segunda-feira, 16 de julho de 2012

O legendário "Tarzan"

Otacílio Batista do Nascimento, o “Tarzan”, foi um chefe de torcida do Botafogo, do Rio de Janeiro, nos tempos gloriosos do clube da estrela solitária. Nasceu em Minas Gerais em 1927 e faleceu no Rio de Janeiro em 1990, aos 63 anos de idade. Em Belo Horizonte, Otacílio era camelô e torcedor do Atlético Mineiro.

Ao assistir um jogo entre Atlético X Vila Nova, entusiasmou-se pela atuação do jogador Guará, e passou a fazer parte da torcida atleticana. Mudando-se para o Rio de Janeiro, depois de andar por Minas Gerais e São Paulo, logo se tornou torcedor do Botafogo, porque tinha as mesmas cores que o “Galo” mineiro.

Quando criança Otacílio tinha o apelido de "Botafogo", nome que em Minas Gerais é associado a alguém que seja provocador de discórdias ou suscitador de rixas. E escolheu precisamente um clube adequado ao seu apelido de infância – o Botafogo de Futebol e Regatas.

Já o apelido "Tarzan", surgiu graças a mania que tinha de amarrar um feixe de palha de milho a um barbante, pedindo aos empregados da fazenda do pai que lhe ateassem fogo, e agarrado à outra ponta, ele saia correndo. Esse era um dos seus divertimentos preferidos, pois gostava de ver a fumaceira e as fagulhas que se formavam.

Como bom torcedor, “Tarzan” acompanhou o Botafogo em todas as partidas desde 1953. Mas foi somente quatro anos depois, em 1957, que começou a entrar nos estádios carregando bandeiras e fogos de estampido. Não demorou para que o aclamassem chefe da torcida do alvinegro. Essa devoção pelo clube custava caro.

A antiga atleta de basquete e também torcedora do Botafogo, Ivone Santos, chegou a comentar que se o time continuasse muito tempo na liderança do campeonato, “Tarzan” certamente iria a falência, tais os gastos com os fogos. Mas “Tarzan” não ficou preocupado e disse que aquilo que gastava com o clube recebia de retorno multiplicado, “pois mais vale uma satisfação que dinheiro amealhado.”

Sua posição de líder da torcida, permitia que discutisse com a imprensa os problemas do Botafogo. Ele fazia comícios, opinava, acusava, elogiava e aplaudia sempre que fosse caso disso. “Tarzan” não poupava nem mesmo os maiores craques do time. Ele considerava “Garrincha” um péssimo exemplo para os jovens. Também não livrou Didi, Quarentinha e Zagallo por várias razões.

Se dependesse dele, todos esses jogadores teriam sido vendidos. E, se contasse com força no Conselho Deliberativo, teria afastado os dirigentes que na sua opinião impediam o crescimento do clube.

Por suas posições fortes, “Tarzan” enfrentou muitas dificuldades. Havia gente que não gostava de suas manifestações em defesa do Botafogo, tanto dentro de campo, onde comparecia com uma charanga e profuso foguetório, quer nas ruas, quando as autoridades agiam violentamente para o impedir de vender e ganhar a vida. “Tarzan” era camelô.

A sua vida foi atribulada, mas “Tarzan” defendia-se dizendo que se o tratassem bem não haveria brigas. Mas como sempre dois ou três o atacavam sem motivos, aos murros e pontapés, reagia à altura. E depois acabava preso e processado. Mas nunca foi condenado, porque os juízes sempre reconheceram que agira em legítima defesa.

A figura de “Tarzan” como torcedor apaixonado mereceu respeito e admiração até dos torcedores rivais. A torcida do Vasco da Gama o agraciou com um escudo de ouro do clube, em 1957. A do América lhe deu uma flâmula representativa do clube, em 1959. E a do Flamengo o presenteou com um belo quadro de seu clube, em 1962.

Embora tivesse um bom relacionamento com o Flamengo, foi “Tarzan” quem lançou o apelido de “Urubu” ao clube rubro-negro, alusão racista à grande massa de torcedores rubro-negros afro-descendentes e pobres. Tal apelido de cunho ofensivo nunca foi bem recebido pela torcida do Flamengo até o dia 31 de maio de 1969.

Era um domingo, quando os torcedores rubro-negros Luiz Otávio Vaz, Romilson Meirelles e Victor Ellery resolveram levar a ave para um jogo entre o Flamengo e Botafogo no Maracanã. Na época, os dois clubes faziam o clássico de maior rivalidade pós-Garrincha e o Flamengo não vencia o rival havia dois anos. Nas arquibancadas, os torcedores do Botafogo gritavam, como sempre, que o Flamengo era time de "urubu".

O urubu foi solto na arquibancada com uma bandeira presa nos pés, e quando caiu no gramado, pouco antes do jogo iniciar, a torcida fez a festa, vibrando e gritando: "é urubu, é urubu". O Flamengo venceu o jogo por 2 X 1, numa partida que marcou também a estréia de Doval.

