segunda-feira, 30 de novembro de 2015

De Humberto I a Vila Mariana

Em 1 de setembro de 1914 foi fundado em São Paulo, capital, por membros da colônia italiana o Esporte Clube Humberto Primo, cujo nome homenageava a um rei daquele país. O clube tinha sua sede na rua Domingos de Moraes, 1768. Em 30 de outubro de 1942 mudou a denominação para Esporte Clube Vila Mariana.

Trata-se de um clube centenário que tem uma bonita e rica história. Nos seus 100 anos de atividades viu passarem por suas hostes nomes de expressão do esporte brasileiro e da música brasileira, como o lutador campeão mundial de boxe, Éder Jofre, os cantores Adoniran Barbosa e Cauby Peixoto, o goleiro bicampeão mundial Gilmar dos Santos Neves e o lendário presidente corinthiano Vicente Matheus, além de uma infinidade de políticos, empresários e artistas.

Nos seus áureos tempos o Esporte Clube Vila Mariana foi o grande destaque da vida cultural, esportiva e social do bairro. A história do clube remonta ao começo do século passado e aos tempos de ouro do futebol varzeano paulistano.

Fundado como Esporte Clube Humberto I, em razão da rua onde teve sua primeira sede, a agremiação viveu tempos de gala no futebol amador, chegando até a participar de algumas competições promovidas pela antiga Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), que durante quase 20 anos mandou e desmandou no futebol em todo o Estado de São Paulo. 

Longe ainda do profissionalismo, a Associação Paulista de Esportes Profissionais (APEP), entidade que comandava o futebol naquela época, organizava campeonatos como a Divisão Municipal, que era dividida nas Séries A e B. O Humberto Primo participou em 1922, pela primeira vez, da Série B, competição que reuniu, além dele, os seguintes clubes:

Aliança do Norte Futebol Clube, Associação Atlética ABC, Associação Atlética Concórdia, Associação Atlética Guanabara, Associação Atlética Liberdade, Associação Atlética Maranhão, Associação Atlética Ordem e Progresso, Associação Atlética Paulista, Associação Atlética Paulistana, Associação Atlética São Geraldo, Associação Atlética Sul América, Brasil Esporte Clube, Busiris Futebol Clube, Castellões Futebol Clube, Comercial Futebol Clube, Éden Liberdade Futebol Clube, Esporte Clube Aliança Militar, Estrela da Saúde Futebol Clube, Flor do Belém Futebol Clube, Oriente Futebol Clube, Osasco Futebol Clube, Paulista Futebol Clube, Rio Branco Futebol Clube, Spartanos Futebol Clube, Touring Futebol Clube, Tremembé Futebol Clube e Voluntários Futebol Clube.

Em 1935 foi convidado a disputar a Primeira Divisão Paulista, mas com o fim da Liga, a equipe acabou se afastando do profissionalismo.

Ainda com a denominação de Humberto I, em 1936 o clube foi campeão do Torneio Início do Paulista da APEA, ganhando no jogo final da Portuguesa de Desportos, que naquele ano foi campeã estadual. 

Depois de alguns anos, o clube transferiu sua sede para a Rua França Pinto, no prédio onde hoje se encontra a loja de instrumentos musicais Vitale. Em 1942, com o advento da Segunda Guerra Mundial, o Humberto I foi obrigado a mudar o nome para Esporte Clube Vila Mariana, em razão de um decreto governamental que proibia clubes com denominações estrangeiras.

O Brasil declarara guerra aos países do Eixo, e começou uma perseguição às colônias desses países no Brasil. Do mesmo modo, o Palestra Itália, temendo ser fechado e perder seu patrimônio, mudou de nome, passando a se chamar Palmeiras. Palmeiras e Humberto I tiveram ligações históricas, já que os dois foram fundados por famílias italianas.

Na década de 40, já com o novo nome, começou a ser erguida a sede atual, na rua Domingos de Morais, 1768, próximo a Estação do Metrô Vila Mariana, que foi inaugurada na década de 1950 com uma grande festa. Ali, durante muitos anos foram realizados campeonatos, concursos, shows, bailes e espetáculos. 

