segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Morreu hoje o criador do Troféu FIFA

Morreu hoje em Milão, Itália, ode morava, o escultor italiano Silvio Gazzaniga, que criou o “Troféu FIFA”, que é disputado na Copa do Mundo de Futebol, realizada de quatro em quatro anos. Ele estava com 95 anos e morreu de causas naturais.

Silvio Gazzaniga nasceu em Milão em 23 de janeiro de 1921 e se tornou um escultor nas escolas de arte de sua cidade natal. Nos anos 40 participou da "Escola Humanitária de Arte Aplicada" e do "High School of Art" no Castelo Sforzesco, especializada como ourives e joalheiro.

Quando da Segunda Guerra Mundial, se dedicou a esculpir medalhas, copos e decorações e no final de 1953 começou a colaborar com a antiga empresa, Bertoni, como diretor artístico e mestre escultor.

O escultor foi casado com sua esposa, Elsa, há mais de 60 anos. Ela foi o grande amor de sua vida, juntamente com a arte. Foi a mãe de seus dois filhos, Gabriella e Giorgio.

Em 1971, depois que o Brasil ganhou a “Copa Jules Rimet” e a conquistou de maneira definitiva, a FIFA precisava de um novo troféu para ser disputado nas Copas do Mundo. E realizou um concurso, em que 53 projetos foram apresentados por artistas de todo o mundo.

O vencedor foi o italiano Silvio Gazzaniga, com um desenho que representava a alegria, exaltação e grandeza do atleta no momento da vitória: duas figuras estilizadas que seguram o mundo no alto. Com isso o escultor alcançou fama mundial.

O primeiro país a ganhar a taça da “Copa do Mundo” foi a Alemanha, no certame de 1974, disputado lá mesmo e levantada por Franz Beckenbauer. Uma honra que foi seguida por Daniel Passarella em 1978, Dino Zoff, em 1982, Diego Maradona em 1986, Lothar Matthaus em 1990, Dunga, em 1994, Didier Deschamps, em 1998, Cafu em 2002, Fabio Cannavaro, em 2006, Iker Casillas, em 2010 e Philipp Lahm, em 2014.

Esse troféu é de posse transitória, ao contrário do que foi a “Taça Jules Rimet”, ganha em definitivo pelo Brasil. Após as festividades, a equipe vencedora recebe uma cópia da Copa original. Este troféu continuará a ser atribuído como um prêmio, até 2038, quando todos os espaços de inscrição disponíveis das nações vencedoras serão preenchidos.

Pena que a “Taça Jules Rimet” tenha sido roubada no Rio de Janeiro em 1983 e possivelmente derretida. A estatueta era feita em ouro com uma base de pedras semipreciosas. Pesava 3,8 kg e media 35 cm.

Mas o roubo no Rio não foi o primeiro na história da Jules Rimet. Em 20 de março de 1966 a taça estava em exposição em Londres, quatro meses antes da Copa na Inglaterra. O troféu se encontrava sob tutela do Brasil, campeão de 1962, que havia concordado em exibi-lo junto a uma exposição de selos.

A segurança era grande, mas mesmo assim, a taça sumiu. O mistério gerou "vários dias de ansiedade e frustração", segundo reportagem da BBC à época, que avaliou o troféu em £30 mil (R$ 114 mil). O desaparecimento levou a uma caçada em toda a Inglaterra envolvendo investigadores da Scotland Yard.

Um pedido de resgate chegou a ser enviado por alguém que se identificou como Jackson, que ameaçou derreter a taça se a quantia de £15 mil não fosse paga – em notas de £1 e £5. Um policial à paisana foi ao encontro de Jackson com uma maleta recheada de jornais, cobertos por uma camada de notas de £5.

