sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Zagueiro pelotense correu o mundo no Flamengo

Minha família foi morar em Pelotas ao início de 1959. Lembro que o primeiro jogo de futebol que assisti por lá, foi entre o Grêmio Atlético Farroupilha contra um adversário que não lembro qual. Sei que fui ao estádio do Fragata junto do saudoso empresário Gabriel Vargas Campelo, que era de Dom Pedrito, minha terra natal e sogro do meu saudoso irmão, Izabelino.

O seu Gabriel, que havia sido militar antes de ser dono do Expresso Ponche Verde, que transportava mercadorias de caminhão entre Dom Pedrito e Rio Grande, passou a torcer pelo Farroupilha, talvez pelo fato do clube naquela época ser ligado ao Exército.

Influenciado por ele, também me tornei torcedor do tricolor do Fragata. Até participei de algumas Diretorias e fundei o Departamento de Futebol de Salão da agremiação, que participou de vários campeonatos salonistas da cidade. Inclusive ganhou um Torneio Início, sob a direção técnica do saudoso Antônio Freitas, o popular “Fervido”.

O Farroupilha naquele tempo tinha uma equipe muito forte, que era presidida pelo então coronel Plácido Nogueira, torcedor fanático do clube. Desde que chegou à Pelotas, em 1933, passou a fazer parte do clube do "militares" na função de tesoureiro.

Como ele mesmo dizia, "foi de tudo ali" no Farroupilha. Presidente por 15 anos, a última vez em 1960. Foi ele quem trouxe para treinador o grande Ênio Andrade. Acho que foi o primeiro time que ele treinou, antes de se consagrar como um dos melhores técnicos do futebol brasileiro.

Não lembro bem da escalação titular do Farroupilha. Vou chutar. Tinha Onete no gol. Cascudo, na lateral direita. Luiz Carlos, zagueiro central. Noé na quarta zaga e Setembrino na lateral esquerda. Noredin, centro-médio. Gilnei, meia que depois foi para o Grêmio e ganhou o apelido de “Fita Métrica”, tal a precisão de seus passes.

Não tenho certeza, mas parece que o ataque tinha Toquinho, que depois foi para o Grêmio, Wilson Carvalho, Lelo e Dias. Se alguém puder, que me corrija, por favor.

Os times de Pelotas, naquele tempo, aproveitavam jogadores formados na própria base com outros vindos do futebol amador da cidade, que também era muito forte. Além de buscarem valores fora da cidade. Era comum às equipes locais terem atletas vindos de Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Uruguai e Argentina.

O profissionalismo no futebol só chegou em Pelotas e região em meados dos anos 40. Paralelamente, os clubes locais sofreram com a saída de muitos jogadores para centros maiores.

Luiz Carlos, zagueiro tricolor, era natural de Pelotas, tendo nascido no dia 24 de junho de 1937. Iniciou a carreira futebolística no G.E. Brasil, de onde saiu para defender o G.A. Farroupilha. Quando jogava no tricolor fragatense foi convocado em 1960, para a Seleção Brasileira, que disputou o Pan-Americano da Costa-Rica. Mas não deu sorte, teve de ser operado de uma apendicite e ficou fora da Seleção.

Luiz Carlos jogou no Farroupilha por quatro temporadas, até chamar a atenção de dirigentes do Flamengo que o contrataram. Seu passe custou 6 milhões de cruzeiros, a maior transação do futebol gaúcho até aquele momento.

No Flamengo foi zagueiro titular entre os anos de 1962 e 1967. Seu jogo de estreia no rubro-negro carioca aconteceu no dia 4 de abril de 1962, um amistoso em que o Flamengo perdeu para a Seleção da Itália por 3 x 1.

Luiz Carlos fez 144 jogos pelo clube da Gávea e não marcou nenhum gol. Foi campeão carioca de 1962, campeão do Torneio Triângular da Tunísia, também em 1962 e vencedor do Troféu Naranja, em 1964, disputado em Valência, Espanha.

Luiz Carlos viajou pelo mundo com Flamengo e registrou vários momentos de alegria. Ao pendurar as chuteiras voltou para Pelotas, onde trabalhou com um taxi no ponto da Lobo da Costa com Marechal Deodoro, ao lado da antiga Estação Rodoviária. Faleceu em 1962. (Pesquisa: Nilo Dias – Trechos e foto extraídos do blog “Preterita Urbe”)

Luiz Carlos quando defendia o Flamengo.