terça-feira, 5 de janeiro de 2016

União de Tambaú, mais um clube centenário

O Esporte Clube União, da cidade de Tambaú (SP), é um dos clubes de futebol mais antigos do Estado. Foi fundado em 25 de setembro de 1910. Um grupo de pessoas interessadas no desenvolvimento do esporte em Tambaú se reuniu no prédio do Jornal “O Tambaú” e assinaram a ata de fundação do clube.

Suas cores são o azul, vermelho e branco. Em sua história centenária teve 13 participações no Campeonato Paulista de Futebol. Atualmente, encontra-se licenciado. A casa do União é o “Estádio João Meirelles”, com capacidade para seis mil torcedores.

Embora um clube muito antigo o União só se profissionalizou em 1976. Em 1986, passou a contar com a concorrência do Esporte Clube Operário, fundado em 29 de junho de 1921 e seu mais tradicional adversário. O Operário disputou uma edição do campeonato paulista da terceira divisão (atual A3) e três edições do Paulista da quarta divisão. (atual B3).

Já o União participou do Campeonato Paulista da Série B3, nos anos de 1977, 1978 e 1979 e da Série A3 nos anos de 1976, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987 e 1988. Em 1989 se licenciou da Federação Paulista, voltando as atividades em 2012, já mais organizado.

Um fato ocorrido no Estádio João Meirelles, em Tambaú, pelo campeonato da 3ª divisão de profissionais da Federação Paulista de Futebol, é lembrado até hoje por antigos dirigentes do clube.

O campeonato estava em pleno desenvolvimento, já no segundo turno. O União ia jogar contra o Descalvadense, de Descalvado. O jogo era em Tambaú, e o time da casa estava mal na tabela e com possibilidade de rebaixamento de divisão, o que realmente aconteceu.

Tinha um terceiro interessado nesse jogo, a Matonense, de Matão, time que chegou a participar por alguns anos da principal divisão do Campeonato Paulista.

Diante de boatos de que o jogo estava “encomendado” para o time visitante, dirigentes do União foram a capital conversar com o diretor do Departamento de Árbitros para pedir a escalação de um trio de confiança.

O diretor da Federação era Adilson Monteiro Alves, deputado Estadual pelo PMDB e diretor de futebol do Corinthians Paulista durante a “famosa” democracia corintiana. Ele prometeu que atenderia o pedido dos dirigentes unionistas.

O presidente da Matonense, desconfiado que a coisa estava embrulhada, ofereceu um “incentivo” (bicho) aos jogadores do União. Era a famosa “Mala Branca”. Isso foi levado ao conhecimento dos jogadores. E realmente, no dia do jogo o mandatário da Matonense apareceu com a maleta 007, cheia de dinheiro.

Mas de nada adiantou, visto que a Descalvadense não perdeu o jogo, que foi muito corrido em seu início. O União atacava mais e parecia que ia marcar o seu gol a qualquer minuto. Foi quando começaram as “trapalhadas” do trio de arbitragem, marcando impedimentos absurdos do time de Tambaú.

O árbitro era um crioulo espigado e atlético, dando sempre uma de “muito macho”. Seu nome era bastante sugestivo – João de Deus. O primeiro tempo terminou 1 X 0 para a Descalvadense, num gol bastante duvidoso. Quando terminou o primeiro tempo, dirigentes do União entraram em campo e deram uma dura no juiz. De nada adiantou, ele até fez várias ameaças.

No segundo tempo ocorreu um lance escandaloso , pênalti não marcado a favor do União. Foi a gota d’água. Os dirigentes do União invadiram o gramado  e deram alguns safanões no juiz, seguidos de chutes. O árbitro e seus auxiliares correram para o vestiário que ficava no canto do gol, no fundo do estádio.

A polícia interveio rapidamente, porém a confusão foi aumentando e o trio de arbitragem ficou acuado dentro do vestiário. Passado uns 15 minutos, o árbitro encerrou o jogo por falta de segurança.

Para evitar punições mais severas ao clube, os dirigentes foram até São Paulo, dar explicações na Federação. Foi assim que conheceram um funcionário da entidade, chamado de “Robertão”, que costumava pedir ao pessoal de Tambaú,  um “garrafão de pinga de engenho”. Se ele ajudou em alguma coisa, ninguém sabe mas o União não teve o estádio interditado.

Em 2001, quando da comemoração dos 115 anos de fundação da cidade (27/07/1886), aconteceu um jogo amistoso entre as seleções máster da cidade e do Corinthians Paulista, no Estádio do União que ficou completamente lotado . O alvinegro paulista levou jogadores conhecidos como Neto, Dinei, Ezequiel, Gilmar, entre outros. O ingresso foi um quilo de alimentos não perecíveis.

Contam que o menino Edson Arantes do Nascimento, o “Pelé” esteve na cidade em 1955, acompanhando o seu pai na praça lotada de romeiros que ouviam o sermão do padre Donizetti, o “santo da cidade”, que teria dito na ocasião: “Há aqui um menino acompanhado de seu pai que um dia se tornará um atleta não só conhecido no País como no mundo”.

Outra história, esta confirmada pelo próprio protagonista, envolveu o saudoso jornalista e economista da Rede Bandeirantes, Joelmir Betting, que era natural de Tambaú. Ele foi coroinha do Padre Donizetti, seu guia espiritual.

Depois de tomarem sopa de quiabos na Casa Paroquial, o padre pegou a mão de Joelmir, ainda garoto, que era gago, e juntos rezaram um Pai Nosso em voz alta. Nunca mais o futuro jornalista gaguejou e pode, finalmente, ser aceito na escola, a qual o recusava por causa da gagueira.

Joelmir foi o criador da célebre expressão “Gol de Placa”, depois de um jogo entre Santos X Fluminense, na década de 1960. “Pelé” marcou um gol maravilhoso e o jornalista, de volta a São Paulo, encomendou uma placa de bronze, que colocou em uma das paredes do Maracanã. para imortalizar aquele momento.

Tempos depois, “Pelé”, agradecido, presenteou o jornalista com uma placa de acrílico: “Gratidão eterna ao Joelmir Beting. Gratidão eterna do autor do gol de placa ao autor da placa do gol. Edson Pelé”. (Pesquisa: Nilo Dias)

E.C. União, 1969, tri-campeão do interior. (Foto: Arquivo do clube)

Nenhum comentário:

Postar um comentário