terça-feira, 29 de agosto de 2017

O grande craque africano

Samuel Eto'o Fils, um dos maiores jogadores de futebol de Camarões, em todos os tempos, nasceu em Douala, no dia 10 de março de 1981.

Em 1997 foi contratado pelo Real Madrid, da Espanha, mas por ser menor de idade, teria de jogar pelo time B do clube espanhol. Naquele ano o time reserva do Real disputou a terceira Divisão Nacional, chamada de Segunda Divisão B, onde só podem atuar atletas europeus.

Por isso Eto'o foi emprestado ao Leganés para jogar a Segunda Divisão da temporada 1997-98, amargando o décimo terceiro lugar.

Mesmo jogando 30 partidas pelo Leganés, a participação de Et’o deixou a desejar, tendo marcado apenas quatro gols. Ao término da temporada voltou ao Real Madrid, que em janeiro de 1999 o emprestou novamente, dessa feita para o Espanyol, onde não foi aproveitado em nenhum jogo.

No ano seguinte, novo empréstimo, dessa vez para o Mallorca, onde teve um desempenho melhor, anotando seis gols e 19 partidas. No final da temporada, Eto'o saiu em definitivo do Real Madrid, sendo contratado em definitivo pelo Mallorca, que pagou cerca de 4,4 milhões de libras pela transferência.

Nessa sua segunda passagem pelo Mallorca, Eto’o rteve um desempenho muito bom, 6endo marcado 11 gols na temporada, o que fez com que fosse cobiçado por outros clubes. Mas o jogador disse que se sentia muito bem no Mallorca, onde foi sempre muito bem tratado.

E o jogador ficou mais de bem om a torcida ao doar 30 mil euros em refeições para a viagem dos torcedores do time, que foram assistir a final da Copa do Rei contra o Recreativo Huelva, em 2003. O Mallorca ganhou por 3X 0, com Eto'o marcando dois gols.

Mas nem tudo era um mar de rosas no relacionamento com o clube. Eto’o provocou vários incidentes fora de campo. O jornalista de TV, Bartolome Terrassa, prestou queixa a Polícia, acusando o jogador de tê-lo ameaçado de morte em um encontro casual entre os dois no estacionamento do estádio do clube.

Mas esse não foi o primeiro incidente envolvendo Eto’o. Um ano antes ele foi acusado por seu ex-agente, Daniel Argibeaut, de tê-lo assaltado com quatro cúmplices. Tiraram os sapatos do agredido, o que em Camarões significa ameaça de morte.

Eto'o deixou o Mallorca, para assinar com o Barcelona. Foi o maior artilheiro da história do clube com 54 gols em competições nacionais. Custou 24 milhões de euros. Houve uma disputa entre Real Madrid, que queria adquirir de novo os direitos sobre o jogador e o Barcelona.

O primeiro jogo de Eto’o com a camisa do Barcelona ocorreu em 29 de agosto de 2004, na abertura da temporada contra a equipe do Racing Santander. No ano seguinte o seu time foi campeão, e na festa de comemoração do título, no Camp Nou, Eto'o cantou "Madrid, cabrón, saluda al campeón" (Madrid, seus bastardos, saúdam os campeões).

Pela provocação, a Real Federação Espanhola de Futebol multou o jogador em 12 mil euros. Em vista disso Eto’o se desculpou, fazendo com que houvesse comentários dizendo que se tratava de um jogador fantástico, mas que deixava muito a desejar como pessoa.

Em 2006 foi artilheiro do campeonato, com 26 gols. E marcou seis vezes na campanha que deu o título ao Barcelona, na liga dos Campeões. E ainda foi eleito o Melhor Atacante do Ano pela UEFA. E para coroar o bom ano, foi premiado pela terceira vez consecutiva como o Jogador Africano do Ano.

Em 27 de setembro de 2006, num jogo frente o Werder Bremen, da Alemanha, pela Liga dos Campeões, Eto’o rompeu o menisco do joelho direito. Isso lhe custou cinco meses de recuperação, tendo voltado a treinar com o Barcelona só em  janeiro de 2007.

