Morreu
hoje em Milão, Itália, ode morava, o escultor italiano Silvio Gazzaniga, que
criou o “Troféu FIFA”, que é disputado na Copa do Mundo de Futebol, realizada
de quatro em quatro anos. Ele estava com 95 anos e morreu de causas naturais.
Silvio
Gazzaniga nasceu em Milão em 23 de janeiro de 1921 e se tornou um escultor nas
escolas de arte de sua cidade natal. Nos anos 40 participou da "Escola
Humanitária de Arte Aplicada" e do "High School of Art" no
Castelo Sforzesco, especializada como ourives e joalheiro.
Quando
da Segunda Guerra Mundial, se dedicou a esculpir medalhas, copos e decorações e
no final de 1953 começou a colaborar com a antiga empresa, Bertoni, como
diretor artístico e mestre escultor.
O
escultor foi casado com sua esposa, Elsa, há mais de 60 anos. Ela foi o grande
amor de sua vida, juntamente com a arte. Foi a mãe de seus dois filhos,
Gabriella e Giorgio.
Em
1971, depois que o Brasil ganhou a “Copa Jules Rimet” e a conquistou de maneira
definitiva, a FIFA precisava de um novo troféu para ser disputado nas Copas do
Mundo. E realizou um concurso, em que 53 projetos foram apresentados por
artistas de todo o mundo.
O
vencedor foi o italiano Silvio Gazzaniga, com um desenho que representava a alegria,
exaltação e grandeza do atleta no momento da vitória: duas figuras estilizadas
que seguram o mundo no alto. Com isso o escultor alcançou fama mundial.
O
primeiro país a ganhar a taça da “Copa do Mundo” foi a Alemanha, no certame de 1974,
disputado lá mesmo e levantada por Franz Beckenbauer. Uma
honra que foi seguida por Daniel Passarella em 1978, Dino Zoff, em 1982, Diego
Maradona em 1986, Lothar Matthaus em 1990, Dunga, em 1994, Didier Deschamps, em
1998, Cafu em 2002, Fabio Cannavaro, em 2006, Iker Casillas, em 2010 e Philipp
Lahm, em 2014.
Esse
troféu é de posse transitória, ao contrário do que foi a “Taça Jules Rimet”,
ganha em definitivo pelo Brasil. Após as festividades, a equipe vencedora
recebe uma cópia da Copa original. Este troféu continuará a ser atribuído como
um prêmio, até 2038, quando todos os espaços de inscrição disponíveis das
nações vencedoras serão preenchidos.
Pena
que a “Taça Jules Rimet” tenha sido roubada no Rio de Janeiro em 1983 e possivelmente
derretida. A estatueta era feita em ouro com uma base de pedras semipreciosas.
Pesava 3,8 kg e media 35 cm.
Mas
o roubo no Rio não foi o primeiro na história da Jules Rimet. Em 20 de março de
1966 a taça estava em exposição em Londres, quatro meses antes da Copa na
Inglaterra. O troféu se encontrava sob tutela do Brasil, campeão de 1962, que havia
concordado em exibi-lo junto a uma exposição de selos.
A
segurança era grande, mas mesmo assim, a taça sumiu. O mistério gerou
"vários dias de ansiedade e frustração", segundo reportagem da BBC à
época, que avaliou o troféu em £30 mil (R$ 114 mil). O desaparecimento levou a
uma caçada em toda a Inglaterra envolvendo investigadores da Scotland Yard.
Um
pedido de resgate chegou a ser enviado por alguém que se identificou como
Jackson, que ameaçou derreter a taça se a quantia de £15 mil não fosse paga –
em notas de £1 e £5. Um policial à paisana foi ao encontro de Jackson com uma
maleta recheada de jornais, cobertos por uma camada de notas de £5.
Jackson,
na verdade, era o ex-soldado Edward Betchley, de 46 anos, que ainda era
interrogado pela polícia quando o troféu foi encontrado, sete dias após o seu
roubo. Foi graças a um pequeno cachorro mestiço, "Pickles", que a caça chegou ao
fim: ele encontrou a taça embrulhada em papéis de jornal e escondida em um
jardim num bairro no subúrbio de Londres.
O
cachorro tornou-se um herói mundial: "Pickles" recebeu uma recompensa pela
descoberta e diversas homenagens – inclusive ração canina por um ano, segundo o
livro "The Theft of the Jules Rimet Trophy". Ele apareceu em vários programas de
televisão, estrelou um filme e teve seu próprio agente, mas morreu um ano
depois.
A
criação de Gazzaniga é considerada pelo presidente atual da FIFA, Gianni Infantino,
o mais bonito símbolo que a entidade maior do futebol mundial poderia sonhar em ter como prêmio. “A Copa do
Mundo é um objeto mítico para os jogadores e para todos os amantes de futebol”,
disse ele.
Depois
de tamanho sucesso internacional, o artista criou outros troféus importantes de
futebol, como a Taça UEFA (1972) e da “Super Cup Trophy da UEFA” (1973). Ele
também foi o criador do troféu para a “Copa do Mundo de Beisebol” (2001), do “Campeonato
do Mundo de Voleibol” e de medalhas para eventos esportivos importantes, como
basquete, natação, esqui e muitos outros.
Foi
Gazzaniga que esculpiu em 2011 o troféu comemorativo ao “150º aniversário da
unificação da Itália”. Em vista disso, em 7 de dezembro de 2003, recebeu a
maior honra possível, o "Certificado de Mérito da Ambrogino d'Oro".
Também
recebeu honras internacionais. Em 14 de outubro de 2011, enquanto participava
de uma reunião para a edição anual da “Feira Internacional de Numismática”, em
Vicenza, a "Associação Internacional de Numismatists e Medalha Designers" concedeu-lhe o Prêmio Internacional pela contribuição para a sua profissão.
Além
do esporte, ele era apaixonado por design, carros esportivos e aeronaves. Sua
fonte de inspiração vinha de caminhar nas montanhas e fotografar a natureza, o que
também lhe permitia recarregar as baterias de sua alma artística. (Pesquisa: Nilo
Dias)