Morreu
na noite de ontem (26), aos 76 anos de idade, o ex-lateral do Internacional, de
Porto Alegre, Sadi Schwerdt. Segundo a família, ele sofreu um infarto há duas
semanas e, desde então, estava internado na CTI do “Hospital Mãe de Deus”, na
capital gaúcha. O velório ocorre até às 18h30min desta quarta-feira, na capela
5 do Cemitério João XXIII.
Nascido
em 1942, em Arroio dos Ratos, Sadi também foi vereador de Porto Alegre, de 1973
a 1982, pelo MDB. Jogou no Inter no final da década de 1960, sendo titular e
capitão da equipe na inauguração do Estádio Beira-Rio, em 1969.
Além
do colorado gaúcho, também defendeu o Atlético Paranaense, em 1962 e
Corinthians paulista, em 1971 e 1972, onde encerrou a carreira. Eleito o melhor
de sua posição em 1967 e 1968, chegou a ser convocado para a Seleção
Brasileira.
Mas,
aos 29 anos, porém, não pôde mais jogar, devido às sequelas de uma fratura de
fêmur ocorrida em um grave acidente de automóvel.
Após
encerrar a carreira no futebol, também foi radialista e vereador de Porto
Alegre pelo MDB, de 1973 a 1982, tendo rejeitado convites da então Arena. Na
primeira eleição, recebeu 12.486 votos, sendo o segundo mais votado, atrás
somente de Glênio Peres, do mesmo partido.
Entre
outras bandeiras, esforçou-se para buscar soluções para o transporte coletivo,
tendo como prioridade o bem-estar da população e ainda a economia de
combustível, já que, no início dos anos 70, a cidade sofria os efeitos da crise
internacional do petróleo.
Foi
então que Sadi teve a ideia de propor um projeto de lei criando os
táxis-lotação, para oferecer uma opção mais qualificada de transporte e
contribuir para a economia de combustível. E ainda o aumento do número mínimo
de passagens escolares nos ônibus da Capital.
Os
estudantes tinham direito a pagar metade do valor da passagem somente em 50
tíquetes por mês. Para favorecer os alunos, especialmente os mais carentes,
Sadi apresentou um projeto para ampliar esse número para 100, sempre que o
usuário comprovasse a necessidade de utilizar duas conduções diárias para
chegar à escola.
No
caso dos que usavam apenas uma condução, a quantidade mínima de passagens
escolares foi elevada de 50 para 75, conforme a Lei Municipal 4.683, de 20 de
dezembro de 1979, também de sua autoria.
Em
1982, Sadi concorreu a deputado estadual, mas não se elegeu. Então, foi
convidado pelo líder da época do PMDB na Câmara, André Forster, a continuar
trabalhando no Legislativo de Porto Alegre.
Entre
1983 e 1996, ocupou diversas vezes os cargos de diretor de Patrimônio e
Finanças e de diretor geral. O ex-vereador e ex-jogador ainda trabalhou no
governo estadual, na gestão de Pedro Simon, como diretor-administrativo da
Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT).
Em
2017 Sadi chegou a escrever um livro, uma autobiografia com o título de “Nosso
Capitão”. Trata-se de uma obra franca e belamente escrita em suas 222 páginas
de texto simples e direto. A preparação de
textos e edição foram do jornalista Paulo César Teixeira.
Conta
que os anos 60 foram terríveis para os colorados. O Campeonato Gaúcho era o
máximo que Grêmio e Inter podiam aspirar e, entre 1956 e 1968, o Grêmio ganhou
todos, à exceção de 1961.
A
derrota de 1962 foi especialmente ridícula. Sadi chegou depois disso à
titularidade, para ser a estrela de um time que destinava recursos para a
construção do Beira-Rio e deixava os investimentos em futebol para um plano
secundário.
Lembra
que o time nem era tão ruim, mas os dirigentes do futebol faziam coisas
espantosas, como deixar Alcindo escapar para o Grêmio?
“Como
é que Sérgio Lopes também foi parar no tricolor”, perguntou. E por que
contrataram Foguinho para técnico em 68? (É o mesmo que o Grêmio contratar
Falcão hoje para dirigir a equipe ou o Inter contratar Renato).
José
Alexandre Záchia era tão perdido quanto seus filhos Pedro Paulo e Luiz
Fernando, que afundaram novamente o Inter nos anos 90. Ou seja, os dirigentes
da época deram enorme contribuição para o adversário.
Tais
confusões ficam claras no livro de Sadi, mas jamais pensem que ele grita cada
um dos fatos. Não, eles são citados elegante e calmamente pelo Capitão do time.
É como se perdoasse.
Menos
tranquilas são as referências feitas ao ambiente de sacanagem e politicagem
barata da Seleção Brasileira, onde ele se destacou sem ser capitão.
Analisando
suas atuações por lá — que foram sempre muito boas –, Sadi é mais explícito e
explica o funcionamento dos grupos de cariocas e paulistas e as pressões.
Quando
chegou ao futebol mesmo, em 1969, já entendendo de escalações, um pouco de tática
e a importância de cada um, Sadi já tinha iniciado a série de lesões que o
impediram de ir à Copa de 70.
Já
se tornara um lateral mais comedido no ataque, mas mantinha a segurança
defensiva. Lembra do seu desespero cada vez que Jorge Andrade era escalado em
seu lugar. Lembra também dos gritos da torcida do Grêmio com a finalidade de
perturbá-lo.
Gritavam
até o nome de sua esposa. E sabia que só os grandes jogadores recebem tal tratamento.
Lembra também de vaiar Ronaldinho e outros grandes jogadores do Grêmio. Puro
medo, né? Ninguém perde tempo e voz com as ruindades.
Como
disse João Saldanha, nos anos 60, o Inter era um time modesto com um grande
jogador. Ficou assim até 1968, quando começaram a aparecer Claudiomiro,
Bráulio, Sérgio, Valdomiro, etc, e um novo período de glórias chegou.
“Nosso
Capitão” dá um belo painel do clube e do Rio Grande daquela época sob a
ditadura militar. Também traz fotos e a recordações especialíssimas.
Em
8 de dezembro de 2017, a Câmara Municipal de Porto Alegre organizou uma sessão
de autógrafos e exposição de documentos do ex-jogador de futebol e ex-vereador Sadi
Schwerdt, no saguão do Plenário Otávio Rocha.
Estiveram
presentes familiares do homenageado e vereadores. Foram expostos objetos - como
uma chuteira eternizada em bronze -, flâmulas, faixas de campeão de 1969/1970,
medalhas, recortes de jornais, documentos, fotos e originais de importantes
leis de sua autoria. (Pesquisa: Nilo Dias)