Sorte? Milagre? Fenômeno? Que outros adjetivos podem ser adicionados à lista que busca explicar a extraordinária campanha do Guaratinguetá Futebol Limitada, no Campeonato Paulista deste ano? A explicação do sucesso e da liderança inconteste na competição chama-se organização.
O clube surpresa do “Paulistão” é bem novo, não completou nem 10 anos. Foi fundado em 1º de outubro de 1998, com o nome de Guaratinguetá Esporte Clube e as cores da cidade, vermelho, azul e branco. Seus fundadores foram empresários locais ligados ao futebol, entre eles o atual presidente honorário, Mario Augusto Rodrigues Nunes, o Marinho e João Carlos Fonseca de Paula Santos, o Cacalo, que foi o primeiro presidente do clube.
A cidade se ressentia da falta de um time de futebol profissional, desde o fechamento da Associação Esportiva Guaratinguetá, clube que deu muitas alegrias a cidade. Era um clube de futebol bastante antigo. Fundado em 1915, foi extinto em 1998, quando disputava a Série B1-B, inviabilizado por dívidas de grande vulto. Participou da elite do futebol Paulista de 1961 a 1964, tendo como maiores proezas as vitórias pelo mesmo placar, 3 X 0, frente o Santos de Pelé e o Corinthians.
O principal título do “Lobo do Vale”, assim era chamado pelos torcedores, foi o Campeonato da Segunda Divisão Paulista, em 1960. Os grandes rivais do alvi-rubro foram Taubaté, São José, Aparecida e União Cruzeirense.
Com a extinção da Associação e o surgimento do Guaratinguetá, o futebol da cidade conheceu mágica e meteórica transformação. Os seus idealizadores pensaram alto. Depois de disputar dois campeonatos amadores na cidade (1998 e 1999), foi feita uma parceria com a C.S.R. Futebol e Marketing, grupo do empresário Carlos “Carlito” Arini, e dos jogadores César Sampaio e Rivaldo, tornando o “Garça”, assim chamado pelos torcedores, uma equipe profissional de futebol.
A parceria deu o respaldo financeiro, técnico e administrativo que precisava para se consolidar como um clube de maior projeção. Graças a isso, filiou-se a Federação Paulista de Futebol, no dia 26 de novembro de 1999. E em 2000, o time já disputou a Série B2 do Campeonato Paulista, fazendo bonito e chegando em terceiro lugar. Em 2001, repetiu a campanha e subiu para a Série B1.
Em 2002, com o término do contrato com a C.S.R. Futebol e Markentig (foi para o Figueirense), os empresários Odário Mardegan Durães e Elmiro Aparecido de Faria, passaram a injetar recursos no clube. Mais uma boa campanha e um lugar na Série A3, depois de vencer o Rio Claro Esporte Clube, na partida final.
Mas foi a partir de 2004, com a chegada do empresário Sony Alberto Douer, que uma nova e vitoriosa filosofia de trabalho foi implantada. De cara, o time subiu para a série A-2 do Campeonato Paulista. Em fins de 2005, os empresários Sony Alberto Douer e Carlos “Carlito” Arini (atual presidente), criaram a Sony Sports, que passou a gerenciar o clube, com apoio de outros empresários da cidade, Clementino Bolan Filho e Gustavo Gazzolla. A equipe não estava bem em campo, mas de fôlego renovado o rebaixamento não se consolidou.
A visão empresarial dos parceiros possibilitou a transformação do nome Guaratinguetá Esporte Clube, para Guaratinguetá Futebol Limitada. A adoção de um sistema administrativo aos moldes europeus, com presença forte da iniciativa privada, fez a grande diferença na gestão, agilizando decisões e o planejamento de metas.
O resultado não poderia ser outro: saneado e reestruturado, o clube-empresa, sob o comando técnico de Wilson Taddei, subiu para a Série A, a cobiçada elite do campeonato estadual mais disputado do país. A cidade de Guaratinguetá, terra do primeiro santo brasileiro, Frei Galvão e de um Presidente da República, Rodrigues Alves, depois de 45 anos voltou a principal vitrine do futebol paulista.
A partir daí tudo ficou mais fácil. A cidade toda empolgada e o prefeito Antonio Gilberto Filippo Fernandes Junior, também, formaram uma “corrente pra frente”. O Estádio Professor Dario Rodrigues Leite (inaugurado em 7 de setembro de 1965), também chamado de “Ninho da Garça”, passou por amplas reformas financiadas pela Prefeitura, tornando-se um dos melhores do interior do Estado. Com a capacidade ampliada para 16 mil espectadores, está apto a receber grandes jogos do futebol brasileiro.
Por ter uma história curta, o Guaratinguetá não tem muitos ídolos, mas já foi a casa de três grandes jogadores do futebol brasileiro: o volante Marcinho Guerreiro (Santos F.C.), o goleiro Edson Bastos (Coritiba) e o lateral-esquerdo Triguinho (Botafogo-RJ). É só o começo. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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