quarta-feira, 22 de maio de 2013

Os 100 anos do Parnahyba S.C.

No último dia 1 de maio o Parnahyba S.C. completou 100 anos de atividades. O clube foi fundado em 1 de maio de 1913, para fazer frente as equipes organizadas por imigrantes no litoral do Piauí, que chegaram ao Estado atraídos pelo ciclo da carnaúba, produto tipicamente piauiense, que vivia um período de alta valorização no mercado internacional. Esses estrangeiros vieram na maioria da Inglaterra e trouxeram junto o até então desconhecido futebol.

De imediato o pessoal da terra conheceu o novo esporte e o interesse por ele foi enorme, embora o futebol já tivesse chegado ao Brasil, mas não se expandido para aquela região. Tanto, que decidiram montar um time para competir em campo com os ingleses, fortalecendo uma rivalidade já existente na sociedade. Assim nasceu o Parnahyba S.C., a mais antiga equipe de futebol do Piauí, ainda em atividade.

O principal responsável pelo nascimento do novo clube foi José de Moraes Corrêa, conhecido como Zeca Corrêa. Filho de empresários parnaibanos, o jovem Zeca foi estudar na Inglaterra e lá conheceu o esporte que se tornava cada vez mais popular no mundo. De volta à sua terra natal, trouxe consigo algumas bolas e uniformes e juntou-se a alguns amigos para, no dia 1º de maio de 1913, fundar o Parnahyba Sport Club.

Mas o Parnahyba S.C. não foi o primeiro clube de futebol em Parnaíba. A história teve inicio quando um inglês conhecido como Mr. Anderson chegou na cidade, vindo da Inglaterra para visitar o amigo James Friederick Clark, proprietário da “Casa Inglesa”, exportadora de diversos produtos, em especial relacionados à carnaúba. Ele trouxe na bagagem uma bola de futebol para presentear Antônio Clark, filho de James.

A bola foi o que faltava para ser formado o time de futebol da “Casa Inglesa”, que recebeu o nome de Internacional. Esse time, formado por funcionários da firma e amigos marcou a história do futebol na cidade. Tanto é verdade, que o campo onde realizava seus jogos, foi o primeiro e o principal de Parnaíba por muito tempo. Nos anos 70 o Governo do Estado adquiriu a área e construiu o “CT Petrônio Portela”, que hoje é utilizado pelos demais clubes da cidade.

Com a fundação do Parnahyba, foi criada uma grande rivalidade contra o já existente Internacional. Os dois times tiveram origens em companhias inglesas instaladas na cidade. Como as duas empresas eram de Liverpool, aproveitou-se a rivalidade de lá para criar o “Camisa Azul”, inspirado no Everton e que deu origem ao Parnahyba SC. E o “Camisa Vermelha”, inspirado no Liverpool e que se tornou Internacional A.C. este já extinto.

Mas o futebol da cidade não se resumiu só a esses dois clubes. Com o passar do tempo surgiram várias outras agremiações, como o Tuna-Luso, Ferroviário, Paysandu e Fluminense, entre outras. Mas os anos se encarregaram de enfraquecê-las, ficando somente o Parnahyba que se mantém até hoje, quando chega aos 100 anos.

Nos seus primeiros tempos o Parnahyba colecionou títulos. Até a primeira metade do século passado o futebol do Piauí não tinha uma federação unificada. Os times de Teresinha jogavam um campeonato da cidade. Em Parnaíba havia uma Liga, que organizava os campeonatos locais, onde o Parnahyba S.C. se destacava papando títulos.

Na década de 1960, quando o profissionalismo chegou ao futebol piauiense, teve inicio um período de muitas dificuldades para o Parnahyba, que sem dinheiro para se manter vivo contou com a ajuda de amigos e parentes dos dirigentes. Por isso o clube ficou muito tempo sem ganhar nada. Teve de se contentar com apenas um vice-campeonato na década de 1970 e outro em 2003. Até que as coisas começaram a melhorar e conquistou um tricampeonato estadual em 2004/2005/2006.

A história do Parnahyba S.C. se identifica com a história da cidade. Suas origens são um orgulho para Parnaíba, pois o clube foi criado no início do século para manter uma identidade local dentro de um esporte "estrangeiro".

Uma família esteve agrupada ao clube em todos esses anos. Foram os Alelaf, que influenciados principalmente pelo patriarca Pedro, transferiu para filhos, netos, noras e toda uma gama de parentes e amigos, uma indescritível paixão pelo clube.

A história dessa família no Piauí teve início nas primeiras décadas do século passado, quando o imigrante sírio Calixto Alelaf chegou ao Estado com a mulher Ália para se instalar em Floriano, no Sul do Estado, fugindo da guerra que assolava seu país. Em solo piauiense nasceu em 18 de fevereiro de 1918, o filho mais novo, Pedro, único brasileiro entre todos os irmãos.

Na década de 1930, Salomão, um dos irmãos mais velhos, decidiu tentar a sorte em Parnaíba, seguido por Pedro alguns meses depois. No principio ganharam a vida trabalhando em uma loja de tecidos, para tempos depois, abrirem o próprio negócio, a “Casa das Sedas”.

Já adaptados a cidade e com o comércio indo a todo o vapor, Pedro e Salomão Alelaf envolveram-se no futebol local. A família sempre gostou do esporte, tanto que chegaram a montar um time em Floriano, chamado de “Sírio-Libanês”, composto por irmãos, primos e primas, que disputava jogos amistosos com outras equipes locais. A história de Pedro Alelaf, que até hoje é chamado de "Eterno Presidente do Parnahyba", foi bem mais longe que sua carreira de jogador do clube.

Como atleta atuou entre os anos 40 e 50. Os negócios andavam as mil maravilhas. Além da “Casa das Sedas”, passou a investir também em cinemas e outros pequenos negócios na cidade, construindo a base financeira que viria a sustentar o Parnahyba S.C. durante um bom tempo.

No final da década de 1950 ele já se apresentava como um dirigente esforçado do clube, até que 1969 assumiu a presidência pela primeira vez. Como o estatuto do clube não permitia que Pedro Alelaf fosse presidente vitalício, quando não podia ser reeleito indicava alguém para o cargo. E foi assim durante 40 anos. A sua vida esteve sempre intimamente ligada ao clube.

O envolvimento da família Alelaf com o Parnahyba não foi restrita a Pedro e Salomão. Todas as gerações posteriores sempre estiveram juntas do clube de alguma forma, como jogadores, dirigentes ou apenas como torcedores.

Alguns filhos de Pedro jogaram pelo Parnahyba, casos de Hélio, Petrarca e Calixto. Pedrinho Alelaf, meio-campista que atuou na década de 1950, é considerado um dos grandes jogadores da história do Parnahyba. Atualmente, um neto de Pedro joga nas categorias de base do clube.