O clube ganhou destaque ao promover essas festas em seu salão social, que costumavam contar com a presença de artistas famosos  da época, como Vicente Leporace, Francisco Petrônio, Adoniran Barbosa, Ângela Maria e muitos outros.

No seu apogeu, que durou até o final dos anos 80, o clube chegou a ter dois mil associados. A decadência aconteceu por uma série de fatores, que fizeram com que os clubes começassem a experimentar um declínio.

Como se não bastasse tudo isso, nos anos 90 foi construída no bairro uma unidade do SESC, que trouxe mais prejuízos ao Vila Mariana, que não tinha como competir em termos estruturais com a nova concorrente. E aos poucos o clube também foi perdendo terreno para os condomínios e suas entidades privativas.

Atualmente o Vila Mariana restringe-se à prática de atividades esportivas em sua quadra, como vôlei e futebol de salão, além de ginástica, aulas de dança e à piscina.

O salão social ainda é alugado para eventos como festas e casamentos. Ainda assim o clube possui uma diversificada estrutura capaz de proporcionar lazer a todas as idades.

O clube se mantém através dos pagamentos das mensalidades dos sócios e das escolinhas de vôlei e futsal e nunca teve dívidas, e nem qualquer ajuda financeira do governo na formação de atletas no clube ou do clube.

O centro esportivo conta com uma área construída de 2.149 m² e apenas a academia, escolinha de futsal e vôlei são próprias, o restante das modalidades esportivas que tem no local (Badminton, Capoeira e Dança do Ventre) são de terceiros.

O espaço é alugado para professores de outros esportes ensinarem os seus alunos. É importante ressaltar que os pisos das quadras de Futsal, Vôlei e Badminton, foram feitos com uma tecnologia chinesa de última geração que amortece melhor as quedas.

Quem está acostumado com quadra de cimento ou madeira consegue sentir a diferença. A quadra está disponível para locação assim como o salão para festas e eventos que é bastante requisitado para confraternizações.

O Esporte Clube Vila Mariana disponibiliza a primeira aula grátis para qualquer aluno que queira conhecer. Para quem tiver interesse, é só ir até a sede levando duas fotos 3X4 e se matricular.

As escolinhas de futsal e vôlei possuem mensalidade de 50 reais e nas demais modalidades o valor é tratado direto com o professor. O clube está aberto de terça a domingo das 8 às 22 horas. (Pesquisa: Nilo Dias)

Hoje o clube se dedica a atividades sociais. (Foto: Divulgação)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Estado de coma que já dura 32 anos

Quem acompanha o caso do piloto alemão Michael Schumacher, que se encontra em estado de coma desde 28 de dezembro de 2013, quando se acidentou em uma estação de esqui, em Méribel, na França, talvez desconheça o drama vivido pelo ex-jogador de futebol Jean-Pierre Adams, que defendeu a Seleção da França. Ele se encontra há 32 anos em estado de coma, causado pela anestesia tomada para uma operação no joelho. .

São casos sérios e muito tristes. Em São Gabriel (RS), conheci uma jovem que também foi vítima de anestesia mal feita, quando de uma cesariana para ganhar seu primeiro filho. Isso faz muitos anos, não sei se a moça ainda está viva. 

O ex-jogador nasceu em Dakar, no Senegal em 10 de março de 1948. Com apenas 8 anos de idade, por insistência da sua avó, que queria lhe dar uma educação católica, mudou-se para a França, onde ficou aos cuidados da família Jourdain, em Loiret, um departamento um pouco ao sul de Paris, tendo estudado no afamado Colégio Saint-Louis, onde era conhecido pelo apelido de “White Wolf".

Um tio dele, Alexandre Diadhiou recomendou aos pais adotivos que só o deixassem jogar futebol, se tivesse notas boas na escola. Como isso aconteceu, ele pode jogar nos times do US Cepoy, CD Bellegarde e USM Montargis.

