terça-feira, 28 de julho de 2015

Os 100 anos do Serrano F.C.

O Serrano Foot Ball Club, da cidade de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro é mais um clube centenário do futebol brasileiro. Sua fundação aconteceu no dia 29 de junho de 1915, quando um grupo de dirigentes do extinto Terra Santa Futebol Clube, insatisfeitos com a situação do time, decidiram se reunir para fazer mudanças.

A reunião ocorreu exatamente no dia em que a cidade festejava a data de São Pedro. O nome Serrano foi sugerido por Guilherme Frederico Kozlowsky, um dos desportistas que participaram da fundação do clube. As cores escolhidas foram o azul e o branco. Seu primeiro presidente foi o desportista Antônio Marques.

O Serrano foi o primeiro clube campeão oficial do município. Na conquista do tricampeonato, o time começou a despertar a atenção dos demais adversários. Considerado um dos emergentes do futebol do Rio de Janeiro, o Serrano misturava bom futebol com a paixão de sua torcida.

O clube não se restringiu apenas ao futebol, teve equipes de hóquei, uma das mais fortes do Brasil, basquete, tênis de mesa, vôlei, entre outros. Mas foi no futebol, que o clube fez história, principalmente depois que ingressou no profissionalismo, em 1979.

Algumas datas importantes na história do clube. Em 1918, por iniciativa do Serrano, foi fundada a Liga Petropolitana de Esportes, oficializando dessa maneira o futebol na cidade. No primeiro campeonato organizado pela entidade o campeão foi o Serrano.

Em 1920 o clube se tornou conhecido nacionalmente ao disputar um jogo amistoso contra o Fluminense, do Rio de Janeiro, que na época era a capital do país.

O primeiro título importante da história do Serrano veio em 1925, quando goleou o Fluminense A.C., de Niterói por 4 X 0 na partida final, se sagrando “Campeão Fluminense de Futebol”.

Em 1945, um concurso público promovido pelo jornal “Tribuna de Petrópolis”, elegeu o Serrano como o clube “Mais querido da cidade“. Em 1945, depois de derrotar o Goytacaz F.C., de Campos, na partida final, o Serrano conquistou seu segundo título do “Campeonato Fluminense de Futebol”.

Em 7 de julho de 1951 foi inaugurado o Estádio Atílio Marotti, de propriedade do clube, localizado na Rua Madre Francisca Pia, 400, que possui capacidade atual para 15 mil espectadores. Seu estádio. 


A partida inaugural foi Serrano 1 X 3 Olaria. O primeiro gol na nova praça de esportes foi anotado pelo jogador Jair, do Olaria. O público recorde no estádio foi no jogo Serrano 1 x 0 Flamengo, em 19 de novembro de 1980, com 14.994 pessoas.

Em 1956, com 100% de aproveitamento, o Serrano conquistou o título de campeão da “Zona Metropolitana”,  do Campeonato Fluminense de Futebol e classificou-se para as finais, não realizadas por falta de datas.

Em 1980, o Serrano participou da Primeira Divisão do Campeonato Carioca. Naquela edição, o clube petropolitano enfrentou o Flamengo, então tricampeão carioca e campeão brasileiro. O rubro-negro tinha um time repleto de craques, como Zico, Tita, Adílio, Leandro e Júnior.

Na partida disputada em uma noite chuvosa e fria no Estádio Atílio Marotti, o Serrano ganhou o jogo por 1 X 0, gol do jogador Anapolina, o que acabo com o sonho flamenguista de conquistar o tetracampeonato carioca.

O lance fatal aconteceu aos 19 minutos de jogo, quando o ponta-esquerda Elimar Cerqueira, conhecido como Anapolina, que era o terceiro reserva do time e que só entrou em campo porque o titular foi vendido, dias antes, tomou a bola de Zico no meio-campo e passou para Humberto.

O lateral passou para o centroavante Luiz Carlos, que tentou o chute a gol, mas a bola tocou em Júnior e tirou os zagueiros rubro-negros do lance, do que se aproveitou Anapolina que bateu forte sem chances para Raul Plassmann. O Flamengo atacou de todas as formas em busca do gol de empate, mas esbarrou na firme atuação do goleiro Acácio, que fez defesas estupendas.

Em 1992 foi campeão da Segunda Divisão Estadual. Em 1999 foi bicampeão da Segunda Divisão Estadual. Em 2005 e 2006, o Serrano participou do Campeonato Carioca da 2ª Divisão, fazendo uma campanha pífia, terminando em último lugar.

Em 2007, o clube não participou de nenhum campeonato profissional. Mas, em 2008 houve o retorno do clube aos campeonatos profissionais, disputando o Campeonato Carioca da “Segunda Divisão”.

Porém, com a pior campanha da competição, foi rebaixado para a Terceira divisão estadual. Em 2012, foi eliminado da “Terceira Divisão” do campeonato carioca, mais uma vez, na segunda fase da competição.

O Serrano F.C., em 2011, passou a adotar um novo modelo de gestão, rumo à profissionalização, similar ao implantado no Real Madrid no início do milênio.

O objetivo é ter interlocutores à altura das exigências do mercado esportivo atual, onde além de torcedores e sócios, ter os veículos de comunicação, anunciantes, agentes de jogadores, parcerias e investidores de várias naturezas.

Títulos conquistados. Campeonato Citadino de Petrópolis (1918, 1919, 1920, 1930, 1931, 1932, 1933, 1936, 1939, 1945, 1957 e 1967); Campeão Fluminense (1925 e 1945); Campeão Carioca da 2ª Divisão (1992 e 1999); Campeão Carioca da 3ª Divisão, categoria de Juniores (2011)

Treinadores de destaque; Renê Simões, Marcelo Buarque e Manoel Neto. Jogadores de destaque no passado: Adriano, o goleiro Acácio, que foi reserva na Copa do Mundo de 1990, Átila, Anapolina, que em 1980 eliminou as chances do Flamengo de conquistar o tetracampeonato estadual, Maurício Copertino, Fabinho, Índio, Israel, Alexandre Dragão, Rafael, Botelho Miranda, Garrincha, um dos maiores craques brasileiros, Jorge Demolidor, Marcão, Milton, que integrou a Seleção Brasileira Olímpica de 1988, Willian, Wagner Ponce, Jorge Luiz, Estrela, Jesse, Alex Arruda, Silmar, Ricardo Fernandes, Sando Emílio, Alex Guimarães e Leandro Ávila. (Pesquisa: Nilo Dias)

Time do Serrano em 1915. (Foto: www.wikipédia.org)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Hergilio Hato, o "Pantera Negra"

Curaçao é uma pequena ilha do Caribe localizada ao norte da costa venezuelana e faz parte do Reino dos Países Baixos, assim como as ilhas de Aruba, Bonaire, St. Maarten, St. Eustatius e Saba. Juntas, são conhecidas como ex-Antilhas Holandesas. Curação nunca teve tradição alguma no futebol, mas foi terra natal de um dos maiores goleiros da história do futebol mundial.

Ergilio Pedro Hato nasceu no bairro de Otrobanda, em Willemstad, capital de Curaçao, no dia 7 de novembro de 1926 e faleceu lá mesmo em 18 de dezembro de 2003, aos 77 anos de idade. O nome de sua mãe era Hatot, mas ele foi registrado como Hato, porque o  Registro Civil não podia colocar esse nome.

Começou a praticar o futebol em seus tempos de escola. Antes de ir as aulas, durante os intervalos e depois da escola se dedicava a jogar futebol. Os pátios das escolas eram usados como campos de futebol na época. E os padres o encorajavam a praticar o esporte.

