Ari
Ercílio Barbosa, ou simplesmente Ari Ercílio como era conhecido, nasceu em Porto
Alegre no dia 18 de agosto de 1941 e faleceu de maneira trágica em 18 de
novembro de 1972, no Rio de Janeiro. Era zagueiro e dos bons, tendo jogado no Internacional, Corinthians Paulista, Grêmio, Fluminense, do Rio de Janeiro e
Seleção Brasileira.
Começou
a carreira de futebolista no Internacional, assinando seu primeiro contrato
como profissional quando tinha 19 anos de idade. Era lateral direito de origem,
mas também jogou como zagueiro.
Ganhou
o seu primeiro título estadual em 1961, pelo Internacional, quando o clube
colorado conseguiu impedir o Grêmio de ser hexa-campeão estadual. O time
campeão formava com Silveira – Zangão - Ari (que ainda não usava o Ercílio) -
Kim e Ezequiel - Sérgio Lopes (Claúdio) e Osvaldinho – Sapiranga – Alfeu -
Flávio Minuano (Larry ou Paulo Vecchio) e Gilberto Andrade.
Depois
de conquistar esse campeonato o Internacional conheceu um jejum de títulos que
só acabou em 1969, quando conseguiu ser campeão de novo.
Seu
primeiro jogo no time principal colorado foi contra o Juventude, no Estádio
Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Recém havia saído das categorias de base, acompanhado do centromédio e também quarto-zagueiro,
Cláudio Dani, que mais tarde foi com ele para o Corinthians Paulista.
O time Juvenil do Internacional era muito forte. Os dois pontas de lança eram, Alcindo Martha de Freitas, o "Bugre", que depois se consagrou no Grêmio e jogou ainda no Santos e na Seleção Brasileira e Flávio “Bicudo”, que ainda vestiu as camisas de Corinthians, Fluminense, Porto, de Portugal e Pelotas. Eram dois notáveis artilheiros.
No
início de carreira Ari Ercílio era tão somente um zagueiro esforçado, com pouca técnica e muito espírito de luta. Ele foi lançado nesse amistoso na Serra Gaúcha, junto do promissor Sergio Poletto, também vindo da Base, que depois se tornou um técnico renomado e vencedor, principalmenrte trabalhando em times interioranos. Poletto faleceu em 11 de abril do ano pssado, vitimado pelo câncer, aos 72 anos de idade.
A presença dos dois no time de cima foi ocasionada pelo fraco desempenho que os titulares Osmar e Barradas vinham apresentando. O Internacional acabara de ser goleado pelo Grêmio, por 5 X 1, em pleno "Eucaliptos", na época o estádio colorado, na Rua Silvério.
Como o tempo é o melhor remédio para tudo, o até então tosco Ari Ercílio, que costumva jogar de peito aberto, alto e
para frente, foi aperfeiçoando o seu futebol até tornar-se um zagueiro seguro, que dificilmente falhava, qualidades que o levaram a barrar o lendário Airton Ferreira da Silva, o "Pavilhão", até então tido e havido como o melhor zagueiro central gaúcho de em todos os tempos.
Tudo acontecei em 1967, ano em que a entao Confederação Brasileira de Desportos (CBD) resolveu colocar no "Robertão", o Campeonato Brasileiro da época, times gaúchos, paranaenses,
mineiros e pernambucanos.
Airton já estava em fim de carreira, jogando mais no nome do que outra coisa. Mesmo assim ele não gostou da nova formação tática do seu treinador, o discutido, polêmico e eficiente capitão Carlos Froner, que montou uma defesa com um zagueiro central e outro de espera, que foi Ari.
O clássico Airton mostrou-se injustiçado e melindrado, dizendo que para um zagueiro da qualidade dele, seria uma afronta jogar atrás, achando que o esquema fosse uma maneira de cobrir seus furos. Froner, que não tolerava insubordinação, achou melhor utilizar três zagueiroe e optou por Ari Ercílio, Paulo Souza e Áureo.
Em
1963 Ari Ercílio foi contratado pelo Corinthians. Foi no clube paulista que ele
recebeu a complementação de Ercílio no nome, pois o time já contava com Ari
Clemente. Pelo “mosqueteiro” jogou 27 partidas, com 15 vitórias, quatro empates, oito derrotas e nenhum gol marcado.
Como
sua passagem pelo Corinthians não foi das mais brilhantes, Ari Ercílio voltou
para o Rio Grande do Sul em 1965, dessa feita para uma curta passagem pelo Novo
Hamburgo. Depois foi defender o Grêmio no ano seguinte, onde foi bicampeão
gaúcho em 1967-1968.
Lateral
direito de origem, atuou também como zagueiro durante sua carreira. Parrudo,
alegre e com uma condição atlética de dar inveja, Ari Ercílio só fez amigos.
Era um cara bom caráter. Em abril de 1972, quando já estava com 31 anos, foi
contratado pelo Fluminense, do Rio de Janeiro.
Sua
apresentação no ”Tricolor das Laranjeiras” foi cercada de muita expectativa
pela grande promoção de marketing criada pelos cartolas cariocas, que tinham no time estrelas do porte de Gerson, o “Canhotinha de Ouro” e o artilheiro
Artime, todos apresentados no mesmo dia na sede das “Laranjeiras”.
Ari
Ercílio pouco jogou com a camisa tricolor. Gerson, realizava o sonho de atuar
no seu time de coração, sendo campeão carioca de 1973. E Artime fracassou em
sua passagem pelo tricolor.
Na
segunda feira, 20 de novembro de 1972, os jogadores do Fluminense estavam de
folga, depois de perderem para o Botafogo por 2 X 1, em jogo do Campeonato
Carioca. Por isso Ari convidou a esposa Helena e foram pescar no lugar conhecido
como “Chapéu do Pescador”, no “Costão do Vidigal“, onde se encontravam alguns amigos
seus.
Ao
fim da tarde, quando já se preparavam para ir embora, a tragédia aconteceu. Ari
foi atingido por uma onda, escorregou nos rochedos e caiu no mar. Ele lutou
desesperadamente para subir de novo nas pedras, mas acabou perdendo as forças e
desapareceu nas fortes correntes daquele lugar. O corpo só foi encontrado cinco
dias depois na “Praia do Pepino”.
Segundo
o jornalista carioca Addison Coutinho, Ari Ercílio teria cometido um erro que
lhe custou a vida, ao tentar voltar para as pedras em vez de nadar para o mar e
permanecer boiando à espera do resgate.
O
Fluminense prestou toda assistência aos familiares e pagou integralmente os salários
do jogador, que eram de 160 mil cruzeiros mensais, até o final do contrato, em
maio de 1974.
Ari
Ercílio também vestiu a camisa da Seleção Brasileira. Foram apenas dois jogos,
ambos contra o Chile, válidos pela “Taça Bernardo O’Higgins”, realizados em abril
de 1966. Dia 17, vitória por 1 X 0, no Estádio Nacional, em Santiago. E dia 20,
derrota por 2 X 1 no Estádio Sausalito, em Viña del Mar. (Pesquisa: Nilo Dias)
Ari
Ercílio nos tempos de Fluminense. ( Foto: Tardes de Pacaembu)