sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Um jogador notável

Coriolano dos Santos, ou simplesmente Coriolano, foi um jogador de chute poderoso, perfeito controlador da bola, cabeceador notável. Foi de fato um craque do futebol, um craque que teria hoje mais fama no Estado, não fosse sua carreira ter-se desenvolvido paralelamente com a de outro homem, também extraordinário, Mário Reis, que era então o dono indiscutível da meia-esquerda, posição em que o pai de Touguinha sempre atuou.

Coriolano iniciou a prática do futebol com a idade de 15 anos, na meia-esquerda dos “filhotes” do S.C. Rio Grande. Imediatamente revelou atributos fora do comum para a sua idade, empolgando a torcida do “Veterano”.

Antônio Azambuja, alto funcionário do Porto de Rio Grande, conseguiu serviço para Coriolano, que ficou mais de 40 anos no emprego, chegando a ser sub-diretor da antiga Divisão de Portos Rios e Canais.

Naquele ano de 1913, Coriolano teve uma ascensão vertical no futebol. Em poucos meses passou para o segundo quadro, e, deste, para a equipe principal. Antes do fim do ano já era o titular da Seleção Riograndina. Em 1914, veio a Porto Alegre com o S.C. Rio Grande, que jogou contra quatro equipes locais.

Venceu o Fuss-Ball por 4 X 2, o Frisch-Auf por 3 X 1, perdeu para o Internacional por 5 X 1. Nesse jogo o Rio Grande ficou sem o seu goleiro aos 2 minutos de jogo, depois que ele se chocou violentamente com o atacante colorado, Ribas. E perdeu para o Grêmio por 6 X 1.

E entre os que mais se entusiasmaram pelas atuações, iniciais e posteriores do jovem, foi o cronista José Pio Alves, que, desde então, até falecer, não cansou de publicar os mais rasgados elogios às qualidades de Coriolano. Chegou mesmo a organizar um álbum, no qual anos afora, foi colecionando as opiniões da imprensa e as fotografias.

Em 1918 passou para o Rio-Grandense, onde estreou enfrentando o São Paulo e vencendo-o por 5 X 0. Pelo Rio-Grandense foi campeão da cidade em 1921.

Era tal então o renome de Coriolano no esporte riograndino, que os funcionários do Porto sentiam orgulho em dizer-se colegas do craque. Esses mesmos companheiros de trabalho, em testemunho de admiração, ofertaram-lhe então uma caríssima medalha de ouro maciço.

Em 1922 voltou ao S.C. Rio Grande, tornando a se sagrar campeão da cidade. Nesse ano passou por incomensurável emoção. Disputava-se em Porto Alegre a “Taça Centenário da Independência do Brasil”. O S.C. Rio Grande chegou à capital sem muitas pretensões, mas disposto a lutar sem quartel.

Como primeiro adversário teve o Rui Barbosa, que caiu ante o time “papa-areia” por 3 X 1. A seguir os riograndinos enfrentaram o Riograndense, de Santa Maria, abatendo-o por 1 X 0. Faltava o adversário mais poderoso, o Grêmio Portoalegrense, que havia vencido o Riograndense santamariense, por 2 X 1. Nesse jogo decisivo o S.C. Rio Grande venceu por 4 X 1 conquistando o troféu oferecido pelo Governo do Estado.

O S.C. Rio Grande mandou a campo: Pato – Ventura e Landa – Carrancho – Mirand e Garvero – Paulinho – Alberto – Nelson – Coriolano e Leôncio.

Nesse ano de 1922, Coriolano estava em grande forma. Em um jogo chegou a marcar seis gols, sendo três de cabeça. Ele contava que costumava cabecear com a bola entre a testa e o nariz, nunca em cima da cabeça, pois assim ela não levantava.

Coriolano jogou até 1928, tendo sido capitão do time do S.C. Rio Grande nos últimos cinco anos. Foi novamente campeão da cidade em 1928. Mesmo com toda a sua grande técnica, nunca foi convocado para integrar a Seleção do Rio Grande do Sul, embora uma vez houvesse sido chamado para fazer experiência na Seleção Brasileira.

Mas sua mãe não permitiu que fosse ao Rio de Janeiro se apresentar na Seleção.Era inimiga do futebol, e mesmo em Rio Grande não gostava que ele jogasse. Certa vez, em véspera de partida decisiva, foi necessário a ida de uma comissão de “veteranos” a sua casa, afim de obter permissão para que ele pudesse entrar em campo. (Matéria publicada no Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)

O pai da bola


Clóvis Touguinha dos Santos, ou apenas Touguinha, filho de Coriolano, nasceu na cidade de Rio Grande em 14 de fevereiro de 1923 e morreu em Porto Alegre, em 1967, por causa desconhecida. Jogou em apenas dois clubes, o Grêmio, de Porto Alegre e o Corinthians Paulista, onde foi campeão estadual em 1950 e do Torneio Rio-São Paulo, em 1951.

O time corinthiano tinha esta formação básica: Cabeção – Murilo e Lorena - Idário, Touguinha e Julião - Claudio – Luizinho – Baltazar - Jackson e Carbone. Técnico: Rato.

Em 1942 foi contratado pelo Grêmio, onde ficou até 1948, ano em que se transferiu para o Corinthians. No clube paulista se destacou por seu futebol clássico com belos passes. Por isso ganhou o apelido der “Pai da Bola”.

Sua primeira partida com a camisa do Corinthians fioi no dia 21 de abril de 1949, num jogo amistoso frente o Noroeste, de Bauru. No decorrer do jogo ele entrou no lugar do então titular Newton. A partir daí ganhou a posição, formando com Idário uma histórica linha média.

Touguinha era um jogador muito educado. Gostava de dar entrevistas, era atencioso com a imprensa e com os ouvintes. Costumava cumprimentar seus fans, dizendo sempre: “Boa noite, queridos ouvintes, que me prestigiam”.

Ao todo foram 126 jogos e quatro gols assinalados pelo time do Corinthians, segundo o "Almanaque do Timão", de Celso Unzelte.


Coriolando, cegou ao cargo de sub-diretor do Porto de Rio Grande. (Foto: Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)


Touguinha, jogou apenas no Grêmio e no Corinthians Paulista. (Foto: Acervo fotográfico do S.C. Corinthians Paulista)

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