Vitimado por um infarto, morreu na tarde de quinta-feira, 22, aos 77 anos, Edevair de Souza Farias, pai do ex-jogador Romário. Ele estava internado no hospital Barra Do’r, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, desde a semana passada em razão de uma infecção urinária generalizada. Seu Edevair não vinha bem de saúde e há três anos fazia hemodiálise.
O sepultamento aconteceu ontem à tarde (23) no cemitério de Inhaúma, em Del Castilho, na zona norte da capital fluminense, num clima de muita emoção e tumulto, devido à presença de um grande número de admiradores do “Baixinho”. A confusão foi enorme. Vários torcedores se aglomeraram para participar da cerimônia e alguns acabaram perdendo o equilíbrio e caindo em covas abertas.
Durante o enterro, Romário, que carregava uma bandeira do América (RJ), time de coração de Edevair, chorou bastante ao lado de sua mãe, Manuela Ladislau Faria, a dona Lita. O pai do ex-atacante tinha como sonho ver o filho atuando no time americano. O presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda, que foi levar sua solidariedade a Romário, acenou com a possibilidade de ajudar o América a sair da segunda divisão do futebol carioca, ano que vem.
Seu Edevair, sempre quis que o filho se tornasse jogador de futebol. Ainda de colo, nos tempos em que residiam na comunidade do Jacarezinho, Romário ganhou a primeira bola de futebol. Quando tinha três anos de idade, a família mudou-se para a Vila da Penha. Lá Romário jogou no time do Estrelinha, fundado por seu pai.
Em 1979, um olheiro o levou para fazer testes no infantil do Olaria, onde foi destaque. Dali ao Vasco da Gama, onde chegou em 1980 foi um pulo. Depois de passar pelas categorias de base do clube da Cruz de Malta, Romário subiu ao time de profissionais pelas mãos do técnico Antônio Lopes. Sua estréia na equipe principal se deu no dia 6 de fevereiro de 1985, num jogo do Campeonato Brasileiro em que o Vasco venceu o Coritiba por 3 X 0. Romário entrou no segundo tempo, no lugar de Mário Tilico.
O primeiro gol do “Baixinho” pelo Vasco foi marcado no dia 18 de Agosto de 1985, em um amistoso contra o time do Nova Venécia. Nesse mesmo ano foi vice-artilheiro do Campeonato Carioca. Em 1986 assinou o primeiro contrato profissional, ano em que fez dupla de ataque com Roberto Dinamite. Mesmo ao lado do goleador, foi artilheiro do Campeonato Carioca, com um gol a mais que o companheiro.
Em 1987, Romário foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez, para um jogo amistoso contra a seleção da Irlanda. Mas seu primeiro gol com a camisa canarinho só aconteceu meses depois, numa vitória por 3 X 2 contra a Finlândia. Em 1987 e 1988, foi bi-campeão carioca. Ainda em 1988 foi medalha de prata nas Olimpíadas de Seul com a Seleção Brasileira. Depois de conquistar o título do Campeonato Carioca, transferiu-se para o clube holandês PSV Eindhoven, por US$ 5 milhões.
Em 1989 ajudou o Brasil a se classificar para a Copa de 1990. Mas devido a uma fratura no tornozelo, sua participação na Copa foi prejudicada: na única partida como titular, contra a Escócia, foi substituído no segundo tempo. Ao longo de 1990 e 1991, Romário continuou como principal jogador do PSV, sendo artilheiro do Campeonato neerlandês e da Copa dos Países Baixos. Em 1993, se transferiu para o FC Barcelona.
Em 1993, já na condição de melhor jogador do mundo foi chamado para salvar a Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa de 1994. Seu desempenho contra o Uruguai, quando fez dois gols foi decisivo para que a Seleção alcançasse classificação. O ano de 1994 foi um dos melhores da carreira de Romário, culminando com a conquista do tetra-campeonato mundial para o Brasil; E no final do ano ganhou o título da FIFA de melhor jogador do mundo.
Em 1995, Romário retornou ao Brasil e para o Flamengo, que completava 100 anos. O “Baixinho” foi artilheiro do Carioca, mas o Flamengo ganhou apenas um turno do campeonato, a chamada Taça Guanabara, perdendo o título para o Fluminense. No Campeonato Brasileiro a campanha também não foi boa, o que abalou o prestígio do atacante. Em 1996 as coisas melhoraram e o Flamengo foi campeão carioca invicto e Romário mais uma vez o artilheiro do estadual. O rubro-negro ainda papou a Copa Ouro Sul-Americana.
