Nossos eternos rivais são os argentinos. Em qualquer coisa. É uma disputa histórica que vai muito além do que se pensa. É a liderança do continente que está em constante jogo. A balança econômica ora pende para cá, ora para lá. Em meio a tudo isso uma paixão que iguala os dois povos: o futebol. E aí reside a “mãe” de todas as rivalidades. Nem com os ingleses e a questão das Ilhas Malvinas, os argentinos duelam com tanto ardor. Talvez por terem sido dos mais aplicados discípulos dos inventores do futebol em todo o mundo.
A “Associación de Fútbol Argentino” (AFA) é a mais antiga da América do Sul e a oitava no mundo. Fundada em 21 de fevereiro de 1893, foi a primeira entidade futebolística do Continente a filiar-se a FIFA, em 1912. Nesses 115 anos de existência a AFA colecionou títulos da maior importância: a Seleção Nacional da Argentina ganhou os Mundiais de 1978 e 1986 e foi vice-campeã em 1930 e 1990.
Mostrou muita força nas Olimpíadas, ao ser Medalha de Ouro em 2004 e Prata em 1928 e 1996, além de conquistar 14 campeonatos Sul-Americanos. No seu acervo estão os troféus de mais de 100 torneios internacionais. Nas categorias de base, também um sem fim de títulos: 5 campeonatos mundiais “Sub 20” (1979, 95, 97, 2001 e 2005); 2 Torneios “Esperanzas de Toulón” (1975 e 98); 4 campeonatos Sul-Americanos “Sub 20/21” (1967, 97, 99 e 2003); 2 campeonatos Sul-Americanos “Sub 16/17” (1985 e 2003); 3 Torneios “Pré-Olímpicos” (1960, 64, 80 e 2004); 2 Jogos “Odesur” (1982 e 86) e 6 campeonatos Pan-Americanos (1951, 55, 59, 71, 95 e 2003).
O futebol argentino é hoje considerado um dos melhores do planeta. Os grandes clubes do mundo inteiro contam em seus plantéis com pelo menos um jogador argentino. A Seleção Nacional sempre ocupa as primeiras posições no ranking da FIFA.
A exemplo do que aconteceu no Brasil, o futebol chegou a Argentina por intermédio dos ingleses que vieram trabalhar, principalmente na construção de ferrovias. Na busca de uma vida melhor para seus familiares, criaram colônias e muitos colégios para a educação de seus filhos. E trouxeram nas bagagens, para o lazer, como diz a história "una vejiga de vaca como pelota y un par de piedras para demarcar los arcos”.
Um grupo de sócios do “Buenos Aires Cricket Club”, liderados pelos irmãos Thomas e James Hogg através de um edital publicado no jornal “The Standard”, no início de maio de 1867, convocaram os demais associados para uma reunião visando a prática e propagação do futebol.
O passo seguinte foi a fundação em 9 do mesmo mês do “Buenos Aires Football Club” e a organização de dois times: “Colorados” e “Blancos”. O primeiro jogo de futebol acontecido em solo argentino foi no dia 20 de junho de 1867, nos Bosques do Palermo, em Buenos Aires, próximo de onde hoje se encontra o Planetário. Os “Colorados” ganharam por 4 x 0, em uma partida que se iniciou às 12h30min e terminou às 14h30min. Thomas Hogg, eufórico, disse: "Esse é o maior passatempo, o mais fácil e mais barato para a juventude da classe média e para o povo". Mas na verdade durante muitos anos só jogavam futebol os ingleses e os clubes exclusivos da colônia.
Mas o grande impulso dado ao novo esporte, na Argentina, aconteceu quando da chegada de mais de 500 mil imigrantes ao país, entre os anos de 1880 e 1882. Entre eles estava o professor escocês graduado em Humanidades na Universidade de Edimburgo, Alejandro Watson Hutton, nascido em Glasgow, que desembarcou no porto de Buenos Aires em 1882, trazendo algumas bolas de futebol e "infladores".
Contratado para trabalhar no “Colégio Saint Andrew”, ali implantou a prática desportiva e cultural, fazendo com que os alunos se interessassem pelo futebol. Por causa disso, a relação entre Hutton e a direção da escola não era boa e foi obrigado a pedir demissão e fundou a "English High School", que deu origem ao mítico clube "Alumni".
O primeiro campeonato de futebol realizado na Argentina aconteceu no ano de 1891, com a participação apenas de clubes de Buenos Aires e foi organizado pela "Argentine Association Football League", presidida pelo senhor F.L. Wooley, com validade nacional. O “Saint Andrew’School” foi campeão. Além dele participaram do certame as equipes do “Buenos Aires Football Club”, “Buenos Aires al Rosario Railway”, “Old Caledonians”,”Belgrano Football Club” e “Hurlingham Football Club”. Essa liga teve pouca duração, pois o “Quilmes Rowers”, o mais importante clube daquela época e principal impulsor do esporte no vizinho país, não lhe deu apoio.
O clube foi fundado pelo professor Alejandro Watson Hutton, considerado "El Padre del Fútbol Argentino", que em 21 de fevereiro de 1893 também fundou uma nova "The Argentine Association Football League" (o mesmo nome da anterior), tendo como primeiros filiados o “Quilmes Athletic Club”, “Caledonian's”, “Saint Andrews”, “English High School”, “Lomas” e “Flores”. No mesmo ano foi disputado um campeonato que teve como campeão a equipe do “Lomas Athletic”.
Com a popularidade cada vez maior do futebol no país, muitos novos clubes surgiram e uma Liga Amadora foi fundada. Como o número de atletas aumentou desproporcionalmente, os clubes criaram os segundos quadros, o que originou muitas controvérsias. Por causa disso, entre 1912 e 1914 e entre 1929 e 1926 foram disputados campeonatos paralelos. Em 1926 houve a pacificação com a fusão das ligas, dando origem a "Associación Amateurs Argentina de Football".
Mas a nova associação não prosperou. Tanto que, em 10 de maio de 1931, uma nova reunião foi realizada, com a presença de representantes dos clubes "Atlanta”, “Boca Juniors”, “Chacarita Juniors”, “Estudiantes” de La Plata, “Huracán”, “Independiente”, “Platense”, “Quilmes”, “Lanús”, “Racing”, “River Plate”, “Tigre”, “Vélez Sarfield”, “Talleres”, “San Lorenzo” de Almagro, “Argentinos Juniors” e “Ferro Carril Oeste”", para fundação da “Liga Argentina de Football”.
Com a implantação do profissionalismo no futebol argentino, em 31 de maio de 1931, com a anuência de 18 clubes foi preciso reestruturar administrativamente a entidade maior, que passou a se chamar "Associación del Fútbol Argentino", nome que resiste até os dias de hoje. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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