Depois é que foi defender o RC Fontainebleau. Nessa época, com apenas 19 anos de idade,  envolveu-se em um grave acidente de carro, quando sofreu pequenos ferimentos, mas seu amigo Guy Beaudot perdeu a vida.


Casou-se em abril de 1969, com a jovem Bernadette, com quem já vivia há algum tempo.O primeiro filho do casal, Laurent, nascido em dezembro de 1969, é atualmente o treinador do Sub-18 de Futebol Club-Aregno Calvi, Corsica. Ele se converteu depois de passar um ano na Divisão de Honra da Calvi como jogador. O casal teve um segundo filho, Frederick. 

Em 1970 Jean-Pierre foi jogar no Nîmes Olympique. Em 1973, com 22 anos transferiu-se para o Nice, um time grande, quando deixou de atuar cioo atacante e passando a ser zagueiro. Em 1977 jogou no Paris Saint Germain. 

Em 1979-1980 defendeu o FC Mulhouse. E finalmente em 1980, 1981 e 1982 atuou pelo FC Chalon, todos clubes franceses.

Foi em 17 de março de 1982, quando defendia o FC Chalon, que Adams teve uma ruptura ligamentar no joelho. Foi hospitalizado em Lyon e teve um broncoespasmo após tomar a anestesia, e isso gerou problemas de oxigenação no cérebro dele, entrando em estado de coma.

Depois de ficar um certo tempo no hospital e sem qualquer possibilidade de recuperação, foi levado para casa, que teve de passar por uma série de modificações, por conta da esposa Bernardete. Segundo o jornal inglês "The Guardian", isso colocou a família de Adams em sérias dificuldades financeiras.

Várias entidades fizeram doações, entre elas a Federação Francesa de Futebol (FFF), que em dezembro de 1982 doou 25 mil francos e depois 6 mil francos semanais, e os clubes Nimes e PSG, em que ele jogou, que doaram cada um, 15 mil fracos. 

A Variétés Club de France, entidade que existe até hoje e é apoiada por ex-jogadores como Zinedine Zidane, Michel Platini e Jean-Pierre Papin, também fez uma partida a fim de angariar fundos para a causa.

Embora em coma, Jean-Pierre sente, cheira, ouve e se assusta quando um cachorro late. Ele só não consegue ver e falar, disse Bernardette em uma entrevista concedida em 2007. Em 2012, a mulher de Adams falou ao "Midi Libre" sobre o caso: "Tive a sensação de que o tempo parou em 1982". Ela segue ao lado do marido até hoje.

No ano passado, testes realizados por um neurologista especializado em lesões cerebrais comprovaram que Adams teve sério comprometimento. No entanto, Bernardette rechaçou a ideia da eutanásia. "Isso é impensável", avaliou. (Pesquisa: Nilo Dias)

Jean-Pierre, no seu tempo de atleta. (Foto: Divulgação)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O "Canhão" de Cotinguiba

Antônio Nascimento Rodrigues, o “Charuto”, foi um dos jogadores que atuaram no futebol sergipano, que mais se destacou em toda a história. Não era nenhum craque, estava muito longe disso, mas era dono de um chute fortíssimo, um verdadeiro “canhão” como diziam à época, só comparado a “Hércules”, jogador do Fluminense, nas décadas de 1940 e 1950.

Ele vestiu a camisa do Cotinguiba, nos tempos românticos do futebol, quando os jogadores tinham amor aos clubes que defendiam. “Charuto” foi um desses abnegados que quase nada recebeu em troca do muito que deu ao clube, pelo qual foi campeão nas temporadas de 1952 e 1957.

"Charuto" chegou ao Cotinguiba em 13 de agosto de 1945 e ficou por lá até o início da década de 1960, passando quase toda a sua carreira no clube onde foi por várias vezes artilheiro.

