Uma
forma de eternizar esse amor foi a construção de um arquivo com dados da equipe
brasileira, constando de livros, artigos, jornais, e principalmente uma
pesquisa exaustiva digna de reconhecimento até pela Fifa e pela Confederação
Brasileira de Futebol (CBF).
De
seus 92 anos, pelo menos 75 deles foram dedicados à memória da “Seleção
Brasileira”, da qual foi o maior pesquisador. Figura emblemática no cenário do
futebol foi peça fundamental na construção da memória do esporte brasileiro.
Airton
deixou um enorme legado para o futebol brasileiro. Sua memória e o cuidado com
as informações eram características bem singulares. Tornou-se referência
internacional ao dirimir dúvidas sobre o passado do futebol.
Airton
Fontenele nasceu em Viçosa do Ceará, no dia 27 de janeiro de 1927. Era bancário,
funcionário do "Banco do Nordeste Brasileiro" (BNB) e formado em Odontologia.
Ficou marcado por ser uma das principais fontes da imprensa esportiva a respeito de dados e curiosidades da história do futebol cearense e da "Seleção Brasileira".
Ficou marcado por ser uma das principais fontes da imprensa esportiva a respeito de dados e curiosidades da história do futebol cearense e da "Seleção Brasileira".
Passou
a gostar de futebol na "Copa do Mundo" de 1938. Em 1947 começou a escrever no semanário
“O Goal”, a primeira das mais de três mil colaborações que deu à imprensa em
mais de 60 anos.
Formou-se
em Odontologia em 1950. Entre 1952 e 1954 foi correspondente do jornal “A
Gazeta Esportiva”, de São Paulo. De 1954 a 1979 trabalhou como bancário na
equipe pioneira do "Banco do Nordeste".
Durante
os anos 1960 participou de maneira direta da reformulação do “Estádio
Presidente Vargas”. Em 1986, lançou o primeiro dos oito livros publicados,
“Futebol, Seleção das Seleções”. É um dos mais respeitados historiadores e
pesquisadores do futebol brasileiro.
Antes
de se falar do pesquisador em si, Airton evoca o desportista que sempre foi,
nadador de longas distâncias, capaz de fazer travessias em mar aberto e um
amante do futebol, ao ponto de colaborar na campanha da construção do “Estádio
Presidente Vargas”.
Escreveu
8 livros sobre a “Amarelinha”, cinco deles focados sobre a participação do time
verde-amarelo em Mundiais. Dono de um acervo invejável de livros, revistas,
itens esportivos e dezenas de cadernas de anotação, “Seu Airton” tinha
catalogadas informações minuciosas sobre as partidas da Seleção, desde 1938, jogadores
que atuaram, que foram convocados, além de inúmeras outras estatísticas.
Livros
de Airton Fontenele:
"O
Brasil nas 15 Copas" (1998): Apresentação Blanchard Girão,
"Orelha"de Tom Barros.
"O
Brasil em Todas as Copas -1930/1998" (2002): Apresentação de Tostão,
contracapa Dr João Havelange, "Orelhas"dos jornalistas Alan Neto e
Vicente Alencar.
"O
Brasil na rota da Alemanha" (2006): Apresentação Sílvio Carlos Vieira
Lima, contracapa de Tom Barros e "Orelhas" Armando Nogueira e Homero
Benevides.
"O
Brasil em Todas as Copas- 1930/2010" (2010): Apresentação Mauro Carmélio (presidente
da FCF), cartas de apoio Ferruccio Feitosa (Secretário de Esporte do estado do
Ceará), "Orelhas" de Tom Barros e Sérgio Redes.
"O
Brasil em Todas as Copas do Mundo 1930/2014 (2014) - História, Curiosidades e
Estatísticas": Apresentação: Jorge Campos- Jorginho, (campeão mundial de
1994) e prefácio: Raimundo Fagner e cartas do prefeito de Fortaleza Dr Roberto
Cláudio Rodrigues Bezerra, Dr João Havelange, Tom Barros e André Ribeiro. “O
Brasil em Todas as Copas do Mundo" é, sem dúvida, a Bíblia da Seleção
Brasileira.