A casa dos Alelaf foi também uma espécie de sede da agremiação. Os jogadores passavam boa parte do tempo por lá, costumavam tomar café e almoçar. Os uniformes do time eram lavados na casa. Alguém pode pensar que com toda essa ligação familiar com o clube, as conquistas de títulos foram muitas. Mas não foi assim. O Parnahyba nunca conquistou um título estadual quando presidido por Pedro Alelaf. O seu maior feito nesse período foi o vice-campeonato em 1976.

O motivo foi a falta de recursos para montar uma equipe forte e competitiva. O dinheiro vinha quase que exclusivamente das empresas de Pedro Alelaf. O poder público não apoiava em nada. No início da década de 2000 finalmente o clube passou a ter o apoio financeiro da prefeitura.

Pedro Alelaf não era mais o presidente, mas ainda viu o time do coração ser campeão do primeiro turno do Campeonato Piauiense em 2004. Não conseguiu ver o Parnahyba levantar a taça de Campeão Estadual, pois faleceu no dia 13 de abril daquele ano.

Os torcedores não o esquecem. É comum repetirem um gesto que se tornou característica de Pedro Alelaf, jogar o chapéu para cima, toda a vez que o time marcava um gol. Fundado em 1913, o clube é o mais antigo do estado, sendo recordista de público e renda nos Campeonatos Piauienses de 2004, 2005 e 2006.

Considerado o berço do futebol parnaibano, a história do estádio Petrônio Portela se confunde com a história do Parnahyba. Construído na década de 1920, pela “Casa Inglesa”, foi batizado originalmente por “Estádio Internacional”. Seu estilo arquitetônico semelhante aos estádios ingleses da época, único no Brasil, era símbolo do glamour das disputas do campeonato parnaibano no século passado.

Com o fechamento da “Casa Inglesa”, o estádio foi colocado à venda, sendo comprado pelo Governo do Estado do Piauí, na pessoa do então-governador parnaibano Alberto Silva, sendo, em 1973, doado ao Parnahyba Sport Club.

Após a construção do estádio “Mão Santa”, inaugurado em 1961 e com capacidade para 5 mil torcedores, o Parnahyba deixou definitivamente de mandar seus jogos no “Petrônio Portela”, que, "esquecido" já começa a sofrer os danos provocados pelo tempo e a falta de manutenção.

Restando apenas as ruínas da estrutura original, a diretoria do Parnahyba resolveu, em 2008, iniciar uma grande reforma de restauração e ampliação no estádio, transformando-o no Centro de Treinamentos da equipe profissional e das categorias de base. As primeiras etapas, que consistiam na recuperação da estrutura administrativa já foram contempladas.

O escudo atual é utilizado desde o inicio da década de 90. As duas estrelas representam o Bi-Campeonato Piauiense conquistado em 19/07/2005 no estádio “Albertão”, em Teresina, contra o time do Piauí Esporte Clube com vitória de 1 X 0.

Títulos conquistados. Campeão Piauiense: (1916/1924/1925/1927/1929/1930/1940/2004/ 2005/2006/2012/2013); Taça Estado do Piauí: (2004/2012); Taça Governador Alberto Silva (1988); Outras Conquistas. Campeonato Parnahybano: (1941- 1942 – 1944 – 1945 – 1946 – 1954 – 1961 – 1965 e 1967).

O hino do clube, composto originalmente por R. Petit, transformou-se anos mais tarde no hino oficial da Cidade de Parnaíba, fazendo parte de todas as cerimônias oficiais, tanto do clube quanto da cidade. (Pesquisa: Nilo Dias)

Jogadores do Parnahyba S.C., antes do clássico contra o Internacional. ( Foto-Reprodução: Instituto Histórico de Parnaíba)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Um milionário do futebol

Depois de Sir Alex Ferguson, outro grande personagem do futebol europeu anuncia que vai se aposentar a partir de 26 de maio próximo. Trata-se de David Robert Joseph Beckham, ou simplesmente David Beckham, nascido em Leytonstone, Inglaterra, no dia 2 de maio de 1975. Atualmente joga no Paris Saint Germain, da França.

De acordo com a “France Football”, Beckham, de 38 anos, é o jogador de futebol mais rico do mundo, ganhando cerca de €37 milhões por ano, somando salários e publicidade. Ele poderá curtir a vida como um príncipe pelo resto da vida: ninguém, na história do futebol, acumulou fortuna semelhante à de Beckham, avaliada em R$ 510 milhões.

Ao longo da última década, Beckham foi com sobras o atleta mais bem pago do futebol mundial, de acordo com o jornal “The Sunday Times” e a revista “Forbes”. Nesta semana, a revista “Sports Illustrated” publicou que o jogador faturou, apenas com patrocínios, R$ 95 milhões nos últimos 12 meses. O jogador doa o salário do PSG a instituições de caridade.

Beckham começou sua carreira em 1991 no Manchester United, clube no qual ficou até 2003. Em 1995, esteve por empréstimo, no Preston North End, que atualmente disputa a 3ª Divisão da Inglaterra. Mas foi no Manchester United, que teve destaque internacional e conheceu o auge da carreira, ajudando o clube a conquistar os títulos mais importantes de sua história, como a “UEFA Champions League” de 1998-1999.

Além da “Champions League”, foi campeão por seis vezes da “Premier League" (1995–1996, 1996–1997, 1998–1999, 1999–2000, 2000–2001 e 2002–2003), da “Copa Europeia/Sul-Americana 1999”, ganhando do Palmeiras, de São Paulo, no jogo final, bem como outros títulos importantes de âmbito nacional.

Nesse ano, ficou em segundo lugar no prêmio “Ballon d'Or”, oferecido pela revista francesa “France Football”, e também na eleição da FIFA em 2001. Porém, foi o primeiro jogador europeu a conquistar o prêmio de melhor do ano, concedido pela UEFA.

Em 2002, quase não participou da “Copa do Mundo”, em razão de ter fraturado o pé direito em uma dividida com o argentino Aldo Duscher, do Deportivo La Coruña, em um jogo pela “Liga dos Campeões da UEFA”. Foi preciso realizar um tratamento intensivo que durou dois meses para poder jogar o torneio. Deixou o clube no final da temporada, com 85 gols marcados e 145 assistências.

Em 2003, Beckham foi para o Real Madrid, da Espanha, onde fez parte do chamado time "Galáctico", junto de outros jogadores famosos como Ronaldo, Zinédine Zidane, Roberto Carlos, Luís Figo e Robinho. Mas não rendeu no clube madrilenho, tudo o que se esperava dele. Em 153 partidas pelo Real Madrid, Beckham fez somente 19 gols.

Em 11 de janeiro de 2007, Beckham transferiu-se para o Los Angeles Galaxy, da “Major League Soccer “, dos Estados Unidos. Sua chegada ao clube norte-americano deu-se em 13 de julho de 2007, quando foi recebido pelos torcedores com uma grande festa. Seu primeiro jogo pelo Galaxi aconteceu no dia 21 de julho, com derrota de 1 X 0, num amistoso frente a equipe inglesa do Chelsea.