Em sua vitoriosa carreira jogou por apenas uma equipe, o CRKSV Jong Holland, entre 1943 e 1959, ano em que parou de jogar.  Nos anos 50 começou a defender também a Seleção Nacional.

Hato ficou conhecido como o melhor goleiro da América Latina e do Caribe e ajudou a equipe de Antilhas Holandesas a participar dos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinque, Finlândia. Eles perderam para a Turquia.

Em 1955, ele levou a equipe de Curaçao a conquistar uma medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos. Foi quando ganhou notoriedade, o que lhe valeu várias ofertas lucrativas para jogar futebol profissional a nível internacional.

Embora fosse um dos grandes goleiros de sua época, Hato preferiu seguir atuando como semi-profissional em Curaçao, esnobando propostas para jogar em clubes maiores, como Ajax, Feyenoord e Real Madrid. Em nome de seus valores decidiu permanecer em sua terra, criar uma família e jogar no clube local do Crksv Jong Holland.

Foram 101 partidas e cinco gols marcados pela agremiação. Atuou também pela Seleção Curaçauense de Futebol em 35 partidas e fez quatro gols. Chegou ainda a defender a Seleção da Holanda entre 1950 e 1951, atuando em cinco partidas e tendo marcado um gol.

Ergilio Hato tinha apelidos como “Pantera Negra” (Black Panther), o “Pássaro de Vôo" (Vliegende Vogel) e o “Homem Elástico” (Elastic Man).

A fama de Ergilio Hato em seu país é tão grande, que o estádio multi-uso da capital, Willemstad, leva o seu nome. É o “Sentro Deportivo Korsou (SDK)”, o maior estádio da ilha, com capacidade para receber até 15 mil torcedores. 

O mesmo acontece com o aeroporto, que deixou de chamar-se Dr. Albert Plesman, para homenagear Hato por conta da paixão do ex-goleiro por aviões.

Também foi escrito um livro que conta sua vida. "Ergilio Hato: Simpel, Sierlijk, Sensationeel". Traduzido para o português quer dizer: "Ergilio Hato: Simples, elegante, Sensacional – O alto vôo de uma lenda do futebol". 

Foi escrito por Valdemar Marcha e Nancy van der Wal. Pode ser adquirido no endereço http://www.sportgericht.nl/489.html . É a única publicação em forma de livro sobre Hato, em línguas holandesa e Antilian.

Ergilio Hato está incluído entre os grandes heróis que Curaçao conheceu. Ele foi idolatrado por gerações, em razão de seus feitos incríveis como goleiro. Esse livro é um registro da importância de um homem extraordinário para a sua comunidade. Ele contém 200 fotos retratando a história de Ergilio. 

O futebol chegou a Curação em 1909. Os jovens que haviam ido estudar nos Países Baixos conheceram por lá o esporte e começaram a praticá-lo. Na época não havia campos de futebol em Curaçao e o primeiro jogo entre o time da República CVV e uma equipe de fuzileiros navais, teve lugar no jardim da igreja da Santa Família.

Os padres, que também dirigiam as escolas, desempenharam um papel importante nos primeiros tempos do futebol na localidade. Foram eles que propagaram o esporte e também organizaram voluntários para limpar e preparar os primeiros campos em Skalo. 
                                        
Em 1921, foi criada a “Curacao se Voetbal Bond” (CVB), a federação de futebol. Em agosto daquele ano, foi organizado o primeiro Campeonato com oito clubes participantes. 

Em 1926, a primeira seleção nacional de Curaçao foi organizada e disputou um torneio no Haiti, contra a seleção local e as da Jamaica e Sto. Domingo. A seleção de  Curaçao foi muito bem no torneio, com vitórias sobre Haiti e São Domingos.

Em 1932 a CVB filiou-se à FIFA. A partir daí manteve um intercâmbio futebolístico com ilhas e países vizinhos. Em 1941, participou da primeira competição organizada pela Concacaf, que contou com a presença também de Costa Rica, Nicarágua, El Salvador e Panamá. Curaçao terminou em terceiro lugar.

Ao final de 1941 as federações de Curaçao e Aruba, ilhas que fazem parte das Antilhas Holandesas, decidiram unir forças e criaram a Federação de Futebol das Antilhas Holandesas (NAVB). 

Ambas as federações permaneceram autônomas nos seus próprios territórios, e os vencedores dos campeonatos locais jogavam uns contra os outros, para determinar qual clube seria o campeão das Antilhas Holandesas.

Em maio de 1946 a CVB comemorou 25 anos de existência com um torneio internacional em Curaçao. As equipes convidadas foram Aruba, Suriname, Atlético Juniors, da Colômbia e Feyenoord, da Holanda. Curaçao venceu todas as partidas. No último jogo derrotou o famoso time holandês do Feyenoord, por 4 X 0.

Em julho de 1946, a seleção nacional de Curaçao viajou para os Países Baixos para reforçar o vínculo entre Curaçao e Holanda. Durante a excursão jogou nove partidas contra equipes holandesas, com destaque para o empate de 3 X 3 com o Feyenoord. 

O estádio em Roterdã recebeu mais de 37 mil espectadores. O jovem goleiro de Curaçao, Hergilio Hato foi o grande nome do jogo, praticando defesas sensacionais.

A seleção nacional de Curaçao saiu-se muito bem nos campeonatos subsequentes da Concacaf e da América Central e do Caribe. Ergilio Hato se tornou uma lenda na América do Sul e Caribe.

O ano de 1958 trouxe outra mudança organizacional, com a criação da União de Futebol Antilhas Holandesas (Navu). Em 1959 foi fundada a Federação de Futebol do Bonaire (BVB). Com isso, os jogadores das três ilhas ficaram aptos a participarem da Seleção Nacional das Antilhas Holandesas.

Mordy Maduro, presidente da CVB desde 1951 e presidente da Navu de 1958-1971, foi eleito vice-presidente da FIFA em 1960 e reeleito em 1968. Graças a ele muitos times estrangeiros visitaram Curaçao durante a sua presidência.

Um feito notável na história do futebol de Curaçao foi alcançado pela equipe do Curaçao Jong Colômbia, que chegou as finais da competição “Campeon dos Campeões Concacaf”, em 1978. Depois de nove partidas invicta, a equipe perdeu a final por 7 X 1 contra o FAZ, de El Salvador. 

Em 1986 Aruba saiu da Navu e filiou-se a FIFA, mudando o nome para FFK. Nos anos seguintes suas seleções nacionais de diferentes idades, categorias Sub-17 e Sub-20, começaram a participar de competições da Concacaf e da FIFA. Com uma preparação mais adequada e profissional, como resultado, a seleção sub-17 alcançou a segunda fase em 1996.

O futebol de Curação teve profundas mudanças graças a um projeto da FIFA, que doou um terreno edifício adquirido em 2002, dando condições para que a Navu pudesse começar a construir seu próprio centro de treinamento e desenvolvimento.

A inauguração aconteceu em 23 de janeiro de 2003, permitindo que Navu e FFK tivessem escritórios próprios, salas de reuniões e um dormitório. A ajuda financeira da FIFA deve garantir um maior desenvolvimento e uma equipe de futebol profissional mais competitiva nos próximos anos.

Em outubro de 2003 foi organizado o primeiro campeonato feminino na FFK, com cinco equipes. Um programa ambicioso de preparação para as rodadas de pré-qualificação para o Mundial de 2006 foi lançado. Seleções nacionais até 2003 consistiam de jogadores que vivem em Curaçao e Bonaire.

