O americano Charles Goodyear, nascido em New Haven, no dia 29 de dezembro de 1800 ficou mundialmente conhecido por ter descoberto a vulcanização da borracha. E o futebol agradece ao inventor pela criação da primeira bola de borracha vulcanizada, em 1855. Antes, as bolas tinham um aspecto horrível: bexigas de bois e porcos, com uma cobertura de couro para tentar um formato mais ou menos redondo, pois geralmente eram ovais. Às vezes era preciso pregar botões para conseguir fechá-las. O tamanho da bola variava de acordo com o tamanho da bexiga.
A fabricação de bolas verdadeiramente redondas, só aconteceu a partir de 1862. Isso, depois que um inglês de nome H. J. Lindon, desenvolveu a primeira bola inflável de borracha. Ele queria evitar que outras pessoas morressem de doenças respiratórias provocadas pelo esforço de encher com a boca milhares de bexigas. Foi assim que ele perdeu a esposa.
Mesmo com a nova tecnologia, durante algum tempo muitos fabricantes continuaram a usar botões. O envoltório de couro só apareceu a partir de 1880. Nas regras do futebol não havia nenhuma citação técnica sobre como a bola deveria ser. Por isso tinham pesos e tamanhos diferentes.
Com a fundação da Liga Inglesa de Futebol, em 1886 as empresas Mitre e Thomlinson’s deram início a produção maciça de bolas de futebol. A “Lillywhite”, número 5 foi escolhida como oficial. E quando começou a ser usada na “F A Cup” consagrou o “number 5” como tamanho padrão da bola de futebol. Mesmo assim os europeus ainda usaram a bola número 4 até 1940.
Em 1863 foi determinado que a circunferência da bola seria entre 68 e 70 centímetros, ou entre 27 e 28 polegadas. O peso só foi regulamentado em 1889: a bola deveria ter entre 340 e 420 gramas. Depois, em 1937, ela passou a pesar entre 410 e 450 gramas, ou entre 14 e 16 onças, que permanece até hoje.
Um exemplo das diferenças existentes entre os vários tipos de bolas, foi no jogo final da Copa do Mundo de 1930, entre as Seleções do Uruguai e da Argentina. Não houve acordo quanto à bola a ser usada. A solução foi jogar o primeiro tempo com bola argentina e o segundo com bola uruguaia. O Uruguai venceu por 4X 2. No primeiro tempo, com bola argentina perdia por 2 X 1.
No Brasil, as duas primeiras bolas chegaram em 1894. Eram inglesas, da marca “Shoot”, vindas na bagagem do estudante Charles Miller. O pioneirismo na fabricação de bolas brasileiras pertence ao padre Manuel Gonzáles, do Colégio Vicente de Paula, em Petrópolis, e a um sapateiro paulista chamado Caetano.
Quando começaram os jogos à noite, os jogadores tinham dificuldades em ver a bola, por causa da cor marrom. A idéia de se jogar com bolas brancas foi de um diretor do Vasco da Gama, Joaquim Simão Gomes, mais conhecido por “seu Gomes”, num amistoso com o São Paulo, ao início dos anos 30.
Ele sugeriu ao diretor tricolor, Mário Cunha Bueno que a bola fosse pintada de branco. Autorizado, comprou uma tinta da marca “Duco Alemão” e criou a primeira bola branca do futebol mundial. A partir desse jogo, ela correu pelos gramados do mundo.
Eu lembro bem das antigas bolas de “capotão” ou de costura, que lá na minha terra chamavam de “bola de tento”, por causa da tira de couro usada para fechar a abertura por onde se colocava a câmara de ar. Era uma bola bem mais pesada que as de hoje. Em dias de chuva pesava mais ainda. Quando o chute atingia a parte irregular da costura ou o “tento”, causava grande dor. O goleiro, dependendo da violência do chute, era o que mais sofria. Foi um alívio quando chegou a “bola de válvula”.
Hoje é tudo diferente. A tecnologia transformou a bola de futebol num instrumento quase de luxo, que é lançado em concorridos desfiles de grifes. O velho “balão de couro” costurado a mão deu lugar a materiais modernos. Há quem diga que se Pelé jogasse hoje, seria melhor ainda do que já foi. Se a velha e defeituosa bola de 1958 lhe obedecia cegamente, a de hoje lhe beijaria os pés. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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