O primeiro gol de Beckham com a camisa 23 do Galaxi, mesmo número usado no Real Madrid, foi numa vitória de 2 X 0 sobre o seu grande rival, o DC United, em jogo pela “Major League Soccer”. E ainda deu assistência para o outro gol. Com essa vitória, sua equipe disputou em 29 de agosto, a primeira final da Superliga.

Mas Beckham não deu sorte, uma lesão sofrida em uma dividida contra um adversário, o tirou do jogo antes do término da primeira etapa. O Galaxi perdeu o título numa decisão por pênaltis (3 X 4), após empate de 1 X 1 no tempo normal.

Em 30 de outubro de 2008, Beckham foi emprestado ao Milan, da Itália. A sua estreia pelo time “milanês” foi no dia 11 de janeiro de 2009, em um jogo do Campeonato Italiano, frente o Roma, que terminou empatado em 2 X 2. O seu primeiro gol pelo clube italiano foi em 25 de janeiro, o terceiro da vitória por 4 X 1 sobre o Bologna.

Beckham ficou no Milan até o encerramento da temporada, em junho. Na volta ao Galaxy, Beckham disputou sua primeira partida em 16 de julho, na vitória sobre o New York Red Bulls por 3 X 1. Depois de ser primeiro colocado na “Conferência Oeste”, o time do Galaxi acabou perdendo o título nos pênaltis.

Depois do término da temporada nos Estados Unidos, Beckham retornou ao Milan, por empréstimo, em janeiro de 2010. Fez a reestreia pelo time italiano em 6 de janeiro, na goleada sobre o Genoa por 5 X 2. Outra vez teve uma séria lesão as vésperas da Copa do Mundo de 2010, rompimento do “Tendão de Achiles”, que o deixou fora da competição. O jogador se lesionou sozinho no domingo 14 de março, no jogo em que o Milan venceu o Chievo Verona por 1 X 0, pelo Campeonato Italiano.

O Milan havia formado uma equipe cheia de estrelas. Além de Beckham, jogavam Ronaldinho Gaúcho, Shevchenko, Maldini, Pirlo, Kaká, Nesta, Gattuso, Filippo Inzaghi, além do jovem Alexandre Pato.

Participando sempre dos principais torneios de futebol, Beckham foi o primeiro jogador britânico a disputar mais de 100 partidas pela “UEFA Champions League”, a principal competição européia. Repetiu o feito com a camisa do “English Team”, sendo superado somente pelo ex-goleiro Peter Shilton. Mas atualmente é o jogador de linha com mais partidas disputadas pela Inglaterra.

Em 28 de março de 2009, no amistoso contra a Eslováquia, Beckham se tornou o jogador de linha que mais vezes atuou com a camisa da Inglaterra: 109 partidas. O antigo recorde pertencia a Bobby Moore. Até o presente momento, atuou por 115 vezes com a camisa do "English Team".

David Beckham é considerado um dos maiores jogadores do futebol mundial em todos os tempos, tendo como características marcantes a facilidade nos passes e chutes de longa distância, além da precisão em cobranças de faltas e pênaltis. Ele marcou boa parte de seus gols, 65 ao todo, em cobranças de faltas.

Outro recorde de Beckham é o de ser o único jogador inglês campeão nacional por quatro países diferentes. Foi campeão inglês pelo Manchester United, espanhol pelo Real Madrid, estadunidense pelo Los Angeles Galaxy e francês pelo Paris Saint-Germain.

Após o retorno de seu segundo empréstimo ao Milan, conquistou seu primeiro título no Los Angeles Galaxy, a “MLS Western Conference”, a disputa entre as equipes da “Conferência Oeste”. Depois, conquistou também a “MLS Supporters' Shield”, em 2010, sendo bicampeão em 2011. Nesse mesmo ano foi campeão da “MSL CUP”, a mais importante competição futebolística dos Estados Unidos.

Beckham tinha o sonho de participar das Olimpíadas de 2012, realizadas na Inglaterra. Chegou a ser pré-selecionado para a Seleção Britânica, mas acabou dispensado, pois o técnico Stuart Pearce preferiu ocupar as três vagas permitidas para veteranos com os jogadores Micah Richards, Craig Bellamy e Ryan Giggs.

Em 20 de novembro de 2012 Beckham anunciou a sua despedida do Los Angeles Galaxy. Sua última partida foi disputada dia 1 de dezembro contra o Houston Dynamo, valendo o título da MLS. Foi o sinal aberto para Beckham ir para o Paris Saint-Germain.

Em 31 de janeiro deste ano, ele finalmente assinou contrato com o clube francês. Beckham estava treinando no Arsenal, para manter a forma. Estreou no dia 24 de fevereiro de 2013, num jogo contra o Olympique, de Marseille. O Paris Saint-Germain venceu por 2 X 0, e Beckham começou a jogada do gol do Zlatan Ibrahimović.

Apesar de ter sido um jogador que sempre primou pela disciplina, Beckham foi marcado por um momento negativo: ter recebido um cartão vermelho na Copa do Mundo de 1998, no jogo contra a Argentina. Depois de uma falta cometida por Diego Simeone, Beckham agrediu o argentino com um chute na perna.

Beckham casou com a “ex-spice girl” Victoria Beckham, em 4 de julho de 1999, no “Luttrellstown Castle”, na República da Irlanda. O casamento atraiu uma enorme cobertura da mídia, e o custo da cerimônia foi estimado em £500 mil.

Desde que se casaram, os dois atraem uma imensa atenção da mídia, principalmente desde que o casal passou a residir nos Estados Unidos. Apesar disto, Beckham e Victoria não aparentam um grande incômodo por serem alvo frequente dos “paparazzi”.

Com Victoria, teve quatro filhos: Brooklyn, Romeo, Cruz e Harper, esta a mais nova integrante da família, nascida em julho de 2011. Em abril de 2007, a família Beckham mudou-se para Beverly Hills, na Califórnia. A mansão custou cerca de US$ 22 milhões. Entre os vizinhos, estava o casal de atores Tom Cruise e Katie Holmes.

Beckham tem muitas tatuagens no corpo, uma delas com o nome da esposa, Victoria, escrito em hindi. Também possui outras escritas em hebraico. A imprensa norte-americana chegou a ridicularizá-lo pelo excessivo número de tatuagens e os locais onde se encontram, o que o obriga a usar uma camisa de manga comprida, por baixo do uniforme, para escondê-las..