Agora, o foco se alarga e são recrutados ativamente jogadores com raízes antilhanas que vivem na Holanda e que participam nos níveis mais altos da competição nacional holandesa. 

Os técnicos Pim Verbeek  e Henk duut iniciaram a preparação no Caribe e na Holanda, e em 2004, a seleção de jogadores tanto do Caribe e da Europa ganhou dois torneios internacionais.

Ao longo dos anos um grande número de cursos para todos os aspectos de gestão de futebol e formação teve lugar em Curaçao. Cursos em arbitragem, treinador, gestão, futebol feminino e desenvolvimento de base, foram fornecidos pela FFK, FIFA e KNVB, a federação holandesa de futebol.

Também delegações de Curaçao foram enviadas para participar de competições da  FIFA, Concacaf e treinamentos olímpicos. O conhecimento adquirido está sendo aplicado em muitas participações em competições e torneios interinsulares e internacionais na região, em todas as categorias de idade.

Com o apoio da FIFA , um Centro de Saúde & Fitness e um campo de treinamento com relva artificial foram construídos. Devido a mudanças na estrutura das Antilhas Holandesas, Curaçao é agora independente dentro do Reino dos Países Baixos e a Navu não existe mais. Todas as atividades de futebol são executadas pela FIFA, FFK e Curaçao Federação de Futebol.

Em eliminatórias para a Copa do Mundo, não participou nenhuma vez nos anos de 1930 a 1954, quando se chamava Antilhas Neerlandesas. Para as Copas de 1958 a 2010, não se classificou. E como Curaçao (independente), também não conseguiu vaga para a Copa de 2014, disputada no Brasil. (Pesquisa: Nilo Dias)




terça-feira, 21 de julho de 2015

O futebol gaúcho está de luto

Faleceu no último sábado (18), em Rio Grande, Ney Amado Costa, ex-funcionário do Banco do Brasil, advogado, comentarista esportivo, ex-jogador de futebol profissional e ex-técnico de futebol de campo e futsal. 

Ney trabalhou na equipe esportiva da Rádio Cultura Rio-Grandina, por mim comandada, nos anos 1980. E também fomos colegas na TV Rio Grande.

Sua morte está sendo muito sentida pela comunidade rio-grandina, pois se tratava de uma pessoa muito querida em todas as camadas sociais.Tomo a liberdade de aqui publicar uma postagem do amigo e jornalista Willy César, retirada de sua página no Facebook.

"Solicitei ao Paulo Edison Mello Pinho que nos dissesse algo sobre Ney Amado Costa, com quem ele conviveu durante décadas, batalhando pelo esporte rio-grandino, no campo e salão.

Um detalhe que passou despercebido por muitos, mas a crônica esportiva anotou: Ney marcou a Pelé, em marco de 1957, quando ele, um guri de 16/17 anos, veio com o Santos (SP), jogar em Rio Grande contra o Football Club Riograndense.

O "Guri Teimoso" havia vencido o campeonato do ano anterior e houve a colocação de faixas no estadio. Pelé não aparece na foto, mas um jogador do Santos coloca faixas no jogador colorado, com Ney ao lado, observando.

Aqui vai um pouquinho do grande cara que nos deixou, escrito por Paulo Edison:

"Perdemos um grande parceiro. Um grande amigo. Cidadão de conduta exemplar, líder nato especialmente no trato das coisas do esporte, mais precisamente futebol e futebol de salão (hoje futsal). Ney estava com 78 anos e tinha problemas de saúde já há algum tempo.

Conheci o Ney no ano de 1952 quando começamos na primeira série do Curso Ginasial do Lemos Júnior. Já nessa época se destacava como líder da classe e nos esportes.

Era o organizador e treinador do time de futebol que disputava o campeonato interno do colégio. Logo, logo estava organizando e dirigindo a seleção do colégio para as disputas estudantis, tanto locais como de nível estadual. 

O Ney foi um excelente atleta e exemplo para muitos que jogaram futebol - inclusive eu. Pelo que me consta, junto aos clubes profissionais de Rio Grande, ele iniciou nos Juvenis do S.C. Rio Grande.

Foi atleta de grande destaque nos três times locais, notadamente no F.B.C. Rio-Grandense. Posteriormente, dado os seus conhecimentos e espirito participativo e de liderança, foi também treinador de nossas três equipes profissionais com grande destaque.

O Ney foi um dos introdutores do Futebol de Salão em Rio Grande e região na década de 1950. Fundador da A.A. Presidiários, campeã por vários anos, tendo sido treinador também de outras equipe como AABB e Ypiranga Atlético Clube.Treinou também por várias vezes a Seleção Rio-Grandina de Futsal.

Perdemos uma referência no esporte rio-grandino. Sempre tive o Ney como exemplo, não só no esporte como em sua conduta como cidadão e chefe de família.

Ele foi, sem dúvida, uma das maiores expressões da nossa terra. Willy, tivemos uma convivência por mais de 60 anos e ele sempre foi um exemplo de cidadão e amigo acima de tudo. Paulo Edison"

Jogo entre Rio-Grandense 3 x 5 Santos, em 17 de março de 1957. O jogador Jair da Rosa Pinto coloca as faixas nos jogadores Arnaldo, Ney Amado e Eli Bernardino. Pelé estava no banco de reservas, entrando no segundo tempo. O Rio-Grandense utilizou 23 jogadores na partida. (Foto: Arquivo de Paulo Edison)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A morte do carrasco do Brasil

O ex-jogador Alcides Edgardo Ghiggia, que calou o Maracanã na final da Copa do Mundo de 1950, ao marcar o gol que deu o título ao Uruguai, morreu nesta quinta-feira de uma parada cardíaca, aos 88 anos de idade.  

O impressionante é que sua morte ocorreu exatamente no dia 16 de julho, data em que o “Maracanazo”, como ficou conhecido o triunfo celeste por 2 X 1 no Rio de Janeiro, completava 65 anos.

O herói uruguaio da Copa de 1950, Alcides Edgardo Ghiggia, morreu enquanto assistia a reprise de Inter x Tigres nas semifinais da Libertadores, vencida pelo Colorado por 2 X 1 na última quarta-feira.


Segundo o site "El Observador", Arcadio Ghiggia, filho do ex-jogador disse que ele e seu pai estavam quarta-feira a noite, em casa, assistindo o replay do jogo, quando em um certo momento ele começou a passar mal, com dores nas costas e em seguida uma tontura muito forte o fez cair, ocorrendo o ataque cardíaco fulminante.

Ghiggia foi imediatamente levado a um hospital de Montevidéu com dores no peito. Sua saúde não estava nada boa, pois há 10 anos lutava contra um câncer. Era o último jogador vivo de uma das maiores partidas da história do futebol. Todos os demais jogadores, brasileiros e uruguaios, que participaram daquela grande final, já haviam morrido.

Ele tinha saúde estável, mas que ficou debilitada depois de um acidente de carro, em 2012, que o deixou no hospital em estado grave. No entanto, sempre comparecia a eventos importantes em que era convidado, como o sorteio dos grupos da última Copa do Mundo, que aconteceu em 2013, na Costa do Sauípe, na Bahia.

Ghiggia era natural de Montevidéu, onde nasceu no dia 22 de dezembro de 1926. Começou a carreira futebolística em 1946, quando tinha 20 anos de idade, no pequeno Atlante. No ano seguinte, passou a defender o Sud América, modesto clube de Montevidéu que circulava entre a elite a segunda divisão do país.

