segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O goleiro que virou humorista

O ex-goleiro de Internacional e Grêmio, Luiz Fernando Perez Bento, conhecido como “Marraspodi”, aos 80 anos de idade virou humorista. Desde criança ele gostava de imitar personagens e de fazer caricaturas no quadro negro e ainda de tirar sarro da professora no colégio.

Depois de aposentado, seguiu sua vocação para o humor e hoje faz shows por onde é chamado, inclusive, em outros Estados. Nos shows, faz imitações de Roberto Carlos, dança tango com uma boneca de pano e conta piadas apimentadas. E não aceita pagamento em troca de sua arte. Garante que faz por amor. E até já gravou um CD de piadas.

“Marraspodi” é gaúcho de Porto Alegre. O apelido se deve a sua semelhança com um famoso atleta argentino dos anos 50. Antes de ser qualquer outra coisa na vida, foi jogador de futebol. Começou a carreira em 1952, no time de Infantis do S.C. Internacional, que o descobriu jogando na várzea da Capital.

Sagrou-se campeão Juvenil pelo clube colorado em 1952. Depois foi para o Renner, também de Porto Alegre, onde foi campeão Juvenil em 1953/1954. Em 1955/1956 defendeu os Juvenis do Cruzeiro, da Capital, com algumas participações no time principal. Lembra que num “Torneio Início” defendeu quatro pênaltis.

Chegou às categorias de Base do Grêmio em 1957, sendo mais uma vez campeão de juvenis. No ano seguinte fez parte do grupo titular campeão do Estado. E nesse mesmo ano jogou profissionalmente no Cachoeira, da cidade de igual nome, e em 1959 foi para o Juventude, de Caxias do Sul, sendo considerado o melhor goleiro do Campeonato Estadual de 1960.

No seu tempo os goleiros ainda não usavam luvas. E por não ter essa proteção, guarda até hoje uma herança da carreira no futebol, ficou com um dedo torto, resultado de uma fratura em campo.

Em 1961, “Marraspodi” deixou os gramados com apenas 23 anos de idade. O motivo para isso foi um pedido do seu pai. Na época o jogador de futebol não era valorizado como agora. E ele havia passado em um concurso público para a Caixa Econômica Federal, preferindo a garantia de um emprego fixo.

No banco foi avaliador de joias, função que exerceu por 26 anos. Hoje, “Marraspodi” está aposentado. Mas garante que não totalmente, pois é formado em Educação Física desde 1974. 

E também é proprietário da “Academia Marras”, de Ginástica, onde atua até hoje. Deu aulas de “jump”, alongamento e musculação até os 78 anos. Garante ser um dos profissionais mais antigos em atividade na cidade, com mais de 40 anos de trabalho.

Na sua avaliação Osvaldo Rola, o “Foguinho”, do Grêmio, Lauro Só, do Cruzeiro e João Batista Grossi, o “Pastelão”, do Juventude de Caxias do Sul, foram os melhores técnicos que conheceu.

O lance que mais marcou sua carreira aconteceu num clássico Grenal, pelo campeonato Juvenil de 1957. O Grêmio estava ganhando, quando quase no final o Internacional empatou. Ao sofrer o gol, “Marraspodi” ficou deitado no gramado, parecendo não acreditar. 

Foi quando um zagueiro de seu time, indignado lhe falou: levanta de uma vez e vai pegar a bola. Logicamente para ser reiniciado o jogo. E o goleiro respondeu: “agora não adianta pegar, eu deveria ter pego antes". Até o juiz do jogo começou a rir. (Pesquisa: Nilo Dias)



sábado, 25 de agosto de 2018

O futebol está de luto

O ex-jogador Claudiomiro, do Internacional, de Porto Alegre, autor do primeiro gol no “Estádio Beira-Rio”, morreu ontem a noite aos 68 anos de idade, em sua casa em Canoas (RS), onde residia desde que deixou os campos de futebol.  A causa da morte ainda não foi revelada.

Claudiomiro Estrais Ferreira nasceu no dia 3 de abril de 1950, em Porto Alegre. Chegou ao Internacional quando tinha apenas 13 anos de idade. Artilheiro do Campeonato Brasileiro de Juvenis de 1967, Claudiomiro foi promovido, no mesmo ano, ao time principal do Internacional pelo então técnico Sérgio Moacir Torres. Tinha 16 anos.

Com 18 anos fez o histórico gol contra o Benfica, de Portugal, na inauguração do “Gigante”, em 6 de abril de 1969, ao aparar um cruzamento e mandar de cabeça para as redes na vitória por 2 X 1 sobre os portugueses.

“Pulei, completei o cruzamento do Valdomiro. Entrei só para complementar e não dei a única possibilidade de o goleiro ir na bola. Foi por onde consegui, com aquele gol, chegar até a seleção brasileira. Guardo com muito carinho”, disse Claudiomiro, em entrevista posterior para a RBS TV, de Porto Alegre.

