Dizem
que Hélio Ribeiro Alves, mais conhecido por “Hélio Show”, cearense de
Fortaleza, onde nasceu em 21 de junho de 1950, foi o melhor goleiro da história
em três clubes populares da região Nordeste: Ceará, ABC, de Natal e Treze, de
Campina Grande, Paraíba.
O
seu sucesso nesses três clubes acabaram por torna-lo uma figura lendária do
futebol nordestino. O apelido de “Show” se deveu aos malabarismos e voos que
realizava para fazer defesas, impedindo que o adversário marcasse gols.
O
já falecido jornalista Souza Filho, de uma emissora potiguar, é que lhe colocou
o apelido, depois dele fazer defesas quase inacreditáveis quando defendia o
ABC. E também pelas tiradas de cabeça e matadas no peito.
"Hélio
Show" ainda chamou atenção não apenas pelas suas defesas e irreverência,
mas também pela camisa de nº 101 que usou em alguns jogos do Campeonato
Brasileiro de 1972. Hélio foi dono da incrível marca de 15 jogos sem tomar
gols.
Sua
atuação contra o Fluminense (0 X 0), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro,
também entrou para a história dos grandes goleiros que passaram pelo futebol do
Ceará. A propósito, uma camisa utilizada por ele encontra-se no acervo do
jornalista e historiador Severino Filho, em Teresina, Piauí.
Também
ganhou a fama de catimbeiro. Costumava reclamar da arbitragem por qualquer
coisa. Mas nem por isso deixou de ser idolatrado pelos torcedores. Os adeptos
do Ceará, por exemplo, o consideram até hoje o melhor goleiro a vestir a camisa
preta e branca.
O
melhor momento da carreira de “Hélio Show” deu-se no Campeonato Brasileiro de
1972, quando era o titular absoluto da meta do “Vovô”. Naquela época ainda não
existia a divisão em séries do Brasileirão, como acontece agora.
Ficou
gravado na história um jogo frente o Corinthians, disputado no Estádio do
Pacaembu, dia 14 de dezembro de 1972. Com certeza foi o mais importante na
carreira do goleiro do Ceará. Ele próprio considera que aquela foi a sua melhor
atuação em toda a carreira.
Realizou
defesas sensacionais e fez de tudo para tentar evitar a derrota do seu time. No
entanto, acabou sendo traído pelo destino, pois, aos 48 minutos do segundo
tempo – já nos acréscimos – acabou sofrendo um gol do atacante Sicupira. E o
Ceará perdeu por 1 X 0.
O
lance foi curioso. Nélson Lopes cruzou da esquerda, o zagueiro Queiróz tentou
desviar, Sicupira tocou e "Hélio Show" acabou se atrapalhando com a
bola e a colocou para dentro.
Mesmo
levando um gol em cima da hora, “Hélio Show” foi considerado o melhor jogador
em campo. E graças a essa atuação foi contratado pela Portuguesa de Desportos,
que foi o segundo clube na carreira do jogador. Naquele ano o Ceará ficou entre
as 13 melhores equipes do Brasil, o que muito se deveu ao seu goleiro.
“Hélio
Show” fez parte do time do “glorioso” cearense que se sagrou tetracampeão
estadual nos anos 1970. Eseu nome figura entre outros grandes atletas que
passaram pelo alvinegro, como Lula Pereira, Zé Eduardo, Sérgio Alves, Gildo,
Mauro Calixto, Carneiro, Carlito, Marco Aurélio, Edmar e tantos outros.
Depois
de jogar por dois na “Lusa” de São Paulo, foi contratado pelo ABC, de Natal,
onde repetiu tudo que fez no Ceará, tornando-se também num dos maiores ídolos
do time, ao lado do também goleiro Ribamar e de valores como Alberi, Edson,
Danilo Menezes, Dequinha, Marinho Chagas e outros. No ABC conquistou os títulos
de Campeão estadual de 1976 e 1978
Antes
de encerrar a carreira, “Hélio Show” ainda defendeu as cores do Botafogo, da
Paraíba, Ferroviário, do Ceará e América, de Natal, onde foi campeão estadual
em 1987.
No
Botafogo paraibano, um grande feito, a vitória cde 2 X 1 contra o Flamengo de
Zico e companhia, dentro do Maracanã, na noite de 6 de março de 1980. Foi um
grade feito ganhar do Flamengo, mesmo estando com três meses de salários
atrasados.
As
escalações daquele jogo. Botafogo-PB: Hélio – Marquinhos - Geraílton – Deca e
Nonato Aires. Nicácio e Zé Eduardo. Evilásio – Magno - Soares e Getúlio. Técnico:
Caiçara.
Flamengo-RJ:
Raul – Carlos Alberto - Rondinelli – Nélson e Júnior. Andrade - Adílio e Tita -
Zico e Carpegiani . E Reinaldo. Técnico:
Cláudio Coutinho.
O
time paraibano não tínha nem reservas. O médico era o massagista. E naquela
época, o Flamengo era imbatível, campeão do Mundo e campeão brasileiro. O
Botafogo também ganhou do Internacional e de uma porção de times grandes.
Depois
de deixar os gramados, continuou residindo na capital do Rio Grande do Norte,
onde trabalha como “bugueiro”nas dunas de Jenipabu, tendo uma lojinha de
aluguel de “buggys” com seu nome. É guia turístico e motorista. Diz ganhar de 500 a 600 Reais por dia.
O
ex-goleiro diz sentir muita saudade de seu tempo de atletas, porque o futebol
lhe fez conhecer o Brasil inteiro e jogar contra grandes craques, como Pelé,
Rivellino e Zico.(Pesquisa: Nilo Dias)