Em 1948, apenas dois anos antes do Mundial do Brasil, Ghiggia chegou ao Peñarol. O clube foi campeão nacional em 1949 de forma invicta. Além daquele jovem ponta-direita, a equipe tinha o ótimo goleiro Máspoli, o aguerrido centromédio Obdulio Varella e um ataque mortal, com Schiaffino, Míguez e Vidal.

Esse time foi a base da seleção uruguaia campeã em 1950. Ghiggia era o menos famoso daquela linha de ataque antes da Copa, e acabou tornando-se uma das estrelas do time.

Mas não foi só o gol decisivo contra o Brasil que Ghiggia marcou. Antes, ele abrira o marcador no jogo contra a Espanha, em duelo que terminou empatado por 2 X 2. Quatro dias depois marcou o primeiro da vitória por 3 X 2 sobre a Suécia.

Quando da final contra o Brasil já era um nome conhecido, visto ter sido o único jogador uruguaio a fazer gol em todas as partidas. Na decisão do “Mundial”, o Brasil era franco favorito, pois havia feito a melhor campanha na fase final. Para levantar a taça bastava um empate.

A torcida estava eufórica e se respirava um ar de vitória anunciada em todo o país. Não há registros precisos do público daquela partida. A Fifa disse que foram 173.850 pessoas no estádio, mas há quem diga que eram 190, 200 mil pessoas.

A festa durou exatos 79 minutos de jogo. Aos 2 minutos do segundo tempo Friaça fez 1 x 0 para o Brasil. Aos 21 Schiaffino empatou. O resultado ainda nos garantia o título. Mas o inesperado aconteceu, aos 34 minutos. No meio do caminho, havia Alcides Ghiggia.

O ponta recebeu a bola pela direita, avançou e chutou cruzado, quase sem ângulo. A bola não saiu forte, mas quicou no gramado e passou entre o goleiro Barbosa e a trave esquerda. No placar Uruguai 2 X 1 Brasil, constituindo-se até então na maior tragédia do futebol brasileiro, que só foi superada o ano passado, nos 7 X 1 sofridos contra a Alemanha.

Esse gol decisivo foi o quarto de Ghiggia em quatro jogos naquele Mundial. Curiosamente, depois ele nunca mais voltou a marcar pela Seleção de seu país, cuja camisa vestiu num total de 12 vezes.

Depois do Mundial Ghiggia permaneceu no Peñarol por mais três anos, até ser contratado em 1953 pela Roma, onde ficou até 1961. Em 1957, naturalizado italiano, defendeu também a “Azurra”.

Bem que Ghiggia poderia ter disputado outras duas Copas do Mundo, mas o Mundial de 1950 foi o seu único, já que em 1954, a Roma não quis liberá-lo para jogar pelo Uruguai. Quatro anos depois, quando defendia a Itália, a Seleção ficou fora da Copa do Mundo na Suécia.

Voltando ao seu país, Ghiggia jogou pelo Danúbio, antes de se aposentar. Fora dos gramados, passou a trabalhar como funcionário de um cassino em Montevidéu, ao lado de Obdúlio Varela, companheiro de Peñarol e de seleção uruguaia. Ali, aposentou-se pela segunda vez, garantindo condições financeiras de se manter até o fim da vida.

Em 2009, com sérios problemas de saúde e dificuldades de locomoção, voltou ao Maracanã, dessa feita para receber a maior homenagem da sua vida. O uruguaio foi o centésimo jogador a colocar os pés na “Calçada da Fama” do estádio que havia calado 59 anos antes.

Dono da medalha de "Ordem de Mérito da Fifa" foi o sexto jogador estrangeiro na história a ter essa honraria, após o chileno Elías Figueroa, o paraguaio Romerito, o alemão Beckenbauer, o português Eusébio e o sérvio Petković. Na ocasião ele chorou emocionado e agradeceu ao Brasil pela homenagem.

A grandeza de Ghiggia pode ser medida pela consideração que teve com o goleiro Barbosa, que teria falhado no seu gol decisivo. Nos últimos momentos de vida, Barbosa recebeu pedidos de desculpas e apoio de seu algoz, de quem ficara amigo, segundo contou Tereza Borba, a filha que cuidou do ex-goleiro em Praia Grande (SP) de 1992 até a sua morte, em 7 de abril de 2000.

O grande jogador uruguaio teria dito a Barbosa em um encontro que tiveram em Montevidéu, que se soubesse que o Maracanã se calaria daquela forma e que o goleiro brasileiro seria considerado culpado pelo resto da vida, não teria feito aquele gol.

Teresa disse que a bondade de Ghiggia ajudou Barbosa a lidar melhor com o “Maracanazo”, fardo que o acompanhou até a morte. Quando ele morava no Rio, a cobrança era maior, disse ela, acrescentando que tinha hora em que deitava no travesseiro e pensava muito naquele jogo.

Quando morava no Rio de Janeiro sempre pegaram muito pesado com ele, por isso a mudança para Praia Grande foi benéfica. Tanto que escolheu ser enterrado lá, na mesma ala da Clotilde, sua esposa.

Mas o Rio de Janeiro se redimiu do mal que fez ao goleiro, ao homenageá-lo com o título de ”Cidadão Honorário”, em proposição do então vereador, o ator Rogério Cardoso, hoje falecido.

O parlamentar pagou a viagem do ex-goleiro para a capital carioca, onde lhe foi prestada a homenagem. O político aproveitou a ocasião e ajoelhou-se, emocionado, implorando pelo perdão em nome de todos os brasileiros.

Barbosa ainda teve o direito de escolher quem estaria presente. Entre os convidados, constava o nome do humorista Chico Anysio, que não pôde comparecer, mas lhe enviou um e-mail no qual pedia "mil desculpas ao melhor goleiro brasileiro de todos os tempos". O recado foi impresso e é guardado até hoje por Tereza Borba.

A morte de Alcides Ghiggia mereceu uma nota oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que prestou solidariedade aos irmãos uruguaios pela morte do ex-grande jogador.


O presidente da Fifa, Joseph Blatter, lamentou a morte de Alcides Ghiggia, lenda do futebol uruguaio, autor e último dos sobrevivente do que ficou conhecido como "Maracanaço". "Muito triste pela perda de Alcides Ghiggia, um verdadeiro herói. Meus respeitos a sua família e ao futebol uruguaio", escreveu Blatter no Twitter.

José Mujica, ex-presidente do Uruguai, lembra de ter ouvido a final da Copa do Mundo de 1950, quando tinha 15 anos, em um velho rádio Edison. Disse que o nome de Ghiggia vai ser indelével, pois o gol feito por ele marcou a maior façanha esportiva da história do Uruguai e provavelmente a maior que poderia ser escrita.

Já o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, que se encontra em Brasília, onde participa da "Cúpula Semestral do Mercosul", expressou sua "profunda dor" pela morte de seu compatriota.

Salientou que pelas ironias da vida, Ghiggia morreu exatamente em uma data na qual o país tinha que festejar, mas que lamentavelmente a festa se transformou em dor. (Pesquisa: Nilo Dias)

O histórico gol de Ghiggia em 1950.

terça-feira, 14 de julho de 2015

ABC, de Natal, mais um clube centenário

O ABC Futebol Clube, de Natal (RN) comemorou seu centenário no último dia 29 de junho. Surgido em 1915, quando a capital do Rio Grande do Norte era apenas uma cidade pacata e provinciana, com uma população estimada em 27 mil habitantes, o ABC se tornou ao logo dos anos a maior e mais querida agremiação futebolística do Estado e recordista mundial em conquistas de títulos estaduais.