Seus companheiros carinhosamente o chamavam de “Bigorna”, por conta de seu peso, mas isso não o impediu de fazer grandes exibições com a camisa colorada e até na seleção brasileira. Era uma espécie de “Walter dos anos 70”,

No inicio de carreira jogou num ataque que tinha outros jogadores jovens, como Sérgio, Dorinho e Bráulio. Além de suas qualidades incontestáveis como centroavante, ficou conhecido por ser também um excepcional cavador de pênaltis.

Jogador de muita velocidade sabia como ninguém ajeitar a bola para o pé direito, ou o esquerdo, antes de soltar a bomba. Claudiomiro foi o dono absoluto da camisa 9 do Internacional entre 1967 e 1973.

Participou de 424 jogos com a camisa do Inter e marcou 210 gols, o que o coloca como o terceiro maior artilheiro da história do clube. Apenas Carlitos, com 485 gols e Bodinho com 235, balançaram as redes adversárias mais vezes do que ele.

Depois dos três, estão na lista de grandes artilheiros do time: Valdomiro (191), Tesourinha (178), Larry (176), Villalba (153), Ivo Diogo (118), Jair (117) e Adãozinho (108).

Além do Inter (1967-1964 e 1979), o ex-jogador também defendeu as cores do Botafogo, do Rio de Janeiro (1975), Flamengo, do Rio de Janeiro (1976-1977), Caxias (1978) e Novo Hamburgo (1979), ano em que retornou ao Inter para encerrar a carreira, aos 29 anos, abreviada pela luta contra o peso.

Títulos conquistados: Campeão gaúcho pelo Internacional (1969, 1970, 1971, 1972, 1973 e 1974).

Em março de 2013, Claudiomiro participou de uma cerimônia para a remodelação do “Estádio Beira-Rio”, quando as obras atingiam a marca de 62%. Ao lado do presidente Giovanni Luigi, plantou a grama do estádio. Foi uma singela reverência ao feito do atacante.

Ficou conhecido também por suas frases marcantes: "na minha casa não tem azulejo, só vermelhejo…".

Vale a pena destacar uma nota publicada hoje no blog “Corneta do RW”, dedicado ao Grêmio Portoalegrense, tradicional rival do S.C. Internacional.

"Claudiomiro era vermelho. Mas eu o admirava. Sou do tempo que centroavante fazia uma porrada de gols e não ficava rico. Hoje existem centroavantes que fazem meia dúzia de gols e terminam a carreira com o "boi na sombra".

Claudiomiro me incomodou muito. Me tirou o sono por muitas noites de sono. Faleceu ontem. Vai se encontrar com Alcindo. Conversarão muito. Eles movimentaram muito o futebol gaúcho nos anos 60/70. Alcindo faleceu em 27 de agosto de 2016. Claudiomiro faleceu em 24 de agosto de 2018".

Em nota oficial em seu site, o Internacional declarou que o “Clube do Povo” se solidariza com os familiares e amigos do “ídolo eterno” que brilhou com a camisa colorada nos anos 1960 e 1970.

“O Internacional perde um dos maiores centroavantes de sua história. Fora o primeiro gol do “Beira-Rio”, ele tem uma história muito bonita no clube, desde a base, desde 1966, 1967. Era um jogador de futebol nota 10. Tinha todos os quesitos que se exigem de um jogador hoje em dia. Era um cara especial, bom de coração”, lamentou o ex-colega Cláudio Duarte.

Valdomiro, que foi companheiro do centroavante no clube, lamentou a perda do amigo em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha.

“É uma tristeza. Para mim é uma tristeza. Já perdemos no ano passado o “Caçapava”, que eu tinha um carinho especial. O Claudiomiro foi um irmão, a gente começou quase juntos no Internacional. Nós dois jogávamos lá na frente. Foi um dos grandes centroavantes da história do clube. Perdi um irmão, um companheiro”.

O ex-ponta direita também lembrou da personalidade forte de Claudiomiro, e sugeriu que seja feita uma homenagem ao autor do primeiro gol do “Beira-Rio”, no jogo de amanhã contra o palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro.

“Era um cara difícil de lidar, mas eu dava muitos conselhos para ele. O Internacional vai comemorar os 50 anos do “Beira-Rio”, acho justo fazer uma homenagem para ele. Tenho certeza que o torcedor do Internacional perdeu um dos grandes jogadores do futebol brasileiro e da sua história. E eu perdi um amigo. Domingo, vou ao Beira-Rio e vai ser uma tristeza”, completou o ex-ponteiro direito. (Pesquisa: Nilo Dias)



sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O trem de luxo do Vasco da Gama

Paschoal Silva Cinelli, conhecido como “Trem de Luxo”, em razão de sua velocidade, jogava como ponteiro-direito. Jogou por 10 anos no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, sendo considerado o jogador símbolo do clube nos seus primeiros anos de prática do futebol. 