Beckham fez parte da lista do ex-craque Pelé, publicada em 2004, em que ele escolheu os seus 125 maiores jogadores vivos da história do futebol mundial. Também foi citado pela revista “Time Time 100”, publicada nos Estados Unidos, como uma das maiores personalidades do futebol. Para completar é considerado o jogador mais “Pop Star” da história do futebol mundial. Em 2008, foi escolhido pela revista “Forbes”, também dos Estados Unidos, como a quinta personalidade mais influente do mundo. (Pesquisa: Nilo Dias)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Futebol de um craque só

O futebol do Taiti (Polinésia Francesa) não tem expressão nenhuma. Mas estará presente na Copa das Confederações, a ser disputada no Brasil, de 15 a 30 de junho próximo. O país ganhou a Copa das Nações da Oceania há um ano e se classificou para a competição. Ganhou no jogo final da Nova Caledônia, por 1 X 0, gol de Steevy Chong Hue, que virou herói nacional.

Desde que as seleções da Oceania participam do torneio, esta foi a primeira vez que uma seleção diferente de Austrália e Nova Zelândia vai disputar a Copa das Confederações. Não existe profissionalismo lá, todos os clubes são amadores.

Isso explica o fato do jogador Marama Vahirua ser um verdadeiro astro no seu país. Ele é o primeiro e único taitiano a ter se profissionalizado no futebol. Conhecido na França, mas ignorado no resto do mundo, o atacante que nasceu em Papeete, capital do país, no dia 12 de maio de 1980, tornou-se ídolo nacional desde que vestiu pela primeira vez a camisa do Nantes, da França, em 1998. E deverá ser a principal atração da equipe taitiana na Copa das Confederações.

Vahirua, que é sobrinho do ex-jogador da Seleção Francesa, Pascal Vahirua, ficou famoso na França depois de ser descoberto pelo Nantes, durante uma partida do Pirae, do Taiti. Não demorou para cair nas graças da torcida, graças ao seu faro de artilheiro.

Atualmente Marama Vahirua joga no Panthrakikos, da Grécia. E mantém uma característica, que tem marcado suas atuações em campo. Sempre que marca um gol, aproveita para fazer uma homenagem a sua terra natal. Coloca um joelho ao chão, e imita o gesto de duas vigorosas remadas.

Isso, com o tempo, se transformou em sua marca registrada. Em 14 temporadas no futebol francês, ele repetiu a comemoração 91 vezes. E isso tem uma explicação, pois Marama tinha ambições na infância, de se tornar surfista.

Com 32 anos de idade, o jogador passou pelo Pirae, do Taiti (1996 a 1997), Nantes (1998 a 2004), Seleção Sub 21 da França (2001 a 2002), Nice (2004 a 2007), Lorient (2007 a 2010), Nancy (2010), Mônaco, por empréstimo (2011 a 2012) e atualmente no Panthrakikos, da Grécia, por empréstimo.

Conquistou uma Copa da França em 2000 e a Liga Nacional em 2001. Depois deixou a França e foi o ano passado para a Grécia, onde se encontra até hoje. E garante que não está arrependido. Diz estar muito feliz, pois o clima da Grécia lembra o do Taiti.

No Panthrakikos, clube que foi promovido recentemente a Primeira Divisão, Marama Vahirua já anotou cinco gols na temporada e deu passes para outros companheiros marcarem. Seu time faz força para se manter na elite do futebol grego, que tem um nível técnico e tático mais baixo que na França.

O jogador do Taiti considera a presença de seu país na Copa das Confederações, como uma oportunidade enorme para melhorar o nível do futebol em sua terra. É a primeira vez que a representação nacional se classifica para uma competição internacional desse porte. Ele acha que a Seleção taitiana está progredindo e não está mais limitada ao arquipélago.

Todas as esperanças para uma boa presença na competição estão depositadas nele. Mas nem por isso Marama Vahiura se mostra pressionado. Muito pelo contrário, garante, dizendo ser uma pressão positiva. O Taiti vai disputar o Grupo B, ao lado de Espanha, Uruguai e Nigéria. E tem consciência de que não podem chegar longe no torneio. São realistas, e dizem que o que vai valer será o aprendizado, que deverá ser visto como um trampolim para o futebol taitiano crescer.

A distância técnica entre o Taiti e as outras seleções já garantidas na Copa das Confederações é tão grande quanto os cerca de 10.300km que separam a ilha do Sul do Oceano Pacífico do Brasil. Representante de um território ainda pertencente a França, com cerca de 178 mil habitantes (segundo censo de 2007), a seleção do Taiti ocupa o 139º lugar no ranking da Fifa.

O esporte principal da região é a Va'a, espécie de caonagem. Fundada em 1938, a federação do Taiti só se afiliou à entidade máxima do futebol em 1990. O campeonato local é de baixo nível e os estádios são pouco frequentados. Os desafios são muitos.

O esporte mais popular do globo chegou ao Taiti em 1906, por iniciativa de marinheiros britânicos. Os primeiros clubes surgiram em 1923 e o futebol se organizou em escala nacional a partir do dia 30 de março de 1932. O primeiro jogo oficial da seleção do país foi contra a Nova Zelândia, uma partida disputada em solo taitiano em 1952 que terminou em 2 X 2. Um ano mais tarde, o selecionado realizou a sua primeira turnê internacional no Pacífico.

O Campeonato Nacional, que é realizado desde 1948, é disputado por 10 clubes: AS Central Sport, AS Dragon, AS Excelsior, AS Manu-Ura, AS Vaiete, todos de Papeete; AS Pirae (Pirae); AS Tamari (Faa’a); AS Vairão (Vairão) e AS Vénus (Mahina). A Segunda Divisão também tem 10 equipes.

O futebol no Taiti é totalmente amador. Os jogadores não ganham nada para jogar no campeonato nacional ou na seleção do país. Os taitianos nunca disputaram uma Copa do Mundo , se filiaram à Fifa em 1990. E a primeira vez não vai ser em 2014, pois o Taiti ficou na terceira posição no quadrangular final das Eliminatórias, atrás da Nova Caledônia e da Nova Zelândia, que enfrentará o representante da Concacaf no playoff intercontinental. A Oceania não oferece vaga direta ao Mundial.

O Taiti vai sediar ainda em 2013, a Copa do Mundo de Beach Soccer da FIFA, entre os dias 18 e 28 de setembro. Vahirua jogou com a maioria dos atletas da Seleção de Areia do seu país, quando era mais novo. Ele conta que no Taiti, todo mundo começa na disciplina. E Naea Bennett, o capitão do time de Beach Soccer, é seu primo. E já pediu um lugar no time. (Pesquisa: Nilo Dias)

Marama Vahiura, o craque taitiano. (Foto: Divulgação)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Um técnico vitorioso

Sir Alex Ferguson, o treinador mais bem sucedido na história do futebol inglês - ninguém ganhou mais títulos que ele - anunciou nesta quarta-feira, 8, que está se aposentado, depois de ter dirigido o Manchester United, por 26 anos ou 9.681 dias e ter conquistado 28 títulos pelo clube. Esteve a frente da tradicional agremiação inglesa em cerca de 1.500 partidas, tendo superado a marca de sir Matt Busby, que foi técnico do Manchester por 24 anos.