Num jogo pelo certame espanhol, em 11 de fevereiro de 2007, contra o Racing Santander, Eto’o, que estava no banco de reservas, se negou a substituir um jogador. Depois do jogo o técnico do Barcelona, Frank Rijkaard, disse não saber o motivo disso.

Também Ronaldinho, que na época jogava no Barcelona, criticou o companheiro, dizendo que Eto'o não estava colocando a equipe em primeiro lugar. Eto'o, então, reagiu ao comentário, alegando que não entrou na partida, por não ter um tempo correto de aquecimento.

Em 28 de agosto de 2008, durante um amistoso contra a Internazionale, de Milão, Eto'o teve uma nova lesão no joelho e foi afastado do clube por tempo indeterminado. Em 17 de outubro, quando ainda estava em recuperação, ganhou a cidadania espanhola.

E foi liberado para jogar novamente em 4 de dezembro. Uma semana depois estava em campo na vitória de 2 X 1 do Barcelona frente o Deportivo La Coruña, pela Liga Espanhola.

Na temporada 2008 ele marcou 16 gols. O grande destaque foi ter marcado três vezes em apenas 23 minutos, em uma vitória sobre o Almería.

Dois jogos depois, em 8 de novembro, Eto'o marcou quatro gols no primeiro tempo de jogo do Barcelona contra o Real Valladolid, que terminou 6 X 0. Em 29 de novembro de 2008, ele marcou seu 111º gol pelo Barcelona na vitória por 3 X 0 sobre o Sevilla, o que o colocou entre os 10 maiores artilheiros do clube em todos os tempos.

Em 2009 Eto’o deixou o Barcelona, indo para a Internazionale, de Milão, em troca por Zlatan Ibrahimović e mais 46 milhões de euros. O craque africano assinou contrato por cinco anos com o time italiano.

Em sua primeira entrevista coletiva no novo clube, Eto’o se recusou a comparações e disse: "Eu sou Samuel Eto'o e não quero me comparar a ninguém. Acredito que as vitórias que eu conquistei até agora podem contribuir para dar o valor correto para o meu nome"

No dia 8 de agosto, Eto'o marcou seu primeiro gol pela Inter,na Supercopa Italiana. Duas semanas depois, voltou a marcar, dessa feita de pênalti contra o Bari em seu primeiro jogo na Serie A.

No jogo seguinte, no Derby de Milão, Eto'o recebeu um pênalti após ter sido derrubado por Gennaro Gattuso na área. E marcou novamente no dia 13 de setembro contra o Parma, o seu primeiro gol com bola rolando em uma partida da Serie A.

Em dezembro de 2009, ficou na quinta colocação na eleição do prêmio Ballon d'Or, da revista France Football. O prêmio foi conquistado por seu ex-companheiro Lionel Messi.

Em 22 de maio de 2010, Eto'o jogou a terceira final de Champions League de sua carreira, e com o triunfo da Inter sobre o Bayern de Munique por 2 X 0, tornou-se o único jogador a conquistar a tríplice coroa (Campeonato, Copa e Liga dos Campeões) por duas temporadas consecutivas, pelo Barcelona e posteriormente pela Inter.

No dia 23 de agosto de 2011, o Anzhi Makhaclharamy, da Rússia, contratou Eto'o por 27 milhões de euros, assinando um vínculo válido por três temporadas. Em 29 de agosto de 2013, Eto'o foi apresentado oficialmente como jogador do Chelsea, por um ano de contrato.

Em 26 de agosto de 2014, Eto'o foi apresentado oficialmente como jogador do Everton, por duas temporadas. Em 24 de Janeiro de 2015 Samuel Eto'o de 33 anos assinou por dois anos e meio com o  Sampdoria, da Itália.


Em 25 de junho de 2015, Eto'o se mudou para o lado turco da Antalyaspor em um contrato de três anos. Ele estreou em 15 de agosto de 2015 em uma partida de liga contra İstanbul Başakşehir, marcando dois gols e ajudando o Antalyaspor a ganhar por 3 X 2. 

