sexta-feira, 4 de abril de 2008

Por que são 11 jogadores nos times e outras coisas

Porque os times de futebol formam com 11 jogadores e não 10, 12, 13 ou mais, ou menos? Existe alguma razão especial para isso? Encontrei em minhas pesquisas duas explicações. Fica ao gosto do freguês, qualquer delas é digna de ser verdadeira. O número seria uma homenagem aos 11 colégios que participaram da reunião que determinou as regras do esporte em 1863, na Inglaterra. Ou, então, porque 11 era a quantidade de atletas nos times da Universidade de Cambridge, também na Inglaterra, primeira a publicar as definições básicas do jogo.

Essa segunda hipótese é um tanto curiosa. Cada classe, na época, tinha apenas dez estudantes, e para completar os times eram chamados os bedéis (inspetores de aulas), que jogavam sempre como goleiros. A FIFA aceita essa versão como a que mais se aproxima da lógica. O que se sabe de verdadeiro é que antes da fixação das regras não existia nenhuma padronização, jogava-se às vezes até com até 17 jogadores. E que o número de 11 jogadores foi adotado no século 19 e permanece até hoje entre as 17 leis do futebol.

Definido que cada equipe teria de ter 11 jogadores, a formação seria um goleiro, dois beques, um médio e sete atacantes. Em 1870 surgiu a clássica formação que mais tempo durou no futebol: um goleiro, dois beques, três médios e cinco atacantes. Desde 1877 os jogos de futebol são disputados em dois tempos de 45 minutos. No Brasil, até 1930, jogava-se em dois tempos de 40 minutos.

Nos primórdios do futebol o campo tinha 184 metros de comprimento e 90 metros de largura. Não existiam linhas demarcatórias, apenas quatro bandeirinhas. Todos os jogadores podiam usar as mãos para aparar a bola no ar e colocá-la no chão. Se o jogador recebesse um lançamento sem que existisse nenhum adversário entre a bola e a linha de fundo estava impedido.

O único jogador com posição fixa era o goleiro que podia pegar a bola com a mão em qualquer parte do campo, mas era proibido de conduzi-la com as mãos. Isso mudou desde 1912 que ele só pode pegar a bola dentro da sua área. A cada gol marcado os times trocavam de lado. A obstrução passou a ser cobrada em dois lances, mesmo quando dentro da área, a partir de 1951.

Nem todas as regras continuam até agora, como eram antes. Algumas tiveram sensíveis mudanças de lá para cá. Já escrevi um artigo enfocando a inexistência da figura do juiz, nos primeiros tempos do futebol. As faltas eram apontadas pelos jogadores em um acordo de cavalheiros. O árbitro surgiu somente em 1868 e, mesmo assim, apitava pouco: ficava de fora do campo e não tinha autonomia para marcar as faltas. Precisava decidir de comum acordo com os capitães. Bastava um não aceitar, que nada seria marcado. O árbitro passou a apitar para valer só a partir de 1894.

Quando o futebol começou não havia travessão e nem traves. Os próprios jogadores é que decidiam se a bola tinha passado abaixo ou acima dos dois postes laterais de 28 cms de altura e 7 metros de comprimento. Em 1865 foi colocada uma fita de tecido ligando os dois pontos. A barra da baliza, feita de madeira foi introduzida em 1875 e incorporada às regras em 1878. As redes apareceram em 1890, para identificar melhor a marcação dos gols.

O escanteio deu as caras somente em 1872. Uma curiosidade que muitos adeptos do futebol talvez não saibam: se na cobrança do escanteio a bola bater na trave e voltar, o mesmo jogador não poderá tocá-la pela segunda vez. A regra determina que o escanteio é uma forma de reiniciar o jogo, por isso não era prevista a marcação de um gol direto do tiro de canto. Isso só veio a acontecer a partir de 1924.

Num jogo entre Argentina X Uruguai, em Buenos Aires, em outubro daquele ano, vencido pelos argentinos por 2 X 1, o jogador Onzari tornou-se o primeiro jogador no mundo a marcar um gol de escanteio. Como o Uruguai era o campeão olímpico de futebol, a jogada foi batizada pelos “porteños” de Gol Olímpico.