Jackson, na verdade, era o ex-soldado Edward Betchley, de 46 anos, que ainda era interrogado pela polícia quando o troféu foi encontrado, sete dias após o seu roubo. Foi graças a um pequeno cachorro mestiço, "Pickles", que a caça chegou ao fim: ele encontrou a taça embrulhada em papéis de jornal e escondida em um jardim num bairro no subúrbio de Londres.

O cachorro tornou-se um herói mundial: "Pickles" recebeu uma recompensa pela descoberta e diversas homenagens – inclusive ração canina por um ano, segundo o livro "The Theft of the Jules Rimet Trophy". Ele apareceu em vários programas de televisão, estrelou um filme e teve seu próprio agente, mas morreu um ano depois.

A criação de Gazzaniga é considerada pelo presidente atual da FIFA, Gianni Infantino, o mais bonito símbolo que a entidade maior do futebol mundial  poderia sonhar em ter como prêmio. “A Copa do Mundo é um objeto mítico para os jogadores e para todos os amantes de futebol”, disse ele.

Depois de tamanho sucesso internacional, o artista criou outros troféus importantes de futebol, como a Taça UEFA (1972) e da “Super Cup Trophy da UEFA” (1973). Ele também foi o criador do troféu para a “Copa do Mundo de Beisebol” (2001), do “Campeonato do Mundo de Voleibol” e de medalhas para eventos esportivos importantes, como basquete, natação, esqui e muitos outros.

Foi Gazzaniga que esculpiu em 2011 o troféu comemorativo ao “150º aniversário da unificação da Itália”. Em vista disso, em 7 de dezembro de 2003, recebeu a maior honra possível, o "Certificado de Mérito da Ambrogino d'Oro".

Também recebeu honras internacionais. Em 14 de outubro de 2011, enquanto participava de uma reunião para a edição anual da “Feira Internacional de Numismática”, em Vicenza, a "Associação Internacional de Numismatists e Medalha Designers" concedeu-lhe o Prêmio Internacional pela contribuição para a sua profissão.

Além do esporte, ele era apaixonado por design, carros esportivos e aeronaves. Sua fonte de inspiração vinha de caminhar nas montanhas e fotografar a natureza, o que também lhe permitia recarregar as baterias de sua alma artística. (Pesquisa: Nilo Dias)


terça-feira, 25 de outubro de 2016

A morte do capitão do tri

Faleceu na manhã desta terça-feira (25), o ex-atleta e comentarista esportivo da TV Globo, Carlos Alberto Torres, vitimado por um ataque cardíaco fulminante. Ele chegou a ser levado para o Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas já havia entrado em óbito.

Era conhecido como o “capitão do tri”, por ter levantado a “Taça Jules Rimet”, conquistada em definitivo pela Seleção Brasileira, na Copa do Mundo do México, realizada em 1970.

Carlos Alberto era carioca, nascido na Vila da Penha a 17 de julho de 1944. De longa carreira, foi um dos símbolos do clássico futebol brasileiro. Muitos cronistas dizem que foi um dos maiores laterais-direitos de todos os tempos.

Tinha habilidade, respeito dos companheiros e, como uma de suas características principais, uma forte personalidade, elegância e técnica em campo. Tanto é verdade que a crônica esportiva, na sua grande maioria, o considerava o maior jogador que usou a braçadeira de capitão da Seleção Brasileira. Todas suas qualidades puderam ser confirmadas na única Copa que disputou, a do México, em 1970.

No duríssimo jogo contra a Inglaterra, Carlos Alberto abandonou a posição só para dar uma entrada forte no ponta inglês Francis Lee, que tinha chutado o rosto de Félix. Depois do lance, Lee sumiu do jogo.

Episódios como esse fizeram com que fosse chamado de o “grande capitão”. Carlos Alberto também foi o autor do último gol da campanha brasileira após maravilhoso passe de Pelé, fechando os 4 X 1 contra a Itália na final, para logo depois ter a honra de levantar a “Taça Jules Rimet” conquistada em definitivo.