A fama de ter um canhão nos pés era fator de terror às defesas adversárias, que tinham um medo horrível, verdadeiro pavor de fazer barreira quando ele ia bater alguma falta. E quando “carimbava” um jogador, este tinha que sair de campo para ser atendido tanto pelo massagista quanto pelo médico. Quando pegava bem na bola, quase sempre era gol. Chute forte e certeiro.

Contam que várias redes foram furadas por chutes de “Charuto”. Não é lenda, é a mais pura das verdades, dizem velhos torcedores do Cotinguiba. Em um determinado jogo na vizinha Alagoas, “Charuto” marcou três gols, mas o juiz só validou um, porque não sabia se a bola que havia furado a rede tinha entrado por dentro ou por fora, tal era a força do seu chute.Ao invés de balançar as redes, “Charuto” as furava.

O professor Alencar Filho, ex-Reitor da Universidade Federal de Sergipe, escreveu o livro intitulado “Caleidoscópio”, onde relata alguns momentos importantes da vida do jogador, que no seu entender foi, e continuará sendo ídolo e ícone de várias gerações.

A dedicação do jogador ao clube e sua magnifica performance nos anos em que vestiu a camisa do Cotinguiba, lhe valeram uma homenagem única. Ele tem uma estátua em frente a piscina, na sede da agremiação, que dá às boas-vindas aos visitantes e revela que o ambiente é carregado de história. (Pesquisa: Nilo Dias)

A estátua de "Charuto" foi erguida na sede do clube, próximo ao parque de piscinas. (Foto: Arquivo do clube)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hector Silva, o "Montonero"

O uruguaio Carlos Héctor Silva, também conhecido por “Lito” foi um meio campista habilidoso, que atuava pelos dois lados do campo com facilidade. Era um especialista em encontrar espaços e lançar os ponteiros em profundidade. Mas também sabia fazer gols. Foi fruto da ótima safra de jogadores uruguaios que surgiram nos anos 60.

Ele nasceu na cidade de Montevidéu, no dia 1 de fevereiro de 1940.  Começou a carreira em 1954 no Canillitas, de Payssandu, quando jogava como atacante. Dali se transferiu para o Danúbio em 1956, quando tinha apenas 16 anos, tendo disputado o Campeonato Uruguaio da Primeira Divisão, naquele ano.

Em 1963 o Penãrol o contratou, tendo sido campeão nacional em 1964, 1965 e 1967, além de ter vencido a Libertadores e o Mundial de Clubes de 1966. Marcou época no clube amarelo e preto.

Em 1970, devido sua experiência em disputas internacionais, o meio campista foi contratado pelo Palmeiras, com intermediação do famoso empresário Juan Figger. O “verdão” buscava formar um elenco forte, pois objetivava fazer uma boa campanha na Taça de Prata daquele ano.

No alviverde ele foi peça importante de uma linha ofensiva que tinha Edu Bala, Cesar Maluco, Ademir da Guia e o ponteiro esquerdo Pio. O clube foi vice-campeão e garantiu o direito de participar da Taça Libertadora da América de 1971, quando foi eliminado pelo Nacional, de Montevidéu.

Depois o Palmeiras contratou o novato e talentoso jogador Leivinha, vindo da Portuguesa de Desportos. Com isso Héctor Silva perdeu espaço e foi negociado com a equipe “lusa”. Leivinha se tornou ídolo dos palmeirenses.

Os números de Hector Silva pelo Palmeiras entre os anos de 1970 e 1971 mostram que ele jogou 80 partidas, com 47 vitórias, 23 empates e 10 derrotas, tendo marcado 16 gols. Os registros foram publicados no Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.

Do Palmeiras foi para a Portuguesa de Desportos, onde a má sorte o perseguiu. Em um de seus primeiros coletivos no time “luso” sofreu uma contusão no tendão de Aquiles em um choque involuntário com o companheiro Dárcio.

Avaliado de maneira preliminar pelo Departamento Médico, foi submetido a uma série de infiltrações que acabaram por agravar o seu estado atlético. Para piorar, foi acusado de simular uma contusão inexistente durante seis meses.

