Ele
foi um dos mais populares cronistas esportivos do país. Trabalhou na “Rede Globo”
de 1975 até 2009. Um comentarista que os torcedores brasileiros aprenderam a
respeitar nos jornais, no rádio e na televisão.
Noronha
sofria do “Mal de Alzheimer” e morava no “Retiro dos Artistas”, em Jacarepaguá,
desde novembro de 2018, levado pelo amigo e árbitro de futebol Arnaldo Cezar
Coelho. Ao chegar no “Retiro”, Noronha
já apresentava sinais de um câncer de mama, que depois evoluiu para o cérebro,
com metástase.
Arnaldo
Cezar Coelho, companheiro de trabalho de longa data do comentarista e que o
ajudava a se manter na instituição que abriga artistas idosos em dificuldade
financeira. Ele não tinha parentes próximos no Rio.
Durante
todo o período em que Noronha esteve no “Retiro dos Artistas”, Arnaldo custeou
o tratamento do amigo e colocou enfermeiros revezando-se na assistência ao
jornalista. O velório acontece neste domingo, a partir das 9 horas, na “Capela 3” da “Real
Grandeza” e o sepultamento está marcado para às 14 horas.
De
acordo com a administradora do “Retiro dois Artistas”, Cida Cabral, no período
em que permaneceu no local, Noronha foi muito feliz e adorava o convívio com os
outros moradores.
Ao
gravar um vídeo sobre o amigo, Arnaldo Cezar Coelho disse que Noronha foi um
jornalista esportivo eficiente, honesto e exemplar. “O jornalismo esportivo
perdeu um excelente profissional e eu perdi um grande amigo.”
Em
sua página nas redes sociais, o presidente do “Retiro dos Artistas”, Stepan
Nercessian, escreveu: “Grande jornalista brasileiro se despediu hoje. Que Deus
o receba em sua casa. Sérgio estava morando conosco no Retiro dos Artistas.”
A
trajetória de Sérgio Noronha na imprensa esportiva brasileira começou nos anos
50. Ele era um curioso e interessado office boy da revista “O Cruzeiro” até o
dia em que ganhou uma chance como redator, transformando-se em um dos mais
populares cronistas esportivos do país.
O
carioca Sérgio Noronha, que torcia para o Vasco da Gama, escreveu em vários
diários até ganhar as páginas do “Jornal do Brasil” e se tornar referência no
texto esportivo. No rádio e na televisão, demonstrou o mesmo talento.
Um
dos grandes jornalistas da sua geração, Sérgio Noronha nasceu no dia 28 de
dezembro de 1932, no Rio de Janeiro. Estudou Letras na “Faculdade Lafayete”
quando, aos 22 anos, começou a trabalhar na revista “O Cruzeiro”. Em 1959,
virou repórter do “Jornal do Brasil” e passou ainda pelos jornais “Diário
Carioca”, “Correio da Manhã” e “Última Hora”, além das revistas “Senhor” e “TV
Guia”.
Chegou
em 1975 à “TV Globo”, onde comentou as “Copas do Mundo” de 1978, 1982, 2002 e
2006. Passou também pela “TV Educativa”, “Rádio Globo”, “Rádio Tupi“ e “SporTV”.
Voltou à “TV Globo” em 1999 e ficou por mais 10 anos.
Seus
últimos trabalhos foram na “TV Bandeirantes” em 2009 e “Canal Premiere” em
2011. Além de repórter e comentarista, foi ainda redator, secretário de
redação, editor de esportes e colunista.
A
relação de Sérgio Noronha com a televisão foi longa, mais de 40 anos. Na Globo,
começou em 1975, trabalhando até 2009. “Tem que ter uma medida da sua crítica,
da sua transmissão, da sua narração muito boa. Não diga nada se não tiver
certeza”, declarou Noronha ao projeto “Memória Globo”.