“O
Brasil na Copa das Confederações" é uma viagem pelas oito Copas das
Confederações já realizadas. Airton Fontenele, além de trazer a história do
surgimento do torneio até sua transformação para o modelo atual, conta
curiosidades exclusivas e detalhes do desempenho de todas as seleções que já
participaram da competição.
Sem
dúvida, é a obra mais completa sobre o certame que tem como principal vencedor
o Brasil.
“O
Brasil na Copa América”, é também a obra mais completa sobre a competição. O
livro contou com a chancela da CBF. A obra preencheu uma lacuna na literatura
esportiva nacional. Ainda hoje é permanente fonte de consulta pelo elevado
conteúdo de informações.
Seu
primeiro livro foi “Futebol, Seleção das Seleções”.
Na
sua residência, no coração da “Aldeota”, na capital cearense, idealizou e
montou um museu da memória do futebol cearense e nacional, com peças de raro
valor, fotos e documentos históricos. Também colecionou amizades importantes,
como Zizinho, Belini, João Havelange e outros nomes do esporte brasileiro.
Não
por acaso, há alguns anos, no “Jornal do Brasil,” o mestre e saudoso João
Saldanha escreveu matéria alusiva ao pesquisador cearense. No título, João
colocou: "Com o Airton Ninguém Pode".
Motivo:
Airton corrigira com provas irrefutáveis textos das grandes revistas nacionais
relativos às “Copas do Mundo”. Agora restaram só as lembranças deste monumento
à pesquisa.
O
Fortaleza declarou três dias de luto e prestou suas condolências para
familiares e amigos. "É com profundo pesar que o Fortaleza Esporte Clube
comunica o falecimento do historiador e pesquisador, Airton Fontenele.
O
Fortaleza se solidariza com a família e amigos de Airton Fontenele ao tempo que
presta às condolências e decreta luto oficial por 3 (três) dias", escreveu o Tricolor.
O
Ceará também lamentou a morte de “Seu Airton, que era tio-avô de Pedro
Mapurunga, o diretor cultural do Alvinegro. “Tio Airton deixou um enorme legado
para o futebol brasileiro. Sua memória e o cuidado com as informações eram
características bem singulares. O Estado perde uma grande figura e eu perco um
amigo da bola”, declarou Mapurunga para o site oficial do “Vovô”.
O
presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF), Mauro Carmélio, assim se
referiu ao pesquisador: "O Airton teve uma história muito bonita como um
amante, um verdadeiro fã da "Seleção Brasileira". Ele publicou livros, onde o
torcedor da “Canarinho” conheceu a história das Copas e dos atletas que
vestiram a camisa da Seleção. O futebol brasileiro é muito grato ao
Airton".
O
prefeito Roberto Cláudio lamentou em nota, na noite desta segunda-feira (5), a
morte do historiador Airton Fontenele, 92, que morreu à tarde, após
complicações em cirurgia.
“É
com enorme pesar que registro a perda do pesquisador e escritor Airton
Fontenele que se notabilizou pelo amor ao esporte, especialmente ao futebol e à
nossa seleção brasileira.
Associo-me
aos sentimentos de dor de seus familiares e dos amigos, entre os quais me
incluo, tendo tido o privilégio de conviver com este cearense que dignificou
com seu exemplo de vida uma história que espelha e inspira a muitos de nós e
que, sem nenhuma dúvida, orgulha toda a sua família.
Seguramente,
a história do futebol e da seleção, assim como o seu registro bibliográfico,
tem dois momentos: um antes e outro depois do profícuo trabalho realizado pelo
nosso cearense de Viçosa Airton, Fontenele”, disse Roberto Claudio.
O
velório aconteceu ontem mesmo, na “Funerária Eternus”, na Aldeota e o
sepultamento foi hoje (6), no “Cemitério
Parque da Paz”. (Pesquisa: Nilo Dias)