Sua passagem pela Portuguesa terminou em setembro de 1972, depois de um jogo em que seu time perdeu por 1 X 0 para o Santa Cruz, de Recife, no estádio do Parque Antártica.

Logo após o jogo, o presidente do clube, Oswaldo Teixeira Duarte, resolveu afastar seis jogadores do time, Piau, Lorico, Marinho, Samarone e Ratinho, além do próprio Héctor Silva, naquilo que ficou conhecido como a “Noite do Galo Bravo”. O jogador foi vitima de um rompimento contratual puramente emocional e absurdo.

Humilhado e dispensado, Héctor viajou por sua conta até Buenos Aires para fazer uma consulta com o renomado ortopedista argentino, doutor Balbier, um dos mais famosos daquela época.

O médico diagnosticou que ele tinha uma distensão no tendão. Foi operado e retornou para São Paulo em abril de 1973, quando fez questão de mostrar suas cicatrizes aos dirigentes da Portuguesa, que por questões morais alegaram que não poderiam voltar atrás.

A situação de Hector Silva ficou bastante complicada. Desempregado, teve de deixar os gramados para trabalhar no Departamento Comercial de uma importadora de equipamentos para aquecimento de gás, na Rua Aurora, em São Paulo.

Em 1974 voltou para o Uruguai e ao Danúbio, clube onde começou sua trajetória profissional e encerrou a carreira. Pela seleção uruguaia, Héctor Silva disputou a Copa do Mundo no Chile, em 1962, e na Inglaterra, em 1966. Jogou ao lado de um ídolo, Pedro Rocha. Além disso, ganhou o Sul-Americano Juvenil em 1958, vestindo a camisa celeste. 

Quando de sua passagem pelo Brasil, o uruguaio ganhou o apelido de “Montonero”, uma alusão aos terroristas argentinos que praticavam atentados a bomba na América do Sul. Mas Hector não gostou nem um pouco da brincadeira.

Pela seleção uruguaia, Héctor Silva disputou às Copas do Mundo do Chile, em 1962, e da Inglaterra, em 1966.

Hector Silva faleceu no dia 30 de agosto de 2015, um domingo, aos 75 anos, vítima de um infarto fulminante. Ele morava em Montevidéu com a esposa. (Pesquisa: Nilo Dias)

 Hector Silva, quando jogava no Peñarol. (Foto: Divulgação)

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O rubro negro de Mariana (MG)

O Marianense Futebol Clube, da cidade mineira de Mariana, completou 100 anos de existência no dia 16 de junho de 2012. A data foi comemorada em grande estilo, com um baile animado pela famosa banda “Casino de Sevilla”, criada em 1810 na Espanha.

Sua sede fica bem próxima da praça Minas Gerais, onde encontram-se duas das igrejas mais visitadas da cidade.

Desde o último dia 5, a cidade vive momentos de angustia e apreensão, devido ao rompimento de duas barragens distrito de Bento Rodrigues. Foram confirmadas nove mortes, muitos desaparecidos e centenas de pessoas ficaram desabrigadas.

Com o desastre, os rejeitos da barragem foram até o Rio Doce, o que resultou no corte no abastecimento de água em diversas cidades. A mineradora Samarco é a responsável pela tragédia.

A Liga Esportiva de Mariana foi fundada em 26 de dezembro de 1966. A partir daí se conhece os campeões da cidade. O Marianense Futebol Clube foi campeão da Primeira Divisão da cidade, nos seguintes anos (1991, 1992, 1995 e 1997); Segunda Divisão: (2006, e 2010); Juvenil (2011); Infantil (2011) e Copa Interestadual sub-17(2012). 

Sua maior conquista, porém, foi o titulo da "Copa Itatia 1983 - Troféu Januário Carneiro", quando ganhou na final do Guarani, de Ouro Preto, no campo da Barra, do adversário. Os atletas campeões foram: 

Bejamim, Juvenil, Adão Braminha, Pedro Salame, Bizute, Eli, Luiz Lana, Elias, Caetano, Geraldo Rezende, Pavão Pem, Gelson Antônio Pilé, Dão Barreto, Jair, Geraldo Mozart, Américo e Cacálo.