Tem a Regra 3, que virou sinônimo de jogadores reservas, e saiu dos campos de futebol para ser usado para qualquer substituição, seja para pessoas, animais ou coisas. Ela é uma das 17 regras que, oficialmente, regulamentam o jogo de futebol, estabelecidas pela International Board, criada em 1886 pela FIFA. E a Regra 3 determina o número de jogadores.

E o pênalti? Surgiu em 1890, inventado pelo goleiro irlandês William McCrum, num match do campeonato do condado de Armagh, Irlanda do Norte. McGrum era dono de uma fábrica de tecidos e gostava de defender o gol de seu time. Um dia, para resolver o problema das faltas próxima ao gol, que geravam discussões e brigas, ele pegou a bola, “contou 12 jardas (cerca de 11 metros), marcou com tinta branca um lugar na grama e disse para colocarem a bola no local e sugeriu que um adversário e ele, debaixo do travessão resolvessem a questão “com um direct free kick sempre que houvesse um foul ou hands na grande área ou the Box (a caixa)”.

O pênalti só foi oficializado nas regras do futebol no dia 2 de junho de 1891, em uma reunião da International Board em Glasgow (Escócia). O cobrador podia bater de qualquer ponto distante 11 metros da meta. Não havia a chamada “marca fatal”, como existe hoje. Mas nem todos concordavam com a sua execução. Para alguns clubes, o pênalti era considerado uma punição deselegante. O Corinthia Tean, que inspirou a fundação do Corinthians Paulista, mandava seu goleiro afastar-se da meta, deixando o gol livre.

A última alteração ocorrida na regra das penalidades máximas obriga os goleiros, que antes podiam se adiantar até seis jardas, a permanecer sobre a linha até o momento da cobrança. O pênalti é a única infração no futebol que deve ser cobrada mesmo depois de encerrado o tempo de uma partida.

E o que dizer de situações comuns nos jogos que não estão previstas nas regras oficiais? Por exemplo: não tem nada escrito dizendo que pode ou não ser feita a chamada barreira. A FIFA apenas recomenda que nenhum jogador pode ficar a menos de 9m14cm de distância da bola, quando da cobrança de falta. A barreira foi invenção dos próprios jogadores para melhor proteger a meta.

Antes de 1970 os jogadores eram advertidos de forma verbal. Em jogos internacionais, quando o juiz falava um idioma e os jogadores outros, ninguém se entendia. Para solucionar isso a FIFA criou a partir da Copa do Mundo de 1970 os cartões vermelhos e amarelos.

Para conhecimento geral, eis as 17 regras do futebol: Regra 1 - O Campo de Jogo; Regra 2 - A Bola; Regra 3 - O Número de Jogadores; Regra 4 - O Equipamento dos Jogadores; Regra 5 - O Árbitro; Regra 6 - Os Árbitros Assistentes (Banderinhas); Regra 7 - A Duração da Partida; Regra 8 - O Início e o Reinício do Jogo; Regra 9 - A Bola em Jogo ou Fora do Jogo; Regra 10 - O Gol Marcado; Regra 11 - O Impedimento; Regra 12 - Faltas e Conduta Antiesportiva; Regra 13 - Os Tiros Livres; Regra 14 - O Pênalti; Regra 15 - O Arremesso Lateral; Regra 16 - O Tiro de Meta e Regra 17 - O Tiro de Canto (Escanteio).

Essas regras estão descritas em um livro publicado em 1862, escrito por J.C. Thring e intitulado ‘‘O Jogo de Inverno: Regras do Futebol’’. Até 1863 foi difícil unificar as regras do futebol. O esporte era praticado em várias escolas inglesas. E cada uma delas tinha as suas regras. Em 1848, uma reunião de quase oito horas resultou em um primeiro esboço das regras de Cambridge. Nos anos seguintes, regras foram testadas e reescritas. Até que, em 1856, Cambridge divulgou uma revisão das regras (cópia do documento pode ser vista hoje em uma biblioteca em Shrewsbury, Inglaterra). (Texto e pesquisa: Nilo Dias)

Um comentário:

  1. Bem, eu não sei nada de futebol e nem gosto muito (apesar de não abrir mçao de ser Gremista eheh), mas quero lhe parabenizar pelo blog.
    Abraços!!!

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