O
futebol brasileiro começou a semana mais triste. Morreu nesta segunda-feira
(29), Rodrigues Neto, ex-lateral-esquerdo do Flamengo, Fluminense, Botafogo e
Internacional, de Porto Alegre, aos 69 anos.
Sua morte teria sido ocasionada por uma trombose. Sofria de
diabetes e estava internado no Hospital Bonsucesso na Zona Norte do Rio de
Janeiro.
José
Rodrigues Neto nasceu no município de Central de Minas (MG), em 1 de dezembro
de 1949. Algumas publicações registram seu nascimento no dia 6 de dezembro de
1949, em Vitória (ES).
O
pai era dono de uma sapataria e de uma pequena lavoura, o suficiente para
cuidar da família numerosa e ainda patrocinar os gostos e aventuras do filho
Rodrigues Neto com o futebol.
O
jovem mineiro começou sua trajetória no Vitória Futebol Clube (ES). Seu futebol
foi descoberto por olheiros do Flamengo em um amistoso do Vitória diante do
Fluminense.
Na
ocasião, Rodrigues Neto jogou apenas 20 minutos e encheu os olhos dos
representantes do time da Gávea.
Contudo,
o interesse do clube carioca só foi confirmado depois, quando um massagista
conhecido pelo nome de “Mineiro” encaminhou Rodrigues Neto aos quadros amadores
do Flamengo em 1966.
No
ano seguinte assinou seu primeiro compromisso profissional. Ainda timidamente,
Rodrigues Neto foi conquistando alguma credibilidade quando era aproveitado no
decorrer de alguns compromissos.
Jogador
de grande mobilidade, sua facilidade para apoiar o ataque era tão evidente que
seu futebol foi aproveitado pela ponta esquerda em algumas partidas.
Em
1972 foi convocado para a Seleção Brasileira, quando ainda defendia o Flamengo,
fazendo parte do grupo que conquistou a “Taça Independência”, competição
disputada em nosso país.
Rodrigues
Neto participou também da excursão "Canarinho" aos gramados da Europa em 1973,
mas acabou cortado pelo médico Lídio Toledo em razão de um suposto problema na
coluna.
Decepcionado,
Rodrigues Neto nunca esqueceu o corte do escrete. Guardou mágoas e muito
descrédito em relação ao trabalho do Departamento Médico.
A
revista “Placar” de 29 de junho de 1973 também lançou dúvidas sobre os
verdadeiros motivos de sua dispensa, inclusive apontando uma suposta
preferência do técnico Zagallo pelo futebol de Marinho Chagas.
Em
nota nas redes sociais, o Flamengo, clube no qual Rodrigues Neto atuou por 435 partidas,
com 211 vitórias, 122 empates e 102 derrotas, 29 gols marcados e 12 títulos
conquistados, lamentou a morte do jogador.
"Com
imenso pesar, informamos o falecimento de Rodrigues Neto, um dos maiores
jogadores da história do Flamengo. O lateral-esquerdo defendeu o Rubro-Negro
entre 1967 e 1975 e brilhou, conquistando títulos importantes como os Cariocas
de 1972 e 1974."
Rodrigues
Neto inaugurou a “era” de laterais esquerdos destros do Flamengo, que teve
Júnior como o grande expoente. Como Júnior, originalmente lateral direito, Rodrigues
Neto era jogador de meio campo que foi deslocado para a lateral.
Era
duríssimo na marcação e quando subia ao ataque virava mais um atacante. Tinha a
característica de vir pela lateral e, na entrada da área caía para o meio e
soltava a bomba de perna direita.
Cansou
de fazer gols assim, o chute era potente e certeiro. Um grande nome que o
Flamengo teve, e tantos gols importantes fez que virou ídolo.
Em
1976, Rodrigues Neto foi jogar no Fluminense, time no qual fez parte da
"Máquina", ao lado de craques como Carlos Alberto Torres, Rivellino e
Paulo César Caju.
O
lateral afirmou que além do salário, também recebeu do Fluminense 185 mil
cruzeiros em premiações no período de apenas 12 meses. Muito mais do que
recebeu em quase 10 anos de serviços prestados ao Flamengo.
Rodrigues
Neto permaneceu nas "Laranjeiras" até o findar da temporada de 1977, quando foi
negociado com o Botafogo de Futebol e Regatas.
"O
Fluminense lamenta o falecimento de Rodrigues Neto, lateral da "Máquina Tricolor" e "Campeão do Carioca", do "Torneio Viña del Mar" e do "Torneio de Paris", todos em
1976. O clube presta solidariedade aos familiares e amigos do ex-jogador",
escreveu no Twitter o clube das "Laranjeiras".
Em
1978, Rodrigues Neto serviu a "Seleção Brasileira" na "Copa do Mundo da Argentina",
na qual participou de quatro jogos na campanha invicta da equipe do técnico
Cláudio Coutinho, terceira colocada no "Mundial".
Ele
era jogador do Botafogo. "Nota de Pesar: Clube lamenta o falecimento do
ex-jogador Rodrigues Neto, uma das 47 convocações alvinegras para a "Seleção Brasileira" em "Copas do Mundo". Disputou a Copa de 1978", lembrou o clube de "General
Severiano".
Pela "Seleção Brasileira", Rodrigues Neto realizou um total de 19 partidas com 12
vitórias, 6 derrotas e 1 empate. Os registros foram publicados pelo livro
“Seleção Brasileira 90 anos”, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto
Assaf.
Rodrigues
Neto também jogou pelo Internacional nos anos 1980. "O Inter lamenta com
profundo pesar o falecimento de Rodrigues Neto, aos 69 anos.
O
lateral-esquerdo defendeu a camisa colorada nas temporadas de 1981 e 1982,
quando conquistou o bicampeonato gaúcho. Um tanto gordinho e calvo, o
experiente Rodrigues Neto impressionou o preparador Gilberto Tim com seu
condicionamento físico, apesar de já ser considerado um veterano.
“Desejamos
força aos amigos e familiares", homenageou o clube gaúcho.
Jogador
de bom vigor físico e irreverência, Rodrigues Neto encerrou a carreira no São
Cristóvão, do Rio de Janeiro. Passou também por Ferro Carril Oeste e Boca
Juniors, ambos da Argentina, além de atuar no futebol de Hong Kong.
Na
Argentina, o lateral ficou conhecido como “El-Negrito”. Com muito prestígio,
Rodrigues Neto morava em um amplo e confortável apartamento na “Calle
Campichuelo”.
Chegou
a ser treinador do Moto Club, São Bento e dos juvenis do Fluminense. (Pesquisa:
Nilo Dias)
Rodrigues Neto, quando jogava no Internacional, de Porto Alegre.