Ferguson encerrará a carreira de técnico em 19 de maio, ao final da temporada, após o jogo contra o West Bromwich. Pelo trabalho histórico que desenvolveu no Manchester United, Ferguson recebeu em 1999, das mãos da rainha Elizabeth II, o título de Sir, a mais alta honraria da coroa britânica. Como reconhecimento ao seu trabalho, em 2012 o Manchester United ergueu em seu estádio, o “Old Trafford”, chamado de “O Teatro dos Sonhos”, uma estátua em sua homenagem.

Nesse longo período colecionou troféus, tendo ganho a “Premier Ligue”, o campeonato mais importante da Inglaterra, em 12 oportunidades: 1992/93, 1993/94, 1995/96, 1996/97, 1998/99, 1999/2000, 2000/01, 2002/03, 2006/07, 2007/08, 2008/09, 2010/2011/e 2012/2013).

Sua carreira foi recheada de fatos inéditos. Em 1999, foi o primeiro treinador de uma equipe inglesa a ganhar a “Tríplice Coroa”, sendo campeão da “Premier League”, ‘‘FA Cup” e “UEFA Champions League”. Também foi o único  a ganhar a “FA Cup” cinco vezes e a vencer sucessivamente três “Premier League” a frente de um mesmo clube (1998/1999, 1999/2000 e 2000/2001).

Quando Ferguson chegou ao Manchester United, o clube tinha sete troféus de campeão inglês nas vitrinas do seu museu, bem distante dos 16 do glorioso rival Liverpool. Em 2011, 25 anos depois de se tornar o técnico, o United havia se tornado o clube inglês com mais campeonatos conquistados (19), ultrapassando a cifra do Liverpool.

No momento em que Ferguson anunciou o seu «adeus» ao futebol, o United já tinha assegurado o 20º título de campeão da Inglaterra, 13 conquistados em 26 anos. Uma média sem par no futebol inglês faz de Sir Alex, um caso à parte na história do país que deu ao mundo o futebol.

Alexander Chapman Ferguson, mais conhecido como Sir Alex Ferguson, nasceu em Glasgow, Escócia, no dia 31 de dezembro de 1941, num período difícil que o mundo atravessava. Glasgow era diariamente assolada por bombardeamentos alemães e o pequeno Alex teve uma infância dura, com os primeiros anos a ficarem marcados pelas sirenes de alarme que anunciavam mais uma noite de blitz.

Começou a carreira de jogador no clube amador Queen’s Park, aos 16 anos na posição de atacante. Lembra de seu primeiro jogo, uma vitória de 2 X 1 frente o Stranraer, tendo marcado um gol. Como o Queen’s Park era um time amador, também trabalhava nos estaleiros de River Clyde como aprendiz de ferramenteiro, para depois se tornar um comissário de bordo ativo da loja do sindicato.

Por ironia do destino, a partida em que mais se destacou vestindo a camisa do Queen’s Park , foi uma derrota de 7 X 1 para o Queen of the South, fora de casa, em 1959. Artilheiro do time em 31 jogos, tendo marcado 20 gols, chamou a atenção de outras equipes, tendo em 1960 se transferido para o St. Johnstone.

Embora tenha continuado a marcar gols, não conseguiu ser titular no novo clube, por isso pediu para sair. Ferguson pensou em ir para o Canadá. O técnico até consentiu que ele fosse embora, mas antes disso o selecionou para um jogo contra o Rangers, em que ele marcou um “hat-trick” (três gols), em uma surpreendente vitória. Em 1964, finalmente deixou o St. Johnstone, para assinar contrato de profissional com o “Dunfermline”, filiado a Scottish League (Liga Escocesa).

Na temporada 1964/1965, a equipe do “Dunfermline” tinha ambições de chegar a final da “Scottish Cup”, mas não conseguiu, tendo perdido a final para o Celtic por 3 X 2. Na temporada, Ferguson marcou 45 gols em 51 jogos e dividiu a artilharia do Campeonato Escocês com Joe McBride, do Celtic, com 31 gols.

Em 1967 foi contratado pelo Rangers por £65,000, o que na época foi considerada uma transferência recorde entre dois clubes da Escócia. Depois de ter se casado com a jovem Cathie, passou a sofrer discriminação de parte do clube, por questões religiosas. Ele deixou claro em sua autobiografia que o Rangers sabia da religião de sua mulher quando ele entrou no clube.

O Rangers não quis renovar o seu contrato, devido um suposto erro na final da “Scottish Cup”, quando foi responsabilizado pelo gol do Celtic, no jogo final. Naquela ocasião, Ferguson ficou tão frustrado com a derrota que jogou para longe a medalha de vice-campeão.

Em outubro de 1968, o Nottingham Forest mostrou interesse em contar com Ferguson, mas sua esposa não estava disposta a mudar-se para a Inglaterra. Por isso assinou contrato com o Falkirk, onde foi jogador e treinador por um período. Depois o clube contratou John Prentice para técnico. Ferguson não gostou e se transferiu para o Ayr United, onde encerrou a carreira de jogador em 1974.

Como treinador começou no East Stirlingshire, em Junho de 1974, quando tinha 32 anos de idade. Era um trabalho de meio período, seu salário era de £40 por semana, e nesse tempo o time não tinha um único goleiro. Imediatamente ele ganhou a reputação de disciplinador. Tanto é verdade, que um de seus jogadores chegou a dizer que nunca tinha tido medo de qualquer um antes da chegada de Alex Ferguson. Seus jogadores o admiravam pelas decisões táticas, e com isso o time ganhou melhoras consideráveis.

Em outubro seguinte, Ferguson foi convidado a treinar o St Mirren. Embora abaixo do East Stirlingshire na Liga, ele estava entre os maiores clubes. Mesmo tendo um sentimento de lealdade ao East Stirlingshire, decidiu-se por ir para o St Mirren, onde ficou até 1978.

Mesmo sendo um clube de poucos recursos, conseguiu classificá-lo para a Primeira Divisão Escocesa em 1977. Mas teve problemas com o presidente da entidade, pois queria fazer mudanças estruturais profundas. Por isso foi demitido em 1978. O St Mirren entrou para a história como o único clube a despedir Ferguson.

Em junho de 1978 foi para o Aberdeen, onde substituiu Billy McNeill que fora para o Celtic. Ali, Ferguson teve a oportunidade de mostrar toda a sua competência como treinador, ganhando quatro campeonatos nacionais em oito anos, um ótimo desempenho, visto que a Liga era dominada pelos rivais Celtic e Rangers.

O Aberdeen não ganhava o título nacional desde 1955. Mesmo sendo campeão, Ferguson não teve vida fácil no clube, pois sendo mais jovem que alguns atletas penou para ganhar o respeito de jogadores, tais como Joe Harper. Com a conquista do título escocês, temporada 1979/1980, após 15 anos de jejum, Ferguson finalmente conquistou o respeito de todo o grupo de jogadores.

