Todos os grandes times do futebol paulista tem uma mascote, cada: São Paulo, o “Santo Paulo”; Santos, uma “Baleia” e Corinthians, o “Mosqueteiro”. Apenas o Palmeiras tem duas, O “Periquito”, que é oficial e o “Porco”, adotado pela torcida. E porque?
O “Periquito” foi escolhido quando o clube ainda se chamava Palestra Itália, em razão do uniforme verde e também porque a região onde se localizava o clube, na Pompéia, era habitada por muitas aves dessa espécie. Não por acaso, muitos clubes brasileiros que também usam o uniforme verde adotaram o periquito como mascote.
Muita gente pensa que a mascote é o personagem “Zé Carioca”, de Walt Disney. Mas não é. Muitos torcedores e cartunistas desenharam “Zé Carioca”, que é um papagaio com a camisa do alviverde, mas a mascote é na verdade um periquito.
A mascote não oficial, porém preferida dos torcedores é o porco. A origem dessa história remonta ao dia 28 de abril de 1969, quando dois jogadores do Corinthians morreram em um acidente de carro. O time retornava de Sorocaba, onde empatara em 1 X 1 com o São Bento, em jogo válido pelo Campeonato Paulista.
Ao chegarem no Parque São Jorge, os dois maiores destaques da equipe na competição daquele ano, o lateral direito Lidú (22 anos) e o ponta esquerda Eduardo (25), resolveram comer uma pizza nos arredores do Canindé, o estádio da Portuguesa.
Mas não chegaram ao restaurante: na Marginal Tietê, Lidú perdeu o controle de seu “Fusca”, que chocou-se violentamente contra uma das pilastras de sustentação da ponte da Vila Maria. Os dois morreram na hora.
Em vista da morte de dois de seus principais jogadores, a diretoria corinthiana solicitou à Federação Paulista que autorizasse a inscrição de outros dois atletas para substituí-los, mas para isso seria necessário que todos os clubes participantes do campeonato concordassem. A questão foi colocada em votação e apenas o presidente do Palmeiras, Delfino Facchina, votou contra.
Revoltado com a decisão palmeirense, o presidente do Corinthians, Wadih Helu, chamou os palmeirenses de "porcos", por terem tomado “uma decisão suja”. Foi a senha para a torcida do Corinthians. No primeiro clássico entre alviverdes e alvinegros, após o incidente na Federação, os torcedores do Corinthians soltaram um porco no gramado com a camisa do Palmeiras. Enquanto o animal assustado corria pelo gramado, os corinthianos gritavam em coro: “porco, porco, porco”, provocando os rivais.
Dizem que a ideia surgiu porque, alguns meses antes, na Argentina, a torcida do River Plate havia feito a mesma coisa com os torcedores do Boca Juniors, cuja comunidade italiana também era muito grande, e por isso, também eram chamados de porcos.
O apelido pegou e virou uma provocação intolerável para os palmeirenses, até as semifinais do “Paulistão” de 1986, quando o alviverde goleou o rival por 5 X 1 e sua torcida resolveu assumir o "porco". Durante o jogo, os torcedores do Palmeiras criaram uma versão para o grito dos dinamarqueses na Copa do México: "Dá-lhe Porco, Dá-lhe Porco, Olê-olê-olê". Desde então, o clube assumiu oficialmente sua identificação suína, após 17 anos de gozação corintiana.
Naquele ano de 1968 em que o Palmeiras foi vice-campeão paulista, perdendo a final para a Inter de Limeira após ter derrotado o Corinthians na semifinal, a “Revista Placar” publicou uma matéria de capa com o meia Jorginho Putinatti, um dos destaques do time, com um porco no colo, num ato que concretizava de vez a adoção ao novo mascote.
Em 1977 o Corinthians ganhou o Campeonato Paulista depois de um jejum de mais de 20 anos. Foram três jogos contra a Ponte Preta, para decidir o título. No primeiro o Corinthians venceu por 1 X 0, no segundo deu Ponte Preta 2 X 1 e no terceiro vitória corinthiana por 1 X 0, gol de Basílio.
Nesse terceiro confronto o Pacaembu lotou. Havia muita gente com a camisa da Ponte Preta, o que gerou desconfiança dos dirigentes corinthianos. Depois ficaram sabendo que eram palmeirenses disfarçados de pontepretanos.
Eles esperavam que o time campinense vencesse, para se vingarem do episódio do porco, ocorrido um ano antes. Um veado seria lançado no gramado, ao final do jogo. Mas como deu Corinthians, a vingança não aconteceu. (Pesquisa: Nilo Dias)
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