Eto'o teve um início impressionante da temporada, marcando 13 gols nos primeiros 15 jogos e foi nomeado o jogador-gerente interino da equipe depois que o treinador anterior, Yusuf Şimşek, foi demitido em 7 de dezembro. Ele continuou nesta capacidade até que José Morais foi contratado como substituto permanente de Şimşek em 6 de janeiro de 2016. 

Eto'o ganhou sua primeira chance na Seleção de Camarões um dia antes de seu aniversário de 16 anos, em um amistoso em que Camarões perdeu por 5 X 0 para a Costa Rica.

Em 1998, ele foi o mais jovem participante da Copa do Mundo. Na sua primeira aparição a Seleção de Camarões perdeu de 3 X 0 para a Itália no dia 17 de junho de 1998, quando ele já estava com 17 anos.

No dia 31 de maio de 2008, Eto'o envolveu-se em uma polêmica ao desferir uma cabeçada no repórter Philippe Bony, após um incidente numa conferência de imprensa de sua seleção. Bony sofreu uma lesão, mas Eto'o mais tarde pediu desculpas pela briga, oferecendo-se para pagar as despesas médicas de Bony.

Em 16 de dezembro de 2011, Eto'o envolveu-se em mais uma polêmica ao ser suspenso por 15 jogos pelo Federação Camaronesa de Futebol, após ter sido apontado como responsável por uma greve dos jogadores antes de um amistoso contra a Argélia, no início do ano seguinte.

Títulos conquistados. Mallorca: Copa do Rei (2002-2003); Barcelona: Campeão Espanhol (2004-2005, 2005-2006, 2008-2009; Supercopa da Espanha (2005 e 2006); Liga dos Campeões da UEFA (2005-2006 e 2008-2009; Copa do Rei (2008-2009); Internazionale: Copa da Itália (2009-2010 e 2010-2011); Campeão Italiano (2009-2010); Liga dos Campeões da UEFA (2009-2010); Supercopa da Itália (2010); Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2010); Seleção Camaronesa: Olimpíadas (2000); Copa das Nações Africanas (2000 e 2002).

Prêmios individuais. Jogador Jovem Africano do Ano (2000); Futebolista Africano do Ano (2003, 2004, 2005 e 2010); ESM Equipe do Ano (2004-2005, 2005-2006, 2008-2009 e 2010-2011; FIFPro: 2005 e 2006; Time do Ano da UEFA (2005 e 2006); Terceiro melhor jogador do mundo pela FIFA (2005); Pichichi (2005-2006); Melhor atacante da Liga dos Campeões da UEFA (2005-2006); Liga dos Campeões da UEFA - Final homem-do-jogo (2006); Bola de Ouro da Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2010); 54º melhor jogador do ano de 2012 (The Guardian); Campeonato Russo Top 33 jogadores - 1º Atacante Direita (2012-2013); Prémio Golden Foot (2015); Maior artilheiro da história da Seleção Camaronesa (55 gols); Maior artilheiro da história do Mallorca (54 gols); Maior artilheiro da história do Campeonato Africano das Nações (18 gols).

Artilharias. Barcelona: La Liga (2005-2006 - 26 gols); Internazionale: Supercopa da Itália (2010 - 2 gols); Seleção do Camarões: Campeonato Africano das Nações (2006 - 5 gols, 2008- 5 gols). (Pesquisa: Nilo Dias)



segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Relembrando um grande artilheiro

Orlando de Azevedo Viana, mais conhecido como “Orlando Pingo de Ouro” foi um meia-esquerda de talento. Era rápido e muito inteligente, sabendo se deslocar muito bem e, por isso, sempre se colocando em condições de marcar muitos gols.

Tinha pouco mais de 1,65 m de altura e ainda assim conseguiu ser um artilheiro de gols memoráveis. Era um verdadeiro xodó da torcida do Fluminense, clube em que viveu grandes emoções. O grande ídolo tricolor de sua época.