Quando o ABC surgiu o termo prefeito ainda não existia, havia o intendente municipal de Natal, que era o comerciante e abolicionista Romualdo Galvão. Um ano antes, o Rio Grande do Norte havia elegido pela primeira vez pelo voto direto, um governador, que foi o magistrado Joaquim Ferreira Chaves, que acabou com a oligarquia dos Albuquerque Maranhão em terras potiguares.

As diversões em Natal eram restritas apenas ao “Cine Politheama”, do “seu Leal”, ao “Cine-Teatro Carlos Gomes”, hoje “Teatro Alberto Maranhão”, as festas religiosas, um futebol ainda muito primitivo e o circo do “seu” Striguini, que vez por outra aparecia por lá. Em termos de esportes não havia vôlei, nem basquete. Nem concursos de misses, nem biquínis e nem “brejeiras”.

Os homens tinham palavra e prezavam a sua honra, e o nosso “Réis” era moeda forte, conforme disse o ex-presidente do ABC, médico José Tavares, em conferência proferida por ele na comemoração do 44º aniversário do clube, em 1959.

Nesse cenário de pequena e melancólica cidade, foi que na tarde de 29 de junho de 1915, um grupo de jovens, entre eles alguns praticantes de remo, fundou o ABC Futebol Clube.

A reunião ocorreu no casarão do coronel Avelino Alves Freire, respeitado comerciante e presidente da Associação Comercial do Rio Grande do Norte, situado na Avenida Rio Branco, no bairro da Ribeira, com frente para os fundos do então “Cine-Teatro Carlos Gomes”.

Estiveram na reunião e foram considerados fundadores do ABC os seguintes desportistas: João Emílio Freire, filho do coronel Avelino Freire, e eleito por unanimidade como o primeiro presidente do ABC;  o próprio coronel Avelino Alves Freire; Avelino Alves Freire Filho, conhecido como “Lili”, também filho do coronel Avelino e primeiro goleiro do alvinegro potiguar; Alexandre Bigois; Arary Brito; Artur Coelho; Álvaro Borges; Antônio Alves Ferreira; Cipriano Rocha Filho; Carlos Noronha; Cícero Aranha; Francisco Deão; Francisco Antônio; Frederico Murtinho Braga; Francisco Mororó; José Potiguar Pinheiro; José Cabral de Macedo, o “Tarugo”; Júlio Meira e Sá; Josafá dos Santos; João Cirineu de Vasconcelos, o “Baluá”; João dos Santos Filho; José Pedro, o “Pé de Ouro”; José Aurino da Rocha; Luiz Nóbrega; Manoel Dantas Moura; Manuel Dantas Cavalcanti; Manoel Avelino do Amaral; Manoel Bezerra da Silva, o “Paraguay”; Marciano Freire; Mário Eugênio Lira; Silvério Carlos de Noronha e Solon Rufino Aranha.

Na mesma reunião foi escolhido o nome do clube, que por sugestão de José Potiguar Pinheiro, passou a se chamar ABC Futebol Clube, aprovado por unanimidade.

O conjunto de letras ABC prestou uma homenagem ao “Pacto de Amizade Fraternal,” amparado diplomaticamente pelos países Argentina, Brasil e Chile, assinado em 1903. A escolha do nome veio revelar a preocupação social dos jovens rapazes, apesar da maioria pertencer à alta sociedade natalense.

A primeira Diretoria, escolhida também naquela data, ficou formada por João Emílio Freire, presidente; José Potiguar Pinheiro, vice-presidente; Manoel Dantas Moura, 1º secretário; Solon Rufino Aranha, 2º secretário; Avelino Freire Filho, tesoureiro e José dos Santos, diretor de esportes. Essa equipe diretiva ficou à frente do ABC, no período de 29/06/1915 a 03/06/1916.

O pesquisador natalense, Procópio Netto, autor do livro “Os Esportes em Natal”, de 1991, revela que o primeiro jogo do ABC Futebol Clube aconteceu em 20 de setembro de 1915, contra o Natal Esporte Clube. O placar foi uma histórica goleada do ABC por 13 X 1. Não existem maiores detalhes na imprensa local sobre esse jogo.

Já a segunda  partida do ABC mereceu registro no jornal “A República”. O “match” aconteceu no dia 26 de setembro de 1915, às 16 horas, no “ground” da “Vila Cincinato”, contra o América, o seu eterno e mais tradicional rival.

Nova goleada do ABC, dessa feita por 4 X 0. O jornal noticiou que o ABC utilizou seu segundo quadro, enquanto o América contou com seu primeiro quadro.

O 2º “team” do ABC estava assim distribuído: Avelino (Lili) – Batalha, Borges - Cabral (Tarugo) – Paraguay – Freire – Bigois – Moacyr – Mandu - Nóbrega e Mousinho. Reservas: Baluá, Elissozio e Bill.

O 1º “team” do América com Siqueira I – Lélio – Gato – Carvalho – Galo – Antônio – Barros - Siqueira II – Neco - Garcia e Pipio. Reservas: Revorêdo, Lopes e Tupy.

Atuou como referee, assim era chamado o árbitro, Júlio Meira e Sá; referees de linha Manoel Gomes e Aguinaldo Fernandes; referees de goal, que ficavam atrás das traves, Sérgio Severo e Araty Brito. Os gols do ABC foram marcados por Mousinho (dois), Mandu e Baluá

O casal Vicente Farache Netto (1902-1967) e Maria do Rosário Lamas Farache (1906-1949), teve imensa importância na vida do clube. Durante quase 15 anos, enquanto foram casados, de 1935 a 1949, ano da morte de Maria Lamas, o casal protagonizou um verdadeiro caso de amor com o ABC.

Vicente Farache, natural de Natal e filho do italiano José Farache e da brasileira Maria Carmina Farache, era um homem de posses, visto seu pai ter sido um comerciante de prestígio no início do século XX.

Vicente também jogou no seu clube de coração, quando tinha 18 anos. Foi um ponteiro direito bastante limitado, que fez parte do time que conquistou o primeiro título de campeão potiguar.

Consciente de que o futebol não era o seu forte, dedicou-se ao comércio e concluiu o curso de Direito, no Rio de Janeiro, em 1927. Anos depois foi promotor público em Natal, e membro do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte.

Quando voltou a Natal, em 1928, não quis mais saber de jogar, dedicando-se à condição de dirigente, onde mostrou muita competência, fazendo jus ao título de patrono do clube. Como diretor técnico foi deca campeão potiguar, de 1932 a 1941.

Ele, igualmente foi responsável pela vinda de grandes jogadores para o ABC, entre os quais “Xixico”, primeiro grande ídolo do clube, vindo do Ceará, “Dequinha”, que brilhou no Flamengo, do Rio de Janeiro e o grande ídolo Jorginho Tavares, todos de Mossoró.
Vicente foi bem mais que um dirigente. Era ele que contratava, dispensava, treinava, pagava os salários, empregava jogadores em suas duas lojas na Ribeira, a de sapatos e tecidos “Vicente Farache Netto” e uma joalharia, além de hospedar e alimentar os atletas em dias das partidas, e ainda, comprar o material de treino e de jogo.

Para isso, contou com a ajuda dos quatro irmãos, principalmente de Antônio, o “Tonho” Farache, que com o seu antigo “Ford” transportava os jogadores para onde fosse necessário.

Mas, sem dúvida, o grande lastro de Vicente Farache foi a sua esposa, a chilena Maria Lamas Farache, filha do casal de palestinos Elias e Mercedes Lamas radicalizado no Chile, que por amor ao marido entregou-se de corpo e alma à causa abecedista.

