O artigo de hoje não é nenhum conto de “As Mil e uma Noites”, uma coletânea de fascinantes histórias inventadas e preservadas na tradição oral pelos povos da Pérsia e da Índia e que se tornaram célebres no mundo inteiro, pela pena do professor, educador, pedagogo, escritor e conferencista brasileiro Júlio César de Mello e Souza, nascido no Rio de Janeiro em 6 de maio de 1895, que se valia do pseudônimo Malba Tahan, para assinar suas obras.
Mas bem que poderia ser. O mundo do futebol acaba de conhecer um novo, rico, poderoso e surpreendente personagem, Sulaiman Al Fahim, um homem de negócios de Dubai, membro da família real de Abu Dhabi e representante do fundo de investimento Abu Dhabi United Group (ADUG), que comprou o tradicional clube inglês Manchester City por 245 milhões de euros, duas vezes e meia o montante pago pelo ex-primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra, há um ano. Este permanecerá como presidente honorário, sem qualquer responsabilidade administrativa.
Aos 31 anos, Sulaiman Al Fahim, que estudou nos Estados Unidos e se especializou em gestão de bens imobiliários, já conta com uma fortuna colossal. E foi justamente no mercado imobiliário que consolidou sua riqueza, a frente do grupo “Hydra Properties”, construtor de vários complexos hoteleiros de luxo e com participação em diversos conselhos de administração de empresas dos mercados imobiliário e financeiro. De acordo com a revista “Arabian Business”, Al Fahim é hoje a décima sexta personalidade árabe mais influente. É presença assídua em Hollywood, onde gosta de ser fotografado ao lado de estrelas do cinema.
Por ser dono de um programa televisivo e face à semelhança do seu realty show com o “The Apprentice”, do multimilionário norteamericano, o dono do Manchester City já foi apelidado pela imprensa britânica de o “Donald Trump” do Golfo Pérsico, que chegou para ameaçar a liderança dos “Big Four”, os quatro grandes clubes ingleses: Manchester United, Chelsea, Liverpool e Arsenal.
Sulaiman Al Fahim sempre gostou de esportes. É o atual presidente da Federação de Xadrez dos Emirados e membro de honra do clube de futebol Al-Ain. Além disso, sua empresa, a “Hydra Properties” pretende construir uma academia de futebol nos Emirados, em parceria com a Inter de Milão.
O rei do deserto não está para brincadeiras, com sua fortuna a engrossar nas areias e nos mercados de capitais. Tem “chumbo grosso”, como diz o ditado para aplicar no Manchester City e torná-lo o mais forte clube da “Premier League”. A compra do atacante brasileiro Robinho, pela fortuna de 32,5 milhões de libras (42 milhões de euros), cerca de R$ 90 milhões, já deixou os adversários em posição de alerta. O ex-atacante do Santos, que não queria mais saber do Real Madrid, da Espanha, transformou-se da noite para o dia no jogador com o maior salário no mundo do futebol, 160.000 libras por semana (cerca de 211.000 euros).
Se alguém acha que é muito, está enganado. Os novos proprietários do City ambicionam muito mais, e querem o principal jogador do rival Manchester United, o craque português Cristiano Ronaldo, por quem estão dispostos a desembolsar a astronômica quantia de 135 milhões de libras (cerca de 178 milhões de euros). É voz corrente que o bilionário árabe é dono de uma fortuna 10 vezes maior que o patrimônio do russo Roman Arkadyevich Abramovich, proprietário do Chelsea. Com tamanho argumento no bolso, quem sabe em janeiro, quando reabrir o período de transferências, Cristiano Ronaldo não esteja vestindo uma nova camisa.
Na lista de compras do magnata estão ainda nomes como Fernando Torres (Liverpool), Fabregas (Arsenal), Ronaldo (ex-Milan), Messi e Henry (Barcelona), Kaká (Milan), David Villa (Valência), Mário Gomes (Estugarda) e Berbatov (Manchester United). No atual elenco do time da cidade de Manchester jogam, além de Robinho, outros três brasileiros: o zagueiro Glauber, o meio campista Elano e o atacante Jô.
O Manchester City FC foi fundado no ano de 1800, na cidade de Manchester, com o nome de West Gorton Saint Marks. Em 1887 mudou a denominação para Ardwick FC e finalmente Manchester City FC em 1894. Seu estádio é o City of Manchester Stadium, com capacidade para 47.726, que substituiu o anterior Maine Road, que antes de ser demolido, comportava menos de 40 mil torcedores. O atual estádio foi construído para os Jogos Olímpicos de 2000, mas a cidade perdeu a disputa com Sydney. Foi utilizado posteriormente nos Jogos da Commonwealth de 2002 e cedido ao Manchester City.
Além de ter conquistado duas vezes o Campeonato Inglês (1936/1937 e 1967/1968) , o Manchester City foi campeão da Copa da Inglaterra em quatro ocasiões (1903/1904, 1933/1934, 1955/1956 e 1968/1969), da Copa da Liga duas vezes (1969/1970 e 1975/1976, sua última conquista), da Supercopa da Inglaterra três vezes (1937, 1968 e 1972). No âmbito internacional foi campeão da Recopa Européia (1969/1970).
O Manchester City já enfrentou um time brasileiro. Foi no Troféu Joan Gamper de 1982, quando perdeu para o S.C. Internacional, de Porto Alegre, por 3 X 1. o clube gaúcho sagrou-se campeão da competição.
Que se preparem os torcedores ingleses. É bem provável que breve outro tradicional clube inglês siga os passos do Manchester City. Com dinheiro sobrando e em falta de melhores aplicações, os fundos soberanos de Dubai a um ano tentam comprar o Liverpool. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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