Atacante hábil, inteligente, de deslocamentos rápidos, é até hoje o segundo maior artilheiro da história do clube. Fazia gols em quantidade e gols importantes, como o antológico gol de bicicleta que decidiu o Torneio Municipal de 1948, contra o expresso da vitória vascaíno. Ou o que abriu a contagem na vitória de 2 X 0 sobre o Corinthians, na primeira partida válida pela final da Copa Rio de 1952

Orlando se consagrou como o segundo maior artilheiro da História do Fluminense, do Rio de Janeiro, clube que defendeu por oito anos, de 1945 a 1953. Anotou 188 gols em 310 jogos pelo tricolor, onde estreou em 20 de outubro de 1945, na goleada de 5 X 1 sobre o Bonsucesso.

Reza a lenda que o apelido “Orlando Pingo de Ouro” surgiu depois dessa goleada sobre o Bonsucesso, em que ele fez quatro gols. Chovia muito, o que não impediu o meia-esquerda de mostrar todo o seu talento.

No dia seguinte, um jornalista teria escrito que Orlando “parecia um pingo d’água presente em todo o gramado, brilhando como se fosse ouro”.

Verdade ou não, o fato é que Orlando se tornou um dos grandes jogadores do futebol brasileiro na primeira metade do século passado e um dos grandes da história do Fluminense. Foi o artilheiro do Campeonato Carioca de 1948 e da Copa Rio de 1952.

Era pernambucano, de Recife, onde nasceu no dia 4 de dezembro de 1923, e faleceu aos 80 anos no dia 5 de Agosto de 2004 na cidade do Rio de Janeiro. Começou a carreira jogando pelo Náutico. Depois defendeu o Fluminense, Santos, Botafogo, Atlético Mineiro e Canto do Rio.

Foi dele o gol de bicicleta que deu o título ao Fluminense, do Torneio Municipal, na vitória por 1 X 0 sobre o Vasco, na época chamado de “Expresso da Vitória”. A partida foi disputada no Estádio General Severiano, do Botafogo.

Criado em 1938, o Torneio Municipal precedeu a Taça Guanabara e teve sua última edição em 1951. O Vasco brigava pelo quinto título seguido e chegou ao fim da competição empatado em pontos com o Fluminense.

Foi necessária uma melhor de três para apontar o campeão. Assim como em toda competição, o Vasco usou seus aspirantes, denominados de “Expressinho da Vitória”, nas duas primeiras partidas, com uma vitória para cada um.

No dia da grande final, os cruzmaltinos surpreenderam e entraram em campo com o time titular. Astros do “Expresso da Vitória”, como Barbosa, Ademir Menezes, Danilo Alvim, Chico e companhia, sob o comando do técnico Flávio Costa, pisaram o gramado.

Mas o tricolor não se abalou e partiu para cima do adversário. A pressão inicial deu resultado e “Orlando Pingo de Ouro” acrescentou mais um golaço para sua coleção, logo aos oito minutos.

O Vasco ficou visivelmente abalado com o gol e partiu para a violência, mas o Fluminense segurou bravamente o resultado, mesmo com dois jogadores fazendo número, devido à pontapés do adversário.

O tricolor conquistou um título com o coração de seus atletas e a cabeça do treinador Ondino Vieira. E, claro, com a bicicleta de “Orlando Pingo de Ouro”.

Ficha técnica: Data: 30 de Junho de 1948. Árbitro: Carlos de Oliveira Monteiro “Tijolo”. Público: 14.381 pagantes. Renda: Cr$ 207.072,00. Gol: Orlando Pingo de Ouro aos 8 minutos.

Fluminense: Castilho - Pé-de-Valsa e Haroldo. Índio - Mirim e Bigode. Cento-e-Nove – Simões – Rubinho - Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Técnico: Ondino Vieira.

Vasco: Barbosa - Laerte e Wilson. Ely, Danilo e Jorge. Djalma – Maneca – Friaça - Ademir Menezes e Chico. Técnico: Flávio Costa.