Clubes
e antigos companheiros de imprensa lamentaram falecimento e prestaram
homenagens: “A diferença dele é que soube passar de uma boa linguagem escrita
para uma boa linguagem falada”, disse o repórter Marcos Uchôa.
O
narrador de futebol da “Rede Globo”, Galvão Bueno, disse que faz sempre questão
de frisar a parceria que fez com Sérgio Noronha na Copa do Mundo de 1982, na
Espanha. Garante que ali aprendeu muito.
“Noronha me ensinou a ser um
profissional mais completo e uma pessoa humana muito melhor. Que Deus o receba
com muito amor e muito carinho, “Seu Nonô”, completou.
Ex-comentarista
de arbitragem da “TV Globo”, Arnaldo Cezar Coelho se emocionou ao lembrar do
amigo: “Perdi um amigo. Conheci “Seu Nonô” quando ele jogava futebol na Urca na
década de 60.
Ele
era o cara que sentava no paredão e ficava me pressionando quando era juiz. Ali
conheci ele. Depois ele foi para o “Jornal do Brasil”, “Rádio Globo”... A vida
toda foi meu companheiro, um parceiro de vida toda de frequentar a minha casa”.
Ex-jogador
e hoje comentarista, Júnior também prestou sua homenagem ao amigo de
coberturas: “O Sérgio Noronha foi um ícone do jornalismo esportivo brasileiro. Primeiro
no jornal, depois na rádio, e posteriormente na televisão.
Tive
um prazer muito grande de trabalhar com o Sérgio e aprendi muito com ele. Ainda
mais que entrei no seu lugar quando ele saiu da “TV Globo”, e eu comecei a
comentar. Agradecimento é muito grande a
tudo aquilo que ele fez, não só pelo jornalismo, mas por mim também”.
Também
o ex-jogador e atual comentarista, Walter Casagrande foi mais um que se comoveu
com a notícia e fez questão de gravar uma homenagem: “Quando cheguei em 97 à “TV
Globo”, o Sérgio Noronha já estava lá.
Foi
um orgulho trabalhar com ele, fizemos várias transmissões juntos, porque era um
jornalista muito conceituado naquela época, de “Copa do Mundo”, colunas em
jornais... Eu aprendi muito com o Sérgio Noronha porque no início, quando
cheguei à “TV Globo”, não tinha muita experiência como comentarista.
Trabalhando
juntos, saindo depois de partidas para jantar e conversar, e ouvir histórias,
eu evoluí muito na convivência com ele. Era um jornalista muito conceituado,
viu muita coisa, sabia muita coisa, participou de diversas coisas importantes
no futebol.
É
uma perda que não dá para reparar. É uma pena receber essa notícia, que entristece
um pouco o meu dia. Era uma pessoa que eu gostava muito e vai deixar muita
saudade”.
José
Carlos Araújo, que também trabalhou com Noronha, lamentou o falecimento e
elogiou o amigo: “Um do maiores talentos que conheci no jornalismo esportivo. O
melhor texto que já vi. Um profissional completo. Era um homem multimídia numa
época que era difícil ser.
O
último emprego dele fui eu que consegui, na “TV Bandeirantes”. Era
aparentemente mal-humorado, mas uma pessoa da melhor qualidade. Baita de um
talento. Sinto bastante a falta dele. Queria muito enaltecer a atitude do
Arnaldo Cezar Coelho, que o ajudou muito nesses últimos anos”.
Nas
redes sociais, alguns clubes também se manifestaram sobre a morte de Sérgio
Noronha. O Club de Regatas Vasco da Gama lamentou o falecimento do jornalista
Sérgio Noronha, ocorrido nesta sexta-feira (24). “Desejamos muita força aos amigos e familiares”.
O
Clube de Regatas do Flamengo lamentou profundamente o falecimento do jornalista
Sérgio Noronha. “Aos familiares e amigos, nossos sentimentos. Descanse em paz,
Seu Nonô”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Sérgio Noronha, em foto recente, no "Retiro dos Artistas", onde morava.