Morreu
hoje, segunda-feira, 22, Luiz Carlos Nunes da Silva, o “Carlinhos Violino”, aos
77 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Anos antes de falecer, Carlinhos já
sofria com problemas de saúde.
A elevação da taxa de ácido úrico causou
problemas de cicatrização, obrigou a amputação de um dedo do pé, gerou
complicações no sistema circulatório, perda de memória e, além disso,
complicações na carótida e a necessidade de colocar pontes de safena. A morte
ocorreu em função desses problemas.
O
velório de Carlinhos acontecerá amanhã, terça-feira, entre 10 horas e 14 horas, no Salão
Nobre da sede do Flamengo, na Gávea. O clube carioca destacou no seu site
oficial a perda de um dos maiores ídolos da sua história.
Cria
da casa, logo no início da carreira, em 20 de janeiro de 1954, recebeu,
simbolicamente, as chuteiras do jogador Biguá, destaque do Flamengo na época e
que estava encerrando sua carreira. O interessante é que ele repetiu o gesto em
sua aposentadoria como atleta, passando seu instrumento de trabalho para um
garoto promissor da Gávea – Arthur Antunes Coimbra, o “Zico”.
Destacou-se
como um volante técnico e refinado, a ponto de ganhar o apelido de “Violino”.
“Parecia que o ex-meia jogava por música”, diziam os comentaristas esportivos
da época. Um dos momentos que Carlinhos mais brilhou como jogador foi no
Fla-Flu decisivo do Campeonato Carioca de 1963, quando liderou o time no empate
de 0 X 0 que deu o título ao Flamengo.
O
jogo foi realizado no dia 15 de dezembro, no Maracanã, perante um público de
177.020 pagantes e 16.947 não pagantes, o maior em um jogo oficial entre dois
clubes no futebol mundial. Mas existiram, na época, especulações dizendo que o
público real foi de cerca de 200 mil espectadores.
Foi
um dos poucos atletas a ganhar o “Prêmio Belfort Duarte”, oferecido aos
jogadores que nunca foram expulsos de campo. Era apontado como um dos melhores da posição de todos os tempos do futebol brasileiro.
Dono
de voz mansa, muita classe e aparência sempre tranquila, o “Violino” levou
consigo a marca de ser um rubro-negro como poucos. Jogou no Flamengo de 1958
a 1969. Nutria uma verdadeira paixão pelo clube. Vivia o Flamengo no dia-a-dia,
fosse como funcionário ou torcedor.
Como
jogador, Carlinhos vestiu a camisa do Flamengo, em 517 vezes. Na condição de
técnico dirigiu a equipe em 313 oportunidades, tornando-se o melhor treinador de futebol da história do clube, tendo comandando jogadores da envergadura de Zico,
Bebeto, Leandro, Renato Gaúcho e Júnior. Somando tudo, como profissional
rubro-negro disputou 880 partidas: 517 como jogador e 313 como técnico.
É
verdade que muitas vezes foi usado como um técnico "tampão". Pela
habilidade de contornar crises, ficou conhecido internamente como um “bombeiro”
do clube. Porém, entre 1991-1993, começou a ganhar respeito ao trazer para a
Gávea um improvável troféu de campeão brasileiro em 1992, o quarto do Flamengo.
“Violino”
recebeu sua primeira oportunidade como treinador do Flamengo ao substituir
Paulo César Carpegiani, em 1983. Naquele ano, Carlinhos fez parte da
conquista do tricampeonato brasileiro, já que assumiu o time como interino na
campanha que teria como comandante o então treinador Carlos Alberto Torres.
Sua
última passagem pelo Flamengo como técnico ocorreu entre maio e outubro de
2000, época em que conquistou a Taça Rio e logo depois o bicampeonato estadual.
Carlinhos chegou também a treinar o Guarani de Campinas e o
Clube do Remo, do Pará. Mas a sua paixão pelo Flamengo resultou em, nada mais,
nada menos, do que sete passagens pela “Gávea”.
Há
quem diga que Carlinhos, e não o Andrade (com o penta do flamengo em 2009),
tenha sido o primeiro negro a conquistar, como técnico de futebol, o campeonato
Brasileiro. Porém Carlinhos pode ser identificado como mestiço e não
necessariamente negro.
Carlinhos,
mesmo sendo dono de uma qualidade incontestável, foi um dos atletas injustiçados
por nunca terem tido uma sequência na Seleção Brasileira. Ele disputou somente
uma partida com a camisa canarinho, talvez porque na época Santos e Botafogo
cediam a maior parte dos convocados.
Foi
no ano de 1964, contra a Seleção de Portugal. Nessa partida, outro rubro-negro
esteve em campo junto com Carlinhos, Aírton Beleza, centroavante que fez dupla
central de ataque com Pelé. A Seleção Brasileira saiu vitoriosa do Maracanã
naquele dia.
Dois
anos antes, nos preparativos para a Copa do Mundo de 1962, o então treinador da
Seleção Brasileira, Aimoré Moreira, convocou 41 jogadores, mas destes, somente
22 foram ao Chile. A preferência para a reserva de Zito, acabou recaindo em
Zequinha, do Palmeiras, ao invés dele, embora fosse a grande sensação do momento.
O
ex-treinador era frequentador assíduo da sede do Flamengo, a que chamava de sua
segunda casa. Em 12 de fevereiro de 2011, Carlinhos foi homenageado pelo
Flamengo, com a inauguração de um busto e uma praça na sede social do Clube, no
bairro da Gávea. Na inauguração, foi tomado pela emoção e transbordou em
prantos.
Títulos.
Flamengo, como jogador: Torneio Início do Campeonato Carioca (1959); Torneio
Rio-São Paulo (1961); Campeonato Carioca (1963 e 1965); Torneio Internacional
de Israel (1958); Torneio Hexagonal de Lima, Peru (1959); Torneio Internacional
de Verão do Uruguai (1961); Torneio Internacional da Tunísia (1962); Troféu
Naranja, Espanha (1964); Troféu Mohammed IV, no Marrocos (1968); Torneio
Gilberto Alves, em Goiânia (1965) e Troféu Restelo, em Portugal (1968).
Como
treinador. Pelo Flamengo: Campeonato Carioca: 1991,1999 e 2000; Taça Guanabara
(1988 e 1999); Taça Rio: 1991 e 2000; Campeonato Brasileiro (1992); Módulo
Verde da Copa União (1987); Taça Brahma dos Campeões Brasileiros, disputada no
Paraná (1992); Troféu Eco-92, disputado no Rio de Janeiro(1992); Troféu
Libertad, na Argentina (1993); Troféu Raul Plasmann, no Rio de Janeiro (1993);
Torneio Internacional de Kuala Lumpur (1994); Copa Pepsi Cup'94, no Japão
(1994) e Copa Mercosul (1999). (Pesquisa: Nilo Dias)