Carlos Alberto Torres podia ter disputado também a Copa da Inglaterra, de 1966. Ele chegou a ser um dos 47 jogadores convocados pelo técnico Vicente Feola, para o período de treinamento em Serra Negra (SP). Mas deu tudo errado. Não foi confirmado entre os 22 jogadores que viajaram.

O craque vestiu às camisas do Fluminense, onde começou a carreira, tendo sido campeão Carioca de 1964. Logo depois, se transferiu para o Santos F.C., em 1965, trocado por Ismael, quando o clube paulista tinha Pelé e atravessava o seu apogeu, com conquistas como o bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes. 

Com a camisa alvinegra santista foi pentacampeão paulista em 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973, ano em que conquistou seu último título pelo time da Vila Belmiro.

Em 1971, jogou por empréstimo no Botafogo, do Rio de Janeiro. No clube carioca atuou em 22 jogos, nos 3 meses que por lá esteve. Em 1976 retornou ao Fluminense, que na época era chamado de “Máquina Tricolor”, tendo conquistado o bicampeonato carioca daquele ano e sendo semifinalista do campeonato brasileiro.

Jogou, ainda, no Flamengo (1977), California Surf e New York Cosmos (ao lado de Pelé), nos Estados Unidos, onde encerrou a carreira como jogador em 1982. Em março de 2004, Carlos Alberto foi nomeado por Pelé um dos 125 melhores jogadores vivos do mundo.

Como treinador foi Campeão Brasileiro pelo Flamengo. Em 1985, foi bicampeão pernambucano pelo Clube Náutico Capibaribe.

Foi escolhido ainda para integrar a seleção da América do Sul de todos os tempos na posição de zagueiro. A enquete foi realizada com cronistas esportivos de todo o mundo. A FIFA o considera um dos maiores laterais direitos de todos os tempos.

Na política, Carlos Alberto era filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Foi vereador de 1989 a 1993, ocupando a vice-presidência e a primeira secretaria da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Em 2008 tentou uma vaga para vice-prefeito da capital fluminense, na chapa de Paulo Ramos, não se elegendo.

Entre novembro e dezembro de 2014 ocupou o cargo de Ministro do Esporte do Botafogo, deixando a função alegando motivos particulares.

Carlos Alberto foi casado três vezes: com Sueli, mãe dos seus filhos Andréa e Alexandre Torres, também jogador profissional, com passagens por Fluminense, Vasco e Nagoya Grampus (Japão), com a atriz Terezinha Sodré e com Graça, sua ultima esposa.

Carlos Alberto Torres fez sua última aparição no SporTV, onde era comentarista, apenas dois dias antes de sua morte, quando participou do programa "Troca de Passes", no último domingo.

Ricardo Rocha, ex-zagueiro e amigo próximo do “Capita”, como era chamado por seus amigos, e o comentarista Luiz Ademar, também do SporTV, relataram que Carlos Alberto tinha boa saúde, a despeito da idad.

Títulos. Fluminense: Campeão Carioca (1964, 1975 e 1976); Taça Guanabara (1966 e 1975); Torneio de Paris (1976); Torneio Viña del Mar – Chile (1976). Pelo Santos: Recopa Sul-Americana (1968); Campeonato Brasileiro (1965 e 1968); Campeonato Paulista (1965, 1967, 1968, 1969 e 1973); Torneio Rio-São Paulo (1966). Pelo New York Cosmos: NASL Exterior Championships (1977, 1978, 1980 e 1982); Eastern Division - National Conference (1978, 1979, 1980 e 1982); Trans-Atlantic Cup Championships (1980). Seleção Brasileira: Copa do Mundo FIFA (1970) e Jogos Pan-Americanos - Medalha de Ouro (1963).