O atleta Bizute, do Marianense, foi eescolhido o "Craque revelação" da competição, recebedo o troféu das mãos de de Tancredo de Almeida Neves, que depois foi eleito Presidente da República.

Apresentada pelo vereador Edson Agostinho, o Leitão, a Menção Honrosa ao Marianense Futebol Clube, em comemoração ao seu centenário, foi aprovada na Reunião Ordinária da segunda-feira, 12 de junho, por unanimidade.

Fundado em 17 de junho de 1912, o Marianense Futebol Clube faz parte da história da cidade, auxiliando a preservação do patrimônio histórico e imaterial do município. A sede do clube está situada em uma edificação do século XVIII, que mantém as características da época, com elementos de pedra lavrada, construído pelo mestre pedreiro José Pereira Arouca, em 1752.

Além deste prédio, o Marianense ainda possui um campo de futebol, conhecido como “Estádio Augusto”, palco de grandes partidas que homenageia, com seu nome, o filho do ex-presidente do Clube, Gomes Freire de Andrade.

A Menção tem como objetivo reconhecer os importantes serviços prestados à sociedade e ao esporte de Mariana durante um século pelo Marianense. Desta forma, a Câmara de Mariana pretende preservar e apoiar não só a história, mas todo o patrimônio construído ao longo de um século pelo clube.

O jornalista marianense Filipe Barboza, está escrevendo o livro “Marianense x Guarany: Histórias de rivalidade além das quatro linhas”, que deverá ser lançado nos próximos meses.

Trata-se de um trabalho inédito sobre o tema. O livro-reportagem traz narrativas voltadas à memória do Marianense Futebol Clube e do Guarany Futebol Clube, os dois clubes de maior rivalidade de Mariana. Através de pesquisa documentadas, como por exemplo, jornais antigos, além de entrevista com 17 moradores do município, o trabalho revela as histórias de antagonismo entre as duas instituições que se chocam em disputas no futebol, na vida social e na política local.

Em outras palavras, o livro tem como objetivo construir e revelar a memória das disputas entre os clubes Marianense e Guarany mostrando, consequentemente, a relação histórica e social dessas duas agremiações de futebol com a cidade de Mariana e os seus moradores. O estudo tenta revelar então, a capilaridade do futebol e o que norteia a “vida” dos clubes na história e na contemporaneidade da sociedade marianense.

O livro faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC), para a graduação de Jornalismo na UFOP e foi produzido ano de 2014. Desde sua finalização, Filipe está a procura de apoio financeiro para poder publicá-lo. A ideia do autor é difundir parte da história de Mariana através de uma ferramenta atrativa, que no caso é o futebol.

Filipe diz ser um sonho que esse livro, que é um recorte da história de Mariana, seja acessível para todos os interessados, principalmente para os jovens das escolas públicas daqui. (Pesquisa: Nilo Dias)


Marianense, campeão da "Copa Januário Carneiro", de 1983. (Foto: Agência Bizute Turismo)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Guaracy Picado, cantor e jogador de futebol

Guaracy Augusto Picado, ou simplesmente, “Picado”, foi uma das figuras mais identificadas com a cidade de Natal a partir dos anos 50. Ainda muito jovem foi aprovado num concurso para carteiro, tendo depois passado por outros setores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EB).

Também trabalhou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi músico, compositor, cantor dos trios musicais “Os Goiamuns”, “Marayá” e “Irakitan”. Morou 10 anos no Rio de Janeiro, onde se apresentou em vários programas de auditório de grandes audiências nas televisões paulista e carioca.

Os mais famosos foram o de “Raul Gil”, na Band TV e o “Som Brasil”, aos domingos pela manhã na TV Globo, comandado por Lima Duarte, além de "Almoço com as Estrelas" na Tupy de São Paulo.

