terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A aposentadoria de um craque

Juan Román Riquelme, um dos maiores jogadores do futebol argentino de todos os tempos, anunciou domingo (25) a sua aposentadoria, aos 36 anos de idade, depois de encantar os torcedores do mundo todo por vários anos.

O Cerro Porteño do Paraguai, queria contratá-lo, mas o jogador não se sentiu motivado. Foi um excelente cobrador de faltas e um dos mais talentosos craques argentinos de sua geração.

Nascido em Buenos Aires no dia 24 de junho de 1978, começou a carreira como amador no Argentinos Juniors, antes de se mudar para o Boca Juniors, onde ganhou títulos e fama, sendo um dos maiores ídolos da história do clube.

No time de “La Bombonera” foi bicampeão da Copa Libertadores da América, em 2000 e 2001, e do Mundo em 2000, ao vencer o espanhol Real Madrid na decisão. Em 2002, depois de ser cobiçado pelos grandes clubes da Europa, foi jogar no Barcelona, onde ficou um ano, não tendo maior destaque.

Acabou indo para o Villarreal, onde foi o grande nome, talvez motivado pelas presenças de outros jogadores sul-americanos como o argentino Sorín, o uruguaio Diego Forlán e o brasileiro naturalizado espanhol, Marcos Senna.

Com eles, o clube alcançou um inédito terceiro lugar no Campeonato Espanhol na temporada 2004/05, conquistando vaga para a “Liga dos Campeões”.

Na maior competição do futebol europeu, Riquelme voltou a ser o grande destaque de sua equipe, que conseguiu chegar a semifinal, depois de eliminar gigantes do velho continente como Manchester United, da Inglaterra e Internazionale, da Itália.

Na semifinal contra o Arsenal, Riquelme deu azar e errou um pênalti e viu sua equipe ser eliminada. Depois disso, nunca mais repetiu as grandes atuações que o consagraram na equipe espanhola.

Pela Seleção Argentina foi chamado pela primeira vez, aos 14 anos, para o time juvenil, pelo técnico José Pekerman. Pelo elenco principal disputou a Copa do Mundo de 2006, a Copa das Confederações de 2005, a Copa América de 2007 e os Jogos Olímpicos de 2008. No Mundial da Alemanha, usou a camisa 10 e foi o principal jogador do time.

Riquelme queria ajudar seu país a ser tricampeão mundial, em 2006, mas a eliminação veio nas quartas de final, numa decisão por pênaltis, justamente contra os alemães, donos da casa.

Depois da Copa, voltou ao Villareal, quando teve uma série de desentendimentos com o técnico do time, o chileno Manuel Pellegrini, que o afastou da equipe.

Sem clima e bastante desgastado, o craque regressou em fevereiro de 2007 ao Boca Juniors, por um período de empréstimo de apenas seis meses e recebendo um dos maiores salários da América do Sul.

No retorno ao clube argentino, Riquelme voltou a ser o jogador brilhante de antes, tendo realizado jogos magníficos e inesquecíveis na Copa Libertadores.

Na final contra o Grêmio, que valeu seu terceiro título na competição continental e o sexto na história do Boca Juniors, marcou gols importantes e deu show de técnica e categoria. De quebra, ainda foi eleito o craque do campeonato.

Na sua brilhante trajetória pelos gramados sulamericanos, Riquelme, com a camisa do Boca Juniors, não perdoou Palmeiras, Grêmio, Cruzeiro e Corinthians, sendo um implacável carrasco desses clubes.

No retorno ao Villarreal encontrou o mesmo clima hostil de antes. Não jogou durante todo o segundo semestre de 2007. Disse aos dirigentes do clube espanhol que aceitava ganhar menos para voltar ao Boca Juniors.

Em janeiro de 2008, após muitas negociações, o time espanhol o negociou definitivamente com o Boca Juniors. Pelo Villarreal disputou 187 jogos e marcou 51 gols.

Riquelme foi o camisa 10 da Seleção Argentina até Diego Maradona assumir a função de técnico da equipe, durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. E os dois não se entenderam, o que fez com que o craque se recusasse a continuar jogando na Seleção, com Maradona de técnico, alegando não gostar de seu novo posicionamento em campo.

A partir dai a camisa 10 do "scratch" argentino passou para Lionel Messi. Mesmo assim a Argentina não foi além das quartas de final na Copa da África, tendo sido eliminada novamente pela Alemanha, dessa vez com uma goleada de 4 X 0, que resultou na saída de Maradona do comando técnico.

Com isso Riquelme abriu as portas para voltar a equipe nacional, colocando-se a disposição do novo técnico, Sergio Batista. No entanto, este não emplacou por muito tempo, sendo demitido após a Copa América de 2011, sem nunca o ter convocado. Sabella, que substituiu Batista, igualmente não o convocou nenhuma vez, talvez em razão de sua idade avançada.

O gol mais especial da carreira de Riquelme, foi contra o Brasil, em 2005, um retrato fiel de todas as suas qualidades. Primeiro, o meia deu um lindo toque de calcanhar para Mascherano. Depois, recebeu de Lucho González, girou facilmente sobre Roque Júnior e acertou um chute belíssimo, sem chances para Dida.

Crespo marcou os outros gols argentinos e Roberto Carlos descontou para o Brasil na vitória dos anfitriões por 3 X 1, no “Monumental de Núñez”.

Domingo, quando anunciou sua aposentadoria, Riquelme mostrou que não guardou mágoas de Maradona, pelos desentendimentos na Seleção. Ele até elogiou o antigo treinador, dizendo que ele era único e o maior da história.

