O
Estado de Sergipe não figura entre os principais centros futebolísticos do
país, o que não invalida que se mostre a sua história, recheada de fatos
interessantes. Ao que se sabe, o major
Crispim Ferreira, que servia no 26º Batalhão de Infantaria, com sede em
Aracaju, foi o primeiro personagem a proporcionar uma apresentação do chamado
“esporte bretão”, na capital do Estado.
Isso
teria ocorrido em setembro de 1907, quando ele reuniu soldados e recrutas da
unidade para um jogo de futebol no improvisado campo da “Praça Valadão”, que se
localizava frente o Quartel. Não se tem registros históricos do que aconteceu
depois disso.
Em
1909, Mário Lins de Carvalho, um menino de 17 anos de idade, natural da cidade
interiorana de Lagarto, regressou de Salvador, onde morou por três anos. Junto
com ele veio o desejo de fundar um clube de futebol em Aracaju. Para tal, convidou
o amigo Carlos Baptista Bittencourt. Os dois passaram a buscar outros
interessados na idéia.
Tempos
depois, com um seleto grupo de jovens entusiastas pelo esporte inventado pelos
ingleses, promoveram uma reunião na casa de Bittencourt, na rua de Maruim e
fundaram o "Sport Club Lux", nome que teve curta duração, sendo em
seguida mudado para "Club do Football Sergipano", com as cores
vermelha e branca.
A
primeira sede foi na residência de um dos fundadores, João Rocha, na rua
Laranjeiras, 123. Os primeiros treinos se realizaram na Praça do Palácio, atual
Fausto Cardoso.
Essa
agremiação, no entanto, não participou do primeiro campeonato de futebol em Sergipe,
que só foi realizado em 1918, organizada pela "Liga Desportiva
Sergipana". Tomaram parte na competição apenas quatro equipes: Cotinguiba,
41° Batalhão F.C., Sergipe e Industrial. O Continguiba foi o campeão, ganhando
do Sergipe por 2 X 0 no jogo final. No ano seguinte não houve campeonato.
De
1920 a 1948 os jogos de futebol em Aracaju foram realizados no “Estádio Adolpho
Rolemberg", na época uma das melhores praças esportivas das regiões Norte
e Nordeste. Em 1927 surgiu a "Liga Sergipana de Esportes Atléticos",
com apenas três clubes filiados: Associação Atlética, América e Palmeiras,
dividindo o futebol estadual em duas organizações.
A
outra era a antiga “Liga Desportiva Sergipana”, fundada em 10 de novembro de
1926, com quatro filiados: Sergipe, Brasil, Cotinguiba e Aracaju. Em 1928 a
nova “Liga Sergipana de Esportes Atléticos”, que estava muito bem organizada,
recebeu mais oito filiações: Vasco, Guarani, Paulistano, Palestra, Vitório,
Siqueira Campos, 13 de Julho e ETEA, tomando conta do futebol no Estado, o que
fez com que a sua antagonista fechasse as portas.
A
partir de 10 de novembro de 1941 mudou a denominação para “Federação Sergipana
de Desportos”, e por decisão da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 20
de janeiro de 1976, para “Federação Sergipana de Futebol”, que permanece até
hoje.
Em
1936 o campeonato passou a contar também com clubes do interior do Estado. O
primeiro a disputar foi o Ipiranga, de Maruím. Em 1939, dividiu-se o certame em
duas divisões, a do “Interior”, com quatro equipes, Ipiranga, Riachuelo,
Socialista e Laranjeiras e a da “Capital”.
O
Ipiranga foi campeão do “Interior” e o Sergipe, da “Capital”. O título foi
decidido em melhor de três jogos, sistema que perdurou até 1958. O Sergipe
levou a melhor e levantou a taça, depois de vencer o jogo final na prorrogação,
por 2 X 0.
Mas
o Ipiranga, descontente com o resultado, entrou com recurso na Liga, alegando
que o adversário incluiu o jogador Renato Vieira, em condição irregular, pois
estava inscrito na liga Paulista. Com isso, o Ipiranga foi proclamado campeão
estadual.
Em
1959 foi testada uma fórmula que dividia o campeonato em três zonas: Leste, com
clubes da Capital, Norte, Sul e Centro. Depois, os cinco melhores de Aracaju
juntaram-se aos campeões das zonas do interior e decidiram o campeonato em dois
turnos. Já em 1960 foi disputado o primeiro campeonato de profissionais do
Estado.
Inaugurado
em junho de 1969, o “Estádio Batistão", com capacidade para 25 mil
pessoas, dveria ser responsável por uma nova era no futebol sergipano. Mas não
foi o que aconteceu, visto que a média de público na nova praça de esportes,
não passou de oito mil expectadores pagantes por jogo.
Em
1980 foi instituído o “Acesso” e “Descenso”, numa tentativa de deixar os
campeonatos mais atraentes.
Os
principais clubes do Estado são Club Sportivo Sergipe e Associação Desportiva
Confiança, ambos de Aracaju. Eles realizam o maior clássico sergipano, que é
conhecido por “Derby”. Nas 91 edições já realizadas do Campeonato Estadual, os
dois somam 51 conquistas, 33 do Sergipe e 18 do Confiança.
Outro
clube de tradição é a Associação Olímpica de Itabaiana, que já foi campeã do
Estado em 10 oportunidades, sendo a maior força do futebol interiorano. É
também detentora da maior conquista do futebol sergipano em todos os tempos, o
Campeonato do Nordeste de 1971.
Outras
equipes com certa tradição e que buscam espaço novamente, são o Esporte Clube
Propriá, o Cotinguiba Esporte Clube, ambos centenários e o Centro Sportivo
Maruinense. Agremiações mais novas como o São Domingos F.C. e S.E. River Plate,
estão conseguindo certa visibilidade a nível nacional.
O
futebol sergipano não tem sido um bom celeiro para o futebol brasileiro. Seu
maior idolo atualmente é o goleiro-artilheiro Márcio Luiz Silva Lopes Santos
Souza, do Atlético Clube Goianiense que disputou este ano a Série B do
Campeonato Brasileiro.
Também
merecem destaque os garotos Victor Andrade e Geuvânio, integrantes do novo time
do Santos F.C. E o artilheiro Diego Costa, do Atlético, de Madrid e da Seleção
Espanhola, que nasceu em Lagarto.