E, a partir daí, o novo mascote consagrou-se, tomando o lugar do "Popeye". O cartunista Henfil, rubro-negro, tratou de humanizá-lo em suas charges esportivas em jornais e revistas, e o Urubu tornou-se um mascote popular.

Em 9 de setembro de 1969, a torcida organizada pelo legendário “Tarzan”, motivou a fundação do Grêmio Recreativo Torcida Jovem do Botafogo (TJB), que até hoje é a mais antiga em atividade. (Pesquisa: Nilo Dias)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O folclórico “Sabará” da Paraíba

José Cosme, o “Sabará”, nasceu na cidade de Pombal (PB), mas quem o vê a primeira vez aposta que é carioca, pelo seu gingado típico de malandro. O apelido foi devido a sua parecença com um ex-jogador do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro.

É uma das figuras mais interessante com quem se pode conversar na progressista cidade paraibana de Campina Grande, onde costuma frequentar diariamente um banco no “Calçadão” da rua Cardoso Vieira, em frente à banca da mulher que vende pamonha. O “Calçadão” da Cardoso Vieira é considerado uma espécie de “capital da república de Campina Grande.

Hoje com mais de 70 anos de idade, cabelos e sobrancelhas brancas, “Sabará” está muito diferente do ex-jogador de futebol profissional, um dos mais folclóricos e engraçados que já surgiu nos gramados da Paraíba. E “Sabará” gosta de ser reconhecido pelos torcedores mais velhos.

Como jogador defendeu as equipes do Treze, de Campina Grande, Nacional, de Patos, Nacional, de Paulistano, Campinense, de Campina Grande e União, de João Pessoa, entre outros clubes do Nordeste.

A carreira futebolística de “Sabará” foi encerrada na década de 60, quando tinha 34 anos. Mudou-se para o Bairro São José, em Campina Grande. Sua situação financeira não ficou das melhores. Garante que ganhou muito dinheiro, mas, mas também gastou com extravagâncias.

Gostava de comprar roupar caras e de fechar uma boate inteira só para ele. Mas ainda assim investiu na compra de um terreno, que é uma espécie de sítio. Hoje viúvo, tem casa, carro, muitos filhos, dizem que são mais de 12 e muitos netos.

Quando parou de jogar, foi trabalhar em uma indústria de Campina Grande e por lá ficou. Depois abriu seu próprio negócio, um bar que ele batizou com o nome de “Sabará Bar”, que se localizava no bairro do Catolé perto do estádio “Amigão”. Lá ele relembrava o seu passado de atleta, mas não gostava de pensar no que poderia ter vivido se não tivesse gastado tanto dinheiro. Preferia falar de temas mais atuais.

Fora dos gramados como atleta profissional, matava a saudade da bola jogando pelo Everton Esporte Clube, que ele ajudou a fundar e se tornou um dos melhores times amadores do futebol campinense em todos os tempos. Durante alguns anos “Sabará”' foi um dos jogadores mais populares entre os torcedores do clube. Ele ainda hoje mantém o seu jeito folclórico e engraçado. Depois, jogou alguns anos no Grêmio, de Nêgo Ribeiro, onde encerrou definitivamente a carreira.

O ex-craque marcou para sempre o seu nome na história do futebol campinense, ao marcar o primeiro gol no na inauguração do Estádio Plínio Lemos. No jogo preliminar, em que o Sport Club, da Liberdade derrotou o Flamengo, de José Pinheiro, por 2x1, “Sabará” fez o primeiro gol do Sport, com Adauto completando o marcador. Manuelzão descontou para o Flamengo. A partida principal foi disputada debaixo de muita chuva, quando o Bahia venceu o Treze por 1 x 0, gol de Juvenal II, aos 12 minutos do segundo tempo.

No futebol viveu bom e maus momentos. Foi coroado rei dos pênaltis e faltas. Ninguém superava “Sabará” nas cobranças dos pênaltis. Uma pequena corrida, a bola colocada num canto e o goleiro no outro.

Segundo contam os mais antigos, “Sabará” construiu em torno de si um rico repertório de histórias folclóricas, piadas e lendas. Nos seus bons tempos de jogador mostrou sempre um temperamento alegre, sendo uma espécie de “comediante” dos clubes em que atuou. Ele tornava as concentrações, ônibus e hotéis mais divertidos. Alegre e boêmio, não desprezava uma cervejinha. Gostava mais de seus pequenos prazeres, do que levar a sério a sua profissão. Ainda assim, por vários anos jogou no futebol profissional.

E não foi um jogador qualquer. Tinha muita categoria e versatilidade. Jogava sem problemas tanto na meia-direita, como no meio campo, ou de centro avante e até de zagueiro. Em qualquer posição que jogasse, mostrava sempre um bonito toque de classe e categoria. Em campo, não era de correr muito, mas tinha um chute rasante, certeiro e mortal. Raramente errava um passe, era criativo e de reflexos rápidos, sabia como ninguém antever a seqüência de um lance à frente dos adversários e executar as jogadas mais imprevisíveis do seu imenso repertório.