Em 1997 Romário foi emprestado ao Valencia da Espanha, depois que o Flamengo perdeu a Copa do Brasil para o Grêmio e o Torneio Rio-São Paulo para o Santos. No Campeonato Brasileiro de 1997 só jogou quatro partidas pelo Flamengo, que foi quinto colocado. Pela Seleção Brasileira, conquistou a Copa América, realizada na Bolívia, mas não participou do jogo final, por lesão. Ainda foi campeão da Copa das Confederações, realizada na Arábia Saudita.
Em 1998, depois de uma temporada frustrante no Valência voltou ao Flamengo. Um mês antes da Copa da França, se lesionou num jogo contra o Friburguense, o que provocou seu corte da Seleção. Em 1999 foi campeão carioca jogando apenas 18 minutos no primeiro tempo da partida decisiva contra o Vasco da Gama. E mais uma vez artilheiro do estadual. Também foi o goleador da Copa Mercosul com 8 gols.
Romário foi dispensado do clube por indisciplina durante a última rodada do Campeonato Brasileiro de 1999, ao participar de uma festa em Caxias do Sul depois de uma derrota para o Juventude.
Em 2000, devido a atrasos no pagamento de salários, e a dívida do Flamengo com ele, Romário se transferiu para o Vasco. Nesse mesmo ano foi campeão da Copa Mercosul, numa final inesquecível contra o Palmeiras, que vencia por 3 x 0 e não conseguiu conter a reação vascaína, que virou para 4 x 3. Ele marcou 3 gols. Depois ajudou o Vasco a vencer a Copa João Havelange, em final contra o São Caetano.
Em 2002, Romário foi para o Fluminense, que festejava o centenário. Suas boas atuações no tricolor recomendavam a convocação para o Mundial do Japão/Coréia. Embora a pressão da imprensa, o técnico Luis Felipe Scolari não o convocou. Romário ficou nas Laranjeiras até 2005, quando retornou ao Vasco da Gama. Romário novamente surpreendeu, sagrando-se um dos artilheiros do Campeonato Carioca.
Em 27 de abril, Romário fez o jogo de despedida da Seleção, na comemoração dos 40 anos da Rede Globo. Foi um amistoso no Pacaembu, em São Paulo contra a Guatemala, em que ele jogou 38 minutos e marcou um dos gols da vitória brasileira de 3 X 0. Em 2005 foi artilheiro do Campeonato Brasileiro com 22 gols.
Em março de 2006, Romário foi para o Miami FC, dos Estados Unidos, time filiado a uma liga secundária. Sem fazer boas atuações, voltou ao Brasil e foi impedido de jogar o campeonato mineiro pelo Tupi Football Club de Juiz de Fora. Isso fez com que aceitasse jogar pela equipe australiana do Adelaide United.
No retorno ao Brasil, novamente o endereço do Vasco. No dia 20 de maio de 2007, em São Januário, ele fez seu milésimo gol num jogo contra o Sport Club do Recife, de pênalti, assim como havia feito Pelé. O feito mereceu uma estátua de bronze, atrás da mesma baliza do milésimo gol, inaugurada em 19 de agosto do ano passado, no jogo Vasco da Gama X América (RN).
Romário ainda tentou começar a carreira de técnico, mas desistiu logo em seguida. No dia 6 de fevereiro, no jogo válido pelo Campeonato Carioca de 2007, pediu demissão do cargo, por interferência do presidente Eurico Miranda, que mandou escalar o atacante Alan Kardec, para poder vendê-lo ao exterior. Romário havia optado por Abuda.
Em Fevereiro de 2008, o jogador anunciou que se aposentaria no dia 30 de Março. No dia 14 de Abril, em um evento realizado no Rio de Janeiro, organizado para o lançamento de um DVD sobre sua carreira, acabou oficializando sua aposentadoria do futebol, sem concretizar o maior desejo de seu pai, que era vê-lo vestir a camisa do América.
Romário nasceu em Jacarezinho, bairro do Rio de Janeiro em 29 de janeiro de 1966. Foi o segundo maior artilheiro da Seleção Brasileira com 71 gols marcados e um dos maiores centroavantes brasileiros de todos os tempos. (Texto e pesquisa, Nilo Dias).
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