O Nepal está situado na Ásia Meridional, limita com a República Popular da China e com a União Indiana. Seu território estende-se ao longo de 140.798 quilômetros quadrados, é muito íngreme e mais da metade do norte do país está encravado nos cumes mais altos do Himalaia como o Everest, com 8.840 metros de altitude, o Kinchinjuga, 8.585 m, o Makalu, 8.472 m e o Dhaulagiri, 8.170 m entre outros.
Os nepaleses são muito gentis, sorridentes, simpáticos e conversadores. O ritmo de vida é muito mais lento mesmo na agitada Katmandu, capital do país, situada a 1400 metros de altitude e encaixada no fundo de um vale entre quatro montanhas. Ao visitar o Nepal o turista terá muitas chances de entrar em contato com os nepaleses e eles terão a maior satisfação em falar sobre o país, os festivais, a religião ou sobre futebol.
Os nepaleses adoram futebol e sua Seleção representa o país nas competições oficiais da FIFA. A equipe é controlada pela All Nepal Football Association, fundada em 1951 e filiada à FIFA em 1972. Ainda sem expressão no continente asiático, nunca disputou a fase final da Copa da Ásia. Mesmo assim o futebol é o esporte mais popular no Nepal.
A Seleção manda seus jogos no “Dashrath Stadium”, mais popularmente conhecido como “Dashrath Rangashala”. O Estádio foi inaugurado em 1956 e tem capacidade para quase 18.000 pessoas.
O “Dashrath Stadium” está localizado na Tripureshwor de Kathmandu. Todos os grandes eventos desportivos, futebol em particular, são realizados nele, como também grandes eventos musicais. Bandas locais como “1974AD” e “Bajracharya Deepak“ se apresentaram lá, em passado recente. Em 19 de fevereiro de 2010, o cantor canadense Bryan Adams fez um show no estádio.
A seleção nepalesa de futebol é dirigida atualmente pelo técnico indiano Shyam Thapa, que comandou grandes times de seu país, especialmente o East Bengal e a seleção da Índia na década de 1970, chegando à terceira colocação na Copa da Ásia. Thapa chegou no começo de 2007 ao Nepal, com o objetivo de preparar a seleção nepalesa para um plano audacioso: classificar o time para a Copa de 2014.
A missão não será evidentemente fácil para uma seleção praticamente amadora, mas que conta com a paixão de sua torcida e alguns jogadores jovens que podem se tornar bons atletas à medida que ganhem experiência. O Nepal em toda sua história nunca disputou uma Copa do Mundo. E tem apenas dois títulos conquistados, campeão dos Jogos Sul-Asiáticos (1984 e 1993).
Em março deste ano, o presidente da FIFA, Joseph Blatter visitou o Nepal, quando se encontrou com o presidente Ram Baran Yadav e o primeiro-ministro Baburam Bhattarai. Depois, Blatter e sua comitiva assistiram à cerimônia de abertura da “Challenge Cup” e à partida de abertura entre Nepal e Palestina.
Essa foi a mais importante competição esportiva organizada pelo país em todos os tempos. A “Challenge Cup” garantiu uma vaga para a prestigiada Copa Asiática de Seleções que será disputada em 2015. No dia 9 de março, após uma reunião com integrantes do Comitê Executivo da Federação Nepalesa de Futebol, Blatter visitou as obras do projeto “Goal II” (campos e alojamentos) e lançou o “Goal III” (centro de treinamento).
O Nepal tem um longo histórico no futebol, existente desde 1921, durante o reinado da dinastia Rana. Apesar da federação nacional ter sido fundada apenas 30 anos depois, o futebol chegou ao país por meio de estudantes ingleses que chegaram como alpinistas ou missionários budistas, e que por ventura, permaneceram em definitivo, disseminando assim a popularização e prática desse esporte.
Como o país possui uma imensa influência religiosa, símbolos religiosos e da monarquia foram representados até mesmo no escudo da federação. Em 2006, com o fim da monarquia, o símbolo foi alterado.
O futebol no país pode evoluir rapidamente, já que dezenas de meninos de rua e órfãos da guerra do Nepal calçam suas chuteiras todos os sábados de manhã para jogar futebol, graças a um programa social do qual participam orfanatos da capital do país do Himalaia. Garotos entre 14 e 17 anos treinam durante meses para disputarem um campeonato anual de futebol na capital nepalesa, do qual participam até mil meninos de rua e mais de uma centena de orfanatos, segundo estimativas de diversas ONGs.
