O Grêmio Foot-Ball Santanense, um dos mais tradicionais clubes esportivos do Rio Grande do Sul, completa hoje 100 anos de fundação. Infelizmente a agremiação se encontra afastada das lides esportivas desde 2003, quando desistiu de competir profissionalmente. Em 2009 voltou a participar de competições municipais de futebol amador, sete e futsal.
Se sabe que o clube foi fundado no dia 11 de junho de 1913 por iniciativa de um grupo de jovens que costumavam se reunir na Barbearia do Ladário. Mas nada mais do que isso, pois um incêndio ocorrido em 1919 na casa do então secretário do Grêmio Santanense, Joaquin Sanz, destruiu toda a documentação relacionada a fundação e os primeiros anos do clube.
Uma coisa porém é certa, é o clube mais vitorioso do futebol de Santana do Livramento, sendo o único a se sagrar campeão gaúcho, isso em 1937, quando teve também os dois artilheiros maiores da competição, Hortêncio Souza e Tom Mix.
Para chegar ao título o Santanense venceu na fase preliminar ao Riograndense, de Santa Maria, por 4 X 1 e ao Novo Hamburgo, por 3 X 2. Nos jogos finais perdeu para o Rio-Grandense, de Rio Grande por 2 X 0, depois venceu por 3 X 2, empatou o terceiro confronto em 3 X 3 e levantou a taça na quarta e decisiva partida, quando goleou por 4 X 0.
Na decisão de 1937, entre Grêmio F.B. Santanense X F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande, a divisão da renda mostrava claramente os exageros da Federação Rio Grandense de Desportos (FRGD), naqueles tempos.
A decisão foi em campo neutro, no estádio Estrela D’Alva, em Bagé, perante 3 mil expectadores. A renda somou 8 contos de réis (na época uma boa casa custava 20 contos de réis). Do total, 30% foi para o campeão, 20% para o vice e 50% para a FRGD.
O time campeão tinha como formação base: Brandão – Alfeu e Pedro Seringa – Garnizé – Mascarenhas e Pepe Garcia (Pasqualito) – Zorro – Beca – Bido – Hortêncio Souza e Tom Mix. O treinador era o uruguaio Ricardo Diéz, que repetiu este feito em 1942 com o S.C. Internacional, de Porto Alegre, onde foi o primeiro técnico estrangeiro e revelou o zagueiro Nena.
Antes, em 1941 passou pelo futebol pernambucano onde treinou o Sport e descobriu o atacante Ademir Menezes, que foi um dos maiores artilheiros do país, jogando no Vasco, Fluminense e Seleção Brasileira.
Como cigano do futebol, andou por Minas Gerais onde treinou vários clubes: Atlético Mineiro (1950, 1951, 1955, 1956, 1958 e 1959); América (1946); Siderúrgica, de Sabará (1947), Cruzeiro (1953); Valeriodoce, de Ibara (1962 e 1963); Democrata, de Sete Lagoas (1965) e Paraense, de Pará de Minas.
Em 1957 voltou ao futebol pernambucano para dirigir o Náutico. E em 1960 completou sua andança pelos três principais clubes do Estado, ao comandar o Santa Cruz.
Em 1939 o Grêmio Santanense quase ganhou de novo o Campeonato Gaúcho, perdendo a final para o Rio-Grandense, de Rio Grande e ficando com o vice-campeonato. Em 1948 bateu na trave outra vez, ao chegar como segundo colocado no Estadual, perdendo os jogos finais para o Internacional, de Porto Alegre, por 2 X 1 e 5 X 0.
O Grêmio Santanense mandava seus jogos no “Estádio Honório Nunes”, que tem esse nome em homenagem ao presidente da gestão de 1915. Honório Nunes quando esteve a frente do clube superou inúmeras dificuldades para manter a agremiação em seus primeiros anos de existência. Deste então a presença do patrono é constante na vida do clube.O Estádio, que se encontra em total abandono, tinha capacidade para oito mil expectadores.
Entre os valores revelados pelo clube, destacam-se o centroavante Mauro, que foi artilheiro do “Gauchão” de 1993, quando marcou 19 gols; Claudinho, artilheiro da “Segundona Gaúcha”, de 1990, também com 19 gols; o argentino Fábio de Los Santos, que depois jogou no Grêmio Portoalegrense; Cacaio, atacante que brilhou no Internacional, de Porto Alegre; Zambiasi, zagueiro artilheiro que foi figura destacada do Coritiba, onde marcou 18 gols; Pino, volante que atuou pelo Grêmio Portoalegrense e Claudiomiro, que começou como meia-armador e depois virou zagueiro, que defendeu o Coritiba, Santos, Vitória, da Bahia e Grêmio Portoalegrense, entre muitos outros.
O maior rival do Grêmio Santanense sempre foi o E.C. 14 de Julho, com o qual realizava o clássico Gre-Qua. Na cidade também havia o Fluminense (licenciado) e o Armour (licenciado). Entre os títulos conquistados estão 19 campeonatos municipais (1922, 1923, 1925, 1932, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1946, 1948, 1953, 1957, 1961, 1962, 1963 e 1977).
O clube só fica atrás do rival, 14 de Julho que tem 40 títulos municipais e foi tetra campeão Regional. Depois aparece o Armour com sete campeonatos e campeão da 2ª divisão da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Fluminense com quatro e o Independente com apenas um.
Na galeria de troféus há uma conquista Internacional. Foi em 1975, quando o time se sagrou campeão da “Copa Internacional Rubens Hoffmeister”, realizada na Holanda. Ainda foi campeão do Interior Gaúcho (1937 e 1948); Campeão Gaúcho da 3ª Divisão (1967); Campeão da Região Fronteira (1925, 1935, 1937, 1939, 1946 e 1948); Vice-campeão do “Gauchão” da Série B (1991) e Vice-campeão da “Terceirona” (2000). E é claro, campeão estadual(1937) e vice-campeão estadual (1939 e 1948).
Em julho do ano passado, quando do encerramento das comemorações dos 189 anos de fundação de Sant’Ana do Livramento, o então prefeito Wainer Machado fez a entrega de diversas homenagens a entidades e empresas locais, e uma em especial dedicada ao esporte. O empresário Luis Paulo Dutra recebeu um diploma de Reconhecimento Público ao Grêmio Foot-Ball Santanense, que hoje está completando o seu centenário.
Para o ex-prefeito, o Grêmio Santanense é um dos clubes mais populares da Fronteira e continua fazendo história de garra e determinação, tendo sido inclusive campeão gaúcho, feito este obtido por poucos clubes do interior do Estado, fora do eixo da dupla Gre-Nal. (Pesquisa: Nilo Dias)
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