Devido a sua rigidez com a disciplina, foi apelidado de “Furious Fergie” (Fergie Furioso). Uma ocasião Ferguson multou um de seus jogadores, John Hewitt, por ultrapassá-lo em uma estrada publica. De outra feita, deu um pontapé no galão de chá dos jogadores no intervalo de um jogo, depois de um primeiro tempo fraco. A equipe continuou seu sucesso, ganhando a “Scottish Cup” em 1982. Chegou a receber convite para treinar o Wolves, mas recusou.

O Aberdeen alçou voos mais altos, ao se classificar para a “European Cup Winners”, em 1982/83, por ter ganho a “Scottish Cup” na temporada anterior. E se deu bem, eliminando o FC Bayern Munique, que tinha batido o Tottenham Hotspur por 4 X 1 na rodada anterior. Em 11 de maio de 1983, o grande feito ocorreu, ao derrotar no jogo final ao Real Madrid, por 2 X 1. O Aberdeen foi a terceira equipe escocesa a ganhar um troféu europeu.

Seu sucesso no Aberdeen chamou a atenção de outros clubes, que desejavam contar com seu trabalho. Entre eles, o Tottenham e o Arsenal, ambos da Inglaterra. Mas Ferguson rejeitou as duas propostas.

O técnico do Aberdeen já era considerado o melhor da Escócia, por isso assumiu temporariamente a Seleção de seu país, após a morte do treinador Jock Stein, ocorrida em setembro de 1985. Ferguson comandou a Seleção Escocesa na Copa do Mundo de 1986, antes de se tornar em 7 de novembro daquele mesmo ano, o treinador do Manchester United, da Inglaterra.

Quando chegou no clube inglês, encontrou sérios problemas. Alguns jogadores como Norman Whiteside, Paul McGrath e Bryan Robson, estavam bebendo muito e se encontravam deprimidos. Mas Ferguson conseguiu elevar o ânimo do grupo, com disciplina e união. A equipe ainda terminou a temporada em 11° lugar.

Três semanas depois de ter chegado ao Manchester United, o treinador sofreu uma tragédia pessoal, com o falecimento de sua mãe Elizabeth, de 64 anos, vitimada por um câncer pulmonar.

Na temporada seguinte, Ferguson indicou grandes contratações, como Steve Bruce, Viv Anderson, Brian McClair e Jim Leighton. Com os reforços, o time chegou em segundo lugar no campeonato.  Na temporada 1988/1989, com o retorno de Mark Hughes, que estava no Barcelona, esperava-se uma grande performance, mas acabou em decepção, classificando-se em 11º lugar.

Na temporada 1989/90, chegaram mais reforços, os meio-campistas Neil Webb e Paul Ince, bem como o defensor Gary Pallister, que custou £ 2.3 milhões pagos ao Middlesbrough, um recorde nacional. Mas nova decepção no campeonato, incluindo uma goleada de 5 X 1, sofrida ante o seu feroz rival, o Manchester City. Muitos jornalistas e defensores pediam a demissão de Ferguson. O treinador descreve esse período, como o mais negro em toda sua permanência no clube.

Depois de sete jogos sem vitória no campeonato inglês, o Manchester United foi jogar em Nottinghan, pela terceira rodada da “FA Cup”, contra o Nottingham Forest. Esperava-se uma derrota do Manchester e a demissão de Ferguson. Mas o Manchester ganhou por 1 X 0, e chegou a final. Esta vitória é constantemente citada como a que salvou a carreira de Ferguson no “Old Trafford”.

Na final, jogando contra o Crystal Palace, houve empate em 3 X 3 no tempo normal. Na prorrogação o Manchester United venceu por 1 X 0, garantindo a Ferguson o primeiro grande troféu no comando do clube inglês.

O Manchester United também chegou à final da “European Cup Winners' Cup”, superando o campeão da liga espanhola, o Barcelona, por 2 X 1. Na temporada 1991/92, o United venceu a “League Cup” e a “Super Cup”, mas perdeu o título da liga para seu rival Leeds United.

Em 1992 o clube contratou o atacante Dion Dublin, de 23 anos, que veio do Cambridge United e custou £ 1 milhão. Foi a única grande contratação do verão.

Na temporada 1992/93, finalmente o Manchester United acabou com 26 anos de espera pelo maior título nacional e Alex Ferguson foi eleito o “Treinador do Ano“, pela “League Managers' Association”.

Na temporada 1993/94, na final da “FA Cup”, o Manchester United conseguiu uma impressionante goleada de 4 X 0 contra o Chelsea. Ferguson conquistou uma dobradinha, com seu segundo Campeonato Inglês e Copa da Inglaterra.

A temporada 1994/95 foi difícil para Ferguson. O jogador Cantona agrediu um torcedor do Crystal Palace, em um jogo no Selhurst Park, e parecia que ele iria deixar o futebol inglês. Um banimento de oito meses fez com que Cantona perdesse os quatro últimos meses da temporada. Ele também recebeu uma pena de prisão de 14 dias, mas a sentença foi anulada e substituída por 120 horas de serviço comunitário.

O time perdeu o campeonato num empate inesperado de 1 X 1, com o West Ham United, no último jogo da rodada, quando uma vitória lhe teria dado o título do campeonato pela terceira vez consecutiva. O United também perdeu a final da “FA Cup” em uma derrota por 1 X 0, para o Everton.

Na temporada 1995/96, com um grupo de jogadores todo renovado, com o aproveitamento de muitos jovens, o time se encontrava 10 pontos atrás do Newcastle United, no Natal de 1995. Uma vitória por 2 X 0 em casa sobre o Tynesiders em 27 de dezembro, reduziu a diferença para sete pontos. E uma outra vitória sobre o QPR, diminuiu para quatro pontos. Mas uma derrota por 4 X 1 para Tottenham, no dia do Ano Novo de 1996 e um empate em 0 X 0, em casa com o Aston Villa restabeleceu a ampla vantagem do Newcastle.

Apesar de seu êxito como treinador, Ferguson não era bem quisto por muitos jogadores que foram dirigidos por ele. É considerado um homem autoritário, capaz de intimidar a todos, desde companheiros de direção, até os melhores jogadores e os jornalistas. Dizem que exerce um controle absoluto no vestiário e se enfurece por qualquer motivo, por mais banal que seja. É autor da frase "Nenhum jogador é maior que o clube".

Uma ocasião ele jogou um par de chuteiras no rosto de Beckham. O jogador levou cinco pontos no supercílio, mas fez questão de não levar o incidente adiante. Assim que pôde, Beckham mudou de clube.
Mas não foi só David Beckham que teve problemas com Ferguson.

Também Gordon Strachan, Paul McGrath, Paul Ince, Andriy Kančelskis, Jaap Stam, Dwight Yorke, Diego Forlan e mais recentemente, Roy Keane e Ruud van Nistelrooy deixaram o clube após conflitos com o treinador. Essa linha disciplinar é creditada como uma das razões para o sucesso dele no Manchester United.