De quebra, ainda fazia gol às pampas. Decidiu muitos jogos marcando gols de faltas e de pênaltis. Não era chegado a trombadas com os zagueiros. Mesmo dono de tantas virtudes, jogava futebol apenas por divertimento. Sua principal preocupação era ganhar alguns trocados para fazer uma coisa que gostava demais, namorar e viver na boemia.

No final da década de 50 o Campinense queria contratar alguns bons jogadores do Paulistano, entre eles “Lelé”, “Zé Preto”, “Tonho Zeca” e “Sabará”, para tentar impedir mais uma conquista do rival Treze. Mas “Sabará” não foi contratado, porque os dirigentes do Campinense concluíram que ele gostava mais de namorar e ser boêmio, do que jogar futebol.

A figura de “Sabará” sempre chamou a atenção. Ele viveu de maneira extravagante e excêntrica, misturando o talento para o futebol com uma vida cheia de passagens folclóricas. Existiram muitos fatos pitorescos à sua lenda pessoal. Uns publicáveis, outros nem tanto, contados sempre com o seu autêntico sotaque de paraibano do interior. Uma das melhores histórias contadas por “Sabará” foi esta:

O Everton era um grande time, mas estava apenas no começo. Quase ninguém conhecia. O time foi convidado para um jogo na Palmeira, contra uma equipe em que jogava Gonzaga, um ex-atleta do Treze. Era um tipo arrogante, que pediu para enfrentar um time bom, pois caso contrário ia ficar feio, pois segundo ele o seu time era imbatível em seu reduto.

“Sabará” nunca foi de engolir intimidações e retrucou: “O que o seu time tem que os outros não têm?". E o adversário respondeu: "Só tem craques meu amigo". E “Gonzaga” apenas disse: “Vamos ao jogo”. No inicio a partida se mostrava tensa, o placar não saia do 0 X 0. O ex-zagueiro do Treze insistia no chutão para frente. O pior é que nada passava. O cara era intransponível. Foi quando “Sabará” pensou: “Vou mexer com esse sujeito”.

A certa altura do jogo a bola subiu e veio na direção de “Sabará”, que saltou, matou a bola no peito e a colocou no chão com classe. Olhou para o zagueiro com desprezo e disse: "Aprende comigo".

O lance que decidiu a partida ocorreu quando o volante do time de “Sabará” fez um lançamento. A bola foi em direção ao zagueiro. Gonzaga não deu o esperado chutão. Ele estufou o peito para amortecer a bola. Mas a classe não era seu forte. A bola espirrou no pé do atacante Naninho e 1 X 0 no placar. Desmoralizado o zagueiro sumiu do jogo e o time de “Sabará” goleou por 4 X 1.

Com a experiência que ganhou no futebol, “Sabará” se tornou treinador. Dirigiu a seleção Universitária da FURNE onde se sagrou tetra campeão universitário. Depois dirigiu o Socremo, de Monteiro, as categorias de base do Campinense e a escolinha da AGAPE. (Pesquisa: Nilo Dias)
 

sábado, 7 de julho de 2012

100 anos de Fla-Flu

Em 7 de julho de 1912 foi disputado o primeiro jogo da história entre Flamengo e Fluminense. O jogo aconteceu seis meses depois que o clube tricolor havia perdido nove de seus jogadores titulares, que se transferiram para o Flamengo e lá abriram o Departamento de Futebol. Deles, apenas um, Andrews, não entrou em campo. Até então o rubro-negro se dedicava unicamente ao remo. Mesmo assim o Fluminense ganhou por 3 X 2.

O jogo, válido pelo Campeonato Carioca foi disputado no Campo da Rua Guanabara, que ficava no mesmo local do Estádio das Laranjeiras, tendo como árbitro Frank Robinson. O público foi de apenas 800 torcedores. E. Calvert, do Fluminense marcou o primeiro gol da história do Fla-Flu, a um minuto de jogo; Arnaldo, aos 4 minutos empatou; James Calvert, aos 12 do segundo tempo fez Fluminense 2 X 1; Píndaro, aos 25 empatou em 2 X 2 e Bartô, aos 27 decretou a vitória tricolor.

Fluminense: Laport - Belo e Maia – Leal - Mutzembecker e Pernambuco – Osvaldo – Bartô – Behrmann - Edward Calvert e James Calvert. Flamengo: Baena - Píndaro e Nery – Cintra - Gilberto e Galo – Orlando – Arnaldo – Borghert - Gustavo e Amarante.

O Flamengo com a derrota perdeu o título, que foi para o Paysandu. O Flamengo antes do clássico vinha embalado por três grandes goleadas: 16 X 2 no Mangueira, 6 X 3 no América e 7 x 4 no Bangu. Perdera apenas para o Paysandu, por 2 X 1. Já o Fluminense vinha de derrotas: 2 X 1 para o Rio Cricket e 5 X 0 para o Paysandu; uma vitória sobre o São Cristóvão, por 1 X 0 e um empate com o América em 0 X 0.

Nos jornais, o turfe e o remo dividiam as atenções. Futebol ainda era um esporte que não ocupava muito espaço. Tanto que alguns diários, como "A Noite" e "Correio da Manhã" sequer registraram o encontro nas Laranjeiras, como conta o livro "Fla x Flu, o Jogo do Século", do colunista do jornal “Lance!” Roberto Assaf e de Clóvis Martins.