Ela tinha o jeito de um italiano carrancudo, mas era gentil. Só não admitia que alguém falasse mal do ABC na frente dela, aí virava um bicho.

Vicente vivia para o clube, mas dona Maria era quem cuidava de tudo dele e também fazia muito pelo ABC, diz Maria Clotilde da Costa Rodrigues, 89 anos, a “dona Clotilde”, que por 18 anos, de 1937 a 1955, trabalhou na Relojoaria Farache, na Ribeira, pertencente aos irmãos Farache.

Assim como Vicente, Maria Lamas veio de uma família bastante conceituada em Natal, proprietária de respeitadas casas comerciais no tradicional bairro da Ribeira, a “Chilenita” e o “Armazém Elias Lamas”.

A família Lamas foi responsável, juntamente com a família Lamartine, pela introdução em Natal, de um dos esportes mais elitizados: o tênis. Nem por isso, deixou de seguir o marido servindo ao ABC no que fosse possível.

O ABC divide com o América, de Belo Horizonte, a condição de recordista brasileiro de títulos consecutivos, o “deca campeonato” estadual, conquistado entre 1932 e 1941. A façanha está devidamente registrada no “Guiness Book of Records”. Já o América das “Alterosas” foi 10 vezes campeão entre 1916 e 1925.

Os deca campeões pelo ABC Futebol Clube, de 1932 a 1941, foram estes: Tarzan, Diógenes, Edgar, Nené, Daniel, Nunes, Jônatas, Bicudo, Zé Maria, Pedrinho, Albano, Mário Mota, Pageú, Vilarim, Nezinho 1º, Nezinho 2º , Netinho, Cesário, Neguinho, Nenéo, Gageiro, Joãozinho, Zé Lins, Tico, Saravotti, Enéas, Barbalho, Paulino, Elias, Xixico, Dorcelino, Adalberto, Pereirão, Augusto Lourival, Mário Crise, Soldado, Romano, Arlindo, Zeca, Hermes, Acácio, Valter, Teixeira, Osvaldo, Edvard, Nepó e Novinho. Técnico: Vicente Farache nos 10 títulos.

Em 1973, a equipe bateu outro recorde, até hoje inigualável e digno de presença no “Guinnes Book”. Durante 108 dias, o time excursionou pela Europa, Ásia e África, se transformando no clube de futebol a permanecer maior tempo fora do Brasil, um feito que entrou para história do esporte nacional.

A delegação alvinegra deixou Natal em 17 de agosto e retornou no dia 6 de dezembro do mesmo ano, 112 dias contando viagens aéreas e terrestres.

A excursão só aconteceu porque o clube estava suspenso por dois anos, pela então Confederação Brasileira de Desporto (CBD), hoje CBF, por ter utilizado dois jogadores irregulares, Rildo e Marcílio, em um jogo contra o Botafogo (RJ), pelo “Brasileiro” de 1972.

A excursão, em termos esportivos foi um sucesso. Em 24 partidas contra times e seleções dos três continentes, o ABC conseguiu sete vitórias, 12 empates e apenas cinco derrotas. Foram 30 gols a favor e 21 contra.

Para se ter uma ideia do que fez o ABC, nas últimas 14 partidas o time se manteve invicto, enfrentando Seleções como da Romênia, Somália, Etiópia e Líbano. No time, jogadores categorizados como Sabará, Maranhão, Alberi, Danilo Menezes e Jorge “Demolidor”. A maior goleada da excursão foi sobre a seleção Etíope de Novos, 6 X 2.

Os atletas que participaram da excursão foram os goleiros Veludo, Erivan, Floriano e ainda Sabará, Edson, Telino, Walter Cardoso, Anchieta, Wagner, Soares, Baltazar, Valdecy Santana, Maranhão, Libânio, Alberi, Morais, Danilo Menezes e Jorge “Demolidor”, este o artilheiro, balançando as redes adversárias 10 vezes.

O chefe da delegação foi Jácio Fiúza e formada ainda pelo técnico Danilo Alvim, o supervisor José Prudêncio Sobrinho, o médico Sérgio Lamartine, o fisicultor Sebastião Cunha, o massagista Zózimo Nascimento e o jornalista Celso Martinelli, da Rádio Cabugi, que gravava os jogos, reproduzidos depois em Natal para os torcedores saudosos da equipe no outro lado do Atlântico.

Os jogos da excursão foram estes: 29/08: ABC 1 X 0 Fenerbahce, da Turquia, gol de Morais; 31/08: ABC 2 X 3 Altaye, da Turquia. Gols do ABC, Alberi e Jorge “Demolidor”; 02/09: ABC 0 X 0 Manissa, da Turquia; 06/09: ABC 0 X 2 Panathinaikos, da Grécia; 10/09: ABC 0 X 0 Kastoria, da Grécia; 15/09: ABC 1 X 1 Seleção da Romênia. Gol do ABC Jorge “Demolidor”; 17/09: ABC 3 X 3 Arges Pitesti, da Romênia. Gols do ABC, Danilo Menezes, Jorge “Demolidor” e Morais; 19/09: ABC 0 X 1 Craióva, da Romênia; 23/09: ABC 0 X 4 Rapid DFC, da Romênia; 09/10: ABC 0 X 2 Constanza, da Romênia   ; 14/10:     ABC 1 x 0 Zeljaznicar, da Iugoslávia. Gol de Jorge “Demolidor”; 17/10: ABC 0 X  0 Bugoyno, da Iugoslávia; 20/10: ABC 0 X 0 Bor, da Iugoslávia; 04/11: ABC 1 X 1 Seleção do Líbano. Gol do ABC,     Jorge “Demolidor”; 08/11: ABC 6 X 2 Seleção de Novos da Etiópia. Gols de Alberi (2), Jorge “Demolidor” (2), Danilo Menezes e Libânio; 11/11: ABC 0 X 0 Seleção da Etiópia; 16/11: ABC 3 X0 Horsed, da Somália. Gols do ABC, Alberi, Libânio e Soares; 18/11: ABC 4 X 0 Kifnave, da Somália. Gols do ABC, Alberi, Libânio, Valdeci e Anchietas; 21/11: ABC 1 X 1 Seleção da Somália. Gol do ABC, Alberi; 23/11: ABC 2 X 0 Seleção de Uganda. Gols do ABC, Alberi e Anchieta; 25/11: ABC 0 X 0 Express, de Uganda; 27/11: ABC 4 X 0 Arms, da Uganda. Gols do ABC, Jorge “Demolidor” (2), Alberi e Walter Cardoso; 29/11: ABC 1 X 1 Norogoró, da Tanzânia. Gol do ABC, Jorge “Demolidor” e em 30/11: ABC 0 X 0 Seleção da Tanzânia.

O centenário do ABC foi comemorado no Estádio “Frasqueirão” com grande número de torcedores e autoridades presentes a “Missa em Ação de Graças”, celebrada pelo padre Murilo, que fez questão de entoar o hino do clube, que fez eco pelas galerias da praça de esportes.

Entre às várias personalidades do mundo esportivo do Rio Grande do Norte que estiveram presentes, destacaram-se o ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, o senador Garibaldi Alves Filho, o governador Robinson Faria, prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves e o presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF), José Vanildo. (Pesquisa: Nilo Dias)

ABC, deca campeão potiguar.(Foto: Arquivo do clube)

domingo, 12 de julho de 2015

O que era aquilo?