Em 2009, quando o Real Madrid buscava a contratação do ídolo do United, Cristiano Ronaldo, Ferguson afirmou que não venderia a eles um vírus sequer. Meses depois, Sir Ferguson faria referências à histórica ligação dos merengues com o ditador Francisco Franco, dizendo que o clube, como o de predileção do “Generalíssimo”, contratava quem queria. Mas citou que a democracia já chegara à Espanha.

Sobre o campeonato mundial conquistado em cima do Palmeiras, ele foi ainda mais firme em suas declarações: “Não jogamos com todo o nosso potencial e, mesmo assim, passeamos no jogo. O campeonato mundial é uma grande falácia, é um campeonato de segunda linha. Ganhamos, mas, com toda certeza, a “Champions League” foi o ápice da temporada”.

Ferguson era uma espécie de Deus vestido de vermelho. Ele podia tudo no clube, contratava e demitia, definia o orçamento, enfrentava árbitros e adversários. Os jogadores, todos, perto do poder de Ferguson eram como se fossem pigmeus, passavam, e o treinador ficava.

Em momentos difíceis, quando deixava o reservado especial dos técnicos e chegava na linha branca lateral, o estádio descia junto, os jogadores ganhavam uma dose extra de adrenalina, os adversários recuavam e a arbitragem corria com um olho na bola e outro na beira do gramado. As vitórias nos finais das partidas viraram marca registrada do United.
  
Títulos ganhos por Ferguson: St. Mirren: (1977, 2ª Divisão Escocesa); Aberdeen: (Campeonato Escocês de 1980, 1984 e 1985); Copa da Escócia (1982, 1983, 1984 e 1986; Copa da Liga (1986); Recopa Européia (1983); Supercopa da Europa (1983); Manchester United: campeonato Inglês (1992/93, 1993/94, 1995/96, 1996/97, 1998/99, 1999/00, 2000/01, 2002/03, 2006/07, 2007/08, 2008/09, 2010/11 e 2012/13); Copa da Inglaterra (1989/1990, 1993/1994, 1995/1996, 1998/1999, 2003/2004); Copa da Liga Inglesa (1992, 2006, 2009 e 2010); Supercopa da Inglaterra (1990, compartilhada com o Liverpool, 1994, 1997, 2003, 2008, 2010, 2011); Liga dos Campeões da UEFA (1998/1999, 2007/2008); Recopa Européia (1991); Supercopa da Europa (1991); Taça Intercontinental (1999); Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2008) (Pesquisa: Nilo Dias)


sábado, 4 de maio de 2013

O craque "rastafári"

Alan Cole, considerado o melhor jogador do futebol da Jamaica em todos os tempos, nasceu em Kingston, no dia 14 de outubro de 1950. Apelidado de “Habilidade” ou “Skilly”, foi o primeiro jamaicano a jogar no futebol brasileiro, onde defendeu o Náutico, de Recife. E também o atleta mais jovem a vestir a camisa da Seleção do seu país.

Alan Cole foi criado no bairro operário de Woodford Park, em Kingston. Seu pai, Alan Cole Sr, o influenciou bastante para que se tornasse um futebolista. Ele era um apreciador dos esportes e foi quem o ensinou a chutar uma bola, tanto com o pé direito, quanto o esquerdo.

Desde adolescente, Alan Cole era grande amigo de Bob Marley, que tempos depois se tornaria o maior cantor jamaicano da história. Eles se conheceram em Nine Mile, uma vila situada na paróquia de Saint Ann, onde Marley nasceu.

Até os 13 anos, o sonho de Bob era ser jogador de futebol. E quem o viu jogar, dizia que era bom de bola. Mas, na realidade esse foi o caminho do seu amigo Alan Cole que, ainda novo, mostrava muita habilidade no futebol.

Em 1962, com 12 anos de idade, Cole foi para o Kingston College, então uma potência no futebol colegial, que participava com seu time da “Copa Manning”, a principal competição esportiva do país. Mesmo sendo visto como um talento raro, nunca jogou na competição. A escola ganhou a Copa em 1965. Mas em 1964 ele havia se transferido para o Campion College, onde ficou por um ano.

Enquanto Cole se desenvolvia no mundo do futebol e até foi comparado com Pelé na época, Bob Marley se desenvolvia no mundo do “reggae”. Mas o detalhe mais importante dessa amizade foi a música “War”, uma das grandes canções do rei do “reggae”, composta por Cole, ainda adolescente, e o baterista Carlton Barrett, dos Wailers. “War” foi uma citação feita na época, pelo imperador da Etiópia, Haile Selassie I.

O craque da seleção jamaicana ainda foi co-autor da música “Natty Dread”, com Rita Marley. As duas composições fazem parte do álbum “Rastaman Vibration”.

No começo da década de 70, Chris Blackwell, produtor musical dos “Wailers”, comprou uma mansão no “Hope Road”, zona nobre de Kingston. Quando os “Wailers” lançaram o álbum “Catch a Fire”, Chris deu posse da casa a Marley. E para lá foi Bob morar, levando consigo alguns amigos, entre eles “Skilly” Cole. Uma das atividades mais frequentes dos “dreads” era jogar bola, ou no quintal da mansão ou no campo da, primeiro time de “Skilly”.

Em 1965, quando tinha 15 anos foi jogar no Vere Técnico, time que disputava a “Copa Dacosta”, onde foi o artilheiro com 38 gols. Graças as suas boas atuações foi convocado para a Seleção da Jamaica, com apenas 16 anos, o que o consagrou como o jogador mais jovem a vestir a camisa da seleção nacional.

Ao final dos anos 60, Cole jogou duas temporadas no Atlanta Chiefs, que disputava a incipiente “North American Soccer League”, antes de voltar para jogar no Real Mona, em seguida, “Cidade dos Meninos”. Em 1970 defendeu a equipe da Ethiopian Airlines. Em novembro de 1971 foi contratado pelo Clube Náutico Capibaribe, do Recife.

O clube pernambucano fez uma excursão ao Caribe e seus dirigentes ficaram impressionados com o futebol do centro-avante jamaicano, quando de um jogo contra o “Red Brigade”. Logo trataram de contratá-lo, com seu indefectível cabelo “black Power”. No Náutico jogou ao lado de Marinho Chagas, que participou da Copa do Mundo de 1974, pela Seleção Brasileira.

Cole atuava como um centro-avante moderno, do tipo que arma as jogadas. Sua estréia no Náutico foi num amistoso contra o Sport, na “Ilha do Retiro”. O jogo terminou empatado em 1 X 1 e o gol do Náutico foi assinalado por Alan Cole, que passou a disputar com Marinho Chagas o status de maior ídolo do alvirrubro.

Mas a fama de goleador durou pouco. Cole só balançou as redes em apenas três oportunidades naquela temporada e acabando por não se firmar no time titular. No campeonato brasileiro de 1972, atuou em três partidas, nas quais o Náutico não perdeu. Mas também não ganhou: um empate sem gols com o CRB, em Maceió, e dois empates em 1 X 1 no estádio do Arruda, contra América-RJ e Santos. No Campeonato Nacional, Cole jogou contra grandes nomes do futebol brasileiro, como Pelé, Gerson, Tostão e Jairzinho.

