O 20 de setembro é uma data importante não só para os gaúchos, que festejam as façanhas da Guerra dos Farrapos, mas também para os catarinenses da cidade de Ibirama, que comemoram a passagem dos 60 anos de fundação de uma de suas maiores entidades esportivas, o Clube Atlético Hermann Aichinger.
O clube nasceu em 20 de setembro de 1951, sucedendo a Sociedade Desportiva Industrial, fundada em 1944 e que há três anos paralisara às atividades.
A reunião que decidiu pela criação do novo clube aconteceu no bar de Geraldo Stoll, um dos fundadores, com a presença de Walter Nagel, Fritz Francke, Leopoldo de Souza, Wiegand Scheidemantel, Alberto Lessa, Fides Pettersen, Clemente Pettersen, Olimpio Lessa, Paulo Lippmann, Cuno Stoll, Waldemar Brandl, Engelbert Schaefer, Haroldo Lucas, Curt Stoll, Udo Iuwert, Enio Deeke, Geraldo Stoll, Luciano Patricio, Egon Stoll, Jorge Lucas Jr., Hercílio Lucas, Helmuth Arnold e Walfried Goebel.
Ao final da reunião foi decidido que Alberto Lessa seria o primeiro presidente. Ele foi responsável pela estruturação do clube e pela participação nos primeiros campeonatos, ainda como amador, sagrando-se diversas vezes campeão. As cores escolhidas para as camisas foram o vermelho e o branco.
Em 1955 disputou a segunda divisão da Liga Blumenauense de Desportos e também iniciou as obras para a construção de seu estádio. Em março desse ano foi adotado o nome atual, Clube Atlético Hermann Aichinger, em homenagem ao patrono do clube, Hermann Aichinger, que doou o terreno onde fica o atual estádio, conhecido popularmente como Estádio da Baixada.
Durante a década de 50 o clube disputou várias partidas amistosas contra agremiações como São Cristóvão (RJ), Novo Hamburgo (RS), Ferroviário (PR), Caxias (SC), América (SC) e Avaí (SC). Até os anos 80 permaneceu como amador, vivendo alguns períodos de inatividade em razão de dificuldades financeiras e falta de apoio da torcida e da cidade.
No fim dos aos 80, a situação começou a mudar, graças a política de investimento pesado nas categorias de base. O resultado positivo não demorou a aparecer, com a formação de bons jogadores que foram aproveitados no time de cima.
Em 1990 foi campeão da cidade invicto. Depois disputou o Campeonato Amador da Liga Vale Norte de Futebol. Em 1992 sagrou-se campeão estadual amador, alcançando aceso à segunda divisão profissional. Com o título ganhou o direito de representar Santa Catarina no Campeonato Sul Brasileiro de Futebol Amador, realizado em Curitiba. A Competição contou com equipes amadoras representando os Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Em 1993 se profissionalizou e participou pela primeira vez de uma competição oficial, sagrando-se campeão catarinense da 2ª divisão. Em 1994, o então e atual presidente Genésio Ayres Marchetti foi responsável pela maior obra de infra-estrutura no clube, com a construção da arquibancada coberta para mais de 2 mil pessoas, ampliação, drenagem e gramado novo no campo de futebol, visando a disputa do estadual da 1ª Divisão.
Dentro de campo, a equipe foi bem na elite do futebol catarinense, classificando-se em quarto lugar e vencendo por duas vezes o Criciúma, que estava no auge e contava com craques do naipe de Soares, Jairo Lenzi, Vilmar, Da Pinta, Alexandre, Sílvio Criciúma e outros. Em 1995, teve uma participação também boa, terminando entre os primeiros colocados.
Mas depois de passar por grave crise financeira, e de licenciar-se da Federação Catarinense de Futebol, passando a disputar apenas competições amadoras, sagrando-se campeão do Campeonato de Masters promovido pela Liga Vale Norte de Futebol no ano de 1999 e 3º colocado na categoria amador no mesmo ano. Retornou ao futebol profissional em 2001, quando foi novamente campeão catarinense da 2ª divisão, conquistando então o acesso à Série A.
Em 2002, esteve na chave principal do campeonato estadual, desempenho repetido em 2003 e melhorado em 2004, quando foi vice-campeão. Com isso, o time conquistou a vaga na Série C do Brasileiro, terminando entre os 16 melhores.
Em 2005, disputou duas competições nacionais, a Copa do Brasil e o Brasileiro da Série C, sem sucesso. Em 2006, disputou novamente o Catarinense e a Copa do Brasil e, em 2007, participou apenas do Estadual.
Em abril de 2010, o clube se licenciou novamente, por falta de recursos financeiros. Mas a volta aos gramados não demorou. Já neste ano de 2011 o clube está disputando o Campeonato Catarinense Divisão Especial 2011, equivalente a 2ª Divisão.
Os jogadores que se tornaram ídolos na história do clube nesses 60 anos foram muitos. Os mais lembrados são Sagüi, Alceleste Moser, Fanhô, Emílio Eberspächer, Sávio, Osmair, Treze, Valdir Dias, Nardella e Biro-Biro, que jogou durante várias temporadas com a camisa grená do clube, estando inclusive na formação de 2004 que participou da Série C do Brasileirão. Hoje em dia, o ex-meio-campista é um dos dirigentes da agremiação.
Mas foi recentemente que o clube revelou ao futebol brasileiro a sua jóia mais rara, Leandro Damião, grande artilheiro do futebol brasileiro neste ano de 2011, com 40 gols marcados pelo S.C. Internacional, de Porto Alegre.
O craque jogou na várzea em São Paulo até os 17 anos. Ao contrário da maioria dos jogadores, Damião não foi trabalhado em categorias de base. Em 2007, seu pai conseguiu um teste no Atlético, de Ibirama. Foi aprovado, e estreou antes de completar 18 anos.
No ano seguinte, teve uma breve passagem por empréstimo no XV de Outubro e no Marcílio Dias, onde disputou o Campeonato Brasileiro da Série C de 2008. E ao final do ano teve uma passagem relâmpago pela equipe do Cidade Azul. Mas a consagração veio no Campeonato Catarinense de 2009, quando vestiu novamente a camisa do Atlético de Ibirama, se tornando o artilheiro do time e chamando a atenção de outros clubes.
Em 2009, Leandro Damião teve 70% de seus direitos econômicos adquiridos pelo Internacional. Os outros 30% continuam com o clube catarinense. Na época que defendeu a equipe de Ibirama, o jogador era conhecido como Leandrão.
O Clube Atlético Hermann Aichinger é chamado por seus torcedores de “Fúria Atleticana”. A mascote é o “Capeta”. Com o estádio da Baixada sempre lotado e fervendo como um caldeirão, o “Capeta” foi definido como símbolo do clube em 1994. Vestido a caráter, ele entra em campo antes das duas equipes e circula com a mascote rival espetada em seu tridente.
O “Capeta” protagonizou uma situação inusitada em uma das partidas do clube. Certa vez, quando entrevistado por uma emissora de TV, a mascote não titubeou: “Se Deus quiser, vamos vencer o jogo”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Leandro Damião, o grande nome da história do Atlético, de Ibirama.
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