Pela Seleção Brasileira, foi campeão Sul-Americano em 1949, quando disputou os seus três jogos pela seleção canarinho, fazendo dois gols, um em cada jogo, nas vitórias sobre a Colômbia, por 5 X 0 e contra o Peru, por 7 X 1, participando também com grande atuação da vitória na final contra o Uruguai, goleada de 5 X 1.

Mudou-se para o Santos e depois Botafogo. Em poucos meses, estava no Atlético, de Belo Horizonte onde teve que conviver com um drama: o tabu do tri. O Atlético liderava o número de títulos estaduais, possuía mais conquistas do que seus rivais Cruzeiro, América e Villa Nova, mas todos os seus rivais já haviam sido tricampeões. Só ele que não.

Orlando ajudou o time, dirigido pelo uruguaio Ricardo Díez, a enfim romper essa marca, após 39 campeonatos, ao atuar com Ubaldo, Amorim, Joel, Afonso, Osvaldo, Zé do Monte, Tomazinho e outras feras nas tardes de domingo no “Campo do Sete”, como era chamado o Estádio Independência, atualmente difundido em todo o Brasil como o "alçapão do Horto".

Principais títulos.  Fluminense: Copa Rio (1952); Campeão Carioca (1946 e 1951); Torneio Municipal (1948). Atlético Mineiro: Campeão Mineiro (1954 e 1955). Seleção Brasileira: Campeão Sul-Americano de Futebol (1949).

No primeiro titulo carioca que Orlando conquistou pelo Fluminense o time das Laranjeiras venceu na final o Botafogo por 1 X 0, no dia 22 de Dezembro de 1946 em partida disputada em São Januário.

O Fluminense jogou com: Robertinho - Guálter e Haroldo. Pascoal - Telesca e Bigode. Pedro Amorim - Careca - Ademir - Orlando e Rodrigues.

O Botafogo jogou com: Osvaldo - Gérson e Belacosa. Ivan - Nilton Santos e Juvenal. Nilo - Tovar, Heleno - Geninho e Braguinha.

“Orlando Pingo de Ouro” foi um dos introdutores do Futevôlei na praia, no Rio de Janeiro, ao lado do ex-jogador Octávio de Moraes, o "Tatá" do Botafogo e da seleção, filho da cronista Eneida, em 1965 na Rua Bolívar em Copacabana. (Pesquisa: Nilo Dias)


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Grêmio perde o seu patrono

Morreu ontem pela manhã, em sua casa, em Porto Alegre, o ex-presidente e atual patrono do Grêmio Portoalegrense, Hélio Volkmer Dourado, aos 87 anos de idade, vitima de infarto. O velório acontece no hall do portão A, da Arena e o corpo será cremado às 10 horas da manhã desta quarta-feira no Crematório Metropolitano de Porto Alegre.

Dourado era natural da cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, onde nasceu em 20 de março de 1930. Tornou-se sócio do clube quando tinha 11 anos de idade. A carteirinha de associado foi um presente da mãe pelo seu aniversário.

Em 1940, com 10 anos de idade foi com a família morar em Porto Alegre. Lá estudou e formou-se médico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Carreira que por pouco não abandonou antes mesmo de iniciá-la para virar jogador do Grêmio.

Foi depois de um jogo do time de aspirantes, no campo do extinto Força e Luz, em Porto Alegre, que Dourado foi convidado a jogar no tricolor. Vestiu a camisa do clube apenas uma vez, num jogo contra o Renner, no estádio do adversário, em que seu time perdeu por 1 X 0.

Até que jogou bem, o que motivou os dirigentes gremistas a pedirem que ficasse no clube, Mas Dourado não aceitou, preferindo seguir os estudos. A desistência de ser jogador não o afastou do Grêmio. Pelo contrário. Aos 24 anos, comprou sua cadeira cativa no recém inaugurado Estádio Olímpico.