O primeiro Fla-Flu não era Fla-Flu. Só muito mais tarde, em 1933, é que Mário Filho inventou e promoveu a abreviação, quando procurava recursos para motivar o comparecimento das torcidas ao campeonato da recém criada Liga de Futebol. O segundo clássico aconteceu poucos meses depois do primeiro, e o Flamengo aplicou a primeira goleada da história, 4 X 0. Mas a maior goleada do clássico Fla-Flu, foi pelo Torneio Municipal em 10 de junho de 1945, com vitória do Flamengo por 7 X 0.

O clássico sempre foi cheio de emoções e de fatos inusitados. Por exemplo, em 22 de outubro de 1916, o Flamengo vencia o Fluminense por 2 X 1 quando o árbitro R. Davies marcou um pênalti contra o tricolor. Rienner bateu e perdeu. Logo depois, o juiz marcou outro pênalti contra o Fluminense. Sidney cobrou e Marcos de Mendonça defendeu.

O juiz mandou cobrar outra vez alegando que não havia apitado. Sidney bateu e novamente Marcos de Mendonça defendeu. O juiz mandou cobrar de novo, alegando que jogadores do Fluminense haviam invadido a área. Foi aí que o escritor Coelho Neto e o delegado de Policia Ataliba Correia Dutra pularam a grade e correram para o campo. Os torcedores também invadiram o gramado.

O regulamento do campeonato dizia que o jogo que fosse paralisado por cinco minutos seria suspenso definitivamente. Como a paralisação propositada foi além dos sete minutos, o jogo foi dado como anulado. Foi a primeira anulação de um jogo de campeonato carioca. No dia 8 de dezembro, no campo do Botafogo, foi realizada uma nova partida e o Fluminense ganhou por 3 X 1.

Em 1925, a Seleção Carioca disputou o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Como havia dificuldade de convocar jogadores dos diversos clubes, a solução foi chamar apenas jogadores de Flamengo e do Fluminense. Em principio isso causou revolta entre os torcedores, que não consideraram a equipe como uma Seleção Carioca, sim um "Combinado Fla-Flu". Esta Seleção Carioca acabou campeã, o que mudou o sentimento popular em relação a ela.

O primeiro jogo entre Flamengo e Fluminense que decidiu um Campeonato Carioca aconteceu em 1919, no Estádio das Laranjeiras, que teve lotação máxima. Até o Presidente da República, Epitácio Pessoa compareceu ao jogo. O campeonato era por pontos corridos, e o Fla-Flu aconteceu na penúltima rodada. O tricolor era líder e só poderia ser alcançado pelo próprio Flamengo. Com a vitória por 4 X 0, o Fluminense ganhou o título e ficou definitivamente com a Taça Colombo.

Nas finais do estadual de 1928, o jogador Preguinho, que serviria à seleção na Copa do Uruguai, responderia à uma provocação do goleiro rubro-negro Amado, o qual teria mandado um suposto telegrama escrito “És sopa! Amanhã não farás gol!” O atacante tricolor respondeu dizendo “Farei dois gols, no mínimo”.

No primeiro minuto de jogo, o goleiro rubro-negro falhou ao quicar a bola para repô-la em jogo, e Preguinho faz 1 x 0. Aos 10 do primeiro tempo, Preguinho ampliou. O resultado final foi 4 x 1 para o Fluminense que venceu o campeonato e o rival justamente na Rua do Payssandú. Só muito tempo depois, é que o atacante veio, a saber, que o goleiro rubro-negro jamais lhe mandara qualquer telegrama e que, o autor fora o sócio do Fluminense, Affonso de Castro, o "Castrinho".

Em 1936, já com a denominação de Fla-Flu, o clássico decidiu o campeonato. Foi uma melhor-de-três, outra vez no Estádio das Laranjeiras. No primeiro jogo houve empate em 2 X 2; no segundo, o Fluminense goleou por 4 X 1 e no terceiro, empate em 1 X 1. O campeão foi novamente o Fluminense, que começava ali um período de hegemonia no futebol carioca, que se estenderia até 1941.

A terceira decisão entre Flamengo e Fluminense, aconteceu em 1941 e o jogo ficou conhecido como o "Fla-Flu da Lagoa", e foi realizado na Gávea, na última rodada do campeonato. Os dois times lideravam a competição, mas como o Fluminense possuía melhor campanha, 44 pontos contra 43, bastava um empate para comemorar o título.

Ao final do jogo igualdade em 2 X 2 e mais uma taça nas Laranjeiras. O tricolor chegou a abrir 2 X 0, com Pedro Amorim e Russo. Pirilo marcou dois gols rubro-negros, o segundo aos 38 minutos do segundo tempo. O público foi de 15.312 pagantes.

