950, 1955,
1956 e 1957); Campeão da “Taça Galenogal” (1947); Campeão da “Taça Ouriversária
Cruz” (1950); Campeão da “Taça Prefeitura Municipal de Pelotas” (1947); Campeão
da “Taça White Star” (1956); Campeão do Interior (1953,1954 e 1955); Campeão
Regional (1949, 1950, 1953, 1954, 1955 e 1961); Campeão da “Taça Casa Oliveira”
(1955); Campeão do “Torneio Dia do Futebol” (1949); Campeão do “Torneio
Quadrangular Internacional da República de El Salvador” (1956); Campeão
Estadual da Divisão de Acesso (1961); Campeão do “Torneio Rio Grande-Pelotas”
(1952); Campeão do “Torneio Triangular Bagé-Pelotas” (1954); Campeão do
“Torneio Triangular Rio Grande-Pelotas” (1956) e Campeão do “Torneio 50º
Aniversário do 9º Regimento de Infantaria Motorizada (1959).
Foi
ainda: Vice-campeão Municipal (1943, 1945, 1951, 1957 e 1959); Vice-campeão
estadual (1953, 1954 e 1955); Vice-Campeão da Festa da Liga Pelotense de
Futebol (1961); Vice-campeão do Interior (1949, 1950 e 1952); Vice-campeão
Regional (1946); Vice-campeão da ”Taça Companhia de Cigarros Sudan (1949); Vice-campeão
da “Taça Confeitária Gaspar (1947); Vice-Campeão da Taça Eficiência (1943);
Vice-campeão da “Taça Eva Perón” (1952); Vice-campeão da “Taça Fayacal” (1943);
Vice-campeão da “Taça Prefeitura Municipal de Pelotas” (1950); Vice-campeão da
“Taça Sezefredo Ernesto da Costa, o Cardeal” (1954); Vice-campeão do “Torneio
Cidade de Pelotas” (1956); Vice-campeão do “Torneio Dia do Futebol “ (1953);
Vice-campeão do Torneio Início (1949); Vice-campeão do Torneio Municipal (1946)
e Vice-campeão do “Torneio 32º Aniversário do E.C. Cruzeiro” (1959).
Eu
fui amigo do “Tibirica”. Muitas vezes nos encontramos no antigo “Bar Cruz de
Malta”, na esquina das ruas XV de Novembro e Voluntários da Pátria e falávamos
de futebol. Eu era editor de esportes do jornal “Diário Popular”, quando
“Tibirica” deixou de jogar.
Mas
eu o conheci nos tempos de jogador. Uma vez até participei de um treino do
Brasil, quando o técnico era o saudoso Teotônio Soares. Por
azar, me colocaram na ponta-esquerda, sendo marcado pelo “Tibirica”, que era um
sujeito forte e grandalhão. Costumava jogar com os cotovelos a mostra. Bater
nele era o mesmo que se chocar contra um muro.
Lançaram uma bola em velocidade e eu rapidamente me desfiz dela, colocando
entra as “canetas” do "Tibirica". E ele, furioso, deu uma trombada que me fez desistir de
voltar a atacar. A partir daí me limitei a ficar pelo meio de campo, como quem
não quer nada.
Quando
“Tibirica” morreu, em 1985, eu morava em São Gabriel. Fiquei muito sentido com
o ocorrido, pois além de um amigo, foi com ele uma parte importante da história do
futebol gaúcho e brasileiro. “Tibirica” foi um campeão de longevidade, jogando
numa época em que o máximo que um atleta aguentava era jogar até os 33, 34
anos. Ele foi até os 38.