José
Mirobaldo Bastos Correia, o Mirobaldo, apelidado de “Caboclo Miró”, atacante
que fez história no futebol brasileiro e português, nasceu em Aracaju (SE), no
dia 31 de maio de 1946. Começou a carreira nas categorias de base do Confiança,
em 1961. Depois foi para o Olímpico, também de Sergipe, onde jogou em 1965 e
1966.
Em
1967, defendeu o América, da capital sergipana. Voltou ao Confiança em 1968 e no ano seguinte transferiu-se para o Santa
Cruz, de Recife (PE), a pedido do técnico Gradim, depois de um jogo entre os
dois clubes.
A
contratação de Mirovaldo mereceu festa da torcida “coral”. No primeiro treino
do atacante, cerca de duas mil pessoas foram até o “Arruda”, na manhã do dia 2
de fevereiro de 1969, para vê-lo de perto.
Mesmo
desambientado e sem ritmo, Mirobaldo fez um treino apenas razoável. A grande
sensação naquele dia foi Rubens Salim que comandou o ataque do time reserva, na
vitória por 5 X 1 sobre os titulares. Depois do treino, Mirobaldo assinou
contrato com o Santa Cruz, com salários mensais de Ncr$ 700,00.
Um
dia depois o Santa Cruz completou 55 anos de fundação, comemorados com um
coquetel na sede social, e com a promessa da nova diretoria de fazer o clube
retornar aos seus dias de glórias, já que não ganhava um título estadual desde
1959.
Os
torcedores se mostravam ansiosos para ver o recém contratado em ação. Na noite
de 6 de fevereiro de 1969 o atacante sergipano vestia pela primeira vez a
camisa tricolor, num amistoso contra o Santo Amaro, também conhecido por
“Vovozinhas”, no “Arruda”.
O
apelido do Santo Amaro se devia ao fato do time ser patrocinado, na época, pelo
radialista Alcides Teixeira, que tinha um programa radiofônico assistencialista
com o nome de “Programa das Vovozinhas”.
O
Santa Cruz ganhou por 7 X 1, com gols de Nivaldo (2), Alberi (2), Luciano
Veloso, Fernando Santana e Mirobaldo, que marcou o seu primeiro gol com a
camisa coral e foi poupado na segunda etapa do jogo.
O
Santa venceu com Pedrinho (Lula Vasquez) – Noberto - Adevaldo (Edson) - Rivaldo
e Valdir - Zito e Luciano Veloso (Inaldo) - Cuíca (Fernando Santana) - Uriel
(Alberi) - Mirobaldo (Erandi) e Nivaldo. A renda foi de Ncr$ 3.484,00.
O
Santa Cruz estreou no Campeonato Pernambucano dia 9 de fevereiro, no “Arruda”,
sem contar com Mirobaldo, que ainda não tinha condição legal de jogo. O time
venceu por 2 X 1 e a renda somou Ncr$ 8.829,00. Depois desse jogo vieram os
festejos carnavalescos e a competição foi paralisada.
Aproveitando
o recesso o Santa Cruz jogou um amistoso frente o Treze, de Campina Grande (PB),
no “Arruda”, dia 12, com vitória de 3 X 0, gols de Fernando Santana, Luciano
veloso e Mirobaldo, que já caíra definitivamente no gosto da torcida.
No
dia 23, após a pausa carnavalesca, o campeonato recomeçou e o Santa Cruz goleou
o América por 5 X 0, depois de um primeiro tempo em 0 X 0.
O
goleiro “Jagunço”, do América, que também fez história no futebol pernambucano
jogando pelo Íbis, fechou o gol no primeiro tempo, deixando a torcida
preocupada. No segundo tempo, porém, com a entrada de Uriel no lugar de Erandi,
a time deslanchou e chegou a goleada com facilidade. Uriel, Jaminho (contra),
Zito, Luciano Veloso e Mirobaldo marcaram os gols do Santa Cruz. A renda somou
Ncr$ 14.435,00.
O
mês de fevereiro terminou com uma vitória de 2 X 0 sobre o Ibis. O placar não
foi maior graças a grande atuação do goleiro adversário Omar. Os gols foram de
Luciano Veloso.
No
clube “Coral”, Mirobaldo ficou por três temporadas, 1969, 1970 e 1971. Suas
grandes atuações no clube pernambucano fizeram com que o Farense, de Portugal o
contratasse. Ficou no clube de luso de 1971 a 1976, quando se transferiu para o Vitória, de Setubal, onde permaneceu até 1979.
Nas
suas andanças pelo futebol luzitano, foi jogar no Portimonense nos anos de 1979
e 1980. Já no final de carreira, atuou pela Segunda Divisão Portuguesa, defendendo
o Desportivo Beja, em 1980 e 1981. Retornou ao Farense em 1981 e 1982 e vestiu
a camisa do Olhanense de 1982 a 1984, quando encerrou a carreira.
Mirobaldo
foi um dos raros jogadores estrangeiros a ter defendido os três “grandes”
clubes da região da Algarvia, em Portugal: Farense, Portimonense e Olhanense. Era alto, 1m87,
bom no cabeceio e dono de uma verdadeira “patada” com o pé esquerdo.
O
ataque do Farense tinha Mirobaldo, Farias e Adilson, apelidado de M.F.A., as iniciais dos nomes dos jogadores. Foi o
maior artilheiro do clube na época, marcando 42 gols em 127 jogos.
No
Vitória, de Setúbal, atuou ao lado de grandes jogadores, como Jaime Graça, Jacinto
João,Vitor Baptista e Fernando Tomé. E continuou a marcar gols, sendo o
artilheiro do time na temporada 76/77, tendo marcado 15 vezes.
Também
no Portimonense mostrou suas qualidades de artilheiro, marcando 10 gols em 25
jogos, na temporada 79/80. Era o capitão da equipe. No retorno ao Farense, que
dessa feita estava na 2ª Divisão, anotou 12 gols em 21 jogos, na temporada
81/82. No Olhanense, seu último clube, mesmo com 37 anos deixou a sua marca de
goleador. (Pesquisa: Nilo Dias)