Outro ponto destacado do jogo foi o heroísmo do goleiro Batatais, do Fluminense. Ele não podia ser substituído e, mesmo com a clavícula deslocada, permaneceu em campo e ajudou o seu time com algumas defesas importantes. A atitude do jogador contagiou os companheiros, que conseguiram segurar a pressão do Flamengo. Segundo os jornais da época, o destaque daquele clássico foi o centromédio – hoje conhecido como meia – Brant.

Como o empate garantia o título para o Fluminense, reza a lenda que os tricolores jogavam as bolas para a Lagoa Rodrigo de Freitas, cuja distância era de três metros do campo da Gávea. Na época aquela parte da Lagoa ainda não havia sido aterrada. Contam que os dirigentes do Flamengo, desesperados, mandavam os remadores do clube buscar as bolas.

Algumas, realmente, foram buscadas na Lagoa. Não se diz quantas, nem como. Naquela época existiam mais jornais do que nos dias de hoje no Rio de Janeiro. E nenhum deles deu destaque ou fez registro desses fatos. O único que escreveu alguma coisa foi Mario Filho, no “Jornal dos Sports”, fazendo um pequeno comentário: “Duas ou três bolas foram chutadas para fora do estádio.” Mas ele não fez muito alarde. Se tivesse ocorrido, com certeza iria ganhar espaço nos jornais.

Roberto Assaf, um dos autores do livro "Fla x Flu, o jogo do Século", explica que o imaginário popular se encarregou de alterar o que realmente aconteceu. Naquela época, o futebol tinha cronômetro, como no basquete. Toda vez que a bola saía de campo, o juiz parava o relógio. Portanto, o tempo não ia passar enquanto a bola não voltasse a rolar.

Mesmo já passados 71 anos, a lenda do "Fla-Flu da Lagoa" ainda se mantém viva, fazendo daquele jogo um dos mais épicos da história centenária do clássico.

O quarto Fla-Flu decisivo de um Campeonato Carioca, e o primeiro na era Maracanã, ocorreu em 1963 e mantém até hoje o recorde mundial de maior público da história em um jogo entre clubes, em qualquer esporte: 194.603 torcedores presenciaram o confronto. O Flamengo que possuía a vantagem do empate, sagrou-se campeão depois de uma igualdade sem gols.

Em 1968, valendo pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Fla-Flu entrou para a história com um gol de mão. Aos 13 do primeiro tempo, Wilson do Fluminense, recebeu lançamento de Serginho em posição de impedimento, e sem o menor constrangimento à la Maradona, ao dividir com o goleiro Marco Aurélio do Flamengo, deu um soco na bola, desviando a trajetória e ficando livre para chutá-la para as redes.

Armando Marques, consultou o bandeirinha que confirmou a legalidade, e só então correu para o meio do campo validando o gol que deu a vitória simples para o tricolor. Ainda hoje, mais de 30 anos depois, esse gol escandaloso é comentando nos corredores da Gávea.

Até hoje aconteceram 11 decisões de campeonatos cariocas, reunindo Flamengo e Fluminense, com oito conquistas do tricolor e três do rubro-negro. O Fluminense ganhou do Flamengo em decisões de campeonato, em 1919, 1936, 1941, 1969, 1973, 1983, 1984 e 1995. O Flamengo foi campeão estadual sobre o Fluminense em 1963,1972 e 1991.

Além do Campeonato Carioca, ocorreu mais uma decisão Fla-Flu, que foi na Taça Guanabara de 1966, que nessa época era uma competição à parte. O Fluminense venceu por 3 X 1 e sagrou-se campeão.

Em 2009, foi realizado o primeiro confronto entre Flamengo e Fluminense válido por uma competição internacional oficial. Na Copa Sul-americana, os times se enfrentaram logo na primeira fase em jogos de ida e volta, com os dois jogos sendo realizados no Maracanã.

O primeiro jogo, com mando do Fluminense, terminou 0 X 0, e o segundo também acabou empatado, desta vez em 1 X 1, gols de Roni, para o Fluminense e Denis Marques, para o Flamengo. Pela regra do gol fora de casa o Fluminense se classificou para a próxima fase e terminou a competição como vice-campeão, perdendo a final para a LDU, do Equador.

Ary Barroso, o sambista e compositor de “Aquarela do Brasil”, era um fanático torcedor do Flamengo e narrador esportivo, totalmente parcial ao "Mengo", nas rádios Cruzeiro do Sul e Tupy do Rio de Janeiro. Conta a história que num Fla-Flu, entre os anos 50 e 60, o Fluminense fez 1 X 0 e Ary Barroso simplesmente ignorou o gol, narrando a seqüência do jogo normalmente, divulgando inclusive que o placar estava 0 X 0. Verdade ou não, o fato entrou para a história do clássico.

Quem seriam os maiores personagens do Fla-Flu nestes 100 anos de história? Pelo lado do Flamengo, provavelmente foi Zico, com 19 gols marcados, embora Pirilo tenha feito 18 na década de 40, mas sem ganhar tantos títulos pelo rubro-negro quanto o "galinho de Quintino".