Existem conflitos de datas, quanto ao seu nascimento. Há fontes que informam ele nasceu em 19 de abril de 1900 e outras que dizem ter sido em 24 de maio de 1900.

Foi descoberto nas peladas do Cais do Porto e escalado pelo técnico Ramón Platero num jogo amistoso contra a Seleção da Marinha, quando vestiu a camisa do clube carioca pela primeira vez. O Vasco venceu por 1 X 0, com o gol marcado por ele.

Nesse mesmo ano de 1922 Paschoal se sagrou campeão carioca da Segunda divisão, o que garantiu a participação do Vasco na elite em 1923. Nesse ano, na temporada do primeiro titulo no futebol carioca, Paschoal participou dos 14 jogos e marcou só um gol, no segundo tempo do jogo Vasco 3 X 1 Botafogo, em 22 de abril, no campo do adversário, à Rua General Severiano.

A turma dos chamados "Camisas Pretas" teve: Nélson - Leitão e Cláudio. Adão - Claudionor e Arthur. Mingote – Paschoal – Torterolli - Cecy e Negrito. Em 1924, Paschoal já balançou mais as redes: sete vezes.

Voltou a estar presentes em todas as partidas, com o time-base sendo: Nélson - Leitão e Espanhol. Brilhante - Claudionor e Arthur. Paschoal – Torterolli – Russinho - Cecy e Negrito. Nos dois títulos, o treinador era Ramon Platero.
  
Paschoal foi titular absoluto da ponta direita do time e das seleções carioca e brasileira, durante 10 anos, deixando o futebol prematuramente por contusão em 1933. 

Era dono de uma habilidade incrível, passando pelos adversários como bem entendia. Ele fez parte de uma geração que jogava por amor ao clube, não ao dinheiro. O Vasco foi o único time em que jogou.

Juntamente com o goleiro Nelson e o atacante Torterolli, Paschoal foi o primeiro jogador do Vasco a defender a seleção brasileira. Os três estrearam no dia 11 de novembro de 1923, na partida Brasil 0 X 1 Paraguai, em Montevidéu, pelo Campeonato Sul-Americano.

Pela Seleção Brasileira, além desse jogo, Paschoal fez outros nove, sendo três oficiais. Resultados: Brasil 1 X 2 Argentina (18/11/1923); Brasil 2 X 0 Paraguai (22/11/1923); Brasil 1 X 2 Uruguai (25/11/1923. 

E seis amistosos: Brasil 9 X 0 Combinado de Durazno-Uruguai (28/11/1923); Brasil 2 X 0 Argentina (2/12/1923); Brasil 0 X 2 Argentina (09/12/1923); Brasil 5 X 0 Motherwell-Escócia (24/06/1928); Brasil 5 X 3 Barracas-Argentina (6/1/1929) e Brasil 4 X 2 Rampla Juniors-Argentina (24/02/1929).

Dos jogos citados acima, Paschoal marcou um gol sobre o Barracas, enquanto os 2 X 0 sobre os argentinos valeram a “Taça Brasil-Argentina-1923”. Em 1923 o Vasco ganhou o seu primeiro título de campeão carioca e Paschoal foi figura fundamental na conquista. E repetiu o feito em 1924. 

Depois que deixou os gramados e já com a idade avançada, acima dos 80 anos, continuou frequentando clube, ensinando garotos que sonhavam em serem jogadores de futebol. Trabalhou no Vasco até o fim da sua vida.

Paschoal morreu em 23 de dezembro de 1987, aos 87 anos e marcou seu nome como um dos mais importantes atletas que vestiram a gloriosa camisa vascaína, ajudando a agremiação a se tornar o gigante que é hoje.

Títulos conquistados: Campeonato Carioca - Série B (1922); Campeonato Carioca Principal (1923, 1924 e 1929). Premiações: Jogador do Ano: Melhor Jogador do Vasco (1922 e 1923) (Pesquisa: Nilo Dias)


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O futebol brasileiro mais uma vez de luto

Morreu nesta quinta-feira Marcial de Melo Castro, mais conhecido como “Marcial”, que foi goleiro do Atlético Mineiro nos anos de 1962 e 1963. O velório acontecerá no cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte, a partir do meio-dia e o enterro está marcado para às 17 horas. Marcial tinha 77 anos. Nasceu em 3 de junho de 1941, em Tupaciguara (MG).