Tem muita gente que não acredita nessa história de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), ou simplesmente discos voadores. Um fato ocorrido no distante dia 6 de março de 1982, no Estádio Pedro Pedrossian, o “Morenão”, em Campo Grande (MS), se não faz com que essas pessoas revisassem seus pontos de vista, pelo menos deu margens a profundas reflexões.

Tudo aconteceu durante um jogo entre o Operário, time da cidade e o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, válido pelo Campeonato Brasileiro daquele ano e vencido pelo time local por 2 x 0. Cerca de 30 mil pessoas lotavam o estádio e metade delas testemunhou o fato. E quem pagou ingresso teve direito a um espetáculo extra naquela noite estrelada de quarta-feira.

O jogo estava sendo televisionado, mas não havia os imensos recursos técnicos e câmaras espalhadas pelo estádio inteiro, como ocorre hoje. Também não houve imagens fotográficas ou de vídeo.

Os cinegrafistas da TV Globo, que transmitia a partida, disseram que seu equipamento era muito pesado para que eles pudessem virá-lo ao céu tão rápido. Não se sabe de alguém na arquibancada que estivesse com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço, mas isso é altamente improvável: estamos falando do começo da década de 80.

Não havia barulho, não havia fumaça, não havia lógica: havia apenas uma velocidade de movimento que deixou quase todo mundo embasbacado. Não há registros de nada, apenas depoimentos de quem disse que viu o estranho fato.

Consta que tratava-se de algo em formato discoidal, que manobrou sobre o estádio, que foi momentaneamente iluminado por potentes holofotes do objeto.

Após uma breve manobra o objeto zarpou velozmente, desaparecendo no céu. Algumas das pessoas presentes teriam relatado uma espécie de "chuva de flocos", após a retirada do objeto.

Provavelmente, se tratava do chamado "cabelo de anjo", um suposto material sutil originado do efeito de sublimação do combustível de determinadas aeronaves em reação com o ar.

Segundo Ademar Gevaerd, editor da revista “UFO” e químico renomado, também diversos jogadores viram um vulto luminoso estranho voando acima da arquibancada do estádio. A partir daquele dia ele largou tudo e se dedicou a perseguir os rastros de ETs no planeta, tornando-se o mais respeitado ufólogo do país.

Nas três décadas seguintes, surgiram relatos de gente que olhou para cima e viu algo que eles não sabiam dizer o que era. Maria das Dores, fanática torcedora do Operário, presente ao estádio, disse que viu.  Marquinhos Tavares, depois cartola da federação de futebol local, disse que viu.

O lateral “Cocada”, do Operário, então com 34 anos, ídolo da torcida, foi outro que viu. “Rapaz, nunca mais vi nada igual”, disse ele, acrescentando que se tratava de uma roda de fogo com um facho de luz muito forte, que de repente, foi embora a uma velocidade incrível.

Roberto Dinamite e Pedrinho, do Vasco, também. O juiz José de Assis Aragão viu, mas não interrompeu o jogo. Alberto Pontes Filho, funcionário do estádio, também viu. O zagueiro Rondinelli, do Vasco, disse que viu só um pouco.

Todos disseram ter visto uma luz forte, aparentemente vinda de um grande objeto que não era nem um avião, nem um helicóptero, nem nada que tivessem visto antes, cruzando rapidamente o horizonte noturno acima do estádio “Morenão”.

Tudo aconteceu quando se desenvolvia o primeiro tempo do jogo. No intervalo, o assunto predominante entre os torcedores foi um só: o que seria aquilo. Nos vestiários, os jogadores não falavam em outra coisa. Muitas hipóteses foram levantadas para explicar o que era aquilo, mas ninguém tinha muita certeza.

No dia seguinte o jornal local "Correio do Estado" publicou em manchetes: "Um OVNI, espetáculo na capital". Na reportagem, controladores de tráfego aéreo do aeroporto local confirmaram a visão de luzes estranhas no céu, enquanto a Aeronáutica garantia que não havia voos previstos para o horário.

A revista “Placar”, publicação mais popular do esporte nacional na época, registrou o fato, estampando na capa a manchete, “O dia em que um disco voador baixou em campo”. Fato é que algo semelhante jamais voltou a ocorrer no mundo.

Todos esses fatores somados fizeram com que boa parte da população acreditasse que realmente a cidade de Campo Grande tinha mesmo sido visitada por uma nave espacial tripulada por seres extraterrestres.

O documentário “O que era aquilo”, disponibilizado no Youtube, produzido  por André Patroni, Kleomar Carneiro, Paulo Henrique Higa, João Conrado Kneipp e Pedro Heiderich, conta detalhadamente o que aconteceu naquela noite, através de imagens e depoimentos de jogadores e torcedores.

Ao que parece, a presença de extras terrestres (ETs) em nosso planeta, não ficou restrita somente ao jogo de Campo Grande, realizada á 33 anos atrás.

O ano passado, quando da Copa do Mundo disputada no Brasil, especialistas no assunto garantem que extraterrestres estacionavam suas naves espaciais em cima dos estádios durante as partidas.

A teoria pode parecer uma ficção, mas é levada a sério pelo “Círculo Quântico de Expansão Humana”, uma instituição de Goiânia focada em ações de espiritualidade e que defende a comunicação com ETs por meio de médiuns. É uma doutrina bem semelhante à pregada pelo espiritismo.

Segundo Alexandre Sperchi Wahbe, um dos membros da entidade, reuniões semanais são feitas com ETs mais evoluídos que terráqueos para que eles deem diretrizes que contribuam para a evolução da Terra. Nos últimos meses um dos assuntos em pauta tem sido a realização da Copa do Mundo no Brasil.

A comunicação com os extraterrestres pode parecer loucura, mas muitas pessoas levam isso a sério. Com apenas três anos de existência, o “Circulo Quântico de Expansão Humana” já conta com 20 médiuns em Goiânia e já atendeu a mais de mil pessoas. (Pesquisa: Nilo Dias)

O jornal "Correio do Estado", editado em Campo Grande, noticiou a visita do "OVNI".

terça-feira, 7 de julho de 2015

Assombrações no Pacaembu

O Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o “Pacaembu”, foi inaugurado no dia 27 de abril de 1940, portanto já se passaram 75 anos. Nesse tempo todo, é incontável o número de pessoas de todas as gerações que frequentaram suas arquibancadas e vivenciaram muitas histórias.

No gramado se apresentaram muitos dos grandes craques do futebol mundial. Foi uma das sedes da Copa do Mundo de 1950 e abrigou modalidades nos Jogos Pan-Americanos de 1963. Sem dúvida, trata-se de um grande patrimônio da cidade de São Paulo.

Em meio a tantas coisas notáveis que o estádio vislumbrou, pouca gente sabe das histórias sobrenaturais que por lá ocorrem, e que foram reveladas pelo funcionário Florentino Ribas de Lima, o “Seu Flor”, que 35 anos vive o dia-a-dia do estádio.

Ele conta que quando havia um alojamento, no local onde hoje se encontra o “Museu do Futebol”, por várias vezes viu a porta abrir e bater sozinha. E nas madrugadas enxergava  ua pessoa deitada em uma cama perto da porta. Levantava assustado e aquilo desaparecia, deixando uma sensação de muito medo.

Essa pessoa conta “Seu Flor”, vestia uma roupa branca, abria e fechava a porta com chave, inclusive, e depois deitava na cama. Outras vezes era um homem que usava chapéu, daqueles de modelo antigo, que aparecia de roupa escura, também. Nunca era o mesmo rosto. Ele deitava, esticava os pés e colocava o sapato na beirada da cama.