Pelo lado do Fluminense, Ézio fez 12 gols na pior década da história do Fluminense, nos anos 90; Hércules marcou 15 na década de 30; Russo 13 na de 40; Renato Gaúcho fez um gol de barriga na decisão do Campeonato Carioca de 1995, ano do centenário do clube rival. Mas provavelmente o grande nome foi Assis, o carrasco dos anos 80, que marcou gols nas decisões dos campeonatos cariocas de 1983 e de 1984, sendo que em 1983, no último minuto do jogo .

A estatística do Fla-Flu é favorável ao Flamengo. Até hoje foram disputados 390 clássicos, com 139 vitórias do Flamengo, 123 do Fluminense e 127 empates. O Flamengo marcou 568 gols e o Fluminense 518. O Fluminense desconsidera dez partidas válidas pelo Torneio Início entre 1918 e 1965.

O campeonato era disputado em apenas um dia, no mesmo estádio, na véspera do início do Carioca. As partidas tinham apenas 20 minutos, sendo dois tempos de 10 minutos cada. Apenas a final tinha 60 minutos. Se houvesse empate, seria o vencedor quem tivesse mais escanteios a favor.

Pelos números do Flamengo, o time, em 390 partidas, tem 139 vitórias, 128 empates e 123 derrotas, com 568 gols pró. Na conta do Fluminense, nos 380 jogos, são 119 vitórias, 134 empates e 137 derrotas, com 511 gols pró.

Os dois clubes detém 62 títulos estaduais. Os dois times reúnem juntos oito Campeonatos Brasileiros, excluindo a Copa União de 1987, três Copas do Brasil, três Torneios Rio-São Paulo e 62 Campeonatos Cariocas.

O último clássico Fla-Flu foi realizado em 11 de março deste ano, no Engenhão, válido pelo Campeonato Carioca, com vitória do Flamengo por 2 X 0 , gols de Ronaldinho Gaúcho e Kléberson. Amanhã, no Engenhão, teremos o clássico de número 391 (para o Flamengo) ou 381 (para o Fluminense) da história, válido pelo Campeonato Brasileiro deste ano.

O Fla-Flu foi imortalizado em frases e crônicas célebres dos irmãos Nélson Rodrigues e Mário Filho. Como as de Nélson: “No dia da inauguração do paraíso, houve um Fla-Flu de portões abertos, e escorria gente pelas paredes”; “Tudo é Fla-Flu, o resto é paisagem“; ou “o Fla-Flu foi criado seis mil anos antes do nada”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Foto do primeiro Fla-Flu da história.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O melhor do Mundial 2010 é do Inter

O S.C. Internacional, de Porto Alegre deu uma demonstração de força e de grandeza ao contratar Diego Forlan, o melhor jogador da Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul. O jogador de 33 anos deixou a Internazionale, de Milão, Itália e assinou contrato até julho de 2015 com o clube gaúcho.

O craque uruguaio deverá desembarcar em Porto Alegre amanhã às 14h43min, sendo aguardada uma enorme legião de torcedores colorados no Aeroporto Salgado Filho. A apresentação acontecerá no Estádio Beira Rio, antes do jogo contra o Cruzeiro, de Belo Horizonte, marcado para às 18h30min.

Forlan será o quinto jogador estrangeiro a fazer parte do plantel do Internacional, que já conta com os argentinos D'Alessandro, Dátolo, Guiñazu e Bolatti. A direção do clube colorado negocia com o volante Guinazu a sua naturalização como brasileiro. Também pode vender o jogador Bolatti, para o Independiente, de Buenos Aires.

Diego Forlán nasceu em Montevidéu no dia 19 de maio de 1979. Ele traz o futebol no sangue, pois é filho de Pablo Forlán, ex-jogador que também defendeu a Seleção Uruguaia nos anos 1960 e 1970 e foi ídolo no Peñarol, no São Paulo e no Cruzeiro. Seu avô materno, Juan Carlos Corazzo também foi jogador, além de técnico.

Corazzo jogou como meio-campista, tendo começado a carreira no Sud América, chegando a integrar a Seleção Uruguaia em dois jogos,ambos em 1928. Três anos depois foi para o futebol argentino, atuando primeiro no Racing e depois no Independiente, onde ficou até 1937, quando encerrou a carreira depois de 191 jogos pelo “Rojo de Avellaneda”, saindo como um dos maiores ídolos do clube apesar da falta de títulos.

Obteve mais sucesso como técnico, treinando a “Celeste” em quatro diferentes passagens. Conquistou com seu país dois Sul-Americanos, o Extra de 1959 e o de 1967. Neste último, treinou seu futuro genro, Pablo Forlán. Corazzo treinou o Uruguai também na Copa do Mundo de 1962.

Diego Forlán quase virou jogador de tênis. Desistiu da idéia quando sua irmã Alejandra se envolveu em um acidente que matou o namorado e a deixou sob cuidados intensivos por cinco meses. Foi então que resolveu seguir a tradição da família e concentrar-se no futebol.

Os primeiros chutes foram dados nas categorias de base dos clubes uruguaios Peñarol e Danubio. Ainda como juvenil, aos 17 anos, se transferiu para o Independiente. No clube argentino, se profissionalizou e virou ídolo da torcida. Seguiu os passos de seu avô, que fez sucesso em Avellaneda na década de 1930.

