Eu sei que esta historinha não tem nada a ver com esportes, mas não resisti a tentação de contar. Nos anos 80 a TV Bandeirantes transmitia aqueles bailes de Carnaval bem da pesada. Os repórteres Otávio Mesquita e Cristina Prochaska foram escalados para um baile no Clube Monte Líbano, em São Paulo. Cristina, quase ao fim da transmissão entrevistava um folião, quando uma garota totalmente nua resolveu dançar em cima de uma mesa bem perto da repórter.
Vendo aquilo, o câmera desviou a filmagem e surgiu na tela o bonito e ereto par de peitos que balançava ao som da música. Eram tempos da ditadura, e preocupado com a censura o diretor mandou a ordem para focar somente na entrevistadora, que foi ouvida nitidamente por todos os telespectadores: “Fecha na Prochaska! Fecha na Prochaska!". E o inesperado aconteceu. O câmera não teve a menor dúvida, abaixou a imagem, e todos se deliciaram ao ver por inteiro a parte inferior da garota, com tudo a que tinham direito. Dizem que o diretor teve um troço.
Lá pelos anos 60 jogava no Fortaleza um zagueiro chamado Sapenha, um daqueles verdadeiros “guarda-roupas”, que dentro de campo não dava moleza para os atacantes. Mas em frente a um microfone era um desastre. Antes de um jogo contra uma equipe de Recife, na capital pernambucana, concedeu uma entrevista a uma emissora de rádio local.
O repórter perguntou: “Sapenha como está o time para o jogo contra o Sport? O zagueiro respondeu: “Ah, o time está foda”. Mesmo preocupado, o repórter resolveu continuar perguntando: “E você? Está bem preparado?” E Sapenha, sem titubear: “Ah, eu estou fodinha”. Já gaguejando o repórter perguntou para encerrar a entrevista: “Você quer mandar algum recado para o pessoal lá de Fortaleza? E Sapenha, inocentemente disse: “Quero! Benção mãe!”.
O grande compositor brasileiro Ary Barroso, autor de verdadeiras obras primas musicais, como “Aquarela do Brasil”, foi também narrador de futebol nos anos 40. Torcedor apaixonado do Flamengo, Ary puxava o som de uma gaitinha de boca, antes de gritar o gol. Se o Flamengo estivesse jogando mal, a transmissão era triste, lenta, difícil de ouvir.
Um lance narrado por Ary Barroso entrou definitivamente para o folclore do rádio. Era um clássico Fla-Flu que decidia o Campeonato Carioca. Foi assim: “Zizinho passa a Pirilo. Pirilo recua para Biguá. Biguá estende para Zizinho, lá vai ele entrando na área, mas o juiz dá impedimento. Agora é a vez deles. Olhaí, eu não disse? Didi dribla Biguá, passa a Carlyle, que vai entrando, Orlando recebe. Pronto. Nem quero mais ver". Ary silenciou, ouviu-se claramente o grito da torcida festejando, e ele deu dois soprinhos na gaita. Foi gol do Fluminense.
No dia 11 de novembro de 2001, o locutor Júlio Sales, da Rádio Assunção, de Fortaleza, num jogo em Natal, entre o ABC local e Fortaleza, indignado com a atuação do bandeirinha que não marcava os impedimentos do time da casa protestou em plena narração: "Esse bandeirinha não levanta mais o pau, assim não é possível".
Essa me fez lembrar de um narrador de uma das rádios de Pelotas (RS), que transmitia um clássico local entre Brasil e Pelotas, o famoso Bra-Pel. Isso foi na década de 60. Não vou citar o nome do locutor porque ainda está vivo e somos amigos. No Brasil jogava um goleiro uruguaio de quase dois metros de altura, de nome Gióvio. Lá pelas tantas um ataque do Pelotas que o narrador com vibração contou: “Lá vai Deraldo, arrisca o chute de fora da área, uma bomba, no pau de Gióvio”. Claro que foi na trave.
No livro "Histórias de Sandro Moreyra", encontrei esta “judiaria” com nossos irmãos portugueses: Durante um jogo entre Vasco e Americano, os já mal-humorados vascaínos que estavam sendo derrotados, ouviram pelos alto-falantes de São Januário esta notícia dada em voz triste pelo locutor: "Em Lisboa, no Estádio da Luz, a União Soviética vence Portugal por 2 X 0". Um burburinho correu pelas sociais e um conselheiro, de nome Pacheco, interpelou o presidente vascaíno.
”Oh, Calçada, como é que podemos perder hoje um jogo a se realizar amanhã?” Calçada foi saber e pouco depois o locutor corrigiu e os alto-falantes anunciavam: “Atenção: o jogo que acabamos de noticiar será realizado amanhã. E está 0 X 0”.
No Rio de janeiro tinha um locutor que se autodenominava “o que sabe falar com os craques”. Certa ocasião ele inventou de entrevistar um jogador do Vasco, de nome Genuíno, analfabeto de pai e mãe e avesso a microfones. Sabedor da “alergia” do jogador arriscou: “Genuino, só duas palavrinhas”. E o craque respondeu: “Ôce é doido mermo. Si ieu num falo nem uma palavrinha, comu é qui ôce qué qui eu fale duas?”.
O locutor Alexandre Costa, da Rádio Clube, de Pernambuco, durante o programa "Bola ao Centro" dia 22 de julho do ano passado, ao analisar as possibilidades do Náutico, num jogo contra o Corinthians no Pacaembu, disse o seguinte: “Se conseguirmos vencer, sairemos de lá vitoriosos”.
Essa aconteceu com o radialista Carlos Farinha, também pernambucano, durante uma solenidade em sua terra natal: “Neste momento, a Primeira Dama da Cidade está sendo homenageada com um omelete de flores”.
Quando eu morava na cidade gaúcha de Rio Grande ouvi o mais conhecido narrador local nos brindar com esta preciosidade: “Falta perigosa contra o Rio Grande. É junto à linha da grande área. Chance de ouro para o Rio-Grandense que tem bons batedores. Barreira compacta do Rio Grande, ‘não tem brecha’. Autoriza o árbitro, correu Bocanha, atirou, na brecha. É gooooool”.
Do mesmo narrador, torcedor ardoroso do São Paulo, time da cidade: “Fulano, o São Paulo quer levar o gol. Não é possível, uma falta bem perto da meta e os jogadores não fazem barreira”. E o repórter informou: “Não pode fulano. É pênalti”.
O locutor Vasconcelos Lima, de uma rádio de Maceió fazia a cobertura de um almoço em que estavam sendo homenageadas figuras representativas de várias atividades no Estado, inclusive do futebol. No meio da transmissão saiu com esta beleza: “Neste salão registramos a presença de ilustres homens públicos. Enquanto não é servido o almoço, eles pegam um aperitivo, comem um tira-gosto e no outro salão reservado às mulheres, estão comendo as suas senhoras”. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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