Sua trajetória foi iniciada nas equipes amadoras do Sete de Setembro Futebol Clube, de Belo Horizonte. Encaminhado ao Clube Atlético Mineiro, Marcial assinou seu primeiro contrato, mas decidiu deixar o futebol tão logo foi aprovado no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em julho de 1962 voltou ao Atlético após receber um convite do treinador Antônio Fernandes, mais conhecido como Antoninho.

Campeão mineiro de 1962, Marcial fez parte do selecionado mineiro que faturou o campeonato brasileiro de seleções em janeiro de 1963. Ainda naquele início de 1963, uma notícia bombástica pegou de surpresa os torcedores do "Galo". O Jornal “Estado de Minas” anunciou o sucesso no acordo financeiro que levaria Marcial para o Corinthians.

A reportagem destacou também que a liberação do goleiro só aconteceria depois da decisão do campeonato de 1962, contra o Cruzeiro. Fora essa exigência, o próprio Marcial ainda fez uma solicitação incomum aos dirigentes do time paulista, principalmente para os padrões da época.

Aluno do terceiro ano do curso de Medicina, Marcial necessitava do envolvimento direto do Corinthians em sua transferência para a Escola de Medicina de São Paulo. 

Mas o negócio com o time do Parque São Jorge não vingou. Dias depois, os jornais anunciaram outro destino para o goleiro: “Cedido Marcial ao Flamengo por 12 milhões”.

Esse novo furo de reportagem documentou o que seria a maior transação do futebol mineiro até então, apesar do valor ser inferior ao oferecido anteriormente pelo Corinthians. Além dos 12 milhões de cruzeiros, o jogador ainda receberia 6 milhões. Mas, novamente tudo emperrou quando o clube carioca não fez o pagamento no prazo.

Dias depois, com o dinheiro devidamente no caixa do Atlético, o acerto final entre os clubes foi assinado por 10 milhões de cruzeiros, mais o passe do goleiro Gustavo. Também ficou acertado um amistoso em Belo Horizonte, como parte das festividades de comemoração dos 55 anos do clube mineiro. O quadro carioca venceu o confronto pelo placar de 2 X 1.

Depois de apenas 37 partidas pelo Atlético Mineiro e algumas participações no selecionado nacional, Marcial desembarcou no Rio de Janeiro e rumou para o gramado da Gávea. Naquele período, o Rubro-Negro apostava suas fichas na conquista do campeonato carioca, algo que não acontecia desde o distante ano de 1955.

E Marcial foi determinante no campeonato carioca de 1963, principalmente naquele que foi considerado um dos clássicos mais emocionantes da história do “Fla X Flu”.

Na partida decisiva contra o Fluminense, Marcial realizou uma das defesas mais difíceis de sua carreira em um chute frontal do atacante "Escurinho", o que garantiu o empate em 0 X 0 e a taça de campeão aos rapazes do Flamengo.

Um dos destaques do time, Marcial foi escolhido pelos companheiros para expressar o descontentamento pelo prêmio de 150 mil cruzeiros. Então, Marcial foi cobrar do presidente Fadel um aumento na premiação, já que esse valor era o mesmo recebido pelos jogadores ao longo de todo o certame.

Naquela oportunidade, Fadel disse para Marcial, sem economizar nas palavras, que não gostava de jogador que falasse em dinheiro. E disse mais ao afirmar que tal postura era coisa de mercenário.

Na mesma intensidade, Marcial respondeu que tal premiação não correspondia ao tamanho do clube e tampouco ao esforço pela importante conquista. Mesmo assim, com o ambiente um tanto tumultuado, Marcial permaneceu por mais algum tempo no clube da Gávea.

Mas o Corinthians nunca desistiu. Finalmente em 1965, o Parque São Jorge recebeu em festa o goleiro Marcial. 

Jogando pelo Flamengo, Marcial disputou 87 partidas com 50 vitórias, 18 empates e 19 derrotas. Os números foram publicados pelo Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf.

Novamente em um time de massa, Marcial enfrentou muitas dificuldades em um período tumultuado, quando o Corinthians buscava seu tão sonhado título paulista. Sua única conquista pelo alvinegro foi o Torneio Rio-São Paulo de 1966, quando Corinthians, Botafogo, Santos e Vasco da Gama dividiram o título.

Em 16 de novembro de 1965, Marcial fez parte do elenco que participou do amistoso entre Arsenal e Seleção Brasileira, que na oportunidade foi representada pelos jogadores do Corinthians. O quadro inglês venceu pela contagem de 2 X 0.

Cansado da realidade do futebol, Marcial surpreendeu quando decidiu deixar os gramados no findar da temporada de 1967. Contando com apenas 26 anos de idade, Marcial retomou os estudos em Medicina e se formou em 1970. 

Exerceu a profissão por vários anos na cidade de Pitangui, tendo sido médico anestesiologista do Hospital Universitário São José, em Belo Horizonte. (Com informações do site “Tardes de Pacaembu”)