O Riograndense Futebol Clube, de Santa Maria (RS) foi fundado em 7 de maio de 1912, por um grupo de ferroviários lotados nos diversos departamentos da então Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS). A reunião que culminou com a fundação do clube aconteceu na residência de Antônio G. Izaguirre e João Avancini, localizada à rua Garibaldi, na “Vila Familiar”, apartamento 2. Estiveram presentes os desportistas Álvaro Silva, Armando F. Barra, Manuel Martins de Oliveira, Jorge Jung Filho, João Baptista Bolli e Afonso Togni, além, é claro, dos donos da casa.
O nome Riograndense Foot Ball Clube foi aprovado por aclamação. A primeira Diretoria do Riograndense foi formada por Álvaro Silva (Presidente); João Baptista Bolli (Vice-Presidente); Aristeu Midão (secretário); Armando F. Barra (Tesoureiro); Antônio Silva (Orador); Jorge Kuh Filho (Porta-Estandarte);Afonso Togni (Capitão-Geral) e João Baptista Lauda (Guarda-Esporte).
A primeira providência da Diretoria foi abrir uma lista para angariar sócios, ficando acertado que a mensalidade seria de um mil réis. E todos os que se associassem até 30 de maio, seriam considerados sócios fundadores, ficando isentos da joia de cinco mil réis. Depois foram acertadas as cores e por decisão unânime foi aceita a sugestão de Antonio Izaguirre, de vermelha e branca. Em 30 de março de 1914, em Assembléia Geral as cores foram mudadas para as atuais vermelha e verde.
Da fundação até o primeiro jogo passaram-se alguns meses. A primeira vez que o Riograndense entrou em campo foi no dia 13 de outubro de 1912, no campo do Prado, onde hoje se localiza o Colégio Cylon Rosa, com derrota de 2 X 0 para o Santa Maria F.C., time que havia sido fundado em 3 de agosto de 1911.
O Riograndense mandou a campo Izaguirre – Togni II e Guglieri – Martins – Haupt e Peres – Falcão – Avancini – Togni I – Silva (capitão) e Oliveira. O Santa Maria jogou com Cadermatori – Caldas e Julot – Cunha – Petruci e Aurélio (capitão) – Ricardo – Macedo – Gomes - Gastal e Mellan.
Naqueles áureos tempos o futebol era uma festa. Tanto é verdade que a delegação do Riograndense saiu de sua sede, que se localizava na antiga rua Nova, acompanhada da Banda Musical Lyra Popular. Os dois times se encontraram no Café Familiar, situado à Rua do Comércio, e juntos se encaminharam até o local da pugna.
Depois do jogo o presidente do Santa Maria, Coriolano Camboim convidou o pessoal do Riograndense a tomar “um copo d’água”, o que foi aceito, sendo levantados brindes de parte a parte. Depois, incorporados e puxados pela Banda Lyra popular, dirigiram-se para a cidade, dois a dois, braços dados até o Café Central, onde dissolveram entre vivas.
O segundo jogo do Riograndense foi contra o Grêmio Ginasial, com nova derrota e pelo mesmo escore, 2 X 0. A primeira vitória só aconteceu no dia 25 de maio de 1913, quando o Riograndense derrotou o Grêmio Ginasial por 2 X 0. O autor do primeiro gol do Riograndense, não é conhecido.
O primeiro jogo oficial da história do clube aconteceu no dia 13 de agosto de 1913, pelo campeonato da cidade. O Riograndense goleou o S.C. Guarani por 5 X 1. O campeonato não terminou, porque a Liga foi dissolvida. Ainda assim o Riograndense foi aclamado campeão, junto com o XV de Novembro, conquistando seu primeiro título.