Como treinador. Flamengo: Campeão Brasileiro (1983); Fluminense: Campeonato Carioca (1984); Nautico, do Recife: Campeão pernambucano (1985); Botafogo: Copa Conmebol (1993) (Pesquisa: Nilo Dias)



sábado, 8 de outubro de 2016

E Deus não para de levar meus antigos colegas

Minha Nossa Senhora, o que está havendo? Deus está levando embora muitos companheiros de imprensa, que comigo conviveram durante muito tempo.  Dia desses foi o Jonas Cardoso, uma das mais bonitas vozes do rádio de Rio Grande. Fez parte da equipe esportiva da Rádio Cultura Riograndina, por mim comandada nos anos 80, e com certeza uma das melhores que existiram na Zona Sul do Estado, em todos os tempos.

Antes, já haviam partido o Jorge Ravara, advogado e comentarista esportivo dos melhores que conheci. Gilson Tilmann, repórter de campo experiente. E mais recentemente Ney Amado Costa, que além de comentarista esportivo teve carreiras brilhantes como jogador e depois técnico. Poucos dias atrás se foi o Pedro Pinheiro, excelente narrador de futebol.

O rádio esportivo de Rio Grande já tinha perdido, anteriormente, outros valores de renome, como o comentarista Volni Dutra e o narrador Paulo Corrêa, este, sem dúvida o grande nome da imprensa esportiva pelotense e riograndina em todos os tempos. E ainda José Paulo Rodrigues Nobre, narrador de qualidade e poeta admirável.

E nesta semana mais um golpe inesperado, com o falecimento do grande narrador de futebol, Carlos Roberto de Freitas Brauner, com quem tive a honra de trabalhar na Rádio Pelotense, nos anos 1970. Brauner nasceu em Pelotas, no dia 7 de novembro de 1951 e faleceu em Porto Alegre, ontem, 7 de outubro de 2016, na idade de 64 anos. 

Era sobrinho de Clóvis Brauner, grande jogador de futebol do passado, que brilhou no E.C. Pelotas, Grêmio Gabrielense, Santos e Seleção Brasileira.

Em um post em sua página no Fabebook, o narrador esportivo Mário Lima, da Rádio Eldorado, divulgou uma nota de pesar, ontem, sexta-feira pela morte do colega radialista Roberto Brauner.

Na mensagem, Mário Lima lamentou a perda do colega: “Dia triste para todos que conviveram com o querido Roberto Brauner, um cara do bem e grande narrador esportivo. Trabalhamos em prefixos diferentes desde os anos oitenta e dividimos muitas viagens e muitas mesas com muitas histórias ao final de cada transmissão. O “Bob, como eu o chamava não passou em vão neste plano. Vá em paz parceiro”.

Também fui colega do Mário Lima, na Cultura Riograndina. Eu o levei para lá. Pena que tenha ficado pouco tempo. A saudade de Porto Alegre falou mais alto e ele preferiu voltar para o rádio da Capital.

Desde cedo Brauner mostrava vocação para a narração esportiva. Já aos 11 anos de idade andava pelos corredores da Rádio Universidade, de Pelotas, ensaiando transmissões esportivas. Com menos de 20 anos, já era o narrador principal da emissora da Universidade Católica.

Depois foi para a Rádio Pelotense, levado por mim. Eu era o chefe da equipe esportiva da mais velha emissora gaúcha. Além do Brauner levei outro narrador de grandes qualidades, Luiz Carlos Martinez, falecido há pouco tempo.

O Martinez, além de excelente radialista foi um goleiro de futebol de salão dos melhores que o Estado do Rio Grande do Sul conheceu. Defendeu a meta salonista do E.C. Pelotas, que tinha um timaço: Martinez - Rosinha - Vianinha - Aldrovando Dutra – Joca - Galego e Gringo. O "Galego" era o grande treinador Paulo de Souza Lobo.

Eu e o Brauner apresentávamos quase todos os programas esportivos da emissora. Aos domingos à noite ia ao ar a “Grande Resenha Esportiva Mesbla”, também com a presença do Martinez.