A pessoa não falava nada. Só ficava deitada lá, quieta no canto dela. Aí, se acendia a luz, pronto, ele sumia. Era questão de segundos. Isso era frequente acontecer desde 1995, mais ou menos. O pior é que quando “Seu Flor” comentava com os colegas, ninguém acreditava nele, achando que era brincadeira.

O funcionário acredita que a visão possa ser de um amigo que trabalhou mais de 20 anos como zelador do alojamento, e gostava muito de lá. E acha que mesmo depois de morto, ele não quer mais que fazer uma companhia, mas dá muito medo. Embora tenha um senão, o amigo zelador não fazia questão de ser lá muito amistoso.

Se o “Seu Flor” saía para ir ao banheiro, ou arrumar qualquer coisa do lado de fora, a porta batia com ele lá dentro, e quando olhava para trás ela abria sozinha de novo. Isso só acontecia quando ele estava sozinho.

Não tinha nada o que fazer. Só ficava apavorado. O corpo arrepiava todo. Para “Seu Flor” a melhor coisa que aconteceu foi a derrubada daquele alojamento para construir o Museu.

Mesmo vivendo constantemente momentos de medo, “Seu Flor” conta que não tinha outro jeito, precisava cumprir a obrigação de cuidar do espaço nas madrugadas em que estava de plantão.

As visões de seu Florentino Ribas, entretanto, acabaram desde quando o Museu do Futebol foi construído: “Nunca mais vi nada”, finalizou.

O velho funcionário do Pacaembu, não é lembrado apenas por suas histórias de assombrações no Estádio. Por ocasião da Copa do Mundo no Brasil, a Liberty Seguros, em parceria com a revista “Placar”, realizou uma campanha contando as histórias de seis personagens que, mesmo no anonimato, também foram responsáveis por contribuir com a realização do maior evento esportivo do planeta.

O primeiro vídeo foi lançado junto à edição de novembro de 2012 da revista esportiva. Os demais foram lançados mensalmente, até abril de 2013.

Quem abriu a série foi Florentino Ribas de Lima, mais conhecido como “Seu Flor”. No Pacaembu, o senhor de 68 anos é conhecido como o “faz-tudo”, trabalhando como aparador de grama e até de gandula.


A história dele pode ser vista na página da Liberty Seguros no YouTube. A Liberty foi a seguradora oficial da Copa do Mundo da FIFA 2014. (Pesquisa: Nilo Dias)

O Estádio Municipal do Pacaembu é mal assombrado. (Foto: Divulgação)

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A pior seleção do mundo

Até a semana passada quase ninguém tinha ouvido falar nos Estados Federados da Micronésia, um pequeno país de 107 mil habitantes, localizado em uma região do Oceano Pacífico ocidental, formado por centenas de pequenas ilhas, que somadas totalizam 707 mil quilômetros quadrados.

Bastou entrar no mundo do futebol e levar duas incríveis goleadas que totalizaram 68 gols em dois dias, para ganhar fama internacional. Na sexta-feira, 3, a Micronésia já havia levado 30 X 0 do Taiti, na abertura da edição sub-23 dos Jogos do Pacifico, que está sendo disputado em Papua, Nova Guiné, que também vale como pré-olímpico da modalidade.

O goleador da partida foi Fred Tissot, que marcou seis gols. Antes de dois minutos de jogo o placar já tinha sido aberto e o primeiro tempo terminou 10 X 0.

Curiosamente o Taiti disputou a última Copa das Confederações, no Brasil. A simpática seleção, perdeu os três jogos. Levou 10 X 0 da Espanha, 8 X 0 do Uruguai, mas vibrou muito ao marcar um gol na derrota por 6 X 1 para a Nigéria.

Oito times sub-23 disputam o torneio, mas apenas cinco países são membros do COI e lutam por duas vagas nas Olimpíadas do Rio: Nova Zelândia, Fiji, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e Vanuatu. Taiti, Micronésia e Nova Caledônia disputam apenas o título da competição local.

Ontem, domingo, foi a vez das Ilhas Fiji, posição 195 em 209 seleções no ranking da Fifa, aplicar uma goleada maior ainda, 38 X 0, com direito a 10 gols do jogador Tony Tuivuna. Na primeira rodada os fijianos haviam empatado em 1 X 1 com Vanuatu.

Desta vez, a Micronésia, que não é filiada a Fifa, não aguentou nem o primeiro minuto, quando Chris Wasala abriu o placar. Tuivuna fez seu primeiro gol aos quatro minutos, para ampliar para 2 X 0.

O primeiro tempo terminou com 21 X 0 e Fiji chegou ao 31º gol aos 31 da segunda etapa. Nem nos acréscimos a Micronésia teve trégua, sofrendo mais três gols, dois deles aos 51 minutos. A média foi de um gol a cada dois minutos.

Essa foi a maior goleada da história do futebol internacional, superando a vitória da Austrália sobre Samoa Americana por 31 X 0, em 2001. No entanto, uma vez que a Micronésia não integra a FIFA, este registro não deve ser validado.

O mais curioso é que o treinador da Micronésia, o australiano Stan Foster, gostou do que viu, dizendo que sua equipe mostrou evolução após a preleção no intervalo. Ele frisou que a Seleção da Micronesia está na competição apenas para aprender.

Na terça-feira, a Micronésia vai disputar o seu terceiro e último jogo na competição frente a Vanuatu, em Port Moresby, na Papua Nova Guiné. Espera-se uma nova goleada.

O futebol na Micronésia é controlado pela Associação Micronésia de Futebol, que não é membro da FIFA e nem da Confederação de Futebol da Oceania. A entidade tem como grande meta conseguir sua filiação à Asian Football Confederation (AFC) e à FIFA. Por tal motivo não pode disputar jogos de Eliminatórias para Copa do Mundo.

Suas partidas são realizadas no “Yap Sports Complex”, geralmente amistosos contra outras seleções. É um estádio com capacidade de 2 mil lugares e que não é considerado oficial.

A equipe compete apenas nos Jogos do Pacífico, tendo disputado antes de agora, uma edição, a de 2003, quando caiu na primeira fase, tendo acumulado quatro derrotas: 0 X 10 contra Papua Nova Guiné, 0 X 7 contra Tonga, 0 X 18 contra a Nova Caledônia e 0 X 17 contra o Taiti.

Chuuk ostenta a marca de ser o Estado mais populoso da Micronésia, com 54.595 habitantes, tendo na cidade de Weno sua capital. Pohnpei é o segundo Estado mais populoso da Micronesia, contando com uma população de 34.685 habitantes; na principal ilha do Estado, localiza-se sua capital e cidade mais populosa, Kolonia, e a capital federal, Palikir.

Por fim, Yap é o terceiro Estado da Micronésia em termos populacionais, contando com 16.436 habitantes e tendo em Colonia sua sede administrativa.

Em sua história, a Seleção Nacional da Micronésia disputou até ontem, domingo, nove partidas, com oito derrotas e apenas uma vitória. O triunfo histórico ocorreu no dia 12 de Julho de 1999, quando os micronésios bateram a Seleção das Ilhas Marianas do Norte por 7 X 0.

São 16 times que disputam o campeonato principal da Micronesia: Padang, Pro Duta, Perseman Manokwari, Persiba Bantul, PSM Makassar, Rembang, Persebaya, Persijap Jepara, Persepar Palangkaraya, Persiraja Aceh, PSLS Lhokseumawe, Arema, Bontang, Persema Malang, Persibo Bojonegoro e Persija Jakarta. (Pesquisa: Nilo Dias)

Seleção Nacional da Micronésia. (Foto: Divulgação)