A melhor colocação do Riograndense no Campeonato Gaúcho aconteceu em 1921, quando perdeu o título para o Grêmio, depois de ter eliminado os seus adversários na 3ª Região: Cachoeira F.C. (5 X 0), Guarani de Cruz Alta (1 X 0), o 7 de Setembro de Tupaciretã (4 X 1). As finais foram disputadas na antiga Baixada dos Moinhos de Vento, em Porto Alegre, com os seguintes clubes participantes:
G.S. Brasil, de Pelotas, campeão da Região Sul; Grêmio Portoalegrense, campeão da Região Metropolitana; E.C. Uruguaiana, campeão da Região Fronteira e Riograndense F.C., de Santa Maria, campeão da Região Serra.
Os jogos tiveram estes resultados: Grêmio 1 X 0 Riograndense. O time santamariense jogou com Marcelino – Lino e Corrêa – Tealdo – Laud e Ginitz – Salles – Willy – Lobo – Mosquito e Marques. Brasil 1 X 0 Uruguaiana; Riograndense 4 X 1 Uruguaiana; Grêmio 1 X 1 Brasil; Riograndense 2 X 1 Brasil e Grêmio 1 X 0 Uruguaiana. O Grêmio foi campeão gaúcho pela primeira vez. O Riograndense foi vice.
A primeira partida internacional em Santa Maria ocorreu no dia 29 de julho de 1931, oportunidade em que o Riograndense derrotou o Olympia, do Uruguai por 1 X 0. O time santamariense jogou com Tatú – Faéco e Osório – Ratão – Pedroso e Marques – Canjica – Zeca – Lobo – Mário Bica e Geada.
O Estádio dos Eucaliptos, foi inaugurado no dia 14 de julho de 1935, num jogo amistoso em que o Internacional, de Porto Alegre goleou o Riograndense por 7 X 1. Detalhe curioso, é que a bola usada no jogo foi lançada de um avião 14-bis, que sobrevoava o estádio.
Um feito que até hoje é lembrado pelos torcedores do Riograndense ocorreu em 1958, quando em partida amistosa derrotou o Botafogo de Garrincha e Quarentinha, pelo placar de 2 X 1.
Um fato histórico e que mostra a força da agremiação rubroverde santamariense, aconteceu em 1964, quando torcedores lotaram 25 vagões, para assistir a um jogo decisivo onde o Riograndense venceu o Nacional, em Cruz Alta, por 2 X 0, com gols de David e Jairo.
Durante muitos anos os atletas do Riograndense eram funcionários da rede ferroviária, mas a decadência dos trens a partir da década de 60 quase levou o clube a fechar na década de 80. Foi a vontade de um grupo de dirigentes e torcedores que fizeram o clube a voltar às atividades no final da década de 90 e, em 2003, retornou à "Segundona".
O maior rival do Riograndense é o Esporte Clube Internacional, da mesma cidade, com quem faz o clássico "Rio-Nal". O Riograndense perdeu pela primeira vez para o Interncional, no dia 12 de maio de 1940. O colorado venceu por 1 x 0, gol marcado por Navalha. O maior artilheiro no clássico é David (Riograndense), 27 gols em 21 jogos. A maior goleada no clássico foi Riograndense 10 x 2 Internacional.
O Riograndense foi campeão municipal de Santa Maria em 27 oportunidades: 1913, 1918, 1919, 1920, 1921, 1922, 1923, 1924, 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931, 1932, 1933, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1941, 1943, 1947, 1948 e 1952. Campeão Gaúcho da 2ª Divisão: 1978 e Vice-Campeão Gaúcho da 3ª Divisão: 2003. Em 1978 o atacante Guinga, foi artilheiro do Campeonato Gaúcho da Série B, com 23 gols.
No Carnaval santamariense deste ano, a Escola de Samba Unidos do Itaimbé, homenageou o centenário do Riograndense Futebol Clube, conhecido como “Periquito”, por ter o verde como cor predominante. A agremiação, que tem como símbolo um leão, apresentou o samba enredo “Riograndense Futebol Clube: 100 anos de Paixão No Coração do Rio Grande”. Pesquisa: Nilo Dias)
Grande Nilo!!
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