O Brauner ria por qualquer coisa. Certa vez, em meio ao programa, o saudoso plantão esportivo Romeu Machado dos Santos, o “Machadinho”, abriu a porta do estúdio com o programa no ar, perguntando insistentemente: “Interessa bolão?”. Ele se referia a noticias sobre o bolão, esporte muito praticado em Pelotas, especialmente pela colônia alemã lá existente.

Foi o que bastou para o Brauner explodir em risadas. E como eu não era e nem sou de ferro, acabava por rir, também, o que provocava a pronta intervenção do técnico de som, colocando uma providencial cortina musical.

Muitas foram às transmissões esportivas que fizemos juntos. Uma, foi inesquecível. O Pelotas foi jogar em São Leopoldo, contra o Aimoré, em uma quarta-feira a tarde. A direção da emissora esqueceu de pedir a linha. Mas ainda assim eu e o Brauner fomos para São Leopoldo e conseguimos junto a Companhia Telefônica a condição para transmitir o jogo.

O telefone foi cedido pelo dono de um restaurante, que ficava a uns 300 metros do Estádio Cristo Rei. Mas houve a condição de que nós instalássemos a linha. A Telefônica nos cedeu uma escada e os fios, e fizemos o trabalho em tempo recorde.

A tarde transmitimos o jogo. O Brauner de narrador e eu de comentarista e repórter. Quase ao fim do jogo, o atacante Mortosa, aquele mesmo que é o eterno companheiro de Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, ponteiro-direito do áureo-cerúleo foi derrubado dentro da área. E gritamos ao mesmo tempo: é pênalti que o juiz não marcou.

Para que. Os torcedores que se encontravam abaixo da nossa cabine, partiram para a agressão. Derrubaram o aparelho de transmissão no chão. E se não fosse a pronta intervenção de soldados da Brigada Militar, não sei o que de pior poderia ter acontecido.

Brauner já alcançara a condição de narrador tipo exportação. Pelotas já ficara pequena para sua grandeza. E foi buscar novos horizontes, indo para a Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, onde estreou no dia 2 de fevereiro de 1977, narrando a final da “Copa Governador do Estado”, entre Brasil, de Pelotas e Esportivo, de Bento Gonçalves.

Permaneceu na rádio por mais de 20 anos, tendo  feito a cobertura das Copas do Mundo de 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998 e 2002.

Além de futebol era excelente narrador de outras modalidades esportivas. Esteve presente no tricampeonato de Ayrton Senna, jogos de Gustavo Kuerten na Copa Davis, jogos de vôlei da Frangosul, as 24 horas de Tarumã, as Olimpíadas de Atlanta 96 e várias outras modalidades, dentre elas, o basquete.

Em 1999 trocou de endereço, indo para à Rádio Pampa onde permaneceu até 2007, quando a emissora fechou o Departamento de Esportes. Apresentou o programa matutino “Grande Porto Alegre”, na Rádio Bandeirantes, entre 2007 e 2009.

Depois transferiu-se para à Rádio Eldorado, de Criciúma (SC), onde narrou os jogos da equipe do Criciúma na Série B. Foi demitido no mesmo ano, por ter alto salário na emissora e pelo fato de o time criciumense não ter subido àquele ano. Ganhou três “Prêmios Press” de melhor narrador esportivo em 2000, 2001 e 2002.

Além de esportes, Brauner também atuou em eleições, em Porto Alegre, quando estava na Rádio Gaúcha. Aposentado, confessou estar sentindo muita falta da vida de comunicador.

O velório aconteceu entre 15h e 20h, no Cemitério São Miguel e Almas, onde o corpo foi sepultado.

Fazia muito tempo que eu não via o Brauner. A última vez que falei com ele foi em 1991, quando eu era presidente da S.E.R. São Gabriel. Depois de um jogo amistoso com o Internacional, de Porto Alegre, vencido pelo “colorado” por 2 X 0, oferecemos um churrasco aos visitantes, no salão de festa dos Lederes, frente o Estádio.