E também programas de rádio, shows no interior do Rio de Janeiro, com cachês baixos. Porém eram gratificantes, serviam para projetar a ele e ao seu parceiro, Roberto Ney. Ainda sobrava tempo para bater uma bolinha, tendo chegado a jogar numa equipe da 2ª divisão do estado do Rio, o Classista F.C.

Participou também de movimentos teatrais, culminando com a presença no filme "For all, O Trampolim da Vitória”, narrando a presença de marujos e soldados norte-americanos em Natal durante a Segunda Guerra Mundial, no começo dos anos 40 até 1945, com a capitulação dos países do “Eixo”.

A carreira de futebolista ele começou nas categorias de base do América, de Natal, junto de antigos colegas que hoje ocupam cargos públicos ou são profissionais liberais em várias áreas. Ainda quase juvenil assinou com o Santa Cruz F.C., como não amador, categoria que hoje não existe mais.

O Santa Cruz, de Natal, tinha as cores vermelho, preto e branco. Foi fundado em 1934. Atualmente, encontra-se extinto, porém seu patrimônio continua intacto. O Santa Cruz foi Campeão Potiguar em 1943 e disputou os Estaduais do Rio Grande do Norte ate os anos 60.

No tricolor, formou com velhos companheiros hoje já vovôs, como Etinha, Varela, Wilton Gomes, entre outros. Mas foi no ABC que passou a atuar num grande clube, na ala direita.

Ele cita um dos bons times do ABC em que jogou: Ribamar (Edson) - Guaracy – Toré - Cadinha e Ney Andrade - Edmilson "Piromba" (Cileno) - Cadinha e Jorginho – Mota - Gilvan e Paulo Isidro. Tinha ainda Gileno Vilar, Osir de Góis, Dé, Marcos "Jacaré", entre outros.

Graças a facilidade que tinha em fazer amizades, “Picado” pode aumentar seus conhecimentos e se preparar para outra carreira dentro do próprio futebol, como árbitro. Antes disso ainda jogou no Alecrim F.C., onde foi jogador e treinador.

Mas foi uma passagem um tanto rápida, já que os jogadores eram obrigados pelos dirigentes a usarem energizantes do tipo Gluco-energam, misturados com Fostimol, para melhorar o estado físico.

O resultado não poderia ser pior, pois os jogadores passavam madrugadas mal dormidas, virando e revirando na cama, sem sono, olhos arregalados e boca seca. Ninguém conseguia conciliar o sono, conta o próprio Guaracy.

“Picado” jogou futebol por pouco mais de cinco anos. Era uma época em que os clubes de Natal eram bastante pobres, com rendas fracas nos jogos, sem estrutura, sem estádios, desprovidos de quase tudo. Ainda assim diz ter gostado de jogar por lá, pois teve a oportunidade de viajar bastante, fazer amigos e poder tornar-se árbitro de futebol.

Fez o curso, estudou muito, ganhou um lugar entre os árbitros da CBF, apitando em quase todo o Brasil, pelo menos de Salvador até o Norte. Talvez por não ser fácil figurar no fechado círculo da categoria Fifa, deixou de faturar uma boa nota. Assim mesmo, não tem queixa alguma.

A cena mais curiosa acontecida em sua carreira de 15 anos de arbitragem ocorreu num jogo entre equipes do Rio Grande do Norte. O local foi o estádio Professor Manuel Leonardo Nogueira, o “Nogueirão”, em Mossoró.

De repente, os atletas se jogaram no gramado, todos deitados, alguns até com o rosto colado na grama. Era um bando das temíveis abelhas africanas, que surgiu quase do nada, com um zumbido assustador. Alguns minutos depois elas foram embora e o jogo pode ser reiniciado.

O que pouca gente sabe é que o Hino do ABC, de Natal, é de autoria de “Guaracy Picado” e Roberto Ney, que está no CD “Meu ABC”, que vendeu muito, estando como um dois mais cantados pelos abecedistas.