Para o seu filho, é Messi, o maior nome da história do futebol argentino. Riquelme disse que se criou com o Maradona, e seu filho com o Messi. Acentuou que os argentinos são afortunados e ele teve a sorte de jogar com os dois.

Riquelme chegou a lembrar a convivência com Maradona no Boca Juniors, salientando que só ver o aquecimento dele, já era suficiente, se podia ir para casa feliz.

Na Copa Libertadores de 2012, depois do seu clube ser derrotado pelo Corinthians na decisão do título, Riquelme declarou que não pretendia continuar jogando no Boca Juniors.

Quase acertou sua vinda para o futebol brasileiro, pretendido pelo Atlético Paranaense e Palmeiras. Ficou sete meses sem jogar, e acabou acertando a continuidade no time de “La Bombonera”.

O ano passado jogou no Argentinos Juniors, da Segunda Divisão, ajudando o time a voltar para a elite do futebol porteño. Foi o clube que o revelou para o futebol e no qual havia jogado somente na juventude. Essa equipe ainda foi responsável por revelar jogadores como Maradona e Sorín. Assinou por 18 meses e já na estreia marcou um gol.

O agora ex-jogador deixou claro que jamais conseguiria enfrentar o seu clube de coração, algo que aconteceria na temporada 2015 caso continuasse no Argentinos. "Eu não poderia jogar contra o Boca, essa é a realidade. Tenho um sentimento especial. É meu clube, minha casa", afirmou.

Em entrevista ao canal ESPN neste domingo, o argentino manifestou o desejo de organizar uma partida de despedida e prometeu continuar frequentando as partidas do Boca Juniors, agora na condição de torcedor.

Riquelme gostava de dizer que jogou no melhor time da história do Boca. Foram 40 jogos sem perder, ganhando até do Real Madrid. O time tinha, Córdoba, Ibarra, Samuel, Delgado, Serna e Palermo, entre outros. Era como o Barcelona de Guardiola.

O ex-craque diz que agora vai ser torcedor e sofrer com o Agustín (seu filho), nos jogos do Boca Juniors. Os dois são fanáticos e com certeza serão vistos no estádio com frequência.

Títulos conquistados: Boca Juniors. Campeonato Argentino, Clausura: (1998, 1999, 2000, 2001, 2008, 2011); Copa Libertadores da América: (2000, 2001 e 2007); Copa Intercontinental: (2000); Campeão Mundial de Clubes (2000); Recopa Sul-Americana: (2008); Copa Argentina: (2011-12). Villarreal. Copa Intertoto da UEFA: (2003 e 2004). Barcelona. Troféu Joan Gamper: (2002 e 2003). Seleção Argentina. Campeonato Sul-Americano de Futebol Sub-20: (1997); Campeonato Mundial de Futebol Sub-20: (1997); Torneio Internacional de Toulon: (1998) e Ouro nos Jogos Olímpicos: (2008).

Individuais. Revelação do Campeonato Argentino: (1997); Revelação de Ouro (Clarín de Ouro): (1997); Consagração de Ouro (Clarín de Ouro): (2000 e 2001); Equipe Ideal do Sul-Americano Sub-20: (1997); Melhor Jogador do Torneio de Toulon: (1998); Melhor jogador das Américas:  (2000 e 2001); Melhor jogador estrangeiro da Liga BBVA (Don Balón): (2004-05); Jogador mais técnico e habilidoso da Liga BBVA (Diário Marca): (2004-05); Jogador com mais assistências da Liga BBVA: (2004-05); Melhor jogador da Liga BBVA (por comentaristas e jogadores do Diário Marca): (2004-05); Melhor jogador argentino no estrangeiro (Clarín de Ouro): (2005); Bola de Prata da Copa das Confederações: (2005); Equipe Ideal das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA: (2006); Jogador com mais assistências na Copa do Mundo FIFA: (2006); Bola de Prata da Copa América: (2007); Equipe Ideal da Copa América: (2007); Jogador com mais assistências da Copa América: (2007); Chuteira de Prata da Copa Libertadores: (2007); Melhor jogador da final da Copa Libertadores: (2001 e 2007); Melhor jogador da Copa Libertadores: (2000, 2001 e 2007); Melhor jogador da América (Fox Sports): (2007 e 2008); Consagração do Campeonato Argentino (Clarín de Ouro): (2000, 2001, 2007, 2008 e 2011); Seleção Ideal das Américas: (1999, 2000, 2001, 2007, 2008 e 2011); Jogador argentino do ano (Olimpia de Plata): (2000, 2001, 2008 e 2011); Melhor jogador do ano (Olé): (2012); Seleção da Copa Libertadores: 2000, 2001, 2007, 2008 e 2012).

Outros. Jogador com mais assistências na história do futebol pela FIFA; Jogador não-atacante com mais gols na Copa Libertadores; Eleito o melhor jogador da história do Boca Juniors (por sua torcida); Eleito o melhor jogador da história do Villareal (de presidente para o mundo inteiro); Nominado a Bola de Ouro e melhor jogador do mundo da FIFA e France Football: (2005, 2006, 2007 e 2008); Segundo melhor batedor de faltas do mundo pela FIFA: (2008); Nominado a Bola de Ouro da Copa do Mundo FIFA: (2006); Ballon d'Or: (2005 e 2007); Sexto melhor jogador do Mundo (World Soccer): (2005); Sétimo melhor jogador do Mundo (World Soccer): (2006); Quinto melhor jogador do Mundo (World Soccer): (2007); Quarto melhor criador de jogadas do mundo (IFFHS): (2007); Terceiro maior artilheiro do mundo (IFFHS): (2007) e Seleção de todos os tempos da Copa Libertadores. (Pesquisa: Nilo Dias)