Se superstição ganha títulos, o Botafogo carioca pode estar perto de uma nova fase vitoriosa, como aquela do final dos anos 40, quando era presidido pelo até hoje lembrado Carlito Rocha, que se tornou famoso por adotar um cãozinho fox paulistinha como mascote do clube. No jogo da semana passada contra o Atlético Mineiro, quando o Botafogo se classificou para as semifinais da Copa do Brasil, o time entrou no gramado acompanhado de um cão beagle preto e branco de nome “Perivaldo” (referência a um ex-jogador do clube).
Até aí, nada de mais, não fosse o fato de “Perivaldo” ter nascido com uma estrela nas costas que lembra a “Estrela Solitária” do escudo botafoguense. Foi a grande sensação do jogo, levantando a torcida presente ao Estádio Engenhão. Seu dono o torcedor alvinegro Aldo Souza de Araújo, um carioca que mora em João Pessoa (PB) acabou de arrumar um problema: a partir de agora terá de dar um jeito de levar “Perivaldo” a todos os jogos do Botafogo. Pelo menos enquanto estiver vencendo.
Ainda não está garantida a presença de “Perivaldo” nos dois jogos contra o Corinthians. Mas uma coisa é certa, se ele entrar em campo, que se cuide o treinador Mano Menezes, pois com certeza terá muitos problemas para anular uma jogada que se acredita, tem efeitos sobrenaturais. Mas o Botafogo também tem que ficar com um pé atrás. Em 1950, “Biriba” foi seqüestrado a mando de um delegado de Polícia, torcedor corinthiano e só foi devolvido depois do jogo. Resultado: Corinthians 2 X 1 Botafogo.
O “cãodidato” a novo mascote tem até página no Orkut. O perfil diz o seguinte: “Caros botafoguenses. Por incrível que pareça nasci com a estrela solitária, não só no coração, mas também no meu pêlo. Meus donos e minha família inteira são botafoguenses. Sou da raça beagle nas cores preto e branco. Meu nome é “Perivaldo”, em homenagem aquele lateral do “Fogão” e da Seleção Brasileira, o único que conseguiu a expulsão do Zico nos anos 80. Na nossa família só tem botafoguense. Dá-lhe “Peri”. Dá-lhe “Fogão”. Por favor, me divulguem. Quero me tornar o mais novo mascote do nosso timão”.
Mas se o Botafogo tem em “Perivaldo”, um novo pé de coelho, seus torcedores não devem esquecer que o treinador Cuca, é um pé frio nato. Ele já treinou outros times considerados grandes como Flamengo, Grêmio e São Paulo, além de equipes médias como Coritiba, Goiás, Paraná e São Caetano e não ganhou nem mesmo um Estadual. Os times que ele dirigiu sempre começaram bem as competições, mas acabaram mal. Os torcedores adversários não perdem a chance de uma boa gozação: “O Botafogo nada, nada e morre na praia”. Ou então, “quase que foram campeões”.
Os torcedores mais antigos e aqueles que já leram a história do clube sabem que nas décadas de 40 e 50 existiu um cão chamado “Biriba”, que caiu nas graças do presidente botafoguense Carlito Rocha e se tornou mascote oficial do time. Tudo começou durante um jogo contra o Bonsucesso, pelo Campeonato Carioca, em General Severiano, antigo estádio do clube.
O jogo estava bastante difícil e não saía do 0 X 0, quando “Biriba”, cão de estimação do zagueiro Macaé entrou em campo e fez “xixi” na trave do adversário, no exato momento em que saiu o primeiro gol do time alvinegro. Não precisou mais nada. “Biriba” virou mascote e ganhou as graças do presidente Carlito Rocha.
A partir daí “Biriba” acompanhou o time em todos os jogos do campeonato estadual. Se ele teve alguma influência nos resultados, não se sabe. Mas o fato é que o Botafogo foi campeão invicto depois de um longo jejum de mais de 10 anos. E com uma campanha para ninguém botar defeito: 19 jogos, 17 vitórias e dois empates. Na decisão o alvinegro derrotou o poderoso Vasco da Gama, chamado de “Expresso da Vitória”.
A fama de “Biriba” ultrapassou os muros de General Severiano e passou a incomodar os clubes rivais. Num jogo contra o Vasco, em São Januário quiseram impedir o cão de entrar no estádio. O presidente Carlito Rocha pegou “Biriba” no colo e desafiou os vascaínos: "Ninguém impede o presidente do Botafogo de entrar onde quer que seja. E quem estiver com ele entra, com certeza".
Coisas incríveis aconteceram. Na véspera do jogo decisivo contra o Vasco, em 48, o cão sofreu um atentado a tiros. Dizem que alguns padeiros vascaínos ofereceram uma verdadeira fortuna para quem entregasse “Biriba”, vivo ou morto, bem ao estilo dos filmes do velho Oeste americano. Carlito Rocha, temeroso de que o mascote fosse envenenado, ordenou que Macaé provasse toda a refeição antes de dá-la ao cão. O cão símbolo “trabalhou” no clube até meados da década de 50.
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