Demorou, mas a Secretaria de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro começou a fazer justiça aos torcedores, a razão maior do espetáculo. O estádio do Maracanã, que já contava com a “Calçada da Fama”, para imortalizar os atletas que fizeram história, desde 22 de janeiro deste ano tem o “Hall do Torcedor”, inaugurado antes do jogo Fluminense X Duque de Caxias, pelo Campeonato Carioca.
O primeiro homenageado com uma placa, uma medalha com seu nome e um brazão tricolor foi o fanático torcedor do Fluminense, Armando Giesta, que mesmo com 80 anos de idade não deixa de acompanhar os jogos de seu clube, no Maracanã. O ilustre torcedor participou da campanha pela construção do estádio e viu importantes jogos, como Brasil x Suécia, Brasil x Espanha e o inesquecível Brasil x Uruguai. Pelo Fluminense, viajou incontáveis vezes e assistiu seu time ser campeão em 1937, 38, 40, 41, 46, 51, 59, 64, 69, 70, 71, 73, 75, 76, 80, 83, 84, 85, 95 e 2002. A escolha do nome de Armando foi unanimidade entre torcedores e dirigentes do clube.
No dia 24 de janeiro, antes do jogo entre Flamengo X Cardoso Moreira foi homenageado “in memoriam” o torcedor rubro-negro, Jayme de Carvalho, falecido em 1976aos 65 anos. Natural da Bahia chegou ao Rio em 1936 e tornou-se no mesmo ano, sócio do Flamengo. Foi Jayme quem introduziu a música na torcida, criando grande polêmica nos meios esportivos em relação a presença da Charanga nos estádios porque, além de apoiar os jogadores do Flamengo, desconcentrava os adversários.
Ivaldo Firmino dos Santos, o popular Zé do Rádio, torcedor símbolo do Sport Club do Recife foi escolhido pelo livro “Guiness Book, em dezembro de 2006, depois de sete anos de pesquisas, o torcedor mais chato do mundo. Foi o reconhecimento ao que o ex-técnico Mario Jorge Lobo “Zagalo”, já havia dito em 1999, quando treinava a Portuguesa de Desportos, de São Paulo. Zé do Rádio não se incomoda com isso, ao contrário, se orgulha do título.
A escolha de seu nome pelo “Guiness Book”, de torcedor mais chato do mundo mereceu uma grande festa promovida pela Prefeitura de Recife, no Marco Zero, para comemorar o título, considerado tão nobre quanto um “Prêmio Nobel da Paz”. Um outro motivo de orgulho para “Zé do Rádio” é ter sido homenageado no Carnaval de 2007, na cidade de Olinda, com um boneco gigante, o maior de todos, para êxtase total dos foliões rubro-negros.
Ele começou a freqüentar os estádios em 1972. Como passava sempre por perto da Ilha do Retiro, resolveu torcer pelo Sport. Mas não nega que antes torceu pelo Náutico durante 1 ano, 3 meses e 28 dias. Garante que foi apenas para conquistar a amizade de seu sogro, o professor de música, Miguel Barkokebas, e casar com Deomiyrza Barkokeba dos Santos, com quem ainda vive até hoje. Zé do Rádio temia que Barkokebas, alvirrubro alucinado, proibisse o seu namoro pelo fato de ser rubro-negro.
Zé do Rádio, ou Ivaldo Firmino dos Santos, ganhou esse apelido por ficar com um rádio gigante nos ombros durante as partidas de futebol. Não sei se ele ainda vai aos jogos, porque está com problemas de saúde, em 2001 fez um transplante de coração. O que sei é que ele costumava ficar atrás do banco de reservas do time adversário, com o som a todo volume e xingando o técnico, a quem chamava de burro.
O Sport teve outro torcedor de primeira linha, José Paulo Rodrigues, o “Paulino do HC”, funcionário do Hospital das Clínicas de Pernambuco, que faleceu recentemente. De acordo com amigos, o último pedido de Paulino foi ser enterrado com a camisa do Sport. Ele era um torcedor apaixonado pelo Leão, não perdia um jogo sequer.
O Santa Cruz pernambucano não quer ficar por trás e tem também o seu torcedor símbolo, embora não seja nenhum chato quanto Zé do Rádio. “Bacalhau” ganhou fama ao adquirir um túmulo no Cemitério São Miguel, em Recife, com as cores do clube. Recentemente ganhou o caixão, presente da Funerária Ferreira, também decorado com o vermelho, preto e branco do Santa Cruz.
Tivemos também os torcedores românticos. O melhor exemplo foi a poetisa Ana Amélia de Mendonça, que escreveu um poema em homenagem ao seu futuro marido, o goleiro Marcos de Mendonça, do qual enamorou-se durante uma partida do Fluminense. Ela ficou encantada com o perfil atlético do jogador. Já gostava de futebol, tanto é verdade que quando tinha 13 anos de idade foi a Europa e na volta trouxe além de livros de poesia, algumas bolas de futebol que foram usadas pelo time dos operários da fábrica de seu pai. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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