O Clube Atlético Santista foi fundado na cidade praiana
de Santos (SP) no dia 7 de setembro de 1913, por alunos da Academia de Comércio
José Bonifácio - hoje, Associação Instrutiva José Bonifácio - situada na Rua da
Constituição, 56. A reunião aconteceu na sala do Museu de História Natural e
Física da Academia e durou apenas uma hora e 18 minutos.
Os
fundadores foram: Abelardo Gonçalves Torres, Adolfo Porchat de Assis (diretor
da Academia de Comércio José Bonifácio), Alfredo João Pabts, Álvaro Monteiro
Morgado, Antônio Bonilha da Cunha, Casimiro Reis de Vasconcelos, Djalma
Guajarino Maia, Edgard Galvão Bueno, Eugênio Guilherme Pabts, Geraldo Maestre
Alvarez, Hércules Galvanese, José Peres Ferreira, Lauro Maia, Lauro de Sousa e
Silva, Marçal Castelões, Marino Lima, Nélson Buarque de Gusmão, Nélson
Espíndola Lobato, Nicanor Behn Franco, Nicolino Ipólito, Nilo Silva, Odair
Delamare Porchat de Assis, Otávio Gardner Hayden, Osmar Buarque de Gusmão,
Robert Alex Sandall, Salvador De Maria, Santo Estêvão Caruso, Sócrates Aranha
de Meneses e Tales de Melo, a que se juntaram, por direito, Poly Serpa Pinto e
José Pinto Blandy.
A
primeira Diretoria do novo clube ficou assim constituída: presidente, Odair
Delamare Porchat de Assis; vice-presidente, Tales de Melo; 1º secretário,
Nicolino Ipólito; 2º secretário, Geraldo Maestre Alvarez; 1º tesoureiro, Nélson
Espíndola Lobato e 2º tesoureiro, Lauro Maia.
O prédio, que pertencera anteriormente ao senhor João
Otávio dos Santos, criador do Instituto Profissional Dona Escolástica Rosa, era
um palacete de amplas dimensões, com as paredes externas revestidas de azulejos
portugueses, salas enormes, vastos corredores e 40 janelas.
Quando
da fundação o clube se chamava José Bonifácio. A mudança para a denominação
atual de Clube Atlético Santista só aconteceu em 1914, com a manutenção das
cores verde e branco, que se mantém até hoje. Por causa das cores, o clube foi
apelidado de “Arroz com Couve”.
O
Atlético foi fundado para a prática do futebol, sendo até a sua desistência
desse esporte, devido a profissionalização, o principal clube futebolístico da
cidade, desbancando o então principal rival praiano Santos Futebol Clube, que
naquela época ainda não havia se consolidado como grande clube. Os dois
rivalizavam na preferência do torcedor.
A
primeira partida do Clube Atlético Santista foi contra o Britânia F.C. no dia 4
de dezembro de 1916, com vitória de 3 x 1. Os gols foram marcados por Manoel
Henrique, Leandro Jonas e Jair.
O
Santista começou como filiado da Associação Santista de Esportes Atléticos
(ASEA), de onde saiu para ingressar na Associação
Paulista de Esportes Atléticos (APEA). Não durou muito por lá, visto que sofreu
graves prejuízos financeiros, o que o levou a demandar contra a entidade então
dirigente do futebol paulista, que não viu com bons olhos a conquista atleticana de três títulos municipais em Santos.
Depois,
mudou-se para a Liga Amadora de Futebol (LAF), junto de outros clubes
dissidentes. Nas três entidades a que esteve filiado sempre alcançou
esplêndidos triunfos, graças a organização, que foi sempre sua marca registrada
e as boas equipes que formava.
Tanto
é verdade, que em 1918, o campeão
foi o Santista e de maneira invicta. A equipe base era a seguinte: Bland - Aldo e Adão – Décio - Américo e Poly – Vitorino – Jadel –
Pinheirinho - Milton e Lima. A campanha para a conquista do título foi esta:
Atlético
X Brasil (3 X 1 e 4 X 1); Atlético X São Paulo (4 X 1 e 6 X 0; Atlético X
Americana ( 1 X 1 e 4 x 1); Atlético X São Vicente (1 x 1 e 8 X 1); Atlético X
S.P.R. (3 X 0 e 5 X 3). Foram 10 jogos, com oito vitórias e dois empates, 39 gols
a favor e 10 contra, com um saldo positivo de 29 gols.
Embora
a rivalidade entre Santista e Santos o primeiro confronto entre ambos no
Campeonato Paulista, ocorreu somente no dia 8 de junho de 1930, com vitória do
“Peixe” por 3 X 0, com dois gols de Feitiço e um de Mário Seixas. Ao término do
campeonato o Santos ficou na terceira posição e o Atlético Santista na oitava,
ao lado do S.C. Sírio, da Capital.
Antes
dessa partida, os dois não se enfrentavam porque o Santos, que na época era
presidido pelo Dr. Antônio Guilherme Gonçalves, em razão de uma determinação da
APEA, não aceitava jogar no campo do Santista e por isso perdia sempre por WO.
