Eu vi muitos jogadores baterem pênaltis com perfeição. E entre eles cito Antônio Azambuja Nunes, o “Nico”, que atuou por muitos anos no F.B.C. Rio-Grandense, da cidade gaúcha de Rio Grande. Não tenho certeza de quantas penalidades máximas ele bateu em toda a sua carreira, sei que foram muitas. E errou apenas uma, e assim mesmo numa decisão por pênaltis contra o Gaúcho, de Passo Fundo em 1966, numa época em que o mesmo jogador era escalado para fazer todas as cobranças. Nos 90 minutos, balançou a rede, sempre.
Mas na história do futebol mundial houve um jogador também notável na cobrança de pênaltis, foi Matthew Paul Le Tissier, ou simplesmente Matt Le Tissier. Ele nasceu na paróquia de Saint Peter Port, na ilha de Guernsey, uma dependência da Coroa Britânica, que não faz parte do Reino Unido, no dia 14 de outubro de 1968. Com altura de 1.86 cm e 86 quilos, jogava como atacante.
Matthew Le Tissier marcou gols antológicos, sempre de uma impressionante beleza. Um meia-atacante habilidoso, com visão de jogo fantástica, que finalizava com uma precisão ímpar e tinha uma incrível capacidade de bater pênaltis – só errou um em toda sua carreira, a exemplo de “Nico”. Segundo ele, “nunca precisou correr muito, pois fazia a bola correr por ele”.
Foi o primeiro meia a ultrapassar a marca de 100 gols na “Premier League”. Foram 162, no total, em 443 partidas com a camisa do Southampton, um pequeno clube da Inglaterra. Embora cobiçado por todos os grandes clubes ingleses e também pelos estrangeiros, não quis deixar o seu clube de coração, rejeitando propostas mais vantajosas.
Tissier foi um craque como poucos, diferente daqueles que trocam de camisa de time da mesma forma que trocam de roupas. Dizem que certa ocasião, o habilidoso meio campista rasgou um contrato com o Tottenham e em outra esnobou uma proposta do Chelsea. Foi quando ganhou o apelido de “Le God”, que significa “O Deus”. No mundo do futebol, onde o dinheiro sempre fala mais alto, é cada vez mais difícil encontrar jogadores que coloquem o amor ao clube acima de qualquer coisa.
Meia-atacante, Le Tissier dispunha de excepcionais habilidades técnicas, tendo atuado toda sua carreira profissional pelo Southampton, onde se tornou o segundo maior goleador da história da equipe, atrás apenas de Mick Channon. Também ficou em segundo numa lista dos cinquenta maiores jogadores da história do Southampton criada pela revista “Times”, atrás do próprio Channon.
“Le God”, como era apelidado pela torcida dos “Saints”, foi o primeiro jogador nascido nas Ilhas do Canal, território britânico localizado na costa da França, a vestir a camisa do English Team. Foram apenas oito convocações para a seleção principal. Le Tissier nunca jogou uma Copa do Mundo, apesar de ter sido especulado como possível convocado em 1998.
Foram 16 anos de carreira dedicados ao Southampton. O segundo maior artilheiro da história do clube. No final da temporada 2001-2002, atrapalhado por seguidas lesões, se aposentou aos 33 anos, quando ainda tinha muito para mostrar.
O ano passado, o meia Xavi, do Barcelona, afirmou que Le Tissier foi um de seus ídolos de infância, pela maneira como enfileirava adversários sem precisar correr, “simplesmente passava entre eles”. Mas Xavi teve a “sorte” de ser criado em um clube espetacular, campeão de tudo o que já disputou, além de ter sido campeão mundial pela sua seleção. Le Tissier nunca teve isso. Para ele só o que importava era o amor ao clube.
Depois que deixou os gramados Le Tissier voltou a sua terra natal, onde preside a "Combined Counties Football League", o equivalente à Nona Divisão do futebol inglês. (Pesquisa: Nilo Dias)
Nenhum comentário:
Postar um comentário