Em 1967 passou a fazer parte do Conselho Deliberativo do clube. Depois de passar por várias vice-presidências, foi eleito presidente pela primeira vez em dezembro de 1975.

Exerceu o cargo por seis anos consecutivos, até o final de 1981. Durante a sua gestão três fatos se sobressaíram: a construção do segundo anel do Estádio Olímpico; o fim da supremacia do Internacional, com a conquista do título estadual de 1977; e o de campeão brasileiro em 1981.

Hélio Dourado ainda continuou a trabalhar pelo Grêmio. Foi vice-presidente de Patrimônio, de 1998 a 2000. Depois assumiu a presidência da Comissão de Obras, até 2004. No mesmo ano, chegou a assumir a vice-presidência de futebol.

A sua indicação para ser um dos patronos gremistas ocorreu em 2014, por aprovação do Conselho Deliberativo. Os outros patronos são Fernando Kroeff e Aurélio de Lima Py.

O Grêmio sempre reconheceu o trabalho de Hélio Dourado, tanto é verdade que recebeu inúmeras homenagens: em 1997, foi agraciado com o título de “Grande Benemérito”. Em 2011, junto dos ex-atletas Roger e Émerson, deixou sua marca na “Calçada da Fama”, do Estádio Olímpico. E empresta o seu nome ao Centro de Treinamento que ajudou a construir, em Eldorado do Sul.

O "Centro de Treinamento Presidente Hélio Dourado", também conhecido como CT de Eldorado do Sul, é um complexo esportivo destinado aos treinos das categorias de base do Grêmio. Foi oficialmente inaugurado em 24 de setembro de 2000.

O complexo conta com nove campos de futebol, vestiários para os dois times, para a arbitragem, sala de imprensa e cabines de transmissão. A arquibancada do campo principal tem capacidade para cerca de 1.500 pessoas e foi batizada de “Pavilhão Airton Ferreira da Silva.”

Uma das últimas aparições públicas de Hélio Dourado dentro do Grêmio aconteceu em setembro de 2015, quando da festa de aniversário de 112 anos do clube.

Três anos depois da inauguração da Arena, ele visitou o novo estádio pela primeira vez. Dourado nunca foi favorável a saída do Olímpico, que ajudou a se tornar “Monumental”. Mesmo assim ficou visivelmente emocionado e prometeu voltar outras vezes

E cumpriu o prometido. Retornou a Arena quando da comemoração do pentacampeonato da Copa do Brasil, no ano passado. Mas sempre dizia da sua paixão pelo antigo Estádio Olímpico, que ajudou a construir e onde viu e viveu, como torcedor e dirigente, algumas das maiores emoções de sua vida, que se confundem com a própria história do Grêmio.

O ex-presidente Fábio Koff concorda em parte com Hélio Dourado, ao reconhecer que o Olímpico foi um empreendimento que deixou uma marca na cidade. “Em cada tijolo do velho estádio tem o esforço do presidente Hélio Dourado, que foi uma figura extraordinária”, disse Koff.

O Grêmio divulgou uma nota de pesar pelo falecimento de seu ex-dirigente: "É com imenso pesar que o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense comunica o falecimento do ex-presidente e patrono, Hélio Dourado. Neste momento de dor, o Clube se solidariza com os seus familiares e amigos.“

Conquistas: Vice-Campeão Gaúcho (1974, 1975, 1976, 1978 e 1981); Campeão Gaúcho (1977, 1979 e 1980); Campeão do Trofeu Ciudad de Rosario – Argentina (1979); Campeão Brasileiro (1981); Campeão do Trofeu Ciudad de Valladolid – Espanha (1981); Campeão do Trofeu Torre del Vigia – Uruguai (1981) e Campeão da Copa El Salvador del Mundo – El Salvador (1981).

Hélio Dourado foi casado com Nina Rosa Lima Dourado e pai de cinco filhos: Karin (Pupe), Luiz Fernando (Di), Helinho, Denise e Fernanda Vitória. (Pesquisa: Nilo Dias)