O idealizador do projeto que começou há 11 anos é o francês Jerome Edou, que garante ser o esporte muito importante para a socialização das crianças, que se tornam mais responsáveis e conscientes do trabalho em grupo, porque não estão simplesmente jogando para si mesmo.
O futebol ajuda de fato os garotos, como demonstra o caso do jovem Haribansa Ghimire, de 14 anos, que, fugindo da pobreza, deixou sua casa no distrito de Nuwakot, a cerca de 80 quilômetros de Katmandu, para tentar ser um bom jogador de futebol. Seu sonho não é impossível: vários jogadores que atualmente integram a seleção nepalesa sub-17 foram formados pelo Garuda Sport Club, encarregado de organizar os treinamentos e o campeonato anual, que este ano contou com dez equipes.
Outro dos participantes é Arjun Majhi, de 16 anos, que mora em um orfanato. Antes de ser abrigado pelo centro, Majhi passou dois anos e meio pedindo esmolas na rua após fugir de sua casa no distrito de Udaypur - a cerca de 150 quilômetros de Katmandu -, cansado dos maus-tratos que recebia da madrasta.
No ano passado, sua equipe foi campeã do torneio, embora na edição atual o time não tenha conquistado o bicampeonato, porque, segundo Majhi, vários bons jogadores estavam machucados.
Os treinadores concordam que os estudos não atraem muito os jovens, enquanto o futebol, por outro lado, causa furor e os ajuda consideravelmente em sua socialização. Eles aprendem que têm que seguir algumas regras.
Bharat Thapa, técnico da equipe do orfanato “A Voz das Crianças” disse que quando alguém os elogia, desenvolvem um sentido de autoestima. Por meio do futebol, aprendem a socializar e descobrem as possibilidades do trabalho em equipe. No entanto, se as coisas não acontecem como querem, eles se aborrecem. Mas reconhece que apesar disso o futebol contribui para atenuar a tendência à agressividade dos meninos de rua.
Dentre as qualidades que os garotos aprendem durante a prática esportiva, a disciplina é talvez a virtude mais aparente. “Se chegarem um minuto tarde, são proibidos de treinar”, conta Edou, que vive no Nepal há 20 anos e também dirige uma agência de montanhismo. O grupo de defesa dos direitos das crianças CWIN, estima que atualmente haja entre 800 e mil meninos de rua na capital nepalesa.
De acordo com a Plataforma Central de Bem-estar da Criança, um órgão governamental, há 454 orfanatos no Nepal, dos quais 166 ficam em Katmandu e abrigam cerca de 8 mil crianças e adolescentes.
O Himalayan Sherpa Club foi criado há seis anos, e seu objetivo maior é unir os jovens do Himalaia e mostrar que a região não vive só de escalar montanhas, mas também de outros esportes. Isso porque o Nepal, país que fica entre a Índia e China, possui oito das dez maiores montanhas do mundo.
Desde 2006 quando foi criado, foram diversos acessos consecutivos, até chegar ao segundo lugar na primeira divisão na temporada 2011/12. Hoje, o zagueiro da seleção nacional é o capitão do time. O clube aceita jogadores de todos os tipos de etnia. A intenção dos dirigentes é consolidar o Himalayan Sherpa Club como a maior equipe do país. E depois transformá-lo na maior do sul da Ásia, até conquistar o continente.
Apesar da falta de incentivo financeiro, o clube ainda dá suporte aos jovens que querem aprender o futebol ou outros esportes, e ainda proporciona estudos a eles.
O Nepal recorda até hoje um triste momento vivido em 1988, quando de um jogo de futebol entre um time local e outro de Bangladesh. O horror não foi dentro de campo. Tudo ia bem até começar uma chuva de granizo. A multidão correu para se proteger e dezenas de pessoas foram pisoteadas e esmagadas contra os portões. Das oito saídas disponíveis, a multidão de 30 mil pessoas só pode acessar uma para escapar, resultando na morte de 93 pessoas por sufocamento ou esmagamento. (Pesquisa: Nilo Dias)
O “Dashrath Stadium” tem capacidade para 18 mil expectadores, e é palco de jogos de futebol e shows artísticos.
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