Hoje está fazendo um ano que aconteceu uma das maiores tragédias do futebol brasileiro em todos os tempos. O desabamento de parte da arquibancada do Estádio da Fonte Nova, em Salvador, no dia 25 de novembro de 2007, aos 43 minutos do segundo tempo do jogo Bahia X Vila Nova, válido pela Série C do Campeonato Brasileiro causou a morte de sete torcedores e deixou outros 87 feridos. Meses antes, um estudo feito por engenheiros dava o Estádio Octávio Mangabeira como o pior do Brasil.
Esta foi a segunda maior tragédia futebolística brasileira que se tem registro, ficando atrás somente do desastre no Albertão (Piauí), em 1973, onde oito pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas, segundo números oficiais.
Até agora ninguém foi responsabilizado pelo ocorrido, embora a Polícia Civil tenha indiciado cinco pessoas por homicídio doloso (sem intenção de matar). Desses, a Justiça acatou apenas dois nomes, Raimundo Nonato Tavares, o ex-jogador Bobô, diretor da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia, que administrava o estádio, e o engenheiro Nilo Santos Júnior, à época funcionário do órgão. Mas não há previsão para julgamento.
O promotor Mauricio Cerqueira, responsável pela parte criminal do processo, não acredita na prisão de Bobô e de Nilo Santos. Na sua opinião a pena não deverá chegar a dois anos, e eles terão direito aos benefícios da lei, em caso de condenação.
O governo estadual aprovou uma lei para pagar pensão especial às famílias dos mortos. Por ela, o Estado terá que pagar aos beneficiários das três mulheres que morreram uma pensão até o 76º aniversário da vítima. Os herdeiros dos quatro homens mortos terão direito à pensão até o 68º aniversário do morto. Mas até agora somente duas famílias estão recebendo menos de R$ 500, o que é muito pouco. É o caso da mãe de Milena Vasques. Que morreu no acidente aos 27 anos e recebe uma pensão retroativa a dezembro de 2007, no valor de R$ 493,54 por mês. Já a mãe do torcedor Joselito Lima, morto aos 26 anos, ganha R$ 492,59. A CBF também pagou um seguro de R$ 25 mil para cada família das vítimas. Outras cinco famílias esperam que a Justiça defina quem são os herdeiros legais.
Logo após o acidente, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), anunciou que o Estádio da Fonte Nova seria demolido para que no mesmo local fosse construído um outro, inclusive para ser utilizado nos jogos da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Ao início deste ano, a conversa já era outra. O governador descartou a hipótese de demolição e anunciou uma reforma, ao custo inicial de R$ 230 milhões.
Inclusive já foi anunciada a proposta vencedora da licitação para a modelagem institucional, regime de gestão e operação do Estádio Octavio Mangabeira, popularmente chamado de Fonte Nova. Trata-se do consórcio liderado pela KPMG Structured S.A., que terá a responsabilidade de apresentar um estudo que atraia a iniciativa privada a realizar investimentos nas obras de recuperação e adequação da Fonte Nova para a Copa de 2014.
A KPMG vai se juntar à Setepla Tecnometal Engenharia, que em parceria com a alemã Shulitz + Partner irá remodelar o estádio. As obras no entorno da Fonte Nova ainda permanecem em análise pelo Grupo Técnico da Copa de 2014. O novo projeto arquitetônico vai se preocupar com as áreas vizinhas ao estádio, sobretudo com os três bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN): o Dique do Tororó, tombado desde 1959, o Colégio Anfrísia Santiago e o Convento do Desterro, desde 1938.
Além da KPMG, participaram do processo licitatório, as empresas Urplan Grupo de Planejamento, Urbanismo, Arquitetura LTDA, Ponto Z Arquitetura Paisagismo e Consultoria LTDA, Ernst & Young, Tecnosolo S.A. e a Setepla Tecnometal Engenharia LTDA, cuja proposta de estádio foi a aprovada pelo governo e anunciada no dia 29 de setembro deste ano.
Até o dia 15 de janeiro do ano que vem terá que ser apresentado o projeto básico de arquitetura e um estudo prévio de viabilidade econômica do empreendimento. Sabe-se que o projeto do estádio está inspirado no estádio da cidade alemã de Hannover, que abrigou partidas da Copa de 2006. Tanto a Fonte Nova quanto o estádio alemão, foram inaugurados na década de 1950, com base em projetos parecidos, e ambos passaram por grandes reformas na década de 1970 e tinham carências semelhantes na época da modernização. A reforma da AWD Arena custou 65 milhões de euros, aproximadamente R$ 180 milhões.
De acordo com a proposta, algumas características originais da Fonte Nova, como a forma de ferradura (um dos lados do estádio é aberto), serão mantidas. Além disso, um trecho do anel inferior também será modificado para deixar o público mais próximo do gramado. Já o trecho da arquibancada que ruiu, causando a morte de sete pessoas será destruído e reconstruído. Sobre ele, haverá uma membrana que envolverá todo o estádio, nos mesmos moldes da reforma feita em Hannover. O projeto prevê também a construção de três torres nos arredores do estádio para abrigar hotel, shopping-center, museu e centro de medicina esportiva, e a reforma do ginásio anexo.
A estimativa é que o novo estádio deva custar R$ 230 milhões e terá uma capacidade mínima de 55 mil torcedores, além de 36 camarotes, que serão corporativos, uma nova tribuna de honra e estacionamento vip na área interna.
O Cronograma para construção da nova Fonte Nova deverá ter por base estas datas: 15/01/2009 - Apresentação do projeto definitivo de reconstrução do estádio; 15/03/2009 - Escolha das sub-sedes da Copa do Mundo na Suíça; 30/07/2009 - Abertura do edital de licitação; 30/11/2009 - Conclusão do processo licitatório; 31/01/2010 - Início das obras; 2012 - Conclusão da reconstrução do estádio.
O Estádio Octávio Mangabeira (Fonte Nova) foi inaugurado no dia 28 de janeiro de 1951, com o jogo Botafogo (BA) 1 X 1 Guarany (BA). O primeiro gol foi obra do jogador Nelson (Botafogo-BA). O último jogo foi no dia 25 de novembro do ano passado, entre Bahia X Vila Nova (GO). O recorde de público (oficial) no estádio aconteceu no jogo Bahia 2 X 1 Fluminense, pelas semifinais do campeonato Brasileiro de 1988, quando 110.438 pagaram ingresso. O Bahia foi campeão brasileiro naquele ano.
Há quem diga que 120.000 pessoas estiveram na Fonte Nova no dia 4 de Março de 1971, numa rodada dupla: Bahia x Flamengo (RJ) e Vitória x Grêmio (RS), mas não existe comprovação de que isso seja verdade. Era o dia da reinauguração da Fonte Nova, após obras de ampliação. O público pagante oficial divulgado dois dias depois foi de 94.972 pessoas.
Além do futebol a Fonte Nova foi palco de outros eventos, como lutas de boxe, shows de artistas e bandas, dentre outros. Um dos maiores momentos foi a comemoração dos 10 anos da carreira de Ivete Sangalo. O show da cantora, com a participação de diversos artistas (Daniela Mercury, Gilberto Gil, Sandy & Junior, Margareth Menezes e Tatau), recebeu cerca de 80.000 pessoas e virou CD e DVD lançado pela MTV/Universal, o mais vendido da Indústria fonográfica mundial em 2005. (Pesquisa: Nilo Dias)
Projeto do novo Estádio da Fonte Nova (Foto: Governo do Estado da Bahia)
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