O
alviverde praticou futebol em três campos distintos e não próprios, como o do
Jóquei Clube, o da Vila Matias, na Avenida Ana Costa, onde hoje se levanta a
Igreja do Coração de Maria, e o da Avenida Conselheiro Nébias, entre a Rua Dona Luísa Macuco e a linha férrea da Companhia Docas, que é atualmente uma das áreas da
Companhia de Usinas Nacionais.
Lá
o clube conquistou vitórias históricas contra grandes equipes como Palestra
Itália, Corinthians e São Paulo da Floresta. O Santos F.C. por exemplo, não
entrava em campo quando o jogo estava marcado na Conselheiro.
Em
1931 os dois se enfrentaram uma única vez, na Vila Belmiro, com empate de 2 X
2. Em 1932, o Santos ganhou por 4 X 2, jogando novamente em casa. O jogo foi
válido pelo campeonato que teve um só turno, devido a Revolução
Constitucionalista.
E
foi também a última vez em que se enfrentaram, pois com a chegada do
profissionalismo ao futebol brasileiro, o Clube Atlético Santista deixou em
definitivo de participar do certame paulista.
Antes
dessa partida, os dois não se enfrentavam porque o Santos, que na época era
presidido pelo Dr. Antônio Guilherme Gonçalves, em razão de uma determinação da
APEA, não aceitava jogar no campo do Santista e por isso perdia sempre por WO.
O
Santista, em sua curta existência no futebol, participou do Campeonato Paulista
da Primeira Divisão, atual A-1, em sete ocasiões: 1926, 1927, 1928, 1929, 1930,
1931 e 1932. Sagrou-se tricampeão santista em 1918, 1919 e 1920 e esteve sempre
entre os primeiros do futebol paulista, sendo vice-campeão em 1926.
Grandes
jogadores também vestiram a camisa atleticana, como o goleiro Jaguaré, formado
no clube, que depois foi ser campeão e ídolo do Vasco da Gama-RJ. E o primeiro
grande craque do futebol brasileiro, Arthur Friedenreich.
A
decisão de parar com o futebol, quase fez com que o clube fechasse as portas.
Isso só não aconteceu graças a competência de seus administradores, que
souberam dar a volta por cima. A reviravolta começou com os bailes no salão da
rua Dom Pedro II, passando depois para a Sociedade Humanitária dos Empregados
no Comércio.
Reequilibrado
financeiramente, em 1949 construiu um moderno ginásio de esportes na Rua Dr.
Carvalho de Mendonça, onde funcionava também a sede social. Naquele local se
realizaram memoráveis partidas de basquetebol, voleibol e grandes e concorridos
bailes. Ao fim da década de 1960 o Santista comprou um terreno na Avenida
Washington Luís, pagou-o, contratou a construção do ginásio suspenso, dos raros
no país e inaugurou-o festivamente em 1949.
No
"Salão de Cristal" se realizaram inesquecíveis bailes, shows, eventos
e até importantes reuniões políticas, tratando do desenvolvimento da cidade de
Santos. Na "Boate Red", os jovens se divertiam com as discotecas e
domingueiras. Naquele terreno também foi construído um ginásio de "Tamboréu" coberto, único do Brasil. Nessa época, o Clube Atlético Santista chegou a ser
considerado o maior clube social da América Latina.
Mas
as crises voltaram e por isso o clube se viu obrigado a vender em 2008, metade
do terreno de 15 mil metros quadrados, localizado na esquina das ruas Carvalho
de Mendonça e Pérsio de Queiróz, na Encruzilhada, para a concessionária de
veículos Comeri.
O
“Salão de Cristal”, onde haviam bailes, shows e mais recentemente as feiras de
malhas, a “Boite Red”, onde muitos se divertiram nas discotecas, a quadra de
tênis e o mini-campo de areia, onde haviam os torneios internos, as famosas “Gurilândias”, agora não fazem mais parte do patrimônio do clube.
Ao
contrário do Clube de Regatas Santista e do Caiçara Clube, o Atlético está
ressurgindo das cinzas e tudo leva a crer que breve voltará a se reestruturar
completamente. Quando a atual diretoria, presidida por José Antônio Pires
assumiu, juridicamente o Atlético Santista não existia mais.
Todas
as dívidas já foram praticamente pagas e novas áreas de lazer construídas, como
dois campos de futebol society com coberturas e vestiários, churrasqueiras, uma
nova secretaria e ainda uma cantina. Estão previstas as construções de uma
academia de ginástica, um salão de jogos e reformas na área das piscinas e da
sede social existente embaixo do parque aquático.
Tudo
isso foi possível graças a quantia financeira recebida e das parcelas que ainda
estão sendo pagas pela venda da área. Apenas o quadro de sócios não é mais o de
antigamente. Hoje está reduzido a apenas 125 colaboradores. Mas ao contrário de
antigamente, hoje a sede fica aberta para quem quiser dela usufruir, bastando
pagar uma taxa diária. (Pesquisa: Nilo Dias)
Time de futebol do Atlético tricampeão municipal 1917-1918-1920. (Foto: Acervo fotográfico do Clube Atlético Santista)
Sou neto de um dos fundadores, Nicanor behn Franco. Lastimo o fechamento deste histórico clube. Parabéns pela excelente narrativa.
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