Não sou torcedor do Santos F.C., mas já fui torcedor do Pelé. E quem não foi? Eu me considero um privilegiado. Não é qualquer um que teve a oportunidade de ver o Pelé, ainda menino dar seus primeiros chutes. Foi no dia 24 de março de 1957. Já se passaram 51 anos. Pelé ainda não era o rei. Tinha apenas 16 anos. Nasceu em 23 de outubro de 1940, em Três Corações (MG) e era reserva do time do Santos. Time não, timaço. O grande astro era o atacante Emanuel Del Vecchio. Jogava também Jair da Rosa Pinto, o velho “Jajá da Barra Mansa”, que tinha um “canhão” nos pés e estava quase pendurando as chuteiras. Álvaro e Pepe, convocados para a Seleção Brasileira, não jogaram.
Eu tinha a mesma idade de Pelé e já era maluco por futebol e acompanhava tudo que era jogo, especialmente o Campeonato Carioca pela Rádio Nacional, nas vozes dos inconfundíveis narradores Jorge Curi e Antônio Cordeiro. Jornal de fora, lá na minha terra, quase não se lia. Era mais o semanário local “O Ponche Verde”, que por sinal existe até hoje. Mas ainda assim fiquei sabendo da excursão do Santos pelo Rio Grande do Sul e do jogo em Bagé contra um combinado local.
Peguei o trem, pois naquela época as estradas eram de chão batido e os ônibus não ofereciam as comodidades de hoje. Os passageiros levavam de tudo, de leite a galinhas. Fui ver o jogo no Estádio da Pedra Moura, do Bagé. Era um domingo bonito, recém havia terminado o verão.
Logo no início do jogo, num choque com Athayde Tarouco, um uruguaio que jogava muita bola, o craque Del Vecchio saiu machucado para a entrada em seu lugar de um menino de 16 anos, que os bageenses chamavam “Pilê. Era Pelé que acabaria por marcar o gol santista no empate em 1 X 1. Para os gaúchos marcou Carlos Calvete, ponteiro direito, irmão de Raul Calvete, que mais tarde jogou pelo próprio Santos e foi campeão mundial de clubes.
Ao escrever um pouco sobre o Santos F.C., aproveitei para contar essa passagem vivida nos tempos de juventude, na minha pequena Dom Pedrito. Sei que os santistas vão me perdoar por ter ocupado tanto espaço. Mas foi uma bonita recordação.
O Santos FC foi fundado no dia 14 de abril de 1912, por iniciativa dos desportistas Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior. Os três se reuniram na sede do Clube Concórdia, com a intenção de fundarem um time de futebol. A dúvida foi o nome: Concórdia, Euterpe ou Brasil Atlético. Mas prevaleceu a proposta de um outro fundador, Edmundo Jorge Araújo, de Santos Football Clube.
Alguns fatos históricos. O primeiro Presidente foi Sizino Patusca. O primeiro jogo aconteceu em 15 de setembro de 1912, quando o Santos Football Club venceu o Santos Athletic Club, considerado o time dos ingleses, por 3 a 0. O primeiro gol da história do clube foi marcado por Arnaldo Silveira.
Poucos torcedores santistas sabem que nos primeiros meses o clube era tricolor, tendo como cores oficiais o branco, o azul e o dourado. Como havia muita dificuldade para confeccionar camisas e calções nessas cores, por sugestão do sócio Paulo Pelúccio, o clube adotou como cores oficiais o branco e o preto. O branco por representar a paz, e o preto, a nobreza.
Em 1913, o Santos começou a disputar o Campeonato Paulista. O jogo de estréia foi no dia 1º de junho, diante do Germânia. E levou uma nada animadora goleada de 8 a 1.Três semanas depois, no dia 22 de junho, o time santista conquistou sua primeira vitória em uma competição. E logo contra o Corinthians, que viria a se tornar seu maior rival: 6 a 3 e em pleno Parque São Jorge.
Paralelamente o Santos participou pela primeira vez do Campeonato Santista, ao lado de América, Escolástica Rosa e Atlético, sagrando-se campeão invicto, com seis vitórias em seis jogos, 35 gols pró e apenas sete contra. Esse foi o primeiro título da história do clube. Em 1914 foi bicampeão, também invicto. O Campeonato Paulista o Santos ganhou pela primeira vez em 1935. Depois foi campeão em 1955 (livrando um jejum de 20 anos), 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1973, 1978, 1984, 2006 (livrando um jejum de 22 anos) e 2007. O Santos foi campeão brasileiro em oito oportunidades e venceu vários torneios nacionais e internacionais.
Alguns craques que vestiram a camisa branca e preta: Manga (não é aquele do Botafogo e Internacional), Hélvio, Feijó, Ramiro, Formiga, Urubatão, Tite, Negri, Álvaro, Del Vecchio, Pepe, Diego e Robinho.
Em 1956, trazido pelas mãos de Valdemar de Brito, chegou a Vila Belmiro o menino Pelé, de 15 anos, que daria novo impulso à história do Santos, levando o clube a conquistas que enalteceram o futebol brasileiro. O Santos de Pelé praticamente deu a volta ao mundo, encantando torcedores com o futebol mágico de seus craques. Tinha um ataque memorável: Dorval, Mengávio, Coutinho, Pelé e Pepe. Nesse período, o Santos foi Bicampeão Mundial Interclubes (1962/1963) e Bicampeão da Taça Libertadores da América (1962/1963), entre outras glórias. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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