Em 2002 foi parar no poderoso Manchester United, por indicação de Sir Alex Ferguson, vendido por 6,9 milhões de euros. Depois de um começo nada promissor no time inglês, fez parte do elenco que venceu a “Premier League” em 2002/2003, e a Copa da Inglaterra em 2003/2004. Forlán foi reserva na maioria dos jogos.

Mesmo não tendo uma boa passagem pela Inglaterra, em agosto de 2004 foi vendido ao Villarreal, da Espanha, por 4,6 milhões de euros. No “Submarino Amarelo” se destacou na temporada 2004-2005, quando dividiu a “Chuteira de Ouro da UEFA”, prêmio dado ao maior artilheiro das ligas europeias, com o francês Thierry Henry.

Na temporada seguinte, conseguiu levar o Villarreal, a sua melhor campanha na história da “Champions League”, alcançando as semifinais. Forlán marcou 54 gols e foi um dos principais artilheiros na vida do clube na Liga Espanhola.

Contratado em junho de 2007 pelo Atlético de Madrid por 10 milhões de euros, o craque uruguaio viveu seu principal momento da carreira. Ele substituiu Fernando Torres, vendido ao Liverpool, da Inglaterra. Não demorou para se tornar uma das referências da equipe ao lado do argentino Agüero.

Na temporada 2008/2009, marcou 35 gols em 45 jogos e recebeu outra “Chuteira de Ouro”, desta vez, de forma isolada. Em 2010, foi decisivo na conquista do título da Liga Europa, ao marcar os dois gols da vitória sobre o Fullham na decisão.

Em agosto de 2011, foi contratado pela Inter, de Milão para substituir Samuel Eto’o, mas não conseguiu repetir seu grande futebol, em razão das várias lesões sofridas. Disputou 18 partidas e marcou apenas dois gols. Com o fraco desempenho da equipe milanesa, teve seu contrato rescindido na manhã de hoje, o que oportunizou sua contratação pelo Internacional gaúcho, sem qualquer custo.

Mas foi na Seleção de seu país que Diego Forlán se consolidou como um dos principais nomes da história recente do futebol. Disputou a Copa 2002 com a “Celeste”, mas a consagração veio somente oito anos mais tarde, quando na Copa 2010, na África do Sul, liderou o Uruguai até as semifinais do torneio, posição que a seleção não alcançava desde 1970.

Ainda teve a seu favor a marcação de cinco gols, tornando-se um dos artilheiros da competição junto de Villa, Müller e Sneijder. E para coroar seu grande desempenho, foi eleito o “Bola de Ouro” do Mundial, tendo obtido 23,4% dos votos, contra 21,8% de Sneijder e 16,9% de Villa, apesar de ser o único dos três que não disputou a final. Forlán foi o quarto jogador sul-americano a receber o prêmio. Antes dele Maradona (1986), Romário (1994) e Ronaldo (1998), conquistaram o prêmio.

Com a camisa da Celeste foi campeão da Copa América de 2011, quando foi um dos destaques do time, ao lado de Luis Suárez, Diego Lugano e Sebastián Abreu. No jogo final contra o Paraguai foi fator de desequilíbrio ao marcar dois gols na vitória de 3 X 0. Igualou o feito do pai Pablo e do avô Juan Carlos, que também conquistaram o torneio jogando pela Seleção. (Pesquisa: Nilo Dias)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um roupeiro supersticioso

O Botafogo, do Rio de Janeiro sempre foi um clube supersticioso. E razões nunca faltaram para isso. Aloísio Ferreira de Araújo, o “Birruma”, que foi roupeiro do alvinegro carioca por cerca de 50 anos, ficou famoso por suas superstições. Especialmente nos tempos em que trabalhou com o presidente Carlito Rocha.

Há quem diga que ele foi o responsável pelo folclórico presidente Carlito Rocha, ter entrado de cara e coragem no mundo da superstição. Outros afirmam o contrário, que o roupeiro aprendeu a arte da superstição, com o presidente Carlito. Ele chegou ao Botafogo em 1932 e por lá permaneceu até meados dos anos 60.

O apelido “Birruma” teve origem quando certa feita ele flagrou um atleta botafoguense abrindo um buraco na porta de um quarto de hotel, usando para tal martelo e pregão, para poder espiar um casal. Aloísio chamou-lhe a atenção: “Ô seu filhote de burro: porque você não usa uma “birruma”?” O jogador que queria dar uma espiadinha no casal, de pronto respondeu: “Filhote de burro é você. Não é “birruma”, ouviu, é “verruma”. E daí em diante o apelido o acompanhou pelo resto da vida.

São muitos os episódios de superstição proporcionados por “Birruma” nesses longos anos em que trabalhou no Botafogo. Na final do Campeonato Carioca de 1957, contra o Fluminense, a caixa de mudanças do velho ônibus do Botafogo estragou bem na entrada do Maracanã. O motorista Arlindo descobriu que a marcha a ré funcionava. E não deu outra, entrou de ré no estádio.