Algumas gravações que formam na coleção da dupla estão: "Guaracy canta Renato Caldas e outros poetas"; "Passar fogo", em homenagem a Augusto Severo; "O salário achatou"; "As mais belas canções da América Latina"; "Chico de Assis e Guaracy"; "A história da Vaquejada do Nordeste"; "Para ouvir amando", números um e dois, sucessos absolutos, com grande vendagem. Guaracy tem ainda composições gravadas pelo potiguar "Trio Irakitan". (Pesquisa: Nilo Dias) 


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O "Leão da Coronel"

O Esporte Clube Palmeirense, da pequena cidade paulista de Santa Cruz das Palmeiras foi fundado em 7 de setembro de 1908. Constitui-se no clube mais importante da cidade e um dos mais antigos do Estado, já tendo participado de 12 competições oficiais da Federação Paulista de Futebol, da segunda e terceira divisões entre as décadas de 1970 e 1980.

Antes de se profissionalizar o Palmeirense disputou diversos torneios amadores organizados pela Federação Paulista de Futebol nos anos de 1940, 1950 e 1960. Os times de outras cidades, inclusive São Paulo, geralmente chegavam de trem no sábado, pernoitavam na cidade e jogavam no domingo, voltando logo após o jogo.

A idéia de profissionalizar o time foi do ex-goleiro e técnico Luís Afonso Mendes, o “Duduzio”, que presidiu o clube de 1976 a 1981. O Palmeirense começou mal a sua aventura profissional, em 1976, perdendo em casa para o Descalvadense, por 3 X 1, depois de estar vencendo por 1 X 0.

O Palmeirense jogou a Terceira divisão, atual Série A3, nos anos de 1976, 1980, 1981, 1982, 1985, 1986 e 1987. E a Quarta divisão, atual Segunda Divisão, nos anos de 1977, 1978, 1979, 1988 e 1989.
Os torcedores o chamam de “Leão da Coronel", tendo em vista que a sua sede se localiza na Rua Coronel Penteado, no centro da cidade.

Em 1978 foi o vice-campeão da Segunda Divisão, o equivalente à Série B atual, ou quarta divisão, quando tinha um dos melhores times do Estado. No jogo final foi derrotado pelo Lemense, de Leme, quando precisava somente de um empate para ser campeão.

O centenário Palmeirense foi fundado depois de uma visita do Parassununguense, da vizinha cidade de Pirassununga, que enfrentou um combinado local. O jogo terminou empatado em 0 X 0.

O time esteve em campo pela derradeira vez no ano de 1989 quando disputou a Quarta Divisão, equivalente a atual Série B. A partir daí pendurou as chuteiras, deixando de lado o futebol profissional. A partir de 1990, voltou ao amadorismo, disputando torneios locais e regionais, além de amistosos.

O clube que tem no vermelho, preto e branco suas cores oficiais hoje se dedica a atividades esportivas com escolinhas de futebol e intensa participação social e recreativa. Em 2006 começou um projeto de formação de jogadores de futebol, que atende crianças e tem o apoio de empresários locais.

O Palmeirense paulista não é o único a ter esse nome no futebol brasileiro. Na cidade gaúcha de Palmeira das Missões existe o também Esporte Clube Palmeirense, 11 anos mais novo que o seu homônimo de Santa Cruz das Palmeiras.

O time do Rio Grande do Sul foi fundado em 27 de maio de 1919 e é chamado por seus torcedores de “Leão das Missões”. Suas cores são o vermelho e branco. Disputou o Campeonato Gaúcho da 3ª Divisão nos anos de 1968, 2013 e 2014. A 2ª divisão em 1952, 1993, 1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2004. A 1ª divisão em 2002 e 2003, a Série B em 1996, 1997, 1998 e 2015.

Títulos: Campeão citadino (1952 e 2001); Campeão Gaúcho da 2ª divisão (2001) e Vice-Campeão Gaúcho da 2ª Divisão (1995).

Equipe Sub-17 do Palmeirense, de Santa Cruz das Palmeiras em 2015. (Foto: Arquivo do clube)