Quando a Football Association determinou em 1863, na Inglaterra, as modernas regras para o futebol, não existia o pênalti. Este, foi aparecer 27 anos depois, em 1890, inventado pelo goleiro irlandês William McCrum, durante um jogo válido pelo campeonato do condado de Armagh, na Irlanda do Norte. E assim mesmo só foi oficializado nas regras do futebol no dia 2 de junho de 1891, numa reunião da International Board em Glasgow (Escócia).
Nos primeiros tempos do futebol eram comuns as discussões para resolver o problema das faltas próximas das metas. Muitas vezes os jogadores chegavam a trocar socos. McGrum, que era dono de uma fábrica de tecidos e jogava como goleiro teve uma idéia genial para acabar com essas confusões. Num jogo de seu time, quando as discussões encaminhavam-se para briga, ele pegou a bola, contou 12 jardas, cerca de 11 metros, marcou com tinta branca, colocou a bola no local e sugeriu que um adversário e ele , debaixo do travessão, resolvessem a questão com um “direct free kick” sempre que houvesse um “foul” ou “hands” na grande área ou “the box”, a caixa.
Foi dessa forma que nasceu o pênalti, chamado inicialmente pelos irlandeses de “o chute da morte”. Nos primeiros tempos a falta máxima podia ser cobrada de qualquer ponto, desde que distante 11 metros da meta. Curiosamente, quem perdesse um pênalti ia preso, sem julgamento, pelo “crime” de incompetência. Se a regra valesse para os dias de hoje, os jogadores Edmundo e Zé Carlos, que recentemente ajudaram a eliminar seus times da Copa do Brasil, Vasco da Gama e Botafogo, respectivamente, estariam gozando “férias” atrás das grades.
Foi num jogo pela Copa da Inglaterra de 1891, entre as equipes do Notts County e Stoke City, que o pênalti começou a valer como regra. O Notts vencia por 1 a 0 e o seu zagueiro Henry desviou a trajetória da bola com a mão, dentro da área, evitando o gol do adversário. O árbitro marcou a falta, mas o goleiro do Notts ficou na frente da bola – isso era permitido - e defendeu a cobrança.
Os primeiros tempos do pênalti não foram fáceis. Sob o argumento de que o futebol era um esporte para cavalheiros, a nova regra foi bastante criticada pelos jornalistas, principalmente ingleses que chamavam a falta de “pena de morte” para os goleiros. Alguns times ingleses negavam-se a aceitar a regra. Foi o caso dos goleiros do Corinthians Team, por exemplo, que se encostavam na trave, deixando o gol completamente aberto. Mas os adversários do Corinthians inglês também se recusavam a fazer um gol sem goleiro e chutavam a bola de propósito para fora.
Com o passar dos anos a regra foi totalmente aceita e o pênalti passou a ser tratado como uma jogada normal do futebol. Em 1988, a cidade de Milford, no condado de Armagh, terra natal do goleiro McCrum homenageou o inventor do pênalti com um busto e uma placa informativa, com o referendo da Footbal Association Board.
Por conta disso, houve uma última alteração na regra das penalidades. Os goleiros, que antes podiam se adiantar até seis jardas, passaram a ser obrigados a permanecer sobre a linha até o momento do tiro livre. O pênalti é a única infração no futebol que deve ser cobrada mesmo depois de encerrado o tempo de uma partida.
Para a cobrança de um pênalti a bola é colocada na chamada “marca fatal” e dentro da área só é permitida a presença do cobrador e do goleiro, que deve ficar na sua linha de meta, só podendo se deslocar para os lados, nunca para frente. Qualquer contravenção a essas regras será punida com a repetição da cobrança. O cobrador deve bater diretamente para frente, e não poderá tocar novamente na bola antes que outro o faça. A bola será considerada em jogo assim que percorrer uma distância igual à sua circunferência, e o gol valerá mesmo que o goleiro a toque antes de ultrapassar a linha de meta.
Para toda infração a estas regras haverá uma penalidade. Se for cometida pela equipe defensora, será repetida a cobrança do pênalti, caso este não resulte em gol; cometida por um atacante, que não o mesmo que cobrou o pênalti, resultará em anulação de um eventual gol e na repetição da cobrança; se o infrator for o mesmo que cobrou o pênalti, e o fizer depois que a bola estiver em jogo, será marcado um tiro livre indireto a favor da equipe adversária.
Após a cobrança o jogo prosseguirá normalmente, o que significa que se o goleiro espalmar a bola para longe da meta, os demais jogadores, que esperavam atrás da linha de chute, podem continuar a jogar e insistir no remate.
As decisões de jogos por cobranças de pênaltis são previstas em algumas competições futebolísticas. Quando isso ocorrer, serão cobradas cinco séries de pênaltis, uma para cada time, e depois, se não houver vencedor, novas séries de uma cobrança para cada lado, até que um deles seja o vitorioso. Somente poderão cobrar pênaltis jogadores que estejam atuando na partida. Atletas expulsos não podem ser relacionados. Durante as cobranças os jogadores de ambas as equipes devem ficar no círculo central, com exceção dos goleiros, que podem esperar pelas cobranças na grande área.
O pênalti pode ser cobrado em dois toques, desde que a bola seja rolada para frente e o segundo jogador a tocar nela esteja fora da área no momento da cobrança. No caso de decisão de resultado por pênaltis, isso não é permitido. O mesmo acontece se a bola bater na trave e depois no goleiro. A partir do momento que a bola estiver em uma trajetória de retorno do gol o lance está encerrado. Se fosse válido, a bola poderia acidentalmente voltar, acertar sem querer a cabeça do cobrador e entrar no gol. Durante o transcorrer do jogo, o lance é válido, mas nas decisões por pênaltis esse gol não deve ser validado.
Além do tradicional futebol de campo, a regra do pênalti é aplicada na maioria das outras modalidades de futebol, tais como futsal, futebol de salão, futebol society, etc. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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