Como o Botafogo goleou o Fluminense por 6 x 2, conquistando o título, o nosso Aloísio “Birruma” sugeriu que dali em diante o ônibus sempre entrasse no estádio de marcha à ré, o que o motorista Arlindo se negou a fazer.

Outro fato curioso ocorrido nesse campeonato envolveu o técnico João Saldanha, que garantia não ser supersticioso. Depois de um jogo em que o Botafogo venceu o América, o roupeiro Aloísio “Birruma” não deu as caras no estádio, na terça-feira, os jogadores iniciavam os treinos para o jogo seguinte. Na quarta-feira, Saldanha deu uma bronca em Aloísio, que lhe disse que tinha ido à praia para ver se afastava uma indisposição.

Mas como o Botafogo tornou a vencer no domingo, Saldanha pediu a Aloísio, após o jogo, que faltasse na terça-feira. E assim aconteceu, todas as terças feiras até o Botafogo terminar campeão carioca de 1957, “Birruma” ganhava folga nas terças-feiras.

Na final do campeonato carioca de 1962, Aloísio decidiu que o Botafogo iria jogar contra o Flamengo usando camisas de mangas compridas, embora fosse dezembro e o calor era quase insuportável. Como no Botafogo quase todo o mundo era supersticioso, o pedido do roupeiro foi atendido. E não deu outra, ao final dos 90 minutos o Botafogo sagrou-se campeão.

O roupeiro do Botafogo também gostava de contar superstições dos outros. Por exemplo, de Aymoré Moreira, goleiro alvinegro nos anos trinta. Ele usou pela primeira vez uma camisa branca, e o seu time venceu fácil. A partir daí, só usava essa camisa, sem permitir que fosse lavada.

Com a sujeira acumulada, a camisa ficou cor de cinza e ninguém suportava o mau cheiro quando se abria o armário do Aymoré. Ao fim de 15 jogos sem derrotas a camisa estava num estado “lastimável”. Então, Aloísio resolveu lavar a camisa, sem pedir licença ao goleiro. Resultado, no jogo seguinte o Botafogo perdeu.

Embora fosse um modesto roupeiro, a figura de Aloísio acompanhou o dia-a-dia do Botafogo durante mais de quatro décadas. João Saldanha, no seu livro “Histórias de Futebol”, reservou algumas páginas para contar algumas bem humoradas peripécias de Aloisio “Birruma”. (Pesquisa: Nilo Dias)

terça-feira, 3 de julho de 2012

Morreu o padre que abençoava o Flamengo

Morreu na segunda-feira (2), o padre José Benedito Reis Filho, o “Bené”, um dos mais ardorosos torcedores do C.R. Flamengo, do Rio de Janeiro. Há alguns meses o pároco lutava contra o câncer. Internado no Hospital Quinta D'Or, na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio de Janeiro, fez uma cirurgia e apresentou problemas cardiovasculares.

O velório e a Missa de Corpo Presente estão previstos para as 15h de hoje, terça-feira, na Igreja de Santo Cristo, onde era Pároco. O enterro está marcado para as 17h, no Cemitério do Caju. O Flamengo enviou uma bandeira oficial para a cerimônia.

Padre Benedito ficou conhecido por abençoar o time profissional do Flamengo no Dia de São Judas Tadeu, padroeiro do clube e também por benzer jogadores, por exemplo, quando estavam em má fase ou em situação próxima ao rebaixamento. O religioso costumava usar uma camisa do rubro-negro, por baixo da batina. O Flamengo divulgou uma nota oficial lamentando o ocorrido.

Foram muitos os momentos em que padre Benedito visitou o clube para levar uma palavra de incentivo, como ocorreu em 2010, quando o time fazia campanha ruim no Campeonato Brasileiro. O Flamengo decidiu apelar para a fé e os jogadores receberam a visita do padre, ao final de um treino. O religioso abençoou atletas, jornalistas e o gramado da Gávea e deu entrevista coletiva, quando disse que os jogadores o receberam muito bem e ficaram felizes com a bênção. Disse que já era conhecido, uma “figurinha fácil na Gávea".

Ainda em 2010, quando o atacante Deivid foi contratado, o pároco foi ao CT de Vargem Grande deixar sua benção. O atleta recebeu uma bênção especial e agradeceu o apoio do religioso. O treinador na época era Silas, de fé protestante, mas aceitou a presença do representante da Igreja Católica no clube. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo. É respeitar o direito do outro. No São Paulo, o time ia para Aparecida do Norte e eu ia também. Sempre respeitei e fui respeitado”, disse o profissional.

Bené, como era chamado carinhosamente pelos mais próximos, foi pároco durante 15 anos no Cosme Velho, na Paróquia São Judas Tadeu, padroeiro do Flamengo e santo das causas impossíveis. Benedito, porém, foi transferido para a igreja de Santo Cristo dos Milagres, no Bairro de Santo Cristo, na zona portuária do Rio, mas sempre era convocado para benzer a Gávea. (Pesquisa: Nilo Dias)

Padre Benedito era o símbolo maior da fé rubro-negra.