A saída de Alan Cole do Náutico não demorou a acontecer: ainda em 1972, ele foi mandado embora dos Aflitos. O motivo, óbvio, foram as práticas religiosas do centroavante “rastafári" (um movimento religioso que proclama ´Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia, como a representação terrena de Jah (Deus): fumar quantidades generosas daquela popular erva sagrada dos adeptos de Jah. Numa cidade provinciana e conservadora como o Recife no início da década de 1970, aquilo não era visto com bons olhos. Entrou em choque com a diretoria do Náutico por não abdicar de fumar “unzinho” aberta e freqüentemente. Terminou voltando para a Jamaica depois de um ano.

No seu país foi jogar no F.C. Santos, de Kingston, clube fundado em 1964, onde ganhou três títulos nacionais. O nome foi uma homenagem a Pelé. Lá, Cole encerrou em 1974 a carreira de jogador de futebol. A grande façanha de seu time foi derrotar em um amistoso ao “New York Cosmos”, de Pelé e companhia, em jogo disputado no “Estádio Nacional da Jamaica“.

Já mais velho Alan “Skill” Cole dominava o futebol jamaicano. Enquanto, os jamaicanos dançavam ao som de muito “reggae” de Bob Marley, o público também se emocionava com o futebol do velho amigo do rei do “reggae”. Alguns de seus compatriotas mais exaltados, chegaram a compará-lo a Pelé.

Muitos torcedores consideram este período o melhor da sua carreira, com um pico quando a seleção nacional, comandada por ele, derrotou o Santos, de Pelé e o “Cosmos”, dos Estados Unidos.

As arquibancadas do Estádio Nacional estavam lotadas. Numa noite de setembro de 1975 (Timothy White, autor da biografia de Bob, diz que foi no dia 30; já a revista “Placar”, de março de 1999, afirma que foi no dia 21), 45 mil torcedores, entre eles Bob Marley e seus irmãos “dreads”, se espremeram nas arquibancadas para assistir o Santos Jamaicano enfrentar o Cosmos, milionária equipe de Nova York que contava com o Rei Pelé no comando do ataque. Para “Skilly”, a partida era uma chance de mostrar suas qualidades e, talvez, ser contratado para jogar no Cosmos.

O time nova-iorquino não demonstrava garra dentro de campo, para irritação da torcida. Aos 25 minutos do primeiro tempo,”Skilly” deu o passe para o ponta direita Errol Reid balançar as redes. O único gol da partida, uma heróica vitória dos jamaicanos. Pelé teve uma noite apagada e sofreu algumas entradas violentas, como a do zagueiro Billy Perkins, que o tirou do jogo.

Mesmo assim não escapou das críticas da imprensa e dos populares, decepcionados com a atuação do Rei: uma "piada", de acordo com o jornal “Daily Gleaner” do dia seguinte. Na opinião do jornal, “Skilly” sozinho valeu o ingresso.

No entanto, o bom futebol apresentado por Alan Cole não foi o suficiente para a sua contratação pelo time de Nova York. Clive Toye, presidente do Cosmos naquela época, em entrevista ao “Daily Gleaner”, disse ter dúvidas acerca da dedicação do jogador, embora tenha ficado bastante impressionado com seu domínio de bola e achasse que ele teve ótima atuação, apesar de impetuosa.

Pela seleção Jamaicana, Alan “Skill” Cole enfrentou o Santos, numa partida amistosa durante excursão do time brasileiro a Jamaica, em que teria dado um “drible da vaca” em Pelé. Cole ainda participou da “Copa do Mundo” de 1974, em que seu antigo parceiro Marinho Chagas, foi um dos craques daquele torneio. Depois, Alan Cole foi morar na Etiópia, onde treinou as equipes do Porto Morant, Arnett Gardens e Rockfort, todas da “Major League”.

Em 1980, ele estava de volta no acampamento de Marley como gerente de estrada para o que seria a última turnê do cantor. Mas Cole nunca escondeu a sua ambição de ser treinador da Seleção Nacional, mas acredita que tenha sido desprezado pelas respectivas administrações da Federação de Futebol da Jamaica.

Fora das quatro linhas, Cole integrava uma tropa de choque que atuava pressionando os DJs dos “soundsystems”, de Kingston para tocarem músicas de seu amigo Bob Marley. Quando os dois já eram ídolos no que faziam, Bob Marley convidou o jogador para uma de suas turnês, onde Alan Cole girou o mundo como um executivo, em 1976.

A amizade entre Bob Marley e Alan Cole é citada no livro “Queimando Tudo”, biografia de Marley. Nela, o jornalista Timothy White envolve as histórias entre os dois em lendas e mistérios, como o do atentado que Bob sofreu em dezembro de 76, que obrigou o cantor a se mudar para a Inglaterra.

Alan Cole foi apontado como culpado pelo crime: endividado e pressionado por traficantes, teria mandado a conta para Bob Marley, que não arcou com as dívidas do parceiro e por isso teve a sua casa baleada.

Segundo o autor de “Queimando Tudo”, o ex-jogador alvirrubro não gozava da confiança de Bob. No entanto, Cole chegou a dirigir a “Bob Marley Foundation”, instituição que administra a comercialização da obra de Bob Marley.

Os jornais da época publicaram que os dois amigos estavam em conflito por direitos autorais. Até o sequestro de Bob Marley foi dado como de autoria de Alan Cole por se sentir prejudicado. Mas, não durou por muito tempo, pois a farsa desse conflito foi desvendada e a parceria deu continuidade.

Em 1980, Alan Cole foi gerente da turnê de Bob Marley. Ele esteve com o rei do “reggae” fazendo “cooper” no Central Park, no momento em que Bob sofreu um colapso. O ícone tentou tratamento em Munique.

Em 2007, Cole voltou aos noticiários. Não exatamente esportivos, muito menos musicais. ele foi condenado por tráfico de drogas a 18 meses de prisão e multa de 15 mil dólares jamaicanos. Cinco anos antes, em 2002, foram encontrados nada menos do que 149 quilos de maconha na casa do ex-jogador. A sentença foi anulada em 8 de outubro de 2010 e convertida em uma multa de 330 mil dólares jamaicanos. Cole estava em liberdade sob fiança aguardando o resultado de sua apelação.

Em 26 setembro de 2010, ele foi homenageado pela Federação de Futebol da Jamaica, ocasião em que recebeu do presidente da FIFA , Joseph Sepp Blatter , um prêmio por seu trabalho no futebol jamaicano . Edward Seaga e PJ Patterson, dois antigos primeiros-ministros, estavam entre os 10 destinatários, mas os maiores aplausos foram para o Cole enigmático. (Pesquisa: Nilo Dias)

No detalhe, Alan Cole quando jogava no Náutico.