E lá estava o Brauner, que havia narrado o jogo pela Rádio Gaúcha. Conversamos bastante e matamos à saudade dos bons tempos do rádio em Pelotas.

Para concluir esta matéria de saudade, lembro também de outros companheiros de rádio esportivo em Pelotas, que Deus já levou: Dinei Avelar, que foi o melhor plantão esportivo da cidade, levado por mim para a Rádio Tupancy. Depois foi para a RU, onde ganhou notoriedade.

Izabelino Tavares, meu irmão, que foi plantão esportivo na Rádio Tupancy. Benito Amato, comentarista esportivo. Trabalhamos juntos na Rádio Pelotense, nos tempos do prédio da rua Félix da Cunha. E também Paulo de Souza Lobo, o "Galego".

Fernando Cunha e Honório Sinott, colegas no jornal “Diário Popular”. Abrãao Gonçalves, o “repórter do rei”, que levei para a Rádio Pelotense. Antônio Carlos Alves, com quem formei uma inédita dupla de narradores de futebol, na Rádio Tupancy. E quem sabe tenha esquecido de outros, e peço desculpas por isso (Texto e pesquisa: Nilo Dias)


Roberto Brauner.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Uma incrível homenagem póstuma

Já pensou na possibilidade de seu clube de futebol lhe fazer uma homenagem com um minuto de silêncio, antes de começar um jogo de futebol e você estiver vivo? Pode parecer piada de mau gosto, mas isso aconteceu.

Na tarde de 24 de julho deste ano, o Jabaquara Futebol Clube, tradicional agremiação esportiva da cidade praiana de Santos (SP) jogou e venceu ao Grêmio Prudente, de Presidente Prudente, por 3 X 2, em partida válida pela primeira rodada da segunda fase do Campeonato Paulista da Série A2.

O início do jogo contou com um momento inusitado. O sistema de som do “Estádio Espanha”, do clube santista, na “Caneleira”, anunciou um minuto de silêncio após a notícia de que o presidente do Jabaquara, Antônio Gilberto Amaral da Silva, 70 anos, havia falecido.

Ao final do primeiro tempo, no entanto, a organização do clube esclareceu que a informação estava equivocada e que o dirigente ainda estava vivo.

O acontecimento seria cômico se não fosse trágico. Ricardo Gonçalves da Silva, filho de Antônio Gilberto esteve no estádio e explicou que seu pai sofreu uma complicação na cirurgia de que foi paciente, mas ainda estava sendo avaliado pelos médicos.

Antônio Gilberto estava há meses com um problema na coluna. Ele já havia operado o fêmur. Estava afastado do cargo pelos problemas de saúde, e já não andava mais. O presidente havia operado a cervical na semana passada, e na última sexta-feira passou mal e voltou para o hospital.

O falecimento ocorreu após a terceira cirurgia que Antônio teve de passar. Curiosamente sua morte aconteceu três dias depois da gafe da equipe ganhar destaque no país.

Ele chegou a jogar profissionalmente pelo Jabaquara na década de 60. Silva era presidente do clube desde setembro do ano passado, quando assumiu o posto no lugar de Manoel Rodriguez Gonzales, que morreu de câncer.

O velório aconteceu no “Memorial Necrópole Ecumênica”, em Santos, onde se realizou o sepultamento. O Jabaquara Atlético Clube lamentou a morte de seu presidente e lançou nota oficial prestando solidariedade aos familiares.

No jogo contra o Prudente, o Jabaquara marcou dois gols em apenas nove minutos no primeiro tempo. Aos 2 minutos, Welder marcou o primeiro gol do time da casa em uma jogada com Caique.

Logo depois, aos 9 minutos, Alef recebeu livre e não deu chances de defesa para o goleiro Douglas Silva. O início avassalador garantiu uma tranquilidade para a equipe que venceu o jogo por 3 X 2.

