Luiz
de Souza Gonçalves, o “Luizinho Mão de Grude”, foi um dos melhores goleiros que
o futebol amazonense conheceu em todos os tempos. Era natural de Parintins,
onde nasceu em 1920. Chegou ao Atlético Rio Negro Clube, de Manaus nos anos 40,
pelas mãos do doutor Rocha Barros, quando o futebol no Amazonas ainda era
amador.
O
goleiro Iano Monteiro já estava em final de carreira e Luizinho foi contratado
para substituí-lo. Mas não foi fácil entrar no time de cima, pois Iano, mesmo
veterano, ainda era o dono absoluto da camisa 1 do Rio Negro e grande ídolo do
time. E não era para menos, estava no clube desde 1937, tendo sido campeão em
1938, 1940 e 1943.
Antes,
Iano jogou no Nacional, onde foi revelado e conquistou os títulos do
“Amazonense” de 1936 e 1937. Foi titular da Seleção do Amazonas nos jogos
contra o Pará, pelo Campeonato Brasileiro de Seleções em 1939, 1941 e 1942.
Mesmo assim, nas raras vezes em que foi chamado, Luizinho sempre se saiu bem.
Tinha
todos os atributos para ser um grande goleiro, como realmente foi: ótima
colocação e segurança, pois era incapaz de soltar uma bola, mesmo ela estando
molhada. E isso num tempo em que a bola era de couro grosseiro e de bico, e nem
se pensava em usar luvas. Essa foi a razão da torcida ter lhe dado o apelido de
“Mão de Grude”.
Luizinho
jogou numa época em que o Rio Negro tinha uma grande equipe, onde despontavam
jogadores como Amâncio, Marcílio, Parintins, Lé, Benjamim, Cláudio Coelho,
Meireles, Valdir Oliveira, Zenith, Raimundo Rebelo Dog, França, Silvio,
Valdemir Osório e outros. Graças às suas extraordinárias defesas, Luizinho foi
chamado para fazer parte da “Seleção do Amazonas” em 1943.
Conquistou
os títulos estaduais de 1940 e 1943. Seria igualmente campeão em 1945, não
fosse uma manobra de bastidores da Federação Amazonense de Desportos Atléticos
(Fada), que declarou o Nacional campeão. Revoltados, os dirigentes do Rio Negro
retiraram o time de campo por longos 15 anos.
Aos
seus jogadores não restou outro caminho a não ser o de procurar novos clubes.
Luizinho foi para o Nacional e em seguida para o Olímpico, onde foi campeão
invicto de 1947. O time tinha bons jogadores como Tuta, Aurélio, Silvio, Gato,
Omar, Gatinho, Dog, Zé Luís, Cabral, Juvenil, Silvio e Raimundo Rebelo.
Paralelamente
ao futebol, Luizinho era funcionário da Polícia Civil. Depois foi cedido a
Assembléia Legislativa do Estado, por iniciativa de seu amigo e conterrâneo,
Gláucio Gonçalves. Na nova função ganhou mais tempo para escrever seus versos,
a maioria deles falando dos clubes Rio Negro e São Raimundo, este, o seu
segundo time.
E
como ninguém é de ferro, Luizinho gostava de ingerir umas cervejinhas geladas,
muitas vezes abusando da sede, embora enfrentasse sérios problemas de saúde. Um
dia antes de morrer, esteve confraternizando com velhos amigos de São Raimundo,
onde residia desde que casou com Dona Creusa, moradora do bairro.
Terminada
a festa, chegou em casa onde se sentiu mal e teve de ser levado às pressas para
uma clínica, onde faleceu na madrugada do dia 16 de março de 1993, aos 73 nos
de idade, deixando a esposa Creusa, os filhos Dayse, Darly e Craveiro e os
netos Ana Fátima e Luiz Neto.
Luizinho
nunca esqueceu os seus dois times de coração. Tanto que era “Sócio Benemérito”
do Rio Negro e membro da Diretoria do São Raimundo.
Depois
de “Luizinho Mão de Grude”, outro grande goleiro do Rio Negro e do futebol
amazonense foi Clóvis “Aranha Negra”, que defendeu o clube durante 10 anos,
entre 1963 e 1973, tendo sido campeão estadual em 1965.
Clóvis
Amaral Machado, o “Aranha Negra”, também era natural de Parintins, onde nasceu
no dia 20 de outubro de 1943. Começou a carreira no Auto Esporte Clube. No
início nem tinha pretensões de se tornar goleiro, mas o destino ajudou. Certa
tarde o goleiro titular não foi treinar e o colocaram na posição. Fechou o gol,
tomou conta da posição e se tornou um dos melhores goleiros do futebol
amazonense.