A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) suspendeu o jogador Rodrigo Souto, do Santos F.C. que foi pego com vestígios de cocaína, no exame antidoping realizado após o jogo da Copa Libertadores da América entre San José e Santos, realizado em Oruro, na Bolívia, no último dia 17 de março. O primeiro exame e contraprova acusaram a presença da substância benzoilecgonina, metabólico primário da cocaína.
Por enquanto a punição só é válida para jogos promovidos pela entidade, mas é bem possível que ela seja ampliada a toda e qualquer competição. A punição está valendo desde o dia 20 de junho, quando foi realizado o segundo exame (contraprova), em um laboratório do Rio. O processo será encaminhado a FIFA, que deverá julgar a conveniência de recomendar a CBF que também aplique uma suspensão ao atleta.
Rodrigo Souto alegou inocência, mas admitiu ter ingerido líquido e comido "alguma coisa" no hotel de Oruro, onde o Santos estava concentrado para o jogo contra o San José, insinuando que poderia ter sido vítima de sabotagem. O clube paulista pretendia equilibrar suas debilitadas finanças com a venda do jogador para o Lokomotiv, de Moscou, por cerca de seis milhões de Euros. Mas com a acusação de doping, parece que o negócio não sai mais.
Com o caso Rodrigo Souto, a questão do doping volta com força à tona. E com ele a discussão: será que os exames realizados são realmente confiáveis? A pergunta é de difícil resposta, ainda mais depois que se soube que o jogador Marion Jones ao longo da sua carreira, passou por mais de 160 exames antidoping e nada foi encontrado. O próprio jogador admitiu que usou e abusou do doping durante vários anos. Ele usou esteróides, hormônio de crescimento, insulina e até eritropoietina, substâncias com efeitos dopantes a longo prazo e que figuram no grupo de produtos mais procurados pelas autoridades antidoping, fora ou durante competições esportivas.
Espantoso também é o caso do atacante Jardel, ex-Vasco, Grêmio, F.C. do Porto e Sporting, que acaba de confessar que se tornou dependente de cocaína, uma substância que sempre foi proibida no esporte, mas que nos últimos tempos vem se tornando um problema de difícil solução entre os jogadores. Jardel disse que consumiu cocaína apenas nos períodos de férias e nunca durante competições. Se um futebolista usar cocaína após um jogo de fim-de-semana ou no dia de folga, só se jogar no meio da semana e for sorteado para o controle é que poderá ser apanhado.
A cocaína produz efeitos de curta duração, que dão a sensação de hiper-estimulação, redução da fadiga e clarividência mental. É um estimulante forte e provavelmente o agente que mais vicia, segundo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) num documento publicado no seu site. O problema é que o uso de cocaína só é proibido durante competições. Mesmo que a droga seja detectada em amostras recolhidas em outras circunstâncias, legalmente nada pode ser feito. Mesma situação para os canabinóides, que são despistados ao mesmo tempo que os anabolizantes: se não forem detectados anabolizantes, as análises devem ser declaradas negativas e os resultados não podem ser comunicados a terceiros, nem por motivos pedagógicos.
O caso mais famoso de doping aconteceu na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos e envolveu o craque argentino Diego Maradona. O jogador já tinha se envolvido com drogas, quando atuava pelo Napoli (Itália). Dessa vez, a substância encontrada na urina do atleta foi “Ephedrina”. Por isso a FIFA o puniu com um ano de suspensão.
No Campeonato Brasileiro do ano passado o jogador Dodô, então no Botafogo foi flagrado no exame antidoping, com a substância “Femproporex”, depois de um jogo contra o Vasco. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu Dodô com 120 dias de suspensão, mas em novo julgamento foi absolvido. O Comitê Antidoping da FIFA julgou o atleta no mês passado e até agora ainda não foi revelado o resultado, que poderá custar dois anos de suspensão ao agora jogador do Fluminense.
Ainda no ano passado o atacante Romário, do Vasco e o lateral Marcão, do Internacional, estiveram envolvidos em casos de uso de substâncias proibidas. Ambos valiam-se de um tônico capilar, para combater a queda de cabelos, porém o STJD entendeu que a droga garantia um rendimento extra dentro de campo.Romário foi absolvido e Marcão teve a pena de 120 dias reduzida em 29 dias.
Nem mesmo a Seleção Brasileira escapou de uma suspeita de doping. Foi durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, quando o goleiro Zeti foi flagrado no exame antidoping, após um jogo contra a Bolívia. O jogador se defendeu dizendo ter tomado um chá de coca servido no hotel onde a delegação brasileira estava concentrada e acabou sendo absolvido.
O primeiro caso de doping conhecido no futebol brasileiro, aconteceu em 1973, envolvendo o jogador Campos, centroavante do Atlético Mineiro em jogo pelo Campeonato Brasileiro contra o Vasco da Gama. Campos, no jogo anterior contra o mesmo Vasco sofreu um choque e ao cair perdeu três dentes, por isso tomou antibióticos e antiinflamatórios, mas o departamento médico do Atlético não informou a CBD. O jogador foi punido, injustamente.
Que se preparem os jogadores: vem aí medidas mais fortes apregoadas pelas agências fiscalizadoras, que levantam a hipótese de proibir até o uso de Viagra. A Agência Mundial Antidoping (WADA), garante que o medicamento, além de melhorar o rendimento sexual, também melhora a performance do atleta, por estimular a circulação sanguínea. (Texto e pesquisa: Nilo Dias).
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