Ainda no primeiro tempo, o Grêmio Prudente descontou aos 30 minutos. Gustavo derrubou Renatinho na área. O próprio reduziu a diferença, cobrando pênalti com um chute certeiro no canto esquerdo.

Aos 19 do segundo tempo, Jé ampliou a vantagem do Jabaquara para 3 X 1. No final da partida, aos 46 minutos, Renatinho marcou mais uma vez para o time visitante. Reação tardia e os três pontos foram garantidos para o “Jabuca”.

Torcedor fervoroso do Jabaquara, Gilberto chegou a atuar com a camisa do “Leão da Caneleira” em 1965, mas devido a uma torção no joelho, acabou deixando o futebol. Apesar de ter participado por décadas da vida política do clube, ficou menos de um ano no cargo de presidente.

O Jabaquara foi fundado a 15 de novembro de 1914. Suas cores são o amarelo e o vermelho. A agremiação, anteriormente chamada de “Hespanha”, foi um dos membros fundadores da Federação Paulista de Futebol.

Disputou a Primeira Divisão estadual (atual A-1) entre os anos de 1927 a 1963, com sete ausências. Atualmente, disputa a Segunda Divisão do Campeonato Paulista de Futebol, organizado pela FPF.

O histórico do clube conta que ele foi fundado por um grupo de jornaleiros espanhóis, ou "tribuneiros", como eram chamados, ao início do século 20, que costumavam se reunir em torno do atual bairro do Jabaquara, em Santos.

Várias denominações foram sugeridas para a nova agremiação, como nova Cintra e Jabaquara. Mas acabou prevalecendo “Hespanha”, sugestão de um senhor negro, ex-escravo. E assim surgiu o “Hespanha Foot Ball Club”, em 15 de novembro de 1914.

A sua primeira partida oficial ocorreu em 1916, contra o Clube Afonso XIII, um resultado de 1 X 1, ocasião em que foi levantado o primeiro pavilhão do clube.

Nos anos de 1918 a 1920, conquistou a "Taça Grande Café D'Oeste" e participou como convidado na inauguração do estádio da Associação Atlética Portuguesa.

A partir dai o clube alcançou um grande crescimento, obrigando os dirigentes a construírem em 1924 uma praça esportiva maior, que se localizava no bairro do “Macuco”, o "Estádio Antônio Alonso", que levou o nome do seu proprietário. 

O primeiro jogo internacional do “Hespanha” aconteceu em 1930, tendo como adversário uma Seleção de Buenos Aires. Os brasileiros venceram por 3 X 2.

O Hespanha Foot Ball Club, como foi chamado até 1941, entrou para a Liga Santista em 1917. Dez anos mais tarde, a equipe começou a ganhar seu espaço e com campanhas impressionantes recebeu o carinhoso apelido de “Leão do Macuco”, numa alusão ao bairro em que ficava sua sede.

Uma lei datada da década de 1940, quando da Segunda Guerra Mundial, obrigou a mudança de nome. O clube, depois de uma votação, passou a chamar-se Jabaquara, em homenagem ao seu bairro de origem.

O ano de 1944 foi histórico. O ataque do time foi o melhor do futebol paulista. Esse período de grandeza resistiu até 1957, quando o treinador era Arnaldo de Oliveira, popularmente conhecido como “Papa”.

Tempos de revelações de grandes jogadores, como o goleiro Gilmar, com passagem pelo Sport Club Corinthians Paulista e campeão mundial pelo Santos Futebol Clube e Seleção Brasileira de Futebol. E Osvaldo da Silva, o famoso “Baltazar”, que depois se consagrou no Corinthians, recebendo o apelido de “Cabecinha de Ouro”.

Durante sua centenária trajetória o Jabaquara revelou outros bons jogadores, casos de Marcos (revelado para o Corinthians), Feijó, Getúlio, Ramiro e Álvaro (para o Santos), Célio (para o Vasco da Gama,do Rio de Janeiro) e Melão, (do Santos para a Itália).

Em 1945 o clube sofreu grave crise financeira e por pouco não foi rebaixado para à Segunda Divisão. Teve de vender um valorizado terreno, próximo à praia, no bairro “Ponta da Praia”, que não saldou as dívidas do clube. Restou treinar em um campo na cidade vizinha de São Vicente.

O ano de 1957 foi marcante na história do clube, que conseguiu bater de virada o rival Santos, em partida inesquecível disputada na Vila Belmiro.

O técnico do Jabaquara era Nelson Ernesto Filpo Nuñes, que a partir dali passou a ser chamado de “Dom Filpo” pelo seu feito de vitórias consecutivas no clube. Ele ainda salvou o clube de um rebaixamento em 1959. O inevitável rebaixamento ocorreu em 1963.

Em 1963 o Jabaquara comprou uma grande área de 67.380 m2, em um local alagadiço e pouco valorizado, mas que contribuiu para o crescimento no bairro da “Caneleira”, onde construiu seu atual estádio, que leva o nome de “Hespanha”. A área é bem maior que do Estádio Urbano Caldeira, da Vila Belmiro. Essa é a origem do nome da mascote, "Leão da Caneleira".

As seguidas crises de ordem financeira fizeram com que o clube se dedicasse durante algum tempo, a equipes amadoras, deixando o futebol profissional. O retorno aconteceu somente em 1977 inserido na Terceira Divisão (atual A-3).

A partir dai o Jabaquara vive uma alternância entre a Segunda Divisão (atual A-2) e a Terceira, mesmo sendo um privilegiado fundador da Federação Paulista de Futebol.

Em 2002 o clube parecia que ia se recuperar dentro de campo, quando foi campeão paulista da Série B3, antiga Sexta Divisão, atualmente extinta, chegando a se manter invicto por 23 jogos.

E assim tem sido sua trajetória. Em 2006 e 2007 na Quarta Divisão
Em 2008 a equipe anexou ao seu patrimônio o Litoral Futebol Clube, entidade de um projeto social idealizado por “Pelé”.

Com isso a equipe conseguiu apoio para as disputas da Série B estadual e para as categorias de base, além de um patrocínio com a empresa alemã “Puma”, fornecedora de materiais esportivos. Além do Jabaquara, o Monte Alegre e o Paulista, de Jundiaí também fazem parte do projeto.

Participações em campeonatos. Campeonatos Paulista: Série A1: 30 participações (1927, 1928, 1929, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 1955, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962 e 1963); Série A2: 6 participações (1964, 1965, 1966, 1967, 1980, e 1982); Série A3: 12 participações (1981, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993); Segunda Divisão: 20 participações – 1977, 1978, 1979, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015; Série B2 (extinta): 4 participações (2000, 2001, 2003 e 2004); Série B3 (extinta): 1 participação (2002). Títulos Estaduais. Campeonato Paulista - Série A3 (1993) e Campeonato Paulista Segunda Divisão (2002).

Campanhas de Destaque. Taça Grande Café D'Oeste: (1918, 1919 e 1920); Vice-Campeonato Paulista Sub-20 - 2ª Divisão (2011 e 2012) e Vice-Campeonato Paulista (1927).

O Jabaquara Atlético Clube conta apenas com uma torcida organizada: a “Fúria Rubro-Amarela”, fundada em 2008. Essa torcida vem se destacando no cenário paulista da segunda divisão, comparecendo aos jogos, incentivando e apoiando o clube em todos os momentos. O seu lema é "Lado a lado com o Jabuca". (Pesquisa: Nilo Dias)

Antônio Gilberto Amaral da Silva, presidente do Jabaquara, que recebeu homenagem de um minuto de